Não é verdade que um único eleitor consiga votar, ao mesmo tempo, em dois candidatos, como afirma um vídeo que circula no WhatsApp. Na gravação, uma mulher filma a tela do terminal do mesário e diz que os números mostram uma suposta fraude, em que o eleitor conseguiu votar duas vezes: uma para Lula (PT) e outra para Jair Bolsonaro (PL). Leitores pediram a checagem por WhatsApp, (11) 97683-7490.
Em nota, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) explicou que não é possível identificar o voto do eleitor ou eleitora no terminal do mesário. Na verdade, a quantidade de votos que cada candidato recebeu só é indicada a partir do Boletim de Urna (BU), impresso após o encerramento dos trabalhos na seção eleitoral. O Boletim de Urna aponta o número de votos em candidatos, partidos, nulos e em branco que foram registrados em uma determinada urna eletrônica, sem identificar os eleitores e seus respectivos votos.
No vídeo, a mulher filma o terminal do mesário e aponta para dois números: no primeiro momento, o painel aponta 38 e 214. Depois que um eleitor vota, os dígitos passam a ser 39 e 215. A autora do vídeo diz que isso é prova de que o eleitor depositou votos em Lula e em Bolsonaro ao mesmo tempo. Mas os números apontados por ela não indicam a quantidade de votos que cada candidato recebeu.
Na realidade, o primeiro número (38, depois 39) indica a quantidade de eleitores com biometria cadastrada que não tiveram a digital reconhecida e, por isso, precisaram ser liberados para votação pelo ano de nascimento. O segundo (214, depois 215), indica o eleitorado com biometria cadastrada que foi votar até aquele momento.
O painel do mesário mostra outros dígitos. Na primeira linha, há um relógio indicando o horário local. Na segunda linha, há a quantidade de eleitores - com e sem biometria - que compareceram, até aquele horário, à seção eleitoral e o total de pessoas que votam naquele local.
A situação mostrada no vídeo, portanto, não configura fraude eleitoral. Nas eleições deste ano, o TSE convidou um número recorde de observadores internacionais. Esses observadores, não-partidários, são formados por organizações com sede no exterior, que, convidados pelo governo ou instituição nacional, acompanham o processo eleitoral. Os olhares externos contribuem para a transparência do pleito e confiabilidade das urnas eletrônicas.
Um dia após a divulgação dos resultados do primeiro turno, três observadores internacionais - União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore), Organização dos Estados Americanos (OEA) e Comunidades do Países de Língua Portuguesa (CPL) - emitiram relatórios preliminares que atestaram a segurança das urnas eletrônicas.
Nenhum caso de fraude eletrônica foi comprovado desde 1996, quando as urnas eletrônicas começaram a ser utilizadas no País. O equipamento, que confere confiabilidade do sistema eleitoral, tem 30 camadas de proteção e não é conectado à internet, o que impossibilita ataques hackers.