Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local


Usuário no Facebook apenas compartilhou relato apócrifo na internet e negou ter informações sobre o caso; PF apura ofensas e tapa no rosto por grupo de brasileiros na Itália

Por Samuel Lima

O que estão compartilhando: que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que encontrou na internet. Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.

O advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “afastou” uma pessoa em meio a uma confusão no aeroporto. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona, na sexta-feira, 14 de julho. A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, em colaboração com autoridades italianas, para ajudar a esclarecer o caso.

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Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local Foto: Reprodução

Saiba mais: o boato analisado pelo Estadão Verifica foi compartilhado pelo site Hora Brasília e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).

O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.

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Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano.”

Relato apócrifo

O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin. O Estadão conversou com uma profissional de Juiz de Fora, Minas Gerais, que disse ter sido perturbada por diversas ligações a respeito do assunto, mas não teria relação com a história.

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Informações duvidosas

Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.

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Andreia Mantovani, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho, os três suspeitos de atacarem Alexandre de Moraes e familiares na Itália. Foto: Reprodução / TV Globo

No sábado, 15 de julho, Roberto Mantovani Filho, 71 anos, declarou ao Estadão que o ocorrido “não foi nada extraordinário” e que nem ele, nem a esposa teriam ofendido o ministro.

No dia seguinte, 16 de julho, o casal divulgou uma nota conjunta para a imprensa alegando que teria existido uma “discussão acalorada” com duas pessoas que acompanhavam o ministro por conta de ofensas proferidas por outra pessoa, mas que teriam sido confundidas com Andréia Mantovani. O empresário alega que “precisou conter os ânimos” de um jovem e que “em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças” a Moraes.

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Após prestarem depoimento na Polícia Federal, o advogado dos suspeitos, Ralph Tórtima Filho, disse que Roberto Mantovani Filho negou ter empurrado o ministro ou o seu filho, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa. O casal depois teria tomado conhecimento de que seria o filho do ministro acompanhado de sua namorada.

O corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, terceiro suspeito de participar das hostilidades e genro de Roberto Mantovani Filho, declarou à PF que “não participou do início do problema” e que teria sido chamado “quando a situação praticamente já estava contornada”.

Nenhum dos suspeitos, portanto, relatou qualquer tipo de agressão por parte do filho de Alexandre de Moraes em declarações públicas desde sexta-feira, 14.

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O que diz a PF

A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar ofensas proferidas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e um relato de agressão ao filho do magistrado por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira, 14 de julho. Moraes retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.

Segundo informações da PF, o ministro foi atacado por três brasileiros de uma mesma família por volta das 18h45min no horário local. Ao avistar o ministro, Andréia Mantovani o teria xingado de “bandido, comunista e comprado”. Os termos costumam ser usados por apoiadores de Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes foi ofendido e teve o filho agredido em aeroporto, segundo a PF. Foto: AP Photo/Gustavo Moreno

Na sequência, o marido dela, o empresário Roberto Mantovani Filho, teria reforçado os xingamentos e chegado a agredir fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Ele teria dado um tapa no rosto do jovem. Já o homem identificado como Alex Zanatta Bignotto, genro de Roberto, se juntou aos dois primeiros disparando palavras de baixo calão contra a família do ministro.

Mantovani e Zanatta são empresários do interior de São Paulo e voltavam de férias em família na Itália. Os três prestaram depoimento na PF, que ainda aguarda o envio de imagens de câmeras de segurança do aeroporto pelas autoridades italianas. Nesta terça-feira, 18 de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados aos suspeitos.

Outro lado

O Estadão entrou em contato, por e-mail, com o site Hora Brasília na terça-feira, 18 de julho, mas não obteve resposta. O conteúdo falso continuou disponível para acesso ao longo do dia.

O que estão compartilhando: que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que encontrou na internet. Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.

O advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “afastou” uma pessoa em meio a uma confusão no aeroporto. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona, na sexta-feira, 14 de julho. A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, em colaboração com autoridades italianas, para ajudar a esclarecer o caso.

Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local Foto: Reprodução

Saiba mais: o boato analisado pelo Estadão Verifica foi compartilhado pelo site Hora Brasília e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).

O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.

Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano.”

Relato apócrifo

O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin. O Estadão conversou com uma profissional de Juiz de Fora, Minas Gerais, que disse ter sido perturbada por diversas ligações a respeito do assunto, mas não teria relação com a história.

Informações duvidosas

Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.

Andreia Mantovani, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho, os três suspeitos de atacarem Alexandre de Moraes e familiares na Itália. Foto: Reprodução / TV Globo

No sábado, 15 de julho, Roberto Mantovani Filho, 71 anos, declarou ao Estadão que o ocorrido “não foi nada extraordinário” e que nem ele, nem a esposa teriam ofendido o ministro.

No dia seguinte, 16 de julho, o casal divulgou uma nota conjunta para a imprensa alegando que teria existido uma “discussão acalorada” com duas pessoas que acompanhavam o ministro por conta de ofensas proferidas por outra pessoa, mas que teriam sido confundidas com Andréia Mantovani. O empresário alega que “precisou conter os ânimos” de um jovem e que “em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças” a Moraes.

Após prestarem depoimento na Polícia Federal, o advogado dos suspeitos, Ralph Tórtima Filho, disse que Roberto Mantovani Filho negou ter empurrado o ministro ou o seu filho, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa. O casal depois teria tomado conhecimento de que seria o filho do ministro acompanhado de sua namorada.

O corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, terceiro suspeito de participar das hostilidades e genro de Roberto Mantovani Filho, declarou à PF que “não participou do início do problema” e que teria sido chamado “quando a situação praticamente já estava contornada”.

Nenhum dos suspeitos, portanto, relatou qualquer tipo de agressão por parte do filho de Alexandre de Moraes em declarações públicas desde sexta-feira, 14.

O que diz a PF

A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar ofensas proferidas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e um relato de agressão ao filho do magistrado por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira, 14 de julho. Moraes retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.

Segundo informações da PF, o ministro foi atacado por três brasileiros de uma mesma família por volta das 18h45min no horário local. Ao avistar o ministro, Andréia Mantovani o teria xingado de “bandido, comunista e comprado”. Os termos costumam ser usados por apoiadores de Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes foi ofendido e teve o filho agredido em aeroporto, segundo a PF. Foto: AP Photo/Gustavo Moreno

Na sequência, o marido dela, o empresário Roberto Mantovani Filho, teria reforçado os xingamentos e chegado a agredir fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Ele teria dado um tapa no rosto do jovem. Já o homem identificado como Alex Zanatta Bignotto, genro de Roberto, se juntou aos dois primeiros disparando palavras de baixo calão contra a família do ministro.

Mantovani e Zanatta são empresários do interior de São Paulo e voltavam de férias em família na Itália. Os três prestaram depoimento na PF, que ainda aguarda o envio de imagens de câmeras de segurança do aeroporto pelas autoridades italianas. Nesta terça-feira, 18 de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados aos suspeitos.

Outro lado

O Estadão entrou em contato, por e-mail, com o site Hora Brasília na terça-feira, 18 de julho, mas não obteve resposta. O conteúdo falso continuou disponível para acesso ao longo do dia.

O que estão compartilhando: que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que encontrou na internet. Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.

O advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “afastou” uma pessoa em meio a uma confusão no aeroporto. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona, na sexta-feira, 14 de julho. A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, em colaboração com autoridades italianas, para ajudar a esclarecer o caso.

Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local Foto: Reprodução

Saiba mais: o boato analisado pelo Estadão Verifica foi compartilhado pelo site Hora Brasília e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).

O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.

Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano.”

Relato apócrifo

O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin. O Estadão conversou com uma profissional de Juiz de Fora, Minas Gerais, que disse ter sido perturbada por diversas ligações a respeito do assunto, mas não teria relação com a história.

Informações duvidosas

Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.

Andreia Mantovani, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho, os três suspeitos de atacarem Alexandre de Moraes e familiares na Itália. Foto: Reprodução / TV Globo

No sábado, 15 de julho, Roberto Mantovani Filho, 71 anos, declarou ao Estadão que o ocorrido “não foi nada extraordinário” e que nem ele, nem a esposa teriam ofendido o ministro.

No dia seguinte, 16 de julho, o casal divulgou uma nota conjunta para a imprensa alegando que teria existido uma “discussão acalorada” com duas pessoas que acompanhavam o ministro por conta de ofensas proferidas por outra pessoa, mas que teriam sido confundidas com Andréia Mantovani. O empresário alega que “precisou conter os ânimos” de um jovem e que “em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças” a Moraes.

Após prestarem depoimento na Polícia Federal, o advogado dos suspeitos, Ralph Tórtima Filho, disse que Roberto Mantovani Filho negou ter empurrado o ministro ou o seu filho, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa. O casal depois teria tomado conhecimento de que seria o filho do ministro acompanhado de sua namorada.

O corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, terceiro suspeito de participar das hostilidades e genro de Roberto Mantovani Filho, declarou à PF que “não participou do início do problema” e que teria sido chamado “quando a situação praticamente já estava contornada”.

Nenhum dos suspeitos, portanto, relatou qualquer tipo de agressão por parte do filho de Alexandre de Moraes em declarações públicas desde sexta-feira, 14.

O que diz a PF

A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar ofensas proferidas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e um relato de agressão ao filho do magistrado por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira, 14 de julho. Moraes retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.

Segundo informações da PF, o ministro foi atacado por três brasileiros de uma mesma família por volta das 18h45min no horário local. Ao avistar o ministro, Andréia Mantovani o teria xingado de “bandido, comunista e comprado”. Os termos costumam ser usados por apoiadores de Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes foi ofendido e teve o filho agredido em aeroporto, segundo a PF. Foto: AP Photo/Gustavo Moreno

Na sequência, o marido dela, o empresário Roberto Mantovani Filho, teria reforçado os xingamentos e chegado a agredir fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Ele teria dado um tapa no rosto do jovem. Já o homem identificado como Alex Zanatta Bignotto, genro de Roberto, se juntou aos dois primeiros disparando palavras de baixo calão contra a família do ministro.

Mantovani e Zanatta são empresários do interior de São Paulo e voltavam de férias em família na Itália. Os três prestaram depoimento na PF, que ainda aguarda o envio de imagens de câmeras de segurança do aeroporto pelas autoridades italianas. Nesta terça-feira, 18 de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados aos suspeitos.

Outro lado

O Estadão entrou em contato, por e-mail, com o site Hora Brasília na terça-feira, 18 de julho, mas não obteve resposta. O conteúdo falso continuou disponível para acesso ao longo do dia.

O que estão compartilhando: que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que encontrou na internet. Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.

O advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “afastou” uma pessoa em meio a uma confusão no aeroporto. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona, na sexta-feira, 14 de julho. A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, em colaboração com autoridades italianas, para ajudar a esclarecer o caso.

Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local Foto: Reprodução

Saiba mais: o boato analisado pelo Estadão Verifica foi compartilhado pelo site Hora Brasília e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).

O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.

Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano.”

Relato apócrifo

O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin. O Estadão conversou com uma profissional de Juiz de Fora, Minas Gerais, que disse ter sido perturbada por diversas ligações a respeito do assunto, mas não teria relação com a história.

Informações duvidosas

Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.

Andreia Mantovani, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho, os três suspeitos de atacarem Alexandre de Moraes e familiares na Itália. Foto: Reprodução / TV Globo

No sábado, 15 de julho, Roberto Mantovani Filho, 71 anos, declarou ao Estadão que o ocorrido “não foi nada extraordinário” e que nem ele, nem a esposa teriam ofendido o ministro.

No dia seguinte, 16 de julho, o casal divulgou uma nota conjunta para a imprensa alegando que teria existido uma “discussão acalorada” com duas pessoas que acompanhavam o ministro por conta de ofensas proferidas por outra pessoa, mas que teriam sido confundidas com Andréia Mantovani. O empresário alega que “precisou conter os ânimos” de um jovem e que “em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças” a Moraes.

Após prestarem depoimento na Polícia Federal, o advogado dos suspeitos, Ralph Tórtima Filho, disse que Roberto Mantovani Filho negou ter empurrado o ministro ou o seu filho, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa. O casal depois teria tomado conhecimento de que seria o filho do ministro acompanhado de sua namorada.

O corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, terceiro suspeito de participar das hostilidades e genro de Roberto Mantovani Filho, declarou à PF que “não participou do início do problema” e que teria sido chamado “quando a situação praticamente já estava contornada”.

Nenhum dos suspeitos, portanto, relatou qualquer tipo de agressão por parte do filho de Alexandre de Moraes em declarações públicas desde sexta-feira, 14.

O que diz a PF

A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar ofensas proferidas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e um relato de agressão ao filho do magistrado por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira, 14 de julho. Moraes retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.

Segundo informações da PF, o ministro foi atacado por três brasileiros de uma mesma família por volta das 18h45min no horário local. Ao avistar o ministro, Andréia Mantovani o teria xingado de “bandido, comunista e comprado”. Os termos costumam ser usados por apoiadores de Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes foi ofendido e teve o filho agredido em aeroporto, segundo a PF. Foto: AP Photo/Gustavo Moreno

Na sequência, o marido dela, o empresário Roberto Mantovani Filho, teria reforçado os xingamentos e chegado a agredir fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Ele teria dado um tapa no rosto do jovem. Já o homem identificado como Alex Zanatta Bignotto, genro de Roberto, se juntou aos dois primeiros disparando palavras de baixo calão contra a família do ministro.

Mantovani e Zanatta são empresários do interior de São Paulo e voltavam de férias em família na Itália. Os três prestaram depoimento na PF, que ainda aguarda o envio de imagens de câmeras de segurança do aeroporto pelas autoridades italianas. Nesta terça-feira, 18 de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados aos suspeitos.

Outro lado

O Estadão entrou em contato, por e-mail, com o site Hora Brasília na terça-feira, 18 de julho, mas não obteve resposta. O conteúdo falso continuou disponível para acesso ao longo do dia.

O que estão compartilhando: que uma testemunha revelou que o filho de Alexandre de Moraes teria agredido idoso no aeroporto de Roma, na Itália.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O site que divulgou a informação atribui o relato a um perfil de Facebook de um morador de Belo Horizonte, Minas Gerais. Mas o próprio usuário depois negou que tenha presenciado o caso e disse que somente compartilhou um texto apócrifo que encontrou na internet. Até o momento, a Polícia Federal (PF) ouviu três pessoas acusadas de participar da discussão — sendo uma delas um empresário suspeito de agredir o filho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e não o contrário.

O advogado de defesa admitiu que o empresário Roberto Mantovani Filho “afastou” uma pessoa em meio a uma confusão no aeroporto. Nenhum dos envolvidos mencionou qualquer agressão por parte do filho de Moraes desde que o caso veio à tona, na sexta-feira, 14 de julho. A PF espera receber imagens gravadas pelo circuito interno de câmeras do aeroporto de Roma, em colaboração com autoridades italianas, para ajudar a esclarecer o caso.

Bolsonaristas acusam filho de Moraes de agressão com base em ‘testemunha’ que não estava no local Foto: Reprodução

Saiba mais: o boato analisado pelo Estadão Verifica foi compartilhado pelo site Hora Brasília e foi amplificado nas redes sociais por aliados e simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO).

O texto alega que um homem chamado João Candido Costa Neto “estava no voo de Roma para Guarulhos” e teria apresentado “uma nova versão para os fatos”. Não teria sido o empresário Roberto Mantovani Filho quem agrediu o filho de Alexandre de Moraes, e sim este teria derrubado por duas vezes o idoso, “sob a presença de dezenas de testemunhas na fila do voo”.

Ocorre que o próprio perfil citado pelo site negou que tenha presenciado os fatos em uma “nota de esclarecimento” postada em sua conta. “Desejo esclarecer que eu não fui testemunha do fato, pois não estava na capital italiana. Eu repostei o que vi na internet e infelizmente não corrigi o post que estava na primeira pessoa dando, de fato, a impressão de que fui testemunha ocular. A todos peço desculpas pelo lamentável engano.”

Relato apócrifo

O texto circula, sem indicação de autoria, ao menos desde a tarde de domingo, 16 de julho, no Facebook. Alguns usuários atribuem o post a uma pessoa de nome “Marcela”, que seria dona de uma empresa chamada Labclin. O Estadão conversou com uma profissional de Juiz de Fora, Minas Gerais, que disse ter sido perturbada por diversas ligações a respeito do assunto, mas não teria relação com a história.

Informações duvidosas

Além da ausência de indicação de quem seria a suposta testemunha, o próprio relato apresenta trechos duvidosos. Narra que as três pessoas, incluindo Roberto Mantovani, não teriam reagido mesmo depois de serem “empurradas com força” e de o empresário ter ficado “todo machucado”. Mantovani teria prometido ainda mostrar “a todo mundo” o estado em que se encontrava. A versão não foi corroborada por nenhum dos três suspeitos ou pelo advogado que os representa.

Andreia Mantovani, Alex Zanatta Bignotto e Roberto Mantovani Filho, os três suspeitos de atacarem Alexandre de Moraes e familiares na Itália. Foto: Reprodução / TV Globo

No sábado, 15 de julho, Roberto Mantovani Filho, 71 anos, declarou ao Estadão que o ocorrido “não foi nada extraordinário” e que nem ele, nem a esposa teriam ofendido o ministro.

No dia seguinte, 16 de julho, o casal divulgou uma nota conjunta para a imprensa alegando que teria existido uma “discussão acalorada” com duas pessoas que acompanhavam o ministro por conta de ofensas proferidas por outra pessoa, mas que teriam sido confundidas com Andréia Mantovani. O empresário alega que “precisou conter os ânimos” de um jovem e que “em nenhum momento ocorreram ofensas, muito menos ameaças” a Moraes.

Após prestarem depoimento na Polícia Federal, o advogado dos suspeitos, Ralph Tórtima Filho, disse que Roberto Mantovani Filho negou ter empurrado o ministro ou o seu filho, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa. O casal depois teria tomado conhecimento de que seria o filho do ministro acompanhado de sua namorada.

O corretor de imóveis Alex Zanatta Bignotto, terceiro suspeito de participar das hostilidades e genro de Roberto Mantovani Filho, declarou à PF que “não participou do início do problema” e que teria sido chamado “quando a situação praticamente já estava contornada”.

Nenhum dos suspeitos, portanto, relatou qualquer tipo de agressão por parte do filho de Alexandre de Moraes em declarações públicas desde sexta-feira, 14.

O que diz a PF

A Polícia Federal anunciou a abertura de um inquérito para apurar ofensas proferidas contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e um relato de agressão ao filho do magistrado por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália, na sexta-feira, 14 de julho. Moraes retornava da Universidade de Siena, onde realizou uma palestra no Fórum Internacional de Direito.

Segundo informações da PF, o ministro foi atacado por três brasileiros de uma mesma família por volta das 18h45min no horário local. Ao avistar o ministro, Andréia Mantovani o teria xingado de “bandido, comunista e comprado”. Os termos costumam ser usados por apoiadores de Bolsonaro.

O ministro do STF Alexandre de Moraes foi ofendido e teve o filho agredido em aeroporto, segundo a PF. Foto: AP Photo/Gustavo Moreno

Na sequência, o marido dela, o empresário Roberto Mantovani Filho, teria reforçado os xingamentos e chegado a agredir fisicamente o filho do ministro, um advogado de 27 anos. Ele teria dado um tapa no rosto do jovem. Já o homem identificado como Alex Zanatta Bignotto, genro de Roberto, se juntou aos dois primeiros disparando palavras de baixo calão contra a família do ministro.

Mantovani e Zanatta são empresários do interior de São Paulo e voltavam de férias em família na Itália. Os três prestaram depoimento na PF, que ainda aguarda o envio de imagens de câmeras de segurança do aeroporto pelas autoridades italianas. Nesta terça-feira, 18 de julho, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em dois endereços ligados aos suspeitos.

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