Bolsonaristas fazem campanha de desinformação contra fotojornalista que registrou ataques no 8/1


Repórter fotográfico da Reuters aparece em imagens de câmera de segurança registrando depredação e cercado por golpistas

Por Clarissa Pacheco
Atualização:

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vêm promovendo mais uma campanha de desinformação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Desta vez, o alvo é o repórter fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters. Além de tentar culpar o atual governo por atos causados por apoiadores do ex-presidente, os bolsonaristas agora tentam criar uma narrativa de que havia profissionais da imprensa dentro do Palácio do Planalto antes do início das depredações e que eles estariam mancomunados com supostos infiltrados.

A campanha contra Adriano Machado começou após a divulgação de um vídeo em que o profissional aparece logo atrás de um grupo de pessoas que arromba uma porta de vidro na antessala do gabinete da Presidência da República – ele registra a imagem. Diversas postagens virais nas redes sociais logo tentaram associar o repórter fotográfico diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Rede Globo, alegando que Machado estaria infiltrado e até teria liderado o grupo a fim de registrar as imagens e incriminar bolsonaristas.

Foto mostra golpistas que invadiram antessala do gabinete do presidente no Planalto. Foto: REUTERS/Adriano Machado
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As supostas “provas” disso seriam o fato de Machado ter publicado fotos de Lula em sua página do Facebook; outro indício de que ele seria um “infiltrado” é a publicação no portal G1, do Grupo Globo, de imagens dos ataques do dia 8 feitas pelo fotojornalista. As alegações são totalmente desprovidas de contato com a realidade: Machado é um repórter fotográfico profissional e, assim como outros colegas, foi ao local após a invasão para registrar os acontecimentos pela Reuters, uma agência internacional que fornece material jornalístico a outros veículos de comunicação.

As fotos publicadas por Machado em sua página no Facebook foram feitas a serviço da agência Reuters, onde trabalha desde 2016. Como ele vive em Brasília, é natural que cubra o governo federal no mandato de Lula, assim como cobriu o governo anterior.

Não há nenhum indício de que o fotógrafo estivesse no Planalto antes dos ataques; quando a cena em que ele aparece foi registrada por uma câmera de segurança, às 15h56 do dia 8 de janeiro, os golpistas já haviam furado o bloqueio na Praça dos Três Poderes havia mais de uma hora, às 14h43. Machado não foi o único fotojornalista a registrar as cenas que, aliás, foram transmitidas ao vivo pelos próprios bolsonaristas nas redes sociais.

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Procurada, a Reuters defendeu o trabalho de Adriano Machado. “O fotojornalista da Reuters que cobriu o ataque ao Palácio do Planalto em Brasília no dia 8 de janeiro havia passado a manhã cobrindo um protesto pacífico. Posteriormente, ele testemunhou um grande grupo de manifestantes subindo a rampa principal do palácio e os seguiu para documentar o desenrolar dos acontecimentos. Nós defendemos a sua cobertura, que foi imparcial e de interesse público”, comunicou a agência em nota.

Fotógrafo foi intimidado no local

Embora os conteúdos que viralizaram nas redes tentem acusar o profissional da imprensa de ser um infiltrado na depredação, é possível perceber pelas imagens das câmeras de segurança do local que os invasores não pareciam conhecer Machado. O vídeo que tem circulado fora de contexto nas redes sociais foi publicado no último dia 23 de abril pela Folha. Às 15h56, um homem envolto em uma bandeira do Brasil dá um pontapé entre duas portas de vidro da antessala do gabinete presidencial e a cena é registrada pelo fotógrafo.

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Golpista arromba porta da antessala do gabinete da Presidência da República, em Brasília, às 15h56 do dia 8 de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado Foto: ADRIANO MACHADO

O grupo adentra a sala e Machado os segue. Alguns segundos depois, um rapaz mais jovem parece notar a presença de um fotógrafo profissional e chama a atenção dos demais, apontando para Adriano, que logo é cercado por um grupo de sete pessoas. Elas parecem conferir o crachá do repórter fotográfico, que sai da sala e é seguido por um dos homens. Ele parece olhar uma foto e cumprimenta o profissional.

Imagem de outra câmera de segurança mostra momento em que repórter fotográfico Adriano Machado é cercado por golpistas após registrar porta sendo arrombada Foto: Reprodução
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Vândalos continuam circulando pelo local, registrando a invasão em fotos e vídeos com celulares. Alguns fazem selfies e outros aproveitam para fotografar um dos invasores que se senta em uma cadeira numa mesa na antessala. Minutos depois, Machado retorna ao local e faz outras imagens, até ser retirado do lugar por um homem que o leva pelo braço. O profissional não retorna mais à sala, que fica ocupada por golpistas até as 16h29 do dia 8.

Poucos minutos após registrar vandalismo, fotógrafo Adriano Machado foi retirado do local por um dos golpistas, como mostra imagem de câmera de segurança Foto: Reprodução

Outras campanhas de desinformação

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Não é a primeira vez que bolsonaristas tentam imputar a outras pessoas a responsabilidade pelos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro. O Estadão Verifica mostrou como boatos desinformavam sobre o horários dos atos golpistas para tentar convencer as pessoas de que havia petistas nos prédios da Praça dos Três Poderes antes do início da depredação. Bolsonaristas já espalharam fotos de presos em El Salvador como se fossem infiltrados nos atos antidemocráticos.

Também desinformaram sobre o horário de um relógio destruído no Planalto, que estava parado havia anos, e até usaram a imagem de uma bandeira do PT furtada no Congresso por um golpista como suposta prova de que os atos foram comandado pelo partido do presidente Lula.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vêm promovendo mais uma campanha de desinformação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Desta vez, o alvo é o repórter fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters. Além de tentar culpar o atual governo por atos causados por apoiadores do ex-presidente, os bolsonaristas agora tentam criar uma narrativa de que havia profissionais da imprensa dentro do Palácio do Planalto antes do início das depredações e que eles estariam mancomunados com supostos infiltrados.

A campanha contra Adriano Machado começou após a divulgação de um vídeo em que o profissional aparece logo atrás de um grupo de pessoas que arromba uma porta de vidro na antessala do gabinete da Presidência da República – ele registra a imagem. Diversas postagens virais nas redes sociais logo tentaram associar o repórter fotográfico diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Rede Globo, alegando que Machado estaria infiltrado e até teria liderado o grupo a fim de registrar as imagens e incriminar bolsonaristas.

Foto mostra golpistas que invadiram antessala do gabinete do presidente no Planalto. Foto: REUTERS/Adriano Machado

As supostas “provas” disso seriam o fato de Machado ter publicado fotos de Lula em sua página do Facebook; outro indício de que ele seria um “infiltrado” é a publicação no portal G1, do Grupo Globo, de imagens dos ataques do dia 8 feitas pelo fotojornalista. As alegações são totalmente desprovidas de contato com a realidade: Machado é um repórter fotográfico profissional e, assim como outros colegas, foi ao local após a invasão para registrar os acontecimentos pela Reuters, uma agência internacional que fornece material jornalístico a outros veículos de comunicação.

As fotos publicadas por Machado em sua página no Facebook foram feitas a serviço da agência Reuters, onde trabalha desde 2016. Como ele vive em Brasília, é natural que cubra o governo federal no mandato de Lula, assim como cobriu o governo anterior.

Não há nenhum indício de que o fotógrafo estivesse no Planalto antes dos ataques; quando a cena em que ele aparece foi registrada por uma câmera de segurança, às 15h56 do dia 8 de janeiro, os golpistas já haviam furado o bloqueio na Praça dos Três Poderes havia mais de uma hora, às 14h43. Machado não foi o único fotojornalista a registrar as cenas que, aliás, foram transmitidas ao vivo pelos próprios bolsonaristas nas redes sociais.

Procurada, a Reuters defendeu o trabalho de Adriano Machado. “O fotojornalista da Reuters que cobriu o ataque ao Palácio do Planalto em Brasília no dia 8 de janeiro havia passado a manhã cobrindo um protesto pacífico. Posteriormente, ele testemunhou um grande grupo de manifestantes subindo a rampa principal do palácio e os seguiu para documentar o desenrolar dos acontecimentos. Nós defendemos a sua cobertura, que foi imparcial e de interesse público”, comunicou a agência em nota.

Fotógrafo foi intimidado no local

Embora os conteúdos que viralizaram nas redes tentem acusar o profissional da imprensa de ser um infiltrado na depredação, é possível perceber pelas imagens das câmeras de segurança do local que os invasores não pareciam conhecer Machado. O vídeo que tem circulado fora de contexto nas redes sociais foi publicado no último dia 23 de abril pela Folha. Às 15h56, um homem envolto em uma bandeira do Brasil dá um pontapé entre duas portas de vidro da antessala do gabinete presidencial e a cena é registrada pelo fotógrafo.

Golpista arromba porta da antessala do gabinete da Presidência da República, em Brasília, às 15h56 do dia 8 de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado Foto: ADRIANO MACHADO

O grupo adentra a sala e Machado os segue. Alguns segundos depois, um rapaz mais jovem parece notar a presença de um fotógrafo profissional e chama a atenção dos demais, apontando para Adriano, que logo é cercado por um grupo de sete pessoas. Elas parecem conferir o crachá do repórter fotográfico, que sai da sala e é seguido por um dos homens. Ele parece olhar uma foto e cumprimenta o profissional.

Imagem de outra câmera de segurança mostra momento em que repórter fotográfico Adriano Machado é cercado por golpistas após registrar porta sendo arrombada Foto: Reprodução

Vândalos continuam circulando pelo local, registrando a invasão em fotos e vídeos com celulares. Alguns fazem selfies e outros aproveitam para fotografar um dos invasores que se senta em uma cadeira numa mesa na antessala. Minutos depois, Machado retorna ao local e faz outras imagens, até ser retirado do lugar por um homem que o leva pelo braço. O profissional não retorna mais à sala, que fica ocupada por golpistas até as 16h29 do dia 8.

Poucos minutos após registrar vandalismo, fotógrafo Adriano Machado foi retirado do local por um dos golpistas, como mostra imagem de câmera de segurança Foto: Reprodução

Outras campanhas de desinformação

Não é a primeira vez que bolsonaristas tentam imputar a outras pessoas a responsabilidade pelos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro. O Estadão Verifica mostrou como boatos desinformavam sobre o horários dos atos golpistas para tentar convencer as pessoas de que havia petistas nos prédios da Praça dos Três Poderes antes do início da depredação. Bolsonaristas já espalharam fotos de presos em El Salvador como se fossem infiltrados nos atos antidemocráticos.

Também desinformaram sobre o horário de um relógio destruído no Planalto, que estava parado havia anos, e até usaram a imagem de uma bandeira do PT furtada no Congresso por um golpista como suposta prova de que os atos foram comandado pelo partido do presidente Lula.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vêm promovendo mais uma campanha de desinformação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Desta vez, o alvo é o repórter fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters. Além de tentar culpar o atual governo por atos causados por apoiadores do ex-presidente, os bolsonaristas agora tentam criar uma narrativa de que havia profissionais da imprensa dentro do Palácio do Planalto antes do início das depredações e que eles estariam mancomunados com supostos infiltrados.

A campanha contra Adriano Machado começou após a divulgação de um vídeo em que o profissional aparece logo atrás de um grupo de pessoas que arromba uma porta de vidro na antessala do gabinete da Presidência da República – ele registra a imagem. Diversas postagens virais nas redes sociais logo tentaram associar o repórter fotográfico diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Rede Globo, alegando que Machado estaria infiltrado e até teria liderado o grupo a fim de registrar as imagens e incriminar bolsonaristas.

Foto mostra golpistas que invadiram antessala do gabinete do presidente no Planalto. Foto: REUTERS/Adriano Machado

As supostas “provas” disso seriam o fato de Machado ter publicado fotos de Lula em sua página do Facebook; outro indício de que ele seria um “infiltrado” é a publicação no portal G1, do Grupo Globo, de imagens dos ataques do dia 8 feitas pelo fotojornalista. As alegações são totalmente desprovidas de contato com a realidade: Machado é um repórter fotográfico profissional e, assim como outros colegas, foi ao local após a invasão para registrar os acontecimentos pela Reuters, uma agência internacional que fornece material jornalístico a outros veículos de comunicação.

As fotos publicadas por Machado em sua página no Facebook foram feitas a serviço da agência Reuters, onde trabalha desde 2016. Como ele vive em Brasília, é natural que cubra o governo federal no mandato de Lula, assim como cobriu o governo anterior.

Não há nenhum indício de que o fotógrafo estivesse no Planalto antes dos ataques; quando a cena em que ele aparece foi registrada por uma câmera de segurança, às 15h56 do dia 8 de janeiro, os golpistas já haviam furado o bloqueio na Praça dos Três Poderes havia mais de uma hora, às 14h43. Machado não foi o único fotojornalista a registrar as cenas que, aliás, foram transmitidas ao vivo pelos próprios bolsonaristas nas redes sociais.

Procurada, a Reuters defendeu o trabalho de Adriano Machado. “O fotojornalista da Reuters que cobriu o ataque ao Palácio do Planalto em Brasília no dia 8 de janeiro havia passado a manhã cobrindo um protesto pacífico. Posteriormente, ele testemunhou um grande grupo de manifestantes subindo a rampa principal do palácio e os seguiu para documentar o desenrolar dos acontecimentos. Nós defendemos a sua cobertura, que foi imparcial e de interesse público”, comunicou a agência em nota.

Fotógrafo foi intimidado no local

Embora os conteúdos que viralizaram nas redes tentem acusar o profissional da imprensa de ser um infiltrado na depredação, é possível perceber pelas imagens das câmeras de segurança do local que os invasores não pareciam conhecer Machado. O vídeo que tem circulado fora de contexto nas redes sociais foi publicado no último dia 23 de abril pela Folha. Às 15h56, um homem envolto em uma bandeira do Brasil dá um pontapé entre duas portas de vidro da antessala do gabinete presidencial e a cena é registrada pelo fotógrafo.

Golpista arromba porta da antessala do gabinete da Presidência da República, em Brasília, às 15h56 do dia 8 de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado Foto: ADRIANO MACHADO

O grupo adentra a sala e Machado os segue. Alguns segundos depois, um rapaz mais jovem parece notar a presença de um fotógrafo profissional e chama a atenção dos demais, apontando para Adriano, que logo é cercado por um grupo de sete pessoas. Elas parecem conferir o crachá do repórter fotográfico, que sai da sala e é seguido por um dos homens. Ele parece olhar uma foto e cumprimenta o profissional.

Imagem de outra câmera de segurança mostra momento em que repórter fotográfico Adriano Machado é cercado por golpistas após registrar porta sendo arrombada Foto: Reprodução

Vândalos continuam circulando pelo local, registrando a invasão em fotos e vídeos com celulares. Alguns fazem selfies e outros aproveitam para fotografar um dos invasores que se senta em uma cadeira numa mesa na antessala. Minutos depois, Machado retorna ao local e faz outras imagens, até ser retirado do lugar por um homem que o leva pelo braço. O profissional não retorna mais à sala, que fica ocupada por golpistas até as 16h29 do dia 8.

Poucos minutos após registrar vandalismo, fotógrafo Adriano Machado foi retirado do local por um dos golpistas, como mostra imagem de câmera de segurança Foto: Reprodução

Outras campanhas de desinformação

Não é a primeira vez que bolsonaristas tentam imputar a outras pessoas a responsabilidade pelos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro. O Estadão Verifica mostrou como boatos desinformavam sobre o horários dos atos golpistas para tentar convencer as pessoas de que havia petistas nos prédios da Praça dos Três Poderes antes do início da depredação. Bolsonaristas já espalharam fotos de presos em El Salvador como se fossem infiltrados nos atos antidemocráticos.

Também desinformaram sobre o horário de um relógio destruído no Planalto, que estava parado havia anos, e até usaram a imagem de uma bandeira do PT furtada no Congresso por um golpista como suposta prova de que os atos foram comandado pelo partido do presidente Lula.

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vêm promovendo mais uma campanha de desinformação sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Desta vez, o alvo é o repórter fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters. Além de tentar culpar o atual governo por atos causados por apoiadores do ex-presidente, os bolsonaristas agora tentam criar uma narrativa de que havia profissionais da imprensa dentro do Palácio do Planalto antes do início das depredações e que eles estariam mancomunados com supostos infiltrados.

A campanha contra Adriano Machado começou após a divulgação de um vídeo em que o profissional aparece logo atrás de um grupo de pessoas que arromba uma porta de vidro na antessala do gabinete da Presidência da República – ele registra a imagem. Diversas postagens virais nas redes sociais logo tentaram associar o repórter fotográfico diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à Rede Globo, alegando que Machado estaria infiltrado e até teria liderado o grupo a fim de registrar as imagens e incriminar bolsonaristas.

Foto mostra golpistas que invadiram antessala do gabinete do presidente no Planalto. Foto: REUTERS/Adriano Machado

As supostas “provas” disso seriam o fato de Machado ter publicado fotos de Lula em sua página do Facebook; outro indício de que ele seria um “infiltrado” é a publicação no portal G1, do Grupo Globo, de imagens dos ataques do dia 8 feitas pelo fotojornalista. As alegações são totalmente desprovidas de contato com a realidade: Machado é um repórter fotográfico profissional e, assim como outros colegas, foi ao local após a invasão para registrar os acontecimentos pela Reuters, uma agência internacional que fornece material jornalístico a outros veículos de comunicação.

As fotos publicadas por Machado em sua página no Facebook foram feitas a serviço da agência Reuters, onde trabalha desde 2016. Como ele vive em Brasília, é natural que cubra o governo federal no mandato de Lula, assim como cobriu o governo anterior.

Não há nenhum indício de que o fotógrafo estivesse no Planalto antes dos ataques; quando a cena em que ele aparece foi registrada por uma câmera de segurança, às 15h56 do dia 8 de janeiro, os golpistas já haviam furado o bloqueio na Praça dos Três Poderes havia mais de uma hora, às 14h43. Machado não foi o único fotojornalista a registrar as cenas que, aliás, foram transmitidas ao vivo pelos próprios bolsonaristas nas redes sociais.

Procurada, a Reuters defendeu o trabalho de Adriano Machado. “O fotojornalista da Reuters que cobriu o ataque ao Palácio do Planalto em Brasília no dia 8 de janeiro havia passado a manhã cobrindo um protesto pacífico. Posteriormente, ele testemunhou um grande grupo de manifestantes subindo a rampa principal do palácio e os seguiu para documentar o desenrolar dos acontecimentos. Nós defendemos a sua cobertura, que foi imparcial e de interesse público”, comunicou a agência em nota.

Fotógrafo foi intimidado no local

Embora os conteúdos que viralizaram nas redes tentem acusar o profissional da imprensa de ser um infiltrado na depredação, é possível perceber pelas imagens das câmeras de segurança do local que os invasores não pareciam conhecer Machado. O vídeo que tem circulado fora de contexto nas redes sociais foi publicado no último dia 23 de abril pela Folha. Às 15h56, um homem envolto em uma bandeira do Brasil dá um pontapé entre duas portas de vidro da antessala do gabinete presidencial e a cena é registrada pelo fotógrafo.

Golpista arromba porta da antessala do gabinete da Presidência da República, em Brasília, às 15h56 do dia 8 de janeiro de 2023. REUTERS/Adriano Machado Foto: ADRIANO MACHADO

O grupo adentra a sala e Machado os segue. Alguns segundos depois, um rapaz mais jovem parece notar a presença de um fotógrafo profissional e chama a atenção dos demais, apontando para Adriano, que logo é cercado por um grupo de sete pessoas. Elas parecem conferir o crachá do repórter fotográfico, que sai da sala e é seguido por um dos homens. Ele parece olhar uma foto e cumprimenta o profissional.

Imagem de outra câmera de segurança mostra momento em que repórter fotográfico Adriano Machado é cercado por golpistas após registrar porta sendo arrombada Foto: Reprodução

Vândalos continuam circulando pelo local, registrando a invasão em fotos e vídeos com celulares. Alguns fazem selfies e outros aproveitam para fotografar um dos invasores que se senta em uma cadeira numa mesa na antessala. Minutos depois, Machado retorna ao local e faz outras imagens, até ser retirado do lugar por um homem que o leva pelo braço. O profissional não retorna mais à sala, que fica ocupada por golpistas até as 16h29 do dia 8.

Poucos minutos após registrar vandalismo, fotógrafo Adriano Machado foi retirado do local por um dos golpistas, como mostra imagem de câmera de segurança Foto: Reprodução

Outras campanhas de desinformação

Não é a primeira vez que bolsonaristas tentam imputar a outras pessoas a responsabilidade pelos atos de vandalismo do dia 8 de janeiro. O Estadão Verifica mostrou como boatos desinformavam sobre o horários dos atos golpistas para tentar convencer as pessoas de que havia petistas nos prédios da Praça dos Três Poderes antes do início da depredação. Bolsonaristas já espalharam fotos de presos em El Salvador como se fossem infiltrados nos atos antidemocráticos.

Também desinformaram sobre o horário de um relógio destruído no Planalto, que estava parado havia anos, e até usaram a imagem de uma bandeira do PT furtada no Congresso por um golpista como suposta prova de que os atos foram comandado pelo partido do presidente Lula.

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