O que estão compartilhando: que o pastor Silas Malafaia teria chamado a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro de “linguaruda do Satanás metida a crente”. Postagens exibem um vídeo em que Malafaia nega acusações de que teria enriquecido com recursos da igreja e que teria um avião. Na gravação, o pastor se refere à pessoa que fez essas acusações como “linguaruda do diabo” e diz que ela teria que provar as alegações na Justiça.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. As críticas de Malafaia não foram direcionadas a Michelle, e sim à vereadora Aava Santiago (PSDB), de Goiânia. Ela chamou o pastor de “magnata da fé” e alegou que ele tem um avião particular para ficar “batendo perna”. Essas declarações de Aava foram publicadas pela revista Veja, em julho. O vídeo em que Malafaia critica a vereadora circula fora de contexto nas redes sociais. Na gravação original, disponível no YouTube, Malafaia não cita o nome de Aava, mas conta que uma vereadora disse que ele enriqueceu com o dinheiro da igreja e que as alegações saíram na revista. Em vídeo publicado em seu perfil no Instagram na sexta-feira, 18, o pastor desmentiu que seus comentários fossem sobre a ex-primeira-dama e alertou que alguns vídeos usaram inteligência artificial para sugerir essa conexão.
Saiba mais: o conteúdo verificado circula no Threads e Instagram desde quarta-feira, 16. As postagens enganosas recortam o início da gravação original, em que Malafaia diz: “Agora mesmo uma vereadora, uma linguaruda do Satanás metida a crente”, mantendo apenas a parte que começa com “uma linguaruda do satanás metida a crente”, para sugerir que os comentários do pastor se referem à ex-primeira-dama. As publicações também utilizam imagens de Michelle Bolsonaro para reforçar a conexão equivocada.
No vídeo publicado em seu perfil no Instagram, Malafaia confirma que estava falando de uma vereadora que, segundo ele, o caluniou em entrevista à revista Veja. O pastor afirmou estar processando Aava e disse que ela terá que provar o que disse. Na reportagem publicada em julho, a vereadora foi apresentada pela revista como aposta do presidente Lula para romper a rejeição dos evangélicos contra a esquerda. O texto relata que a vereadora foi convidada pela primeira-dama Janja para uma reunião com o presidente no Palácio do Planalto.
No encontro, Aava teria recomendado que o presidente deixasse de lado os líderes evangélicos tradicionais, vá às igrejas e tentasse conversar diretamente com os fiéis. À Veja, a vereadora disse: “Eu falei para ele: ‘Enquanto o senhor Silas Malafaia, o Valdemiro Santiago e essa turminha, que não passa de dez, têm avião particular para ficar batendo perna, a minha igreja e centenas de outras precisam vender carnê se quiser comprar um carro novo. Estamos neste momento, por exemplo, vendendo carnê para reformar o prédio para nosso aniversário de 50 anos do ministério’”.
Na época, o religioso rebateu as declarações de Aava. À Veja, ele disse que o presidente Lula estaria usando a vereadora para atacar pastores. Malafaia a chamou de “zero à esquerda” e disse que iria processá-la. Em resposta a Malafaia, Aava publicou um vídeo em seu perfil no Instagram no dia 25 de julho. Na gravação, ela reafirma as alegações que fez contra o pastor, chamando-o de magnata da fé e afirmando que ele enriqueceu às custas da fé alheia.
Não há registros de que Malafaia tenha atacado Michelle Bolsonaro com as expressões que constam no vídeo analisado. Na postagem em que desmente o boato, o pastor afirma que tem acesso direto à ex-primeira-dama.