Talidomida: posts distorcem contexto de tragédia com remédio para descredibilizar vacinas de covid-19


Medicamento usado como sedativo nos anos 1950 posteriormente causou má-formação congênita; legislação para registro de fármacos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais

Por Victor Pinheiro

Protagonista de uma das maiores tragédias da indústria farmacêutica, a talidomida é objeto de mensagens no Facebook e no WhatsApp que comparam a aprovação do medicamento com a liberação de imunizantes contra a covid-19, a fim de descredibilizar a segurança das vacinas. As publicações, no entanto, distorcem e omitem informações contextuais importantes acerca da pesquisa e distribuição desse remédio usado como sedativo.

Esse conteúdo foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490. Uma das mensagens que circulam nas redes sociais afirma que a talidomida foi aprovada "às pressas" em 1956 e chegou ao mercado como um antigripal chamado Grippex, contra a epidemia de influenza asiática -- mas isso não é verdade.

Os posts acrescentam que o medicamento foi vendido com certificação de segurança pelos fabricantes antes de ser associado à ocorrência de deformações congênitas em fetos e bebês -- o que motivou sua retirada do mercado em vários países. "Quem não conhece a história está condenado a repeti-la", diz um post no Facebook. Outras postagens dizem a história deve alertar "quem quer uma vacina às pressas", sugerindo uma comparação com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus.

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 Foto: Estadão

Para a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lídia Moreira Lima a comparação entre a talidomida e as vacinas contra covid-19 "não faz o menor sentido". A especialista afirma que, diferente do que diz o conteúdo compartilhado nas redes, a talidomida não foi aprovada às pressas por conta de uma epidemia e ressalta que as normas de regulação na época eram muito menos rigorosas. 

"Na época que Talidomida chegou ao mercado, a legislação para registros de medicamentos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais", pontua Moreira. "Hoje precisamos de vários testes de segurança e eficácia, mas naquela época não era dessa forma".

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A história do medicamento

A talidomida foi sintetizada em 1953 pelo laboratório alemão Chemie Grünenthal. Embora alguns documentos relatem sua introdução no mercado como o antigripal Grippex em 1956, a distribuição do medicamento ocorreu principalmente no ano seguinte, na forma de um sedativo chamado Cartogan, que foi amplamente prescrito para aliviar enjoos matinais de gestantes. 

Documentos Grippex

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Em 1958, médicos observaram o aumento da incidência de bebês com malformação na Alemanha. Até que em 1961, um artigo na revista British Medical Journal confirmou os efeitos adversos da droga para grávidas -- o que levou uma série de países a suspender a autorização do medicamento. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelos efeitos adversos da Talidomida na época, das quais metade residiam na Alemanha. 

Os posts analisados exagera ao ligar a aprovação do medicamento com a epidemia de influenza asiática de 1957. A página de perguntas e respostas da fabricante Chemie Grünenthal nem sequer menciona a crise sanitária e reforça que a Talidomida foi vendida como um sedativo e remédio para insônia em muitos países. 

Aprovação do medicamento não foi 'às pressas'

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Também não há relatos de que a aprovação do medicamento ocorreu "às pressas" no contexto da gripe asiática. Na verdade, o episódio remete à ausência de normas regulatórias adequadas para medicamentos na época. A empresa testou a Talidomida em roedores, chegando a aplicar superdoses nos animais. Isso foi o suficiente para os fabricantes declararem que a substância era segura.

Não foram conduzidos, porém, testes teratogênicos -- isto é, experimentos que avaliam o efeito de uma substância na gravidez e na formação dos fetos. 

"Na época, os testes para avaliar se a gestação poderia ser prejudicada não eram comuns no desenvolvimento farmacêutico", informa o site da companhia que desenvolveu o remédio. "Tais testes não eram exigidos na Alemanha ou em outros países. Consequentemente, a talidomida também não foi testada em animais grávidos". 

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De acordo com Lídia Moreira, nos padrões atuais, "antes mesmo da substância ser testada em ensaios em humanos, é necessário enviar para a agência reguladora um formulário imenso com um monte de ensaios que foram realizados em modelos não humanos, na qual uma das exigências são os testes de teratogenicidade".

Diferença entre fármacos e vacinas 

A cientista ressalta, no entanto, que é preciso diferenciar a atividade de vacinas e fármacos. Ela explica que os imunizantes usam ativos biológicos -- um vírus atenuado, ou um fragmento genético do microorganismo -- para induzir o corpo humano a gerar imunidade contra o vírus. Já os fármacos exercem o papel por meio de reações químicas. "Não há comparativo", afirma a professora da UFRJ. 

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Moreira pontua que, em termos de fase pré-clínica, não existiria a necessidade de conduzir ensaios de teratogênese das vacinas, se não fossem testadas em mulheres grávidas. Já nos ensaios clínicos, os imunizantes seguem o mesmo critério de eficácia e segurança que passa o medicamento: três fases de experimentos com dezenas de milhares de participantes seguindo protocolos de pesquisas rigorosos. 

Fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus já divulgaram dados de etapas de estudos clínicos de seus produtos. Não há incidência significativa de efeitos adversos graves. O imunizante da Pfizer e da BioNtech, que já foi aprovado em regime emergencial nos EUA e no Reino Unido, tem um perfil caracterizado por efeitos colaterais leves e moderados.

Vacinas para covid-19 seguem padrão de segurança

Embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas contra a covid-19 seguem parâmetros de segurança rigorosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), investimentos financeiros sem precedentes e colaborações científicas estão mudando o processo de desenvolvimento das vacinas no contexto da covid-19. 

"Isto significa que algumas das etapas do processo de pesquisa e desenvolvimento ocorrem em paralelo, mantendo ao mesmo tempo normas clínicas de segurança rigorosas", afirma a entidade. 

Os ensaios clínicos de vacinas e medicamentos envolvem testes para grupos específicos como gestantes, idosos e crianças. Devido à urgência do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, os estudos dos potenciais imunizantes para o novo coronavírus com gestantes ainda são limitados. 

A Pfizer e a BioNtech não recomendaram a substância para grávidas em bula enviada ao governo britânico para a imunização de profissionais da saúde. A Food And Drugs Administration, órgão americano equivalente à Anvisa no Brasil, orienta que gestantes devem discutir com seus médicos se devem ou não tomar a vacina. 

A agência de controle de doenças infecciosas americana (CDC) também compartilha da mesma orientação, mas afirma que se a pessoa faz parte de grupos com recomendação para receber o imunizante, ela deve escolher se vacinar.

Talidomida ainda é utilizada, mas com restrições

A Talidomida ainda é receitada no Brasil e em outros países. Um documento do Ministério da Saúde publicado em 2014 aponta a indicação do fármaco para o tratamento de hanseníase, úlceras em pacientes com HIV/Aids, lúpus e mieloma múltiplo -- um tipo de câncer que afeta células da medula óssea. 

Talidomida Ministério da Saúde

O documento informa que a prescrição para mulheres em idade fértil requer avaliação médica que ateste a não gravidez e a comprovação da utilização de, no mínimo, dois métodos contraceptivos. Segundo Lídia Moreira, ainda é necessário que mulheres assinem um termo de responsabilidade se comprometendo a não engravidar nos períodos de tratamento. 

Protagonista de uma das maiores tragédias da indústria farmacêutica, a talidomida é objeto de mensagens no Facebook e no WhatsApp que comparam a aprovação do medicamento com a liberação de imunizantes contra a covid-19, a fim de descredibilizar a segurança das vacinas. As publicações, no entanto, distorcem e omitem informações contextuais importantes acerca da pesquisa e distribuição desse remédio usado como sedativo.

Esse conteúdo foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490. Uma das mensagens que circulam nas redes sociais afirma que a talidomida foi aprovada "às pressas" em 1956 e chegou ao mercado como um antigripal chamado Grippex, contra a epidemia de influenza asiática -- mas isso não é verdade.

Os posts acrescentam que o medicamento foi vendido com certificação de segurança pelos fabricantes antes de ser associado à ocorrência de deformações congênitas em fetos e bebês -- o que motivou sua retirada do mercado em vários países. "Quem não conhece a história está condenado a repeti-la", diz um post no Facebook. Outras postagens dizem a história deve alertar "quem quer uma vacina às pressas", sugerindo uma comparação com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus.

 Foto: Estadão

Para a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lídia Moreira Lima a comparação entre a talidomida e as vacinas contra covid-19 "não faz o menor sentido". A especialista afirma que, diferente do que diz o conteúdo compartilhado nas redes, a talidomida não foi aprovada às pressas por conta de uma epidemia e ressalta que as normas de regulação na época eram muito menos rigorosas. 

"Na época que Talidomida chegou ao mercado, a legislação para registros de medicamentos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais", pontua Moreira. "Hoje precisamos de vários testes de segurança e eficácia, mas naquela época não era dessa forma".

A história do medicamento

A talidomida foi sintetizada em 1953 pelo laboratório alemão Chemie Grünenthal. Embora alguns documentos relatem sua introdução no mercado como o antigripal Grippex em 1956, a distribuição do medicamento ocorreu principalmente no ano seguinte, na forma de um sedativo chamado Cartogan, que foi amplamente prescrito para aliviar enjoos matinais de gestantes. 

Documentos Grippex

Em 1958, médicos observaram o aumento da incidência de bebês com malformação na Alemanha. Até que em 1961, um artigo na revista British Medical Journal confirmou os efeitos adversos da droga para grávidas -- o que levou uma série de países a suspender a autorização do medicamento. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelos efeitos adversos da Talidomida na época, das quais metade residiam na Alemanha. 

Os posts analisados exagera ao ligar a aprovação do medicamento com a epidemia de influenza asiática de 1957. A página de perguntas e respostas da fabricante Chemie Grünenthal nem sequer menciona a crise sanitária e reforça que a Talidomida foi vendida como um sedativo e remédio para insônia em muitos países. 

Aprovação do medicamento não foi 'às pressas'

Também não há relatos de que a aprovação do medicamento ocorreu "às pressas" no contexto da gripe asiática. Na verdade, o episódio remete à ausência de normas regulatórias adequadas para medicamentos na época. A empresa testou a Talidomida em roedores, chegando a aplicar superdoses nos animais. Isso foi o suficiente para os fabricantes declararem que a substância era segura.

Não foram conduzidos, porém, testes teratogênicos -- isto é, experimentos que avaliam o efeito de uma substância na gravidez e na formação dos fetos. 

"Na época, os testes para avaliar se a gestação poderia ser prejudicada não eram comuns no desenvolvimento farmacêutico", informa o site da companhia que desenvolveu o remédio. "Tais testes não eram exigidos na Alemanha ou em outros países. Consequentemente, a talidomida também não foi testada em animais grávidos". 

De acordo com Lídia Moreira, nos padrões atuais, "antes mesmo da substância ser testada em ensaios em humanos, é necessário enviar para a agência reguladora um formulário imenso com um monte de ensaios que foram realizados em modelos não humanos, na qual uma das exigências são os testes de teratogenicidade".

Diferença entre fármacos e vacinas 

A cientista ressalta, no entanto, que é preciso diferenciar a atividade de vacinas e fármacos. Ela explica que os imunizantes usam ativos biológicos -- um vírus atenuado, ou um fragmento genético do microorganismo -- para induzir o corpo humano a gerar imunidade contra o vírus. Já os fármacos exercem o papel por meio de reações químicas. "Não há comparativo", afirma a professora da UFRJ. 

Moreira pontua que, em termos de fase pré-clínica, não existiria a necessidade de conduzir ensaios de teratogênese das vacinas, se não fossem testadas em mulheres grávidas. Já nos ensaios clínicos, os imunizantes seguem o mesmo critério de eficácia e segurança que passa o medicamento: três fases de experimentos com dezenas de milhares de participantes seguindo protocolos de pesquisas rigorosos. 

Fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus já divulgaram dados de etapas de estudos clínicos de seus produtos. Não há incidência significativa de efeitos adversos graves. O imunizante da Pfizer e da BioNtech, que já foi aprovado em regime emergencial nos EUA e no Reino Unido, tem um perfil caracterizado por efeitos colaterais leves e moderados.

Vacinas para covid-19 seguem padrão de segurança

Embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas contra a covid-19 seguem parâmetros de segurança rigorosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), investimentos financeiros sem precedentes e colaborações científicas estão mudando o processo de desenvolvimento das vacinas no contexto da covid-19. 

"Isto significa que algumas das etapas do processo de pesquisa e desenvolvimento ocorrem em paralelo, mantendo ao mesmo tempo normas clínicas de segurança rigorosas", afirma a entidade. 

Os ensaios clínicos de vacinas e medicamentos envolvem testes para grupos específicos como gestantes, idosos e crianças. Devido à urgência do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, os estudos dos potenciais imunizantes para o novo coronavírus com gestantes ainda são limitados. 

A Pfizer e a BioNtech não recomendaram a substância para grávidas em bula enviada ao governo britânico para a imunização de profissionais da saúde. A Food And Drugs Administration, órgão americano equivalente à Anvisa no Brasil, orienta que gestantes devem discutir com seus médicos se devem ou não tomar a vacina. 

A agência de controle de doenças infecciosas americana (CDC) também compartilha da mesma orientação, mas afirma que se a pessoa faz parte de grupos com recomendação para receber o imunizante, ela deve escolher se vacinar.

Talidomida ainda é utilizada, mas com restrições

A Talidomida ainda é receitada no Brasil e em outros países. Um documento do Ministério da Saúde publicado em 2014 aponta a indicação do fármaco para o tratamento de hanseníase, úlceras em pacientes com HIV/Aids, lúpus e mieloma múltiplo -- um tipo de câncer que afeta células da medula óssea. 

Talidomida Ministério da Saúde

O documento informa que a prescrição para mulheres em idade fértil requer avaliação médica que ateste a não gravidez e a comprovação da utilização de, no mínimo, dois métodos contraceptivos. Segundo Lídia Moreira, ainda é necessário que mulheres assinem um termo de responsabilidade se comprometendo a não engravidar nos períodos de tratamento. 

Protagonista de uma das maiores tragédias da indústria farmacêutica, a talidomida é objeto de mensagens no Facebook e no WhatsApp que comparam a aprovação do medicamento com a liberação de imunizantes contra a covid-19, a fim de descredibilizar a segurança das vacinas. As publicações, no entanto, distorcem e omitem informações contextuais importantes acerca da pesquisa e distribuição desse remédio usado como sedativo.

Esse conteúdo foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490. Uma das mensagens que circulam nas redes sociais afirma que a talidomida foi aprovada "às pressas" em 1956 e chegou ao mercado como um antigripal chamado Grippex, contra a epidemia de influenza asiática -- mas isso não é verdade.

Os posts acrescentam que o medicamento foi vendido com certificação de segurança pelos fabricantes antes de ser associado à ocorrência de deformações congênitas em fetos e bebês -- o que motivou sua retirada do mercado em vários países. "Quem não conhece a história está condenado a repeti-la", diz um post no Facebook. Outras postagens dizem a história deve alertar "quem quer uma vacina às pressas", sugerindo uma comparação com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus.

 Foto: Estadão

Para a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lídia Moreira Lima a comparação entre a talidomida e as vacinas contra covid-19 "não faz o menor sentido". A especialista afirma que, diferente do que diz o conteúdo compartilhado nas redes, a talidomida não foi aprovada às pressas por conta de uma epidemia e ressalta que as normas de regulação na época eram muito menos rigorosas. 

"Na época que Talidomida chegou ao mercado, a legislação para registros de medicamentos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais", pontua Moreira. "Hoje precisamos de vários testes de segurança e eficácia, mas naquela época não era dessa forma".

A história do medicamento

A talidomida foi sintetizada em 1953 pelo laboratório alemão Chemie Grünenthal. Embora alguns documentos relatem sua introdução no mercado como o antigripal Grippex em 1956, a distribuição do medicamento ocorreu principalmente no ano seguinte, na forma de um sedativo chamado Cartogan, que foi amplamente prescrito para aliviar enjoos matinais de gestantes. 

Documentos Grippex

Em 1958, médicos observaram o aumento da incidência de bebês com malformação na Alemanha. Até que em 1961, um artigo na revista British Medical Journal confirmou os efeitos adversos da droga para grávidas -- o que levou uma série de países a suspender a autorização do medicamento. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelos efeitos adversos da Talidomida na época, das quais metade residiam na Alemanha. 

Os posts analisados exagera ao ligar a aprovação do medicamento com a epidemia de influenza asiática de 1957. A página de perguntas e respostas da fabricante Chemie Grünenthal nem sequer menciona a crise sanitária e reforça que a Talidomida foi vendida como um sedativo e remédio para insônia em muitos países. 

Aprovação do medicamento não foi 'às pressas'

Também não há relatos de que a aprovação do medicamento ocorreu "às pressas" no contexto da gripe asiática. Na verdade, o episódio remete à ausência de normas regulatórias adequadas para medicamentos na época. A empresa testou a Talidomida em roedores, chegando a aplicar superdoses nos animais. Isso foi o suficiente para os fabricantes declararem que a substância era segura.

Não foram conduzidos, porém, testes teratogênicos -- isto é, experimentos que avaliam o efeito de uma substância na gravidez e na formação dos fetos. 

"Na época, os testes para avaliar se a gestação poderia ser prejudicada não eram comuns no desenvolvimento farmacêutico", informa o site da companhia que desenvolveu o remédio. "Tais testes não eram exigidos na Alemanha ou em outros países. Consequentemente, a talidomida também não foi testada em animais grávidos". 

De acordo com Lídia Moreira, nos padrões atuais, "antes mesmo da substância ser testada em ensaios em humanos, é necessário enviar para a agência reguladora um formulário imenso com um monte de ensaios que foram realizados em modelos não humanos, na qual uma das exigências são os testes de teratogenicidade".

Diferença entre fármacos e vacinas 

A cientista ressalta, no entanto, que é preciso diferenciar a atividade de vacinas e fármacos. Ela explica que os imunizantes usam ativos biológicos -- um vírus atenuado, ou um fragmento genético do microorganismo -- para induzir o corpo humano a gerar imunidade contra o vírus. Já os fármacos exercem o papel por meio de reações químicas. "Não há comparativo", afirma a professora da UFRJ. 

Moreira pontua que, em termos de fase pré-clínica, não existiria a necessidade de conduzir ensaios de teratogênese das vacinas, se não fossem testadas em mulheres grávidas. Já nos ensaios clínicos, os imunizantes seguem o mesmo critério de eficácia e segurança que passa o medicamento: três fases de experimentos com dezenas de milhares de participantes seguindo protocolos de pesquisas rigorosos. 

Fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus já divulgaram dados de etapas de estudos clínicos de seus produtos. Não há incidência significativa de efeitos adversos graves. O imunizante da Pfizer e da BioNtech, que já foi aprovado em regime emergencial nos EUA e no Reino Unido, tem um perfil caracterizado por efeitos colaterais leves e moderados.

Vacinas para covid-19 seguem padrão de segurança

Embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas contra a covid-19 seguem parâmetros de segurança rigorosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), investimentos financeiros sem precedentes e colaborações científicas estão mudando o processo de desenvolvimento das vacinas no contexto da covid-19. 

"Isto significa que algumas das etapas do processo de pesquisa e desenvolvimento ocorrem em paralelo, mantendo ao mesmo tempo normas clínicas de segurança rigorosas", afirma a entidade. 

Os ensaios clínicos de vacinas e medicamentos envolvem testes para grupos específicos como gestantes, idosos e crianças. Devido à urgência do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, os estudos dos potenciais imunizantes para o novo coronavírus com gestantes ainda são limitados. 

A Pfizer e a BioNtech não recomendaram a substância para grávidas em bula enviada ao governo britânico para a imunização de profissionais da saúde. A Food And Drugs Administration, órgão americano equivalente à Anvisa no Brasil, orienta que gestantes devem discutir com seus médicos se devem ou não tomar a vacina. 

A agência de controle de doenças infecciosas americana (CDC) também compartilha da mesma orientação, mas afirma que se a pessoa faz parte de grupos com recomendação para receber o imunizante, ela deve escolher se vacinar.

Talidomida ainda é utilizada, mas com restrições

A Talidomida ainda é receitada no Brasil e em outros países. Um documento do Ministério da Saúde publicado em 2014 aponta a indicação do fármaco para o tratamento de hanseníase, úlceras em pacientes com HIV/Aids, lúpus e mieloma múltiplo -- um tipo de câncer que afeta células da medula óssea. 

Talidomida Ministério da Saúde

O documento informa que a prescrição para mulheres em idade fértil requer avaliação médica que ateste a não gravidez e a comprovação da utilização de, no mínimo, dois métodos contraceptivos. Segundo Lídia Moreira, ainda é necessário que mulheres assinem um termo de responsabilidade se comprometendo a não engravidar nos períodos de tratamento. 

Protagonista de uma das maiores tragédias da indústria farmacêutica, a talidomida é objeto de mensagens no Facebook e no WhatsApp que comparam a aprovação do medicamento com a liberação de imunizantes contra a covid-19, a fim de descredibilizar a segurança das vacinas. As publicações, no entanto, distorcem e omitem informações contextuais importantes acerca da pesquisa e distribuição desse remédio usado como sedativo.

Esse conteúdo foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490. Uma das mensagens que circulam nas redes sociais afirma que a talidomida foi aprovada "às pressas" em 1956 e chegou ao mercado como um antigripal chamado Grippex, contra a epidemia de influenza asiática -- mas isso não é verdade.

Os posts acrescentam que o medicamento foi vendido com certificação de segurança pelos fabricantes antes de ser associado à ocorrência de deformações congênitas em fetos e bebês -- o que motivou sua retirada do mercado em vários países. "Quem não conhece a história está condenado a repeti-la", diz um post no Facebook. Outras postagens dizem a história deve alertar "quem quer uma vacina às pressas", sugerindo uma comparação com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus.

 Foto: Estadão

Para a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lídia Moreira Lima a comparação entre a talidomida e as vacinas contra covid-19 "não faz o menor sentido". A especialista afirma que, diferente do que diz o conteúdo compartilhado nas redes, a talidomida não foi aprovada às pressas por conta de uma epidemia e ressalta que as normas de regulação na época eram muito menos rigorosas. 

"Na época que Talidomida chegou ao mercado, a legislação para registros de medicamentos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais", pontua Moreira. "Hoje precisamos de vários testes de segurança e eficácia, mas naquela época não era dessa forma".

A história do medicamento

A talidomida foi sintetizada em 1953 pelo laboratório alemão Chemie Grünenthal. Embora alguns documentos relatem sua introdução no mercado como o antigripal Grippex em 1956, a distribuição do medicamento ocorreu principalmente no ano seguinte, na forma de um sedativo chamado Cartogan, que foi amplamente prescrito para aliviar enjoos matinais de gestantes. 

Documentos Grippex

Em 1958, médicos observaram o aumento da incidência de bebês com malformação na Alemanha. Até que em 1961, um artigo na revista British Medical Journal confirmou os efeitos adversos da droga para grávidas -- o que levou uma série de países a suspender a autorização do medicamento. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelos efeitos adversos da Talidomida na época, das quais metade residiam na Alemanha. 

Os posts analisados exagera ao ligar a aprovação do medicamento com a epidemia de influenza asiática de 1957. A página de perguntas e respostas da fabricante Chemie Grünenthal nem sequer menciona a crise sanitária e reforça que a Talidomida foi vendida como um sedativo e remédio para insônia em muitos países. 

Aprovação do medicamento não foi 'às pressas'

Também não há relatos de que a aprovação do medicamento ocorreu "às pressas" no contexto da gripe asiática. Na verdade, o episódio remete à ausência de normas regulatórias adequadas para medicamentos na época. A empresa testou a Talidomida em roedores, chegando a aplicar superdoses nos animais. Isso foi o suficiente para os fabricantes declararem que a substância era segura.

Não foram conduzidos, porém, testes teratogênicos -- isto é, experimentos que avaliam o efeito de uma substância na gravidez e na formação dos fetos. 

"Na época, os testes para avaliar se a gestação poderia ser prejudicada não eram comuns no desenvolvimento farmacêutico", informa o site da companhia que desenvolveu o remédio. "Tais testes não eram exigidos na Alemanha ou em outros países. Consequentemente, a talidomida também não foi testada em animais grávidos". 

De acordo com Lídia Moreira, nos padrões atuais, "antes mesmo da substância ser testada em ensaios em humanos, é necessário enviar para a agência reguladora um formulário imenso com um monte de ensaios que foram realizados em modelos não humanos, na qual uma das exigências são os testes de teratogenicidade".

Diferença entre fármacos e vacinas 

A cientista ressalta, no entanto, que é preciso diferenciar a atividade de vacinas e fármacos. Ela explica que os imunizantes usam ativos biológicos -- um vírus atenuado, ou um fragmento genético do microorganismo -- para induzir o corpo humano a gerar imunidade contra o vírus. Já os fármacos exercem o papel por meio de reações químicas. "Não há comparativo", afirma a professora da UFRJ. 

Moreira pontua que, em termos de fase pré-clínica, não existiria a necessidade de conduzir ensaios de teratogênese das vacinas, se não fossem testadas em mulheres grávidas. Já nos ensaios clínicos, os imunizantes seguem o mesmo critério de eficácia e segurança que passa o medicamento: três fases de experimentos com dezenas de milhares de participantes seguindo protocolos de pesquisas rigorosos. 

Fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus já divulgaram dados de etapas de estudos clínicos de seus produtos. Não há incidência significativa de efeitos adversos graves. O imunizante da Pfizer e da BioNtech, que já foi aprovado em regime emergencial nos EUA e no Reino Unido, tem um perfil caracterizado por efeitos colaterais leves e moderados.

Vacinas para covid-19 seguem padrão de segurança

Embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas contra a covid-19 seguem parâmetros de segurança rigorosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), investimentos financeiros sem precedentes e colaborações científicas estão mudando o processo de desenvolvimento das vacinas no contexto da covid-19. 

"Isto significa que algumas das etapas do processo de pesquisa e desenvolvimento ocorrem em paralelo, mantendo ao mesmo tempo normas clínicas de segurança rigorosas", afirma a entidade. 

Os ensaios clínicos de vacinas e medicamentos envolvem testes para grupos específicos como gestantes, idosos e crianças. Devido à urgência do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, os estudos dos potenciais imunizantes para o novo coronavírus com gestantes ainda são limitados. 

A Pfizer e a BioNtech não recomendaram a substância para grávidas em bula enviada ao governo britânico para a imunização de profissionais da saúde. A Food And Drugs Administration, órgão americano equivalente à Anvisa no Brasil, orienta que gestantes devem discutir com seus médicos se devem ou não tomar a vacina. 

A agência de controle de doenças infecciosas americana (CDC) também compartilha da mesma orientação, mas afirma que se a pessoa faz parte de grupos com recomendação para receber o imunizante, ela deve escolher se vacinar.

Talidomida ainda é utilizada, mas com restrições

A Talidomida ainda é receitada no Brasil e em outros países. Um documento do Ministério da Saúde publicado em 2014 aponta a indicação do fármaco para o tratamento de hanseníase, úlceras em pacientes com HIV/Aids, lúpus e mieloma múltiplo -- um tipo de câncer que afeta células da medula óssea. 

Talidomida Ministério da Saúde

O documento informa que a prescrição para mulheres em idade fértil requer avaliação médica que ateste a não gravidez e a comprovação da utilização de, no mínimo, dois métodos contraceptivos. Segundo Lídia Moreira, ainda é necessário que mulheres assinem um termo de responsabilidade se comprometendo a não engravidar nos períodos de tratamento. 

Protagonista de uma das maiores tragédias da indústria farmacêutica, a talidomida é objeto de mensagens no Facebook e no WhatsApp que comparam a aprovação do medicamento com a liberação de imunizantes contra a covid-19, a fim de descredibilizar a segurança das vacinas. As publicações, no entanto, distorcem e omitem informações contextuais importantes acerca da pesquisa e distribuição desse remédio usado como sedativo.

Esse conteúdo foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica, 11 97683-7490. Uma das mensagens que circulam nas redes sociais afirma que a talidomida foi aprovada "às pressas" em 1956 e chegou ao mercado como um antigripal chamado Grippex, contra a epidemia de influenza asiática -- mas isso não é verdade.

Os posts acrescentam que o medicamento foi vendido com certificação de segurança pelos fabricantes antes de ser associado à ocorrência de deformações congênitas em fetos e bebês -- o que motivou sua retirada do mercado em vários países. "Quem não conhece a história está condenado a repeti-la", diz um post no Facebook. Outras postagens dizem a história deve alertar "quem quer uma vacina às pressas", sugerindo uma comparação com as vacinas em desenvolvimento contra o novo coronavírus.

 Foto: Estadão

Para a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Lídia Moreira Lima a comparação entre a talidomida e as vacinas contra covid-19 "não faz o menor sentido". A especialista afirma que, diferente do que diz o conteúdo compartilhado nas redes, a talidomida não foi aprovada às pressas por conta de uma epidemia e ressalta que as normas de regulação na época eram muito menos rigorosas. 

"Na época que Talidomida chegou ao mercado, a legislação para registros de medicamentos não era tão restritiva e exigente como nos dias atuais", pontua Moreira. "Hoje precisamos de vários testes de segurança e eficácia, mas naquela época não era dessa forma".

A história do medicamento

A talidomida foi sintetizada em 1953 pelo laboratório alemão Chemie Grünenthal. Embora alguns documentos relatem sua introdução no mercado como o antigripal Grippex em 1956, a distribuição do medicamento ocorreu principalmente no ano seguinte, na forma de um sedativo chamado Cartogan, que foi amplamente prescrito para aliviar enjoos matinais de gestantes. 

Documentos Grippex

Em 1958, médicos observaram o aumento da incidência de bebês com malformação na Alemanha. Até que em 1961, um artigo na revista British Medical Journal confirmou os efeitos adversos da droga para grávidas -- o que levou uma série de países a suspender a autorização do medicamento. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas foram afetadas pelos efeitos adversos da Talidomida na época, das quais metade residiam na Alemanha. 

Os posts analisados exagera ao ligar a aprovação do medicamento com a epidemia de influenza asiática de 1957. A página de perguntas e respostas da fabricante Chemie Grünenthal nem sequer menciona a crise sanitária e reforça que a Talidomida foi vendida como um sedativo e remédio para insônia em muitos países. 

Aprovação do medicamento não foi 'às pressas'

Também não há relatos de que a aprovação do medicamento ocorreu "às pressas" no contexto da gripe asiática. Na verdade, o episódio remete à ausência de normas regulatórias adequadas para medicamentos na época. A empresa testou a Talidomida em roedores, chegando a aplicar superdoses nos animais. Isso foi o suficiente para os fabricantes declararem que a substância era segura.

Não foram conduzidos, porém, testes teratogênicos -- isto é, experimentos que avaliam o efeito de uma substância na gravidez e na formação dos fetos. 

"Na época, os testes para avaliar se a gestação poderia ser prejudicada não eram comuns no desenvolvimento farmacêutico", informa o site da companhia que desenvolveu o remédio. "Tais testes não eram exigidos na Alemanha ou em outros países. Consequentemente, a talidomida também não foi testada em animais grávidos". 

De acordo com Lídia Moreira, nos padrões atuais, "antes mesmo da substância ser testada em ensaios em humanos, é necessário enviar para a agência reguladora um formulário imenso com um monte de ensaios que foram realizados em modelos não humanos, na qual uma das exigências são os testes de teratogenicidade".

Diferença entre fármacos e vacinas 

A cientista ressalta, no entanto, que é preciso diferenciar a atividade de vacinas e fármacos. Ela explica que os imunizantes usam ativos biológicos -- um vírus atenuado, ou um fragmento genético do microorganismo -- para induzir o corpo humano a gerar imunidade contra o vírus. Já os fármacos exercem o papel por meio de reações químicas. "Não há comparativo", afirma a professora da UFRJ. 

Moreira pontua que, em termos de fase pré-clínica, não existiria a necessidade de conduzir ensaios de teratogênese das vacinas, se não fossem testadas em mulheres grávidas. Já nos ensaios clínicos, os imunizantes seguem o mesmo critério de eficácia e segurança que passa o medicamento: três fases de experimentos com dezenas de milhares de participantes seguindo protocolos de pesquisas rigorosos. 

Fabricantes das vacinas contra o novo coronavírus já divulgaram dados de etapas de estudos clínicos de seus produtos. Não há incidência significativa de efeitos adversos graves. O imunizante da Pfizer e da BioNtech, que já foi aprovado em regime emergencial nos EUA e no Reino Unido, tem um perfil caracterizado por efeitos colaterais leves e moderados.

Vacinas para covid-19 seguem padrão de segurança

Embora desenvolvidas em tempo recorde, as vacinas contra a covid-19 seguem parâmetros de segurança rigorosos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), investimentos financeiros sem precedentes e colaborações científicas estão mudando o processo de desenvolvimento das vacinas no contexto da covid-19. 

"Isto significa que algumas das etapas do processo de pesquisa e desenvolvimento ocorrem em paralelo, mantendo ao mesmo tempo normas clínicas de segurança rigorosas", afirma a entidade. 

Os ensaios clínicos de vacinas e medicamentos envolvem testes para grupos específicos como gestantes, idosos e crianças. Devido à urgência do desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19, os estudos dos potenciais imunizantes para o novo coronavírus com gestantes ainda são limitados. 

A Pfizer e a BioNtech não recomendaram a substância para grávidas em bula enviada ao governo britânico para a imunização de profissionais da saúde. A Food And Drugs Administration, órgão americano equivalente à Anvisa no Brasil, orienta que gestantes devem discutir com seus médicos se devem ou não tomar a vacina. 

A agência de controle de doenças infecciosas americana (CDC) também compartilha da mesma orientação, mas afirma que se a pessoa faz parte de grupos com recomendação para receber o imunizante, ela deve escolher se vacinar.

Talidomida ainda é utilizada, mas com restrições

A Talidomida ainda é receitada no Brasil e em outros países. Um documento do Ministério da Saúde publicado em 2014 aponta a indicação do fármaco para o tratamento de hanseníase, úlceras em pacientes com HIV/Aids, lúpus e mieloma múltiplo -- um tipo de câncer que afeta células da medula óssea. 

Talidomida Ministério da Saúde

O documento informa que a prescrição para mulheres em idade fértil requer avaliação médica que ateste a não gravidez e a comprovação da utilização de, no mínimo, dois métodos contraceptivos. Segundo Lídia Moreira, ainda é necessário que mulheres assinem um termo de responsabilidade se comprometendo a não engravidar nos períodos de tratamento. 

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