É falso que STF tenha julgamento para acabar com a aposentadoria ‘para a vida toda’


Supremo julga duas ações sobre a revisão da vida toda, regra que permitiria que o benefício fosse calculado com base em todos os salários, inclusive os recebidos antes do plano real

Por Clarissa Pacheco
Atualização:

Texto atualizado às 10h20 de 09 de setembro de 2024 para incluir o outro lado

O que estão compartilhando: que o Supremo Tribunal Federal (STF) quer acabar com a aposentadoria para a vida toda e que o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) também estariam com o fim em discussão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O autor do vídeo usa uma matéria da Jovem Pan News sobre a suspensão do julgamento da chamada revisão da vida toda para afirmar falsamente que o STF quer acabar com a aposentadoria e com o PIS e a Cofins – dois tributos que se aplicam apenas a empresas.

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O que o STF está julgando é se os aposentados podem pedir que salários antigos, recebidos antes de julho de 1994 – época da implantação do Plano Real – sejam incluídos no cálculo da aposentadoria, se isso for benéfico para eles. Em dezembro de 2022, o STF já tinha decidido que a revisão da vida toda era constitucional. Um novo julgamento em março de 2024 derrubou a própria decisão do Supremo e apontou que os aposentados não podiam escolher qual regra adotar.

Em 23 de agosto, os ministros iniciaram o julgamento de duas ações que podiam mudar o entendimento, e o placar, no plenário virtual, estava em quatro votos a favor de manter a decisão de março. No dia 26, o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que suspendeu o julgamento. Isso significa que ele teria que ser decidido em um plenário físico e os ministros que já tinham votado teriam que votar novamente. Ele voltou atrás e retirou o pedido de destaque no último dia 5 de setembro.

Quanto ao PIS e à Cofins, o STF não vai decidir pelo fim deles. Os ministros vão julgar se o ISS, atual imposto cobrado pelos municípios, irá incidir ou não na base de cálculo destes dois tributos que são pagos por empresas.

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Em mensagem ao Verifica, o autor disse que fez as declarações no vídeo porque “agora pra aposentar não pode mais fazer soma de tudo” e que “não podemos escolher mais nada”. Sobre o PIS e a Cofins, disse que estão com os dias contados “porque eles estão cortando tudo”.

 Foto: Reprodução/TikTok

Saiba mais: O vídeo investigado foi publicado no TikTok por um perfil cuja descrição é “Fique sabendo o que acontece no Brasil e no mundo de um jeito diferente”. O conteúdo foi publicado na plataforma em 27 de agosto de 2024 e, até a tarde de 6 de setembro, tinha mais de 1,3 milhão de visualizações. Ele também foi parar no WhatsApp.

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STF julgou a revisão da vida toda, e não o fim da aposentadoria

Apesar de compartilhar as imagens de uma reportagem verdadeira da Jovem Pan News, sobre a suspensão do julgamento em plenário virtual de duas ações sobre a chamada revisão da vida toda da aposentadoria, o autor inclui uma fala falsa sobre o áudio original, o que dificulta a compreensão do conteúdo verdadeiro. No texto sobreposto à imagem, ele também mente ao dizer que “o STF quer acabar com a aposentadoria pra vida toda”.

O julgamento que foi suspenso no plenário virtual do STF no dia 26 de agosto nada tem a ver com acabar com a aposentadoria dos brasileiros. O que os ministros julgavam eram duas ações com impacto no entendimento sobre a constitucionalidade da chamada revisão da vida toda.

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Isso porque, em 1999, quando houve uma reforma da previdência, foi definido que o cálculo da aposentadoria dos brasileiros seria feito com base em 80% de todas as contribuições feitas pelo trabalhador. Mas, haveria também uma regra de transição que estabelecia que só seriam considerados os pagamentos a partir de 1º de julho de 1994, quando o Brasil adotou o real como moeda.

Na prática, a revisão da vida toda é um processo judicial em que o aposentado pede que o valor do benefício seja recalculado com base nos salários que recebeu ao longo de toda a vida, incluindo aqueles de antes de julho de 1994. Ou seja, se o valor com a revisão for benéfico, ele poderia não passar pela regra de transição.

O STF já tinha julgado que a revisão da vida toda era constitucional em dezembro de 2022 e decidido, por maioria de votos, que “quando houver prejuízo para o segurado, é possível afastar a regra de transição introduzida pela lei, que exclui as contribuições anteriores a julho de 1994″.

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Mas, em março deste ano, ao validar a lei que instituiu o fator previdenciário – uma regra de transição que faz o cálculo da aposentadoria –, o STF acabou derrubando a própria decisão. O resultado foi que o aposentado não poderia escolher a regra que lhe fosse mais favorável para calcular a aposentadoria. Segundo a União, o impacto da revisão da vida toda aos cofres públicos seria de R$ 480 bilhões.

Agora, o STF julga mais duas ações movidas pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), que calcula que o impacto seria de no máximo R$ 3,1 bilhões, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O julgamento acontecia no plenário virtual e já tinha quatro votos contra a ação e favoráveis a proibir a revisão da vida toda: o dos ministros Nunes Marques (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Foi quando o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que obriga o julgamento a sair do plenário virtual e ir para o debate presencial. Todos os ministros precisam votar novamente. No dia 4, contudo, ele recuou e retirou o pedido de destaque. As duas ações serão votadas em plenário virtual, mas ainda não há uma data para isso.

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Não há julgamento para acabar com o PIS e a Cofins

Na mesma matéria utilizada no vídeo investigado, a repórter Janaína Camelo fala sobre outros assuntos que estavam na pauta do Supremo na semana de 27 de agosto e citou, entre eles, um julgamento sobre a inclusão ou não do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) na base de cálculo do PIS e da Cofins, dois impostos pagos por empresas e que financiam a seguridade social.

Diferentemente do que diz o autor do vídeo, os impostos não estavam com os dias contados. O que os ministros fariam, a partir do dia 28 de agosto, era retomar o julgamento em plenário físico de ações movidas por empresas que pediam que o ISS não incidisse sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins porque entendem que “a parcela correspondente ao recolhimento do ISS não tem natureza de receita nem de faturamento”, nem integra o patrimônio empresarial.

O julgamento começou em 2020 em plenário virtual e estava empatado. O relator era o ministro Celso de Mello, que está aposentado, e ele votou, na época, pela retirada do ISS da base de cálculo dos tributos. Votaram com ele os ministros Ricardo Lewandowski (aposentado), Rosa Weber (aposentada) e Cármen Lúcia.

Os outros votos foram de Dias Toffoli, que defendeu a incidência do ISS sobre a base de cálculo, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que o acompanharam. Com o julgamento em plenário físico, os ministros precisam votar novamente, exceto os aposentados. O julgamento, contudo, foi suspenso após um pedido de vista de Dias Toffoli, que divergiu, mais uma vez, do voto do relator.

Texto atualizado às 10h20 de 09 de setembro de 2024 para incluir o outro lado

O que estão compartilhando: que o Supremo Tribunal Federal (STF) quer acabar com a aposentadoria para a vida toda e que o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) também estariam com o fim em discussão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O autor do vídeo usa uma matéria da Jovem Pan News sobre a suspensão do julgamento da chamada revisão da vida toda para afirmar falsamente que o STF quer acabar com a aposentadoria e com o PIS e a Cofins – dois tributos que se aplicam apenas a empresas.

O que o STF está julgando é se os aposentados podem pedir que salários antigos, recebidos antes de julho de 1994 – época da implantação do Plano Real – sejam incluídos no cálculo da aposentadoria, se isso for benéfico para eles. Em dezembro de 2022, o STF já tinha decidido que a revisão da vida toda era constitucional. Um novo julgamento em março de 2024 derrubou a própria decisão do Supremo e apontou que os aposentados não podiam escolher qual regra adotar.

Em 23 de agosto, os ministros iniciaram o julgamento de duas ações que podiam mudar o entendimento, e o placar, no plenário virtual, estava em quatro votos a favor de manter a decisão de março. No dia 26, o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que suspendeu o julgamento. Isso significa que ele teria que ser decidido em um plenário físico e os ministros que já tinham votado teriam que votar novamente. Ele voltou atrás e retirou o pedido de destaque no último dia 5 de setembro.

Quanto ao PIS e à Cofins, o STF não vai decidir pelo fim deles. Os ministros vão julgar se o ISS, atual imposto cobrado pelos municípios, irá incidir ou não na base de cálculo destes dois tributos que são pagos por empresas.

Em mensagem ao Verifica, o autor disse que fez as declarações no vídeo porque “agora pra aposentar não pode mais fazer soma de tudo” e que “não podemos escolher mais nada”. Sobre o PIS e a Cofins, disse que estão com os dias contados “porque eles estão cortando tudo”.

 Foto: Reprodução/TikTok

Saiba mais: O vídeo investigado foi publicado no TikTok por um perfil cuja descrição é “Fique sabendo o que acontece no Brasil e no mundo de um jeito diferente”. O conteúdo foi publicado na plataforma em 27 de agosto de 2024 e, até a tarde de 6 de setembro, tinha mais de 1,3 milhão de visualizações. Ele também foi parar no WhatsApp.

STF julgou a revisão da vida toda, e não o fim da aposentadoria

Apesar de compartilhar as imagens de uma reportagem verdadeira da Jovem Pan News, sobre a suspensão do julgamento em plenário virtual de duas ações sobre a chamada revisão da vida toda da aposentadoria, o autor inclui uma fala falsa sobre o áudio original, o que dificulta a compreensão do conteúdo verdadeiro. No texto sobreposto à imagem, ele também mente ao dizer que “o STF quer acabar com a aposentadoria pra vida toda”.

O julgamento que foi suspenso no plenário virtual do STF no dia 26 de agosto nada tem a ver com acabar com a aposentadoria dos brasileiros. O que os ministros julgavam eram duas ações com impacto no entendimento sobre a constitucionalidade da chamada revisão da vida toda.

Isso porque, em 1999, quando houve uma reforma da previdência, foi definido que o cálculo da aposentadoria dos brasileiros seria feito com base em 80% de todas as contribuições feitas pelo trabalhador. Mas, haveria também uma regra de transição que estabelecia que só seriam considerados os pagamentos a partir de 1º de julho de 1994, quando o Brasil adotou o real como moeda.

Na prática, a revisão da vida toda é um processo judicial em que o aposentado pede que o valor do benefício seja recalculado com base nos salários que recebeu ao longo de toda a vida, incluindo aqueles de antes de julho de 1994. Ou seja, se o valor com a revisão for benéfico, ele poderia não passar pela regra de transição.

O STF já tinha julgado que a revisão da vida toda era constitucional em dezembro de 2022 e decidido, por maioria de votos, que “quando houver prejuízo para o segurado, é possível afastar a regra de transição introduzida pela lei, que exclui as contribuições anteriores a julho de 1994″.

Mas, em março deste ano, ao validar a lei que instituiu o fator previdenciário – uma regra de transição que faz o cálculo da aposentadoria –, o STF acabou derrubando a própria decisão. O resultado foi que o aposentado não poderia escolher a regra que lhe fosse mais favorável para calcular a aposentadoria. Segundo a União, o impacto da revisão da vida toda aos cofres públicos seria de R$ 480 bilhões.

Agora, o STF julga mais duas ações movidas pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), que calcula que o impacto seria de no máximo R$ 3,1 bilhões, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O julgamento acontecia no plenário virtual e já tinha quatro votos contra a ação e favoráveis a proibir a revisão da vida toda: o dos ministros Nunes Marques (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Foi quando o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que obriga o julgamento a sair do plenário virtual e ir para o debate presencial. Todos os ministros precisam votar novamente. No dia 4, contudo, ele recuou e retirou o pedido de destaque. As duas ações serão votadas em plenário virtual, mas ainda não há uma data para isso.

Não há julgamento para acabar com o PIS e a Cofins

Na mesma matéria utilizada no vídeo investigado, a repórter Janaína Camelo fala sobre outros assuntos que estavam na pauta do Supremo na semana de 27 de agosto e citou, entre eles, um julgamento sobre a inclusão ou não do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) na base de cálculo do PIS e da Cofins, dois impostos pagos por empresas e que financiam a seguridade social.

Diferentemente do que diz o autor do vídeo, os impostos não estavam com os dias contados. O que os ministros fariam, a partir do dia 28 de agosto, era retomar o julgamento em plenário físico de ações movidas por empresas que pediam que o ISS não incidisse sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins porque entendem que “a parcela correspondente ao recolhimento do ISS não tem natureza de receita nem de faturamento”, nem integra o patrimônio empresarial.

O julgamento começou em 2020 em plenário virtual e estava empatado. O relator era o ministro Celso de Mello, que está aposentado, e ele votou, na época, pela retirada do ISS da base de cálculo dos tributos. Votaram com ele os ministros Ricardo Lewandowski (aposentado), Rosa Weber (aposentada) e Cármen Lúcia.

Os outros votos foram de Dias Toffoli, que defendeu a incidência do ISS sobre a base de cálculo, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que o acompanharam. Com o julgamento em plenário físico, os ministros precisam votar novamente, exceto os aposentados. O julgamento, contudo, foi suspenso após um pedido de vista de Dias Toffoli, que divergiu, mais uma vez, do voto do relator.

Texto atualizado às 10h20 de 09 de setembro de 2024 para incluir o outro lado

O que estão compartilhando: que o Supremo Tribunal Federal (STF) quer acabar com a aposentadoria para a vida toda e que o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) também estariam com o fim em discussão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O autor do vídeo usa uma matéria da Jovem Pan News sobre a suspensão do julgamento da chamada revisão da vida toda para afirmar falsamente que o STF quer acabar com a aposentadoria e com o PIS e a Cofins – dois tributos que se aplicam apenas a empresas.

O que o STF está julgando é se os aposentados podem pedir que salários antigos, recebidos antes de julho de 1994 – época da implantação do Plano Real – sejam incluídos no cálculo da aposentadoria, se isso for benéfico para eles. Em dezembro de 2022, o STF já tinha decidido que a revisão da vida toda era constitucional. Um novo julgamento em março de 2024 derrubou a própria decisão do Supremo e apontou que os aposentados não podiam escolher qual regra adotar.

Em 23 de agosto, os ministros iniciaram o julgamento de duas ações que podiam mudar o entendimento, e o placar, no plenário virtual, estava em quatro votos a favor de manter a decisão de março. No dia 26, o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que suspendeu o julgamento. Isso significa que ele teria que ser decidido em um plenário físico e os ministros que já tinham votado teriam que votar novamente. Ele voltou atrás e retirou o pedido de destaque no último dia 5 de setembro.

Quanto ao PIS e à Cofins, o STF não vai decidir pelo fim deles. Os ministros vão julgar se o ISS, atual imposto cobrado pelos municípios, irá incidir ou não na base de cálculo destes dois tributos que são pagos por empresas.

Em mensagem ao Verifica, o autor disse que fez as declarações no vídeo porque “agora pra aposentar não pode mais fazer soma de tudo” e que “não podemos escolher mais nada”. Sobre o PIS e a Cofins, disse que estão com os dias contados “porque eles estão cortando tudo”.

 Foto: Reprodução/TikTok

Saiba mais: O vídeo investigado foi publicado no TikTok por um perfil cuja descrição é “Fique sabendo o que acontece no Brasil e no mundo de um jeito diferente”. O conteúdo foi publicado na plataforma em 27 de agosto de 2024 e, até a tarde de 6 de setembro, tinha mais de 1,3 milhão de visualizações. Ele também foi parar no WhatsApp.

STF julgou a revisão da vida toda, e não o fim da aposentadoria

Apesar de compartilhar as imagens de uma reportagem verdadeira da Jovem Pan News, sobre a suspensão do julgamento em plenário virtual de duas ações sobre a chamada revisão da vida toda da aposentadoria, o autor inclui uma fala falsa sobre o áudio original, o que dificulta a compreensão do conteúdo verdadeiro. No texto sobreposto à imagem, ele também mente ao dizer que “o STF quer acabar com a aposentadoria pra vida toda”.

O julgamento que foi suspenso no plenário virtual do STF no dia 26 de agosto nada tem a ver com acabar com a aposentadoria dos brasileiros. O que os ministros julgavam eram duas ações com impacto no entendimento sobre a constitucionalidade da chamada revisão da vida toda.

Isso porque, em 1999, quando houve uma reforma da previdência, foi definido que o cálculo da aposentadoria dos brasileiros seria feito com base em 80% de todas as contribuições feitas pelo trabalhador. Mas, haveria também uma regra de transição que estabelecia que só seriam considerados os pagamentos a partir de 1º de julho de 1994, quando o Brasil adotou o real como moeda.

Na prática, a revisão da vida toda é um processo judicial em que o aposentado pede que o valor do benefício seja recalculado com base nos salários que recebeu ao longo de toda a vida, incluindo aqueles de antes de julho de 1994. Ou seja, se o valor com a revisão for benéfico, ele poderia não passar pela regra de transição.

O STF já tinha julgado que a revisão da vida toda era constitucional em dezembro de 2022 e decidido, por maioria de votos, que “quando houver prejuízo para o segurado, é possível afastar a regra de transição introduzida pela lei, que exclui as contribuições anteriores a julho de 1994″.

Mas, em março deste ano, ao validar a lei que instituiu o fator previdenciário – uma regra de transição que faz o cálculo da aposentadoria –, o STF acabou derrubando a própria decisão. O resultado foi que o aposentado não poderia escolher a regra que lhe fosse mais favorável para calcular a aposentadoria. Segundo a União, o impacto da revisão da vida toda aos cofres públicos seria de R$ 480 bilhões.

Agora, o STF julga mais duas ações movidas pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), que calcula que o impacto seria de no máximo R$ 3,1 bilhões, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O julgamento acontecia no plenário virtual e já tinha quatro votos contra a ação e favoráveis a proibir a revisão da vida toda: o dos ministros Nunes Marques (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Foi quando o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que obriga o julgamento a sair do plenário virtual e ir para o debate presencial. Todos os ministros precisam votar novamente. No dia 4, contudo, ele recuou e retirou o pedido de destaque. As duas ações serão votadas em plenário virtual, mas ainda não há uma data para isso.

Não há julgamento para acabar com o PIS e a Cofins

Na mesma matéria utilizada no vídeo investigado, a repórter Janaína Camelo fala sobre outros assuntos que estavam na pauta do Supremo na semana de 27 de agosto e citou, entre eles, um julgamento sobre a inclusão ou não do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) na base de cálculo do PIS e da Cofins, dois impostos pagos por empresas e que financiam a seguridade social.

Diferentemente do que diz o autor do vídeo, os impostos não estavam com os dias contados. O que os ministros fariam, a partir do dia 28 de agosto, era retomar o julgamento em plenário físico de ações movidas por empresas que pediam que o ISS não incidisse sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins porque entendem que “a parcela correspondente ao recolhimento do ISS não tem natureza de receita nem de faturamento”, nem integra o patrimônio empresarial.

O julgamento começou em 2020 em plenário virtual e estava empatado. O relator era o ministro Celso de Mello, que está aposentado, e ele votou, na época, pela retirada do ISS da base de cálculo dos tributos. Votaram com ele os ministros Ricardo Lewandowski (aposentado), Rosa Weber (aposentada) e Cármen Lúcia.

Os outros votos foram de Dias Toffoli, que defendeu a incidência do ISS sobre a base de cálculo, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que o acompanharam. Com o julgamento em plenário físico, os ministros precisam votar novamente, exceto os aposentados. O julgamento, contudo, foi suspenso após um pedido de vista de Dias Toffoli, que divergiu, mais uma vez, do voto do relator.

Texto atualizado às 10h20 de 09 de setembro de 2024 para incluir o outro lado

O que estão compartilhando: que o Supremo Tribunal Federal (STF) quer acabar com a aposentadoria para a vida toda e que o Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) também estariam com o fim em discussão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O autor do vídeo usa uma matéria da Jovem Pan News sobre a suspensão do julgamento da chamada revisão da vida toda para afirmar falsamente que o STF quer acabar com a aposentadoria e com o PIS e a Cofins – dois tributos que se aplicam apenas a empresas.

O que o STF está julgando é se os aposentados podem pedir que salários antigos, recebidos antes de julho de 1994 – época da implantação do Plano Real – sejam incluídos no cálculo da aposentadoria, se isso for benéfico para eles. Em dezembro de 2022, o STF já tinha decidido que a revisão da vida toda era constitucional. Um novo julgamento em março de 2024 derrubou a própria decisão do Supremo e apontou que os aposentados não podiam escolher qual regra adotar.

Em 23 de agosto, os ministros iniciaram o julgamento de duas ações que podiam mudar o entendimento, e o placar, no plenário virtual, estava em quatro votos a favor de manter a decisão de março. No dia 26, o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que suspendeu o julgamento. Isso significa que ele teria que ser decidido em um plenário físico e os ministros que já tinham votado teriam que votar novamente. Ele voltou atrás e retirou o pedido de destaque no último dia 5 de setembro.

Quanto ao PIS e à Cofins, o STF não vai decidir pelo fim deles. Os ministros vão julgar se o ISS, atual imposto cobrado pelos municípios, irá incidir ou não na base de cálculo destes dois tributos que são pagos por empresas.

Em mensagem ao Verifica, o autor disse que fez as declarações no vídeo porque “agora pra aposentar não pode mais fazer soma de tudo” e que “não podemos escolher mais nada”. Sobre o PIS e a Cofins, disse que estão com os dias contados “porque eles estão cortando tudo”.

 Foto: Reprodução/TikTok

Saiba mais: O vídeo investigado foi publicado no TikTok por um perfil cuja descrição é “Fique sabendo o que acontece no Brasil e no mundo de um jeito diferente”. O conteúdo foi publicado na plataforma em 27 de agosto de 2024 e, até a tarde de 6 de setembro, tinha mais de 1,3 milhão de visualizações. Ele também foi parar no WhatsApp.

STF julgou a revisão da vida toda, e não o fim da aposentadoria

Apesar de compartilhar as imagens de uma reportagem verdadeira da Jovem Pan News, sobre a suspensão do julgamento em plenário virtual de duas ações sobre a chamada revisão da vida toda da aposentadoria, o autor inclui uma fala falsa sobre o áudio original, o que dificulta a compreensão do conteúdo verdadeiro. No texto sobreposto à imagem, ele também mente ao dizer que “o STF quer acabar com a aposentadoria pra vida toda”.

O julgamento que foi suspenso no plenário virtual do STF no dia 26 de agosto nada tem a ver com acabar com a aposentadoria dos brasileiros. O que os ministros julgavam eram duas ações com impacto no entendimento sobre a constitucionalidade da chamada revisão da vida toda.

Isso porque, em 1999, quando houve uma reforma da previdência, foi definido que o cálculo da aposentadoria dos brasileiros seria feito com base em 80% de todas as contribuições feitas pelo trabalhador. Mas, haveria também uma regra de transição que estabelecia que só seriam considerados os pagamentos a partir de 1º de julho de 1994, quando o Brasil adotou o real como moeda.

Na prática, a revisão da vida toda é um processo judicial em que o aposentado pede que o valor do benefício seja recalculado com base nos salários que recebeu ao longo de toda a vida, incluindo aqueles de antes de julho de 1994. Ou seja, se o valor com a revisão for benéfico, ele poderia não passar pela regra de transição.

O STF já tinha julgado que a revisão da vida toda era constitucional em dezembro de 2022 e decidido, por maioria de votos, que “quando houver prejuízo para o segurado, é possível afastar a regra de transição introduzida pela lei, que exclui as contribuições anteriores a julho de 1994″.

Mas, em março deste ano, ao validar a lei que instituiu o fator previdenciário – uma regra de transição que faz o cálculo da aposentadoria –, o STF acabou derrubando a própria decisão. O resultado foi que o aposentado não poderia escolher a regra que lhe fosse mais favorável para calcular a aposentadoria. Segundo a União, o impacto da revisão da vida toda aos cofres públicos seria de R$ 480 bilhões.

Agora, o STF julga mais duas ações movidas pelo Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev), que calcula que o impacto seria de no máximo R$ 3,1 bilhões, e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM). O julgamento acontecia no plenário virtual e já tinha quatro votos contra a ação e favoráveis a proibir a revisão da vida toda: o dos ministros Nunes Marques (relator), Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia.

Foi quando o ministro Alexandre de Moraes fez um pedido de destaque, o que obriga o julgamento a sair do plenário virtual e ir para o debate presencial. Todos os ministros precisam votar novamente. No dia 4, contudo, ele recuou e retirou o pedido de destaque. As duas ações serão votadas em plenário virtual, mas ainda não há uma data para isso.

Não há julgamento para acabar com o PIS e a Cofins

Na mesma matéria utilizada no vídeo investigado, a repórter Janaína Camelo fala sobre outros assuntos que estavam na pauta do Supremo na semana de 27 de agosto e citou, entre eles, um julgamento sobre a inclusão ou não do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) na base de cálculo do PIS e da Cofins, dois impostos pagos por empresas e que financiam a seguridade social.

Diferentemente do que diz o autor do vídeo, os impostos não estavam com os dias contados. O que os ministros fariam, a partir do dia 28 de agosto, era retomar o julgamento em plenário físico de ações movidas por empresas que pediam que o ISS não incidisse sobre a base de cálculo do PIS e da Cofins porque entendem que “a parcela correspondente ao recolhimento do ISS não tem natureza de receita nem de faturamento”, nem integra o patrimônio empresarial.

O julgamento começou em 2020 em plenário virtual e estava empatado. O relator era o ministro Celso de Mello, que está aposentado, e ele votou, na época, pela retirada do ISS da base de cálculo dos tributos. Votaram com ele os ministros Ricardo Lewandowski (aposentado), Rosa Weber (aposentada) e Cármen Lúcia.

Os outros votos foram de Dias Toffoli, que defendeu a incidência do ISS sobre a base de cálculo, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que o acompanharam. Com o julgamento em plenário físico, os ministros precisam votar novamente, exceto os aposentados. O julgamento, contudo, foi suspenso após um pedido de vista de Dias Toffoli, que divergiu, mais uma vez, do voto do relator.

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