Veja todas as falas que checamos de Ricardo Nunes, prefeito reeleito de São Paulo


‘Estadão Verifica’ acompanhou candidato desde o início da campanha até o segundo turno, que disputou com Guilherme Boulos

Por Alessandra Monnerat, Bernardo Costa, Clarissa Pacheco, Gabriela Meireles, Gabriel Belic, Giovana Frioli, Luciana Marschall, Maria Eduarda Nascimento e Milka Moura
Atualização:

Ricardo Nunes (MDB) se reelegeu para a Prefeitura de São Paulo após disputar o segundo turno, neste domingo, 27, contra Guilherme Boulos (PSOL). Às 19h57, com 100% das urnas apuradas, o emedebista alcançou 59,35% dos votos válidos, contra 40,65% para Boulos.

Ao longo da campanha, o Estadão Verifica checou declarações feitas pelos principais candidatos ao Palácio do Anhagabaú, incluindo Nunes. Foram verificadas falas feitas em debates, sabatinas, além de publicações nas redes sociais, semanalmente.

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Nunes repetiu falas falsas, enganosas ou fora de contexto sobre assuntos variados, como obras na cidade, investimentos em saúde, mobilidade e educação. Na reta final, a responsabilidade sobre a falta de energia e as tratativas com a concessionária Enel também serviram de tema para o prefeito.

Veja tudo o que o Verifica checou sobre Nunes desde setembro:

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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante entrevista na sede do Estadão. Foto: Felipe Rau/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão

Transporte público

Licitação BRT Radial Leste

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O que Nunes disse: que a licitação para as obras do BRT Radial Leste ficou parada um ano no Tribunal de Contas do Município (TCM). A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O edital de licitação foi publicado em 22 de dezembro de 2022 no Diário Oficial do Município. O conselheiro substituto do TCM Leven Mitre Vampré determinou a suspensão em 21 de janeiro de 2023 por suspeita de irregularidades e inconformidades. Em 28 de junho de 2023, ou seja, pouco mais de seis meses depois da publicação no Diário, o TCM liberou a licitação por unanimidade e a condicionou a adequações no edital.

Entre as exigências do tribunal estavam a manutenção das estações exclusivas de embarque e desembarque, com a cobrança antecipada de passagens, e a utilização de câmeras de monitoramento para fiscalização das obras em tempo real. O TCM também exigiu que a prefeitura apresentasse a licença ambiental e o projeto básico das obras.

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Outro lado: A assessoria de Nunes afirmou que, “enquanto as adequações do edital não forem feitas e atualizadas pelo TCM, a gestão pública o considera sob égide do Tribunal”.

Intervenção na UPBus

O que Nunes disse: que foi ele quem fez a intervenção na UPBus, em que a prefeitura assumiu a administração da empresa. A afirmação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

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O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. A intervenção nas empresas UPBus e Transwolff pela prefeitura aconteceu após determinação da Justiça. A UPBus e a Transwolff foram alvo de operação do Ministério Público em abril. O órgão investiga um esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio das empresas.

Outro lado: segundo o candidato, a decisão de fazer uma intervenção na UPBus se deu por parte da prefeitura, e não pela Justiça. Isso porque a empresa também era investigada.

Tarifa congelada por mais tempo

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O que Ricardo Nunes disse: que ele é o prefeito que manteve a tarifa de ônibus congelada por mais tempo: quatro anos. Ele disse isso durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O período em que a tarifa de ônibus permaneceu por mais tempo no mesmo preço foi entre 1º de agosto de 1947 e 1º de outubro de 1953. Foram 2.253 dias sem aumentos, até que o bilhete passou de Cr$ 1,00 para Cr$ 1,50. Porém, nesse período, sete prefeitos comandaram a cidade.

Atualmente, a tarifa está congelada há 1.716 dias, desde 1º de janeiro de 2020. Portanto, uma parte do “congelamento” a que Nunes se refere é de responsabilidade da gestão anterior, de Bruno Covas. O atual prefeito está há três anos e quatro meses no cargo.

Antes de Nunes, o prefeito que manteve a tarifa por mais tempo congelada foi Gilberto Kassab (PSD), por 1.131 dias. O preço ficou em R$ 2,30 de novembro de 2006 a janeiro de 2010, quando subiu para R$ 2,70. Os dados são do site da SPTrans.

Viabilização de corredores de ônibus

O que Nunes disse: que viabilizou 80 km de corredores de ônibus em São Paulo, incluindo obras iniciadas, licitadas e com recursos garantidos. A fala ocorreu em entrevista ao programa Roda Viva, em 9 de setembro. Posteriormente, em 14 de outubro, Nunes disse em debate na Band que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas chegou a 72 km. Ele citou obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Transporte aquático da Transwolff

O que Nunes disse: que Boulos mentiu ao afirmar que ele, Nunes, entregou o transporte aquático para a Transwolff, e que quem opera o serviço é a SPTrans.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Inaugurado em maio, o Aquatico-SP, que faz rota pela Represa Billings, é operado pela SPTrans desde o início das atividades, mas antes a Prefeitura Municipal havia determinado que a empresa Transwolff seria a responsável pela operação. Os planos mudaram quando o Ministério Público de São Paulo passou a investigar possível conexão entre a empresa e o PCC.

Número de ônibus e de passageiros

O que Nunes disse: que não houve diminuição no número de ônibus na cidade e que, antes da pandemia, havia 9 milhões de usuários do transporte coletivo, enquanto hoje são 7 milhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O número de passageiros aumentou, não diminuiu. Os dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo de setembro de 2019 apontam que 73,9 milhões de passageiros foram transportados naquele mês, o que dá uma média de 2,4 milhões de passageiros por dia. Já em setembro de 2024 foram 184,6 milhões de passageiros transportados, uma média de 6,1 milhões por dia.

Sobre a frota, também houve diminuição de 2019 para cá. Como daquele ano há apenas dados de setembro a dezembro, e os números mais recentes de 2024 são do mês passado, a comparação será feita entre os meses de setembro. Em 2019, a frota contratada para setembro era de 14.072; em 2020, o número caiu para 14.019; em 2021, caiu novamente para 13.842; em 2022, voltou a cair para 13.369. Em setembro de 2023, a cidade teve dois ônibus contratados a mais do que no mesmo mês do ano anterior, chegando a 13.371; e em setembro deste ano, o número voltou a cair para 13.287.

Cracolândia

Número de usuários

O que Nunes disse: que em 2015, na gestão do PT, havia 4 mil usuários na Cracolândia, e que hoje há 900. A afirmação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em janeiro de 2015, a Prefeitura de São Paulo informou que o fluxo era de 300 pessoas por dia. Uma reportagem do Estadão esteve no local naquele período e registrou aproximadamente 700 pessoas, número bem abaixo das 4 mil citadas por Nunes. Em 2016, um levantamento do governo de São Paulo mostrou que a Cracolândia tinha uma população de 709 usuários. No ano seguinte, quando o PT deixou o governo, houve crescimento de 160% no número de usuários, que saltou para 1.861. Esse aumento foi omitido por Nunes.

Conforme noticiado pelo G1, foi registrado crescimento do fluxo na primeira quinzena de março de 2024, na comparação do mesmo período do ano passado. Os dados da Prefeitura de São Paulo indicam que a média de usuários de drogas que frequentaram a área passou de 442 para 519 (+17,4%) pela manhã e de 503 para 726 (+44,3%) à tarde.

Outro lado: A assessoria declarou que o número de 4 mil usuários foi apurado no início de 2017, no contexto da criação do Programa Redenção. A campanha de Nunes citou uma reportagem da Folha de S. Paulo, que não informa os números de 2015.

Pessoas trans

Bolsonatistas e trans

O que Nunes disse: que não existe nenhum bolsonarista contra pessoas transexuais. A fala ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2023, o Estadão mostrou que pautas e discursos contrários à transição de gênero ganharam força em Casas Legislativas. As propostas, lideradas por parlamentares conservadores e bolsonaristas, preveem dificultar o acesso a menores de 16 ou 18 anos a terapias para acompanhamento da transição de gênero. Também houve mobilização para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar serviços de saúde existentes para essa população.

Outro lado: A assessoria disse que as afirmações do candidato e da reportagem sobre a pauta são generalistas: “certamente, haverá contras ou a favor da transição de gênero entre pessoas e lideranças políticas conservadoras ou progressistas”.

Transcidadania

O que Nunes disse: que o programa Transcidadania, criado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), era de R$ 500 e destinado a 100 pessoas. Segundo o prefeito, o alcance do programa foi ampliado para mais de 600 beneficiários, que ganham mais de R$ 1,2 mil. A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. O primeiro ano do Transcidadania, em 2015, contava com 100 vagas e pagava auxílio de R$ 827,40, segundo a Prefeitura de São Paulo. O valor subiu para R$ 983,34 em 2016. Neste ano, a bolsa é de R$ 1.482,60 e são 960 vagas. O benefício existia como Programa Operação Trabalho (POT) LGBT desde 2008.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato confundiu o valor inicial do benefício, “devido aos grandes avanços de valores, de atuação e abrangência deste programa na sua gestão”.

Abertura de empresas

Empresas que mudaram para SP

O que Nunes disse: que, só no período em que ele é prefeito (desde maio de 2021), 57 mil empresas que tinham sede em outras localidades se mudaram para São Paulo. Essa alegação foi feita duas vezes, a primeira durante sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, e a segunda em debate da Globo de 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Prefeitura de São Paulo divulgou em abril deste ano que 51.291 empresas tinham mudado sua sede para a cidade entre 2021 e o primeiro trimestre de 2024. Depois do debate, a Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica afirmando que 56.891 empresas migraram para a cidade. O Verifica perguntou à Prefeitura se esses dados são públicos e quando foram divulgados, ou se apenas o prefeito teve acesso a eles. Não tivemos resposta.

Outro lado: A assessoria afirmou que o candidato se refere aos dados fechados (57 mil) até o final do primeiro semestre deste ano.

Novas empresas

O que Nunes disse: que 458 mil novas empresas foram abertas em São Paulo durante sua gestão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica no começo de outubro afirmando que 458.148 novas empresas foram abertas na Capital. Mas os números do Mapa das Empresas, disponibilizados pelo governo federal a partir da base de dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), apontam que, de maio de 2021 até junho de 2024, 442.003 novas empresas abriram em São Paulo. Os números de junho são os mais recentes e não contabilizam microempreendedores individuais (MEI). Esse volume – de 442.003 – não considera as empresas que fecharam no período. De maio de 2021 a junho de 2024, 190.572 empresas fecharam, ou seja, o saldo é de 251.431.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “o prefeito nunca falou em saldo de empresas, mas o número de negócios abertos”.

Coronel Mello Araújo

Ações contra coronel

O que Nunes disse: que o coronel Mello Araújo, candidato a vice-prefeito, nunca teve nenhuma ação contrária a ele em 30 anos de serviço na Polícia Militar.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em julho, o Estadão noticiou que a Polícia Militar de São Paulo impôs sigilo de 100 anos sobre os processos administrativos disciplinares abertos contra o coronel. Conforme a PM, as ocorrências que tiveram participação de Mello Araújo “foram devidamente investigadas, sendo os respectivos inquéritos posteriormente arquivados” e não resultaram na abertura de processos judiciais.

Outro lado: A assessoria alegou que “não houve nenhuma ação contrária ou advertência ou condenação contra o coronel Mello nos 30 anos de serviços prestados às forças de segurança do Estado de São Paulo”.

Desemprego

Menor índice

O que Nunes disse: que São Paulo está com o menor índice de desemprego desde 2015 e que está batendo recorde de emprego e renda. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Segundo a prefeitura, uma análise dos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que, no primeiro trimestre de 2024, a cidade de São Paulo registrou 6,9% de desemprego, a menor taxa desde 2015. A prefeitura também calculou, com base em dados do Caged, que a renda média do trabalhador paulistano é 71% maior do que a média do restante do Brasil. Mas a fala do candidato pode dar a entender que os números estão melhorando de forma constante, o que não é verdade. Segundo dados do próprio Caged, a Capital tem registrado oscilações no saldo de empregos desde janeiro de 2021. Em julho, por exemplo, o saldo foi menor do que em junho de 2024.

Outro lado: De acordo com a assessoria, a fala do candidato não dá a entender que os números melhoraram de maneira constante desde 2015. A campanha declarou que a afirmação “batendo recorde de emprego” não é baseada no Caged, mas no número de pessoas ocupadas de acordo com a Pnad Contínua: 6,8 milhões no segundo trimestre de 2024.

Pesquisas

Liderança e rejeição

O que Nunes disse: que vinha conseguindo manter a liderança nas pesquisas e a rejeição baixa. Ele acrescentou que Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) tinham rejeição altíssima. A afirmação foi feita em sabatina do Estadão, em 13 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. Nunes aparecia numericamente à frente na pesquisa Quaest divulgada naquela semana, em 11 de setembro. No entanto, considerando a margem de erro, o atual prefeito estava em empate técnico com Boulos e Marçal. A pesquisa Datafolha divulgada no dia 5, a última antes da entrevista, também indicava empate técnico entre os três primeiros candidatos, com Nunes em segundo lugar. Quanto à rejeição, é verdade que Boulos, Marçal e Datena eram mais rejeitados do que Nunes.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que “o uso da expressão ‘manter-se à frente das pesquisas’ quer dizer estar sempre à frente e não que está liderando, fora da margem de erro”.

Postura ponderada

O que Nunes disse: que houve um alto índice de rejeição para os candidatos que foram muito agressivos. Mas ele, que tem uma postura ponderada, teve a menor rejeição. A alegação foi feita em entrevista à rádio BandNews FM, em 7 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes não teve a menor rejeição em pesquisas no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada em 5 de outubro, véspera do 1º turno, mostrou que Pablo Marçal (PRTB) tinha a maior rejeição (53%), seguido de José Luiz Datena (PSDB, 39%), Guilherme Boulos (PSOL, 38%), Nunes (25%), Tabata Amaral (PSB, 15%) e Marina Helena (Novo, 12%).

Outro levantamento recente sobre rejeição, divulgado em 4 de outubro pelo Paraná Pesquisas, também indicou Marçal com a maior rejeição (43,2%), seguido por Boulos (34,9%), Datena (21,8%), Tabata (9,5%), Nunes (9,2%) e Marina Helena (7,5%).

O primeiro levantamento para o segundo turno, divulgado no dia 10 de outubro, logo após a fala de Nunes, pelo Paraná Pesquisas, apontou que ele tinha menor rejeição na comparação com Boulos. Os índices são de 33,1% para o atual prefeito e 48,1% para o psolista.

Ricardo Nunes (MDB) durante debate Record/Estadão. Foto: Werther Santana/Estadão Foto: Werther Santana/Estadao

Outro lado: à época, a assessoria afirmou que “o primeiro turno já acabou, não há motivo para discutirmos rejeição divulgada nas vésperas da eleição”, acrescentando que se compara rejeição entre candidatos com grau de conhecimento similar pela população.

Educação

Ideb

O que Nunes disse: que a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das capitais foi de 5,6, enquanto São Paulo teve 5,8. Que houve piora nos anos iniciais, de 4,8 para 4,6. Que, na cidade administrada pelo PSOL, a média foi de 5. A afirmação aconteceu na sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Nos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal de São Paulo, a nota caiu de 6 para 5,6 no Ideb entre 2019 e 2023. Em relação aos anos finais, a nota foi de 4,8 em 2019 e 2023.

Em 2023, a média de todas as capitais brasileiras do 1º ao 5º ano foi de 5,6. Do 6º ao 9º ano, o resultado médio foi de 4,7 (veja as notas aqui). A administração do PSOL, citada por Nunes, é a do prefeito Edmilson Rodrigues, em Belém. O Ideb da capital paraense foi de 5 nos anos iniciais e de 4,7 nos finais.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato falava das redes municipais em geral e citava que a nota da rede municipal de São Paulo nos anos finais do Ensino Fundamental (4,8) é melhor que a média das redes municipais do Brasil (4,6). Nos anos iniciais do Ensino Fundamental a nota da rede municipal de SP (5,6) ficou 0,2 abaixo da média das redes municipais do Brasil (5,8).

Meio Ambiente

Árvores plantadas

O que Nunes disse: que São Paulo tem 600 mil árvores plantadas, e que, somente no ano passado, foram plantadas 80 mil. A afirmação foi feita durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De fato, a cidade de São Paulo tem mais de 600 mil árvores. No entanto, de acordo com a Planilha de Plantio de 2023, disponibilizada pela Divisão de Arborização Urbana (DAU), o plantio de árvores realizado no ano passado foi de 61.680.

Outro lado: Segundo o candidato, “em 2023, foram 85.250 plantios de incremento, compensação e reparação” e, em 2024, foram 37.530 até julho. A assessoria informou um link onde encontrar os dados citados, mas eles são os mesmos indicados pela reportagem.

Ônibus elétrico

O que Nunes disse: que um ônibus a diesel custa R$ 700 mil, e um ônibus elétrico custa R$ 2,4 milhão. O custo mensal do coletivo a diesel é de R$ 25 mil por mês, enquanto o do elétrico será R$ 5 mil – o que geraria uma economia mensal de R$ 20 mil. A fala também ocorreu em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. De acordo com reportagem do Estadão, um ônibus elétrico custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões. O próprio prefeito já mencionou o valor de R$ 2,5 milhões para o ônibus elétrico anteriormente, durante uma conferência de ação climática em Buenos Aires, na Argentina, em 2022. A versão a diesel, de fato, custa entre R$ 700 mil a R$ 900 mil.

Habitação

Casas em risco

O que Nunes disse: que hoje há 14 mil casas em área de risco em São Paulo. A alegação foi feita em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é subestimado. Um levantamento da Agência Pública, publicado em janeiro deste ano, apontou que o município de São Paulo tem 185.634 moradias em áreas com risco de deslizamento de terra ou solapamentos. Uma reportagem do g1, com dados de monitoramento da Defesa Civil Municipal, indica que a capital teve um crescimento de 7,2% no número de moradias em áreas de risco entre maio de 2023 e o início de junho de 2024, com 14.840 novas unidades habitacionais nessa situação. Ao todo, são 219.700 moradias em risco.

Outro lado: Em nota, Nunes informou que as 14 mil casas em áreas de risco são aquelas em áreas R4, consideradas de altíssimo risco pela Defesa Civil.

Programa habitacional

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que a prefeitura está fazendo o maior programa habitacional do Brasil no Grajaú: 2.711 casas.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Na cidade de Campina Grande, na Paraíba, o Complexo Residencial Aluízio Campos conta com 4,1 mil casas e apartamentos. O empreendimento faz parte do programa Minha Casa Minha Vida.

Outro lado: segundo a prefeitura, o programa habitacional do Grajaú é municipal, enquanto o de Campina Grande é do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Programa Pode Entrar

O que Nunes disse: que fez o programa Pode Entrar. A fala ocorreu em debate da Globo, em 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2021, Nunes enviou à Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 390/2021, que disciplina o programa Pode Entrar e se tornou lei em setembro daquele ano. Contudo, na justificativa do projeto, Nunes informa que o programa foi instituído em 2019 por meio de uma resolução do Conselho Municipal de Habitação. Naquele ano, foi publicado o Decreto Nº 59.145/2019, que instituía o programa e era assinado pelo então prefeito, Bruno Covas.

Outro lado: a campanha afirmou que Nunes tirou o Programa Pode Entrar do papel, lançou os editais, assinou os contratos e iniciou as obras.

Campo de Marte

Acordo da dívida

O que Nunes disse: que, quando Jair Bolsonaro (PL) era presidente, o prefeito conseguiu fechar o acordo referente à área do Acordo Campo de Marte, em troca de zerar a dívida que a cidade tinha com a União, de R$ 25 bilhões. Ele repetiu essa alegação em duas ocasiões, na sabatina do Estadão, em 12 de setembro, e em debate da Globo, em 25 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A dívida da prefeitura de São Paulo com a União realmente era R$ 23,9 bilhões quando Nunes e Bolsonaro assinaram um acordo envolvendo o aeroporto Campo de Marte. Havia uma disputa judicial sobre a área desde 1958, quando a prefeitura ajuizou uma ação para retomar a área e obter uma indenização. Mas a Prefeitura acabou “perdendo” R$ 24 bilhões, já que a dívida da União por usar a área sem pagar nada ao município chegava a R$ 49 bilhões, como mostrou o Estadão.

Outro lado: Nunes tinha feito essa alegação em sabatina do Estadão em setembro. Na época, a equipe do candidato disse que ele pôs fim a um litígio entre Prefeitura e União e permitiu um salto nos investimentos na cidade.

Contratações de servidores

Fiscais de posturas

O que Nunes disse: que contratou 230 fiscais de posturas, funcionário público que fiscaliza o cumprimento de normas municipais. Ele disse isso em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em maio de 2023, a Prefeitura de São Paulo publicou o edital do concurso para o cargo de fiscal de posturas municipais, com 175 vagas. De acordo com o site Brasil de Fato, a vez anterior que o concurso foi aberto para o cargo foi em 2002, durante a gestão de Marta Suplicy (PT).

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o concurso foi para 175 vagas, mas foi autorizado o provimento de 251. A nota também diz que, até agora, 232 fiscais de postura ingressaram.

Funcionários da saúde

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que há 118 mil funcionários só na área da Saúde, e que havia 81 mil em dezembro de 2016, quando terminou a gestão do PT.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Nunes refere-se a todos os servidores ativos na área da Saúde na Capital, não apenas àqueles vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que são 21.107. Na conta do prefeito, entram servidores da SMS, profissionais com vínculos estadual e federal e contratações feitas por entidades parceiras, que detêm a maior parte do quadro. A prefeitura informou que a rede de São Paulo tem hoje 121.536 profissionais. Conforme o Relatório Anual de Gestão de 2016 da Secretaria Municipal de Saúde, no final do mandato do Partido dos Trabalhadores eram 80.839 profissionais ativos na Saúde.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o número ao qual se refere é o total de profissionais trabalhando e vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, diretos e indiretos.

Investimentos

Aumento de verba

O que Nunes disse: que neste ano haverá R$ 18 bilhões para investimentos; no ano passado, foram R$ 14 bilhões; no retrasado, R$ 8,5 bilhões. A alegação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo informou ao Estadão Verifica que a previsão total de investimentos para 2024 é de R$ 15,4 bilhões, valor recorde na história da cidade de São Paulo. Antes disso, em 2023, foram investidos R$ 12,7 bilhões; em 2022 foram R$ 5,3 bilhões; e em 2021 foram R$ 3,3 bilhões.

Outro lado: segundo o candidato, o orçamento é revisado de acordo com as receitas e despesas no decorrer do período e, para este ano, o investimento previsto é de R$ 18 bilhões.

Aborto legal

Dificuldade de acesso ao aborto

O que Nunes disse: que na gestão dele não houve e não haverá nenhum tipo de dificuldade no acesso ao aborto legal. Ele afirmou isso durante a sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em dezembro de 2023, a Prefeitura de São Paulo suspendeu a realização de abortos legais no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, unidade de referência para o serviço e que fazia o procedimento há cerca de 30 anos. Na entrevista ao Estadão, Nunes justificou que transferiu o serviço para outras unidades porque precisava fazer cirurgias de endometriose.

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) obrigou que a Prefeitura voltasse a oferecer o serviço no hospital Vila Nova Cachoeirinha, sob multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, e determinou a busca ativa das mulheres que tinham tido o serviço negado. Na decisão, o TJ-SP alegou que o Hospital Vila Nova Cachoeirinha era o único que não impunha limite à idade gestacional. Nunes conseguiu reverter a decisão.

Uma reportagem da Agência Pública de maio deste ano mostra que a prefeitura é investigada por acessar dados sigilosos de abortos legais feitos do Hospital Vila Nova Cachoeirinha. O G1 mostrou que médicas que realizaram procedimentos foram suspensas.

Outro lado: Em nota, Nunes disse que São Paulo “cumpre estritamente a lei do aborto legal” e que quatro hospitais realizam o procedimento e amparam mulheres e meninas. “O fechamento deste tipo de atendimento no Hospital Vila Nova Cachoeirinha foi uma decisão técnica para que aquela unidade pudesse se dedicar ao atendimento e tratamento de mulheres com endometriose”, disse.

Tamanho de São Paulo

População de Portugal

O que Nunes disse: que São Paulo é dez vezes maior que Paris e tem população maior que a de Portugal. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. São Paulo tem 1.521,110 km² enquanto Paris tem 105,40 km², ou seja, a cidade brasileira é 14 vezes maior que a francesa. A população de São Paulo é estimada em 11.895.578 pessoas pelo IBGE, enquanto a portuguesa foi estimada em 10.639.726 pessoas em 31 de dezembro de 2023 pelo órgão de estatísticas local.

Outro lado: A assessoria informou que o candidato não quis ser obrigatoriamente exato na sua comparação, mas “ressaltar as diferenças entre o colossal tamanho de São Paulo comparado a Paris”.

Frota da cidade

O que Nunes disse: que aumentou muito o número de motos, de 1 milhão para 1,3 milhão. Hoje são 7 milhões de veículos na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão, segundo dados de julho do Ministério dos Transportes. Quando Nunes assumiu a Prefeitura, em maio de 2021, havia 1 milhão. Porém, a frota total de veículos na cidade é 9,6 milhões, sendo 6,3 milhões de carros.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato deve ter estimado aproximadamente 6 milhões de carros e mais 1 milhão de motos.

O que Nunes disse: em debate na Globo em 3 de outubro, disse que há 1,3 milhão de motos e 7 milhões de carros na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. A frota de carros em São Paulo é de 6,3 milhões. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão. Os dados são de julho deste ano, do Ministério dos Transportes.

Manifestação do 7 de setembro

O que Nunes disse: em sabatina à rádio Eldorado em 2 de setembro, disse que a manifestação marcada para o dia 7 de setembro seria em defesa da liberdade e do Estado Democrático de Direito.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A manifestação marcada para o dia 7 de setembro foi convocada pelo pastor Silas Malafaia em favor do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O senador Magno Malta (PL-ES) divulgou o ato como uma mobilização para “denunciar a ditadura do Judiciário no Brasil”. A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi confirmada no evento, que deve ocorrer na Avenida Paulista.

Outro lado: A assessoria afirma que o candidato mantém o que afirmou na própria entrevista: “defende e defenderá a liberdade e o Estado Democrático de Direito”.

Obras

O que Nunes disse: em debate da Globo no dia 25 de outubro, afirmou que vai entregar 8 mil obras até o fim do mandato. Antes disso, em debate da RedeTV/UOL, no dia 17 de setembro, disse que vai entregar 8.400 obras. Em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, Nunes citou número diferente, declarando que entregaria 7 mil obras.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Os números citados por Nunes incluem pelo menos 2,5 mil itens relativos a manutenções e reparos em equipamentos e locais públicos já existentes. Fazem parte da lista, por exemplo, pinturas em escadas, restaurações de vielas e instalação de corrimãos ou lixeiras. De acordo com um levantamento feito pelo Verifica com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), as obras listadas pela Prefeitura assim se dividem:

  • Sem descrição: 32,2%
  • Requalificações, revitalizações, adequações e outras melhorias: 27,2%
  • Manutenções: 19,7%
  • Obras novas e grandes intervenções: 11,5%
  • Reformas: 7,7%
  • Projetos e contratos: 1,4%
  • Outros: 0,4%

Outro lado: Em resposta ao levantamento do Verifica, a Prefeitura alegou que os números citados pelo prefeito e candidato à reeleição estão corretos e correspondem aos critérios adotados pela gestão. Em entrevista ao Verifica, o secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias da Capital, Fernando Chucre, disse que o número atual passa de 9 mil obras. Chucre justificou que os dados ainda não são públicos porque estão sendo revisados.

Disparo de arma de fogo

O que Nunes disse: em resposta à menção de Boulos sobre Nunes ter disparado tiros em uma boate em Embu das Artes, disse que o caso ocorreu há 20 anos e que não houve inquérito nem indiciamento.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em 1996, Nunes foi levado para delegacia de Embu por portar arma e atirar em via pública. Ele respondeu a processo por contravenção penal (delito de menor potencial ofensivo). De acordo com dados acessados pelo Estadão, Nunes foi denunciado em junho do ano seguinte ao fato. Naquele mesmo mês de junho de 1997, ele se tornou réu com base nos artigos 19 e 28 da Lei de Contravenções Penais. Em 1998, porém, o caso foi arquivado depois de Nunes cumprir transação penal, que é um acordo para que a ação seja trancada e uma eventual condenação não ocorra. O acordo foi a compra de canecas plásticas endereçadas ao serviço social de Itapecerica da Serra avaliadas em R$ 590 (valor atualizado).

Outro lado: a equipe do candidato disse que “contravenção penal não gera indiciamento em nenhuma hipótese por se tratar crime de menor potencial lesivo” e acrescentou que “o prefeito jamais foi processado por esse e ou qualquer fato”.

UPAs

O que Nunes disse: que abriu 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Como prefeito, Nunes foi responsável pela inauguração de 16 Unidades de Pronto Atendimento. Outras duas foram entregues em 2021, quando o candidato era vice-prefeito. Ele já repetiu essa alegação em outros debates, como o da TV Globo em 3 de outubro e o da Estadão/Record em 19 de outubro.

Outro lado: a equipe do candidato reafirmou que “o prefeito entregou 19 UPAs funcionando.”

Segurança

O que Nunes disse: que Boulos defende a desmilitarização, que é o fim da Polícia Militar. Isso foi dito no debate da Globo, em 25 de outubro, e no do Estadão em parceria com a TV Record, em 19 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Uma postagem publicada por Boulos no Facebook em 2018 mostra que o político defendeu a desmilitarização das polícias para acabar com o “genocício da juventude pobre e negra no Brasil”. Conforme matéria publicada pelo Estadão, na época em que defendeu a desmilitarização, Boulos esclareceu que a polícia continuaria armada e operante, mesmo sem o caráter militar. O objetivo de Boulos seria retirar a doutrina e estrutura militar da corporação, mantendo suas funções de segurança pública. Nunes repetiu a alegação no debate Estadão/Record do sábado passado.

Ricardo Nunes em debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo. Foto Reprodução/TV Globo Foto: Reprodução TV GLobo

Outro lado: a equipe do candidato disse que Boulos “defende acabar com o modelo militar da polícia nos moldes que é hoje, portanto defende a desmilitarização da polícia”.

Operação Delegada

O que Nunes disse: que havia 400 policiais militares na Operação Delegada, e agora são 2,4 mil.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. A Operação Delegada é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual, em que policiais podem atuar voluntariamente para reforçar a segurança da capital durante suas folgas, recebendo uma gratificação por isso. O convênio existe desde 2009. Em 2013, durante a gestão de Fernando Haddad (PT), existiam 1,3 mil vagas para a Operação Delegada Noturna e 2.074 para a Operação Delegada Ambulante, mas cerca de 1,5 mil vagas (Noturna e Ambulante) estavam ociosas.

Em dezembro do ano passado, o Executivo conseguiu aprovar na Câmara um Projeto de Lei para aumentar o valor da gratificação e incluir bombeiros entre os profissionais que podem participar da iniciativa. A Prefeitura publicou, na época, que 2.400 policiais militares se inscreveram para as atividades.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Haddad ofereceu 1,3 mil vagas, mas não necessariamente elas foram preenchidas e efetivamente havia este número de policiais nas ruas todos os dias. Na gestão Nunes, elas foram preenchidas porque houve aumento nos valores pagos, além de outros benefícios”.

PSOL contra Operação Delegada

O que Nunes disse: que o PSOL votou contra a Lei 18.038 (Operação Delegada).

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. O PL 511/2023, que foi transformado na Lei 18038/2023, que institui gratificação aos integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil que exercem atividade municipal delegada ao Estado de São Paulo, tramitou na Câmara de São Paulo. Ao ser avaliado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o integrante do PSOL na comissão, vereador Toninho Vespoli, se absteve na votação, mas não foi contra. O mesmo ocorreu em relação do posicionamento da bancada do PSOL.

Outro lado: procurada, a campanha disse que “abster-se em temas dessa importância para o cidadão tem o mesmo efeito de ser contra”.

Entrega de fraldas

O que Nunes disse: que a Prefeitura entrega à população 6 milhões de fraldas por mês.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De acordo com reportagem publicada em maio do ano passado pelo G1, o número de fraldas compradas pela Prefeitura diminuiu desde 2019. Em 2022, a Prefeitura comprou cerca de 29 milhões de fraldas, o que equivale a 2,4 milhões de unidades por mês. Também no ano passado, mas em agosto, a Comissão do Idoso da Câmara de Vereadores verificou falta de medicamentos e fraldas geriátricas. Na época, a diretora de Suprimentos da Secretaria da Saúde, Izis Mirvana Damico, disse que houve dificuldade com empresas para fornecer as fraldas, mas ressalvou que o serviço estava se normalizando, com a distribuição de 6 milhões de fraldas por mês. Nunes repetiu essa alegação no debate Estadão/Record no sábado passado.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “se houve redução ou não, como alega reportagem do G1, o dado oficial é dado pelo prefeito e a administração entrega 6 milhões de fraldas por mês”.

CEUs

CEUs de Bruno Covas

O que Nunes disse: que hoje existem 58 CEUs – 12 foram entregues por Bruno Covas. Portanto, 46 são CEUs de outras gestões, e todos foram reformados.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Entre 2018, quando assumiu a prefeitura no lugar de João Doria (PSDB), e 2020, Bruno Covas apenas concluiu as obras de 12 unidades que tinham sido iniciadas ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Os 12 CEUs, portanto, não são obras apenas de sua gestão. Já para o segundo mandato, entre 2021 e 2024, o Programa de Metas previa a inauguração de 12 novos CEUs. Nunes assumiu a Prefeitura em maio de 2021, após a morte de Covas, e nenhuma unidade foi entregue de lá para cá, apesar de as obras terem iniciado em cinco delas.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, São Paulo tem atualmente 58 CEUs em funcionamento, sendo que a primeira unidade foi entregue em 2003, em Guaianases. O atual Programa de Metas da Prefeitura previu a reforma ou adequação de 46 CEUs até 2024. No ano passado, a meta foi batida.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Bruno Covas entregou 12 CEUs. Equipamento em obra, como fez Haddad, não atende a população. Serviço ou equipamento público bom é aquele que está aberto à população”.

CEUs de Haddad

O que Nunes disse: que todos os CEUs que prometeu estarão com alunos em sala de aula em 2025, e que o ex-prefeito Fernando Haddad prometeu 20 CEUs, mas entregou apenas um.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De fato, Haddad prometeu 20 Centros Educacionais Unificados e entregou apenas um. No entanto, ao final do mandato do petista, outros 14 CEUs estavam em obras. Já sobre Nunes, o Plano de Metas da Prefeitura fala em entregar 12 novos CEUs até o final deste mandato. Até agora, contudo, nenhum deles foi entregue. Apesar de o Programa de Metas da Prefeitura apontar cinco CEUs entre “entregues ou em obras”, nenhum foi inaugurado. O Tribunal de Contas do Município liberou a licitação para obras em julho do ano passado, apenas após a Prefeitura se comprometer a reformular o edital.

Outro lado: a campanha do prefeito falou que ele “nunca prometeu entregar, mas sim viabilizar” 12 CEUs. O prefeito considera unidades em obras, licitadas ou em fase de projeto.

CEUs de Nunes

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM em 7 de outubro, disse que a Prefeitura de São Paulo está construindo 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs) e que ele vai construir mais 10, chegando a 80 CEUs.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A meta da prefeitura era implantar 12 novos CEUs até o final deste mandato, mas, segundo o site do Programa de Metas, mantido pela própria Prefeitura, a atual gestão é responsável por cinco CEUs, entre os que já foram entregues e os que ainda estão em obras. Eles ficam em Capela do Socorro, Cidade Ademar, Ermelino Matarazzo, Itaquera e Sapopemba.

Outro lado: a assessoria afirma que o Programa de Metas fala em viabilizar 12 novos CEUs e que isto está sendo feito em diferentes estágios.

Violência doméstica

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, disse que a esposa dele registrou um boletim de ocorrência contra ele há 14 anos; no BO, não consta agressão física, apenas uma discussão por mensagem e telefone.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Como mostrou reportagem do Estadão, em 18 de fevereiro de 2011, a empresária Regina Carnovale Nunes foi à 6 ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, e registrou um boletim de ocorrência contra Nunes por violência doméstica, ameaça e injúria. Entre as importunações, a empresária afirmou que o companheiro efetuava “ligações proferindo ameaças”, além de enviar “mensagens ameaçadoras todos os dias”, o que a deixava “com medo”. Apesar da queixa de Regina ter sido registrada como violência doméstica, não há no B.O. dela menção de agressão física por Nunes. Não houve abertura de inquérito policial porque Regina não abriu uma representação contra o marido.

Vacinas

Cobertura do PNI

O que Nunes disse: no debate Folha/UOL no dia 30 de setembro, disse que a Prefeitura está conseguindo chegar perto de 95% de cobertura em todos os níveis do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como com as vacinas contra poliomielite e meningite.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Segundo dados do mês de abril divulgados no site de metas da Prefeitura, a cobertura vacinal era de 88,07% contra a poliomielite; 84,09% na vacina pneumocócica 10v; 87,77% na pentavalente; e 96,16% na tríplice viral, única que ultrapassou a meta de 95%. A vacina contra meningite não aparece no site de metas.

Dados atualizados em 2 de outubro de 2024 pelo Ministério da Saúde mostram uma cobertura menor. Atualmente, São Paulo tem a seguinte cobertura: 81,4% na vacina injetável contra a poliomielite e 84,81% no reforço oral bivalente; 76,65% na vacina pneumocócica 10v e 122,64% no 1º reforço; 80,98% na pentavalente; 89,95% na 1ª dose da tríplice viral e 83,92% na 2ª dose; e 80,36% na meningocócica C e 86,65% no 1º reforço.

Outro lado: a equipe do candidato afirmou que “a cidade de São Paulo está, sim, perto do índice de 95% de vacinação, segundo os dados do Boletim de Coberturas Vacinais”. O documento citado foi publicado em 6 de junho e é alimentado com doses aplicadas até 29 de fevereiro. Nele, a Prefeitura afirma que a cobertura para a vacina contra a poliomielite é de 94,43%; para a pneumocócica é de 89,07%; para a pentavalente é de 93,85%; e para a meningocócica C é de 90,90%. Não há informações sobre tríplice viral. A equipe do candidato afirma que a diferença para os dados federais ocorre porque o portal do Ministério da Saúde não comporta o volume de informações enviado pela cidade.

Vacina da dengue

O que Nunes disse: que São Paulo não teve vacina da dengue durante a pandemia da doença porque o governo federal não mandou.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. São Paulo não esteve entre as primeiras cidades a receber doses de vacinas contra a dengue enviadas pelo governo federal, mas as doses chegaram. Em 29 de março deste ano, a própria Prefeitura informou que a capital receberia os imunizantes e começaria a vacinação pelas escolas. A imunização começou em 3 de abril. Em 11 de julho, a cidade recebeu mais 124 mil doses da vacina, exclusivas para o reforço. Além disso, não foi decretada uma pandemia de dengue, como disse o candidato, e sim uma epidemia.

Outro lado: a campanha de Nunes disse que o Ministério da Saúde enviou quantidade “insuficiente” de vacinas contra a dengue para a cidade de São Paulo. “Para um público-alvo de 800 mil crianças, foram mandadas 301.985 doses no total, menos da metade do necessário”, alega a campanha em nota.

Serviços funerários

O que Nunes disse: que a tabela de preços do serviço funerário é a mesma de 2019 e que foram mantidos os valores dos seis itens que entram em pacotes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ainda em 2023, quando a concessão dos cemitérios de São Paulo foi repassada à iniciativa privada, o jornal Folha de S.Paulo noticiou aumento de 400% no velório mais simples disponível para quem não tem direito a benefícios sociais. Antes, informou o veículo, esse pacote poderia ser contratado por R$ 299,85 e depois passou a custar R$ 1.443,74.

Em junho deste ano, a SPRegula, agência reguladora dos serviços públicos do município, reajustou em 3,49% os valores das fontes das receitas tarifárias das concessionárias, com base no Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). A tabela com os novos valores dos serviços funerários pode ser consultada aqui. A relação anterior de preços está disponível aqui. Houve aumento, inclusive, do funeral social, o mais barato da tabela, que passou de R$ 566,04 para R$ 585,79. O decreto que regulamenta a concessão não prevê congelamento de preços. A Prefeitura de São Paulo manteve as gratuidades previstas em lei.

Outro lado: a campanha disse que “os preços dos serviços funerários seguem regras previstas nos contratos e não são reajustados conforme o desejo das empresas concessionárias”.

Liberação de drogas

O que Nunes disse: que Boulos sempre defendeu a liberação das drogas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Há declarações antigas de Boulos em defesa da descriminalização das drogas e da legalização da maconha. Quando foi candidato à presidência em 2018, ele afirmou que “é preciso descriminalizar as drogas no Brasil e legalizar a maconha”, durante entrevista à TV 247. Porém, em declarações mais recentes, Boulos defendeu que o seu posicionamento é de que a descriminalização da maconha seja feita com a “separação entre traficante e usuário”, em sabatina no Roda Viva no dia 26 de agosto. No início da pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, o deputado disse à rádio evangélica Musical FM que é contra a legalização das drogas.

População de rua

O que Nunes disse: que havia 14 mil vagas de acolhimento à população de rua e hoje são 29,4 mil vagas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. O site da Prefeitura de São Paulo noticiou em abril de 2021, um mês antes de Nunes assumir o município, que a cidade tinha 23 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua. Porém, em nota enviada ao Verifica em 16 de outubro, a administração municipal informou um número diferente: 15.488 vagas na rede socioassistencial naquele ano. A Prefeitura afirmou ter “cerca de 29 mil vagas de acolhimento” em 2024.

Depredação da Fiesp

O que Nunes disse: que, em janeiro de 2017, a Polícia Civil do Estado de São Paulo informou que “dois integrantes do MTST, Guilherme Boulos e José Ferreira Lima, foram detidos e encaminhados ao 49º DP. A dupla foi detida, acusada de participar de ataques contra a Polícia Militar”. Em seguida, Nunes questionou se Boulos se arrepende de ter depredado a Fiesp.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes mistura duas ocasiões diferentes – a citada por ele é referente a uma reintegração de posse na Zona Leste em 2017. Boulos participou de uma manifestação na Fiesp em 2016, mas nega ter depredado o prédio e não foi detido.

Em 2017, Boulos e o trabalhador sem teto José Ferreira Lima foram detidos durante a reintegração de posse de um terreno ocupado por famílias do MTST no bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. A nota da Polícia Civil, publicada pelo G1, dizia que “a dupla foi detida acusada de participar de ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência”. O boletim de ocorrência, contudo, não dizia que Boulos portava rojões e o acusava de “doutrina”.

O Estadão publicou, no mesmo dia, que o delegado José Francisco Rodrigues Filho, do 49º DP, justificou a prisão de Boulos com a teoria do domínio de fato, mesmo afirmando que ele não era o líder da invasão. “Verifica-se que o autor (Boulos), pela sua notoriedade e ativa participação nas ações dos movimentos populares (...), possui forte influência nas pessoas que destes participam”, escreveu o delegado, na época. Especialistas ouvidos pelo Estadão em 2017 disseram que o uso da teoria para a prisão era perigoso porque só deveria ser usado em casos envolvendo organizações criminosas.

Nunes também omitiu que Guilherme Boulos foi liberado da delegacia no mesmo dia em que foi detido.

Em 2016, Boulos participou da invasão da Fiesp, mas negou que tenha depredado o prédio e disse que o objetivo era fazer um ato pacífico. Ele também não foi preso na ocasião – na época, duas mulheres foram detidas por desacato.

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após na TV Globo, para o 2º turno. Foto: Taba Benedicto/Estadão Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Smart Sampa

O que Nunes disse: que fez o programa Smart Sampa, para colocação de câmeras para combater a criminalidade, e que o PSOL propôs uma ação judicial contra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A ação não foi movida pelo partido, e sim pela vereadora Silvia da Bancada Feminista, parte de um mandato coletivo na Câmara Municipal de São Paulo. O pedido argumentou que o objetivo do programa era comprar câmeras de reconhecimento facial, que poderiam levar à discriminação, como mostrou o Metrópoles. Em maio do ano passado, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires suspendeu o programa ao ver riscos de racismo, como mostrou o Estadão. Antes, o edital já tinha sido barrado pelo Tribunal de Contas dos Municípios, mas foi autorizado após a Prefeitura retirar trechos que envolviam a identificação de cor de pele e de “vadiagem”.

Sabesp

O que Nunes disse: que, com a desestatização da Sabesp, serão investidos R$ 68 bilhões, sendo R$ 28 bilhões em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O Plano Regional de Saneamento Básico prevê investimento de R$ 69 bilhões em municípios paulistas até 2029. Para a cidade de São Paulo, o investimento previsto até lá é de R$ 19 bilhões, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, e não de R$ 28 bilhões. O investimento total previsto para a capital é de R$ 84 bilhões até 2060. A previsão é que, até lá, a Sabesp invista R$ 260 bilhões no Estado. Em agosto deste ano, a empresa antecipou R$ 2,28 bilhões que seriam repassados à capital entre 2025 e 2029.

Citações na Justiça

O que Nunes disse: que nunca houve contra ele processo, inquérito, denúncia ou condenação.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Um inquérito da Polícia Federal (PF) apura o suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças na cidade de São Paulo. Em julho, a PF indiciou 117 suspeitos de participar do esquema. Nunes não está entre eles, mas foi alvo de um pedido da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico, para apurar a relação dele na época em que era vereador com duas empresa envolvidas no esquema.

Em setembro do ano passado, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) apontou um superfaturamento de R$ 67,1 milhões em 18 obras emergenciais contratadas pela gestão de Nunes entre 2021 e 2022.

Outro lado: a campanha disse que o pedido de inquérito contra Nunes ainda não foi aceito. “Nunca houve denúncia, condenação ou inquérito durante toda a sua vida pública. Agora, a menos de dois meses das eleições, há apenas um pedido de inquérito, depois de cinco anos de investigação e indiciamento de mais de 100 pessoas.”

Governo federal e Enel

O que Nunes disse: em debate na Band em 14 de outubro, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação à Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: em debate na Band no dia 14 de outubro, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Centros olímpicos

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM no dia 7 de outubro, disse que São Paulo tem um Centro Olímpico e ele está fazendo dois: o da Zona Norte, na Vila Maria, e o de Itaquera, na Zona Leste.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Os dois centros olímpicos citados por Nunes não estão sendo construídos do zero, e sim a partir da reforma de centros esportivos já existentes. O primeiro citado pelo candidato fica na Vila Maria, na Zona Norte, e se trata da reforma do Centro Esportivo Thomaz Mazzoni, anunciada em fevereiro deste ano. A entrega, no formato de Centro Olímpico, está prevista para abril do ano que vem. O segundo citado fica em Itaquera, da Zona Leste, e o que a prefeitura está fazendo é reformar o Centro Esportivo José Bonifácio. As obras começaram em julho de 2022 e a previsão era que a entrega ocorresse nos primeiros meses de 2024, o que não aconteceu. De fato, São Paulo tem um centro olímpico atualmente, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), que fica no Ibirapuera.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que os dois Centros Olímpicos com obras em andamento são equipamentos totalmente novos, que oferecem os serviços de preparação para atletas olímpicos em suas diversas modalidades.

Redução de impostos

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, Nunes disse que reduziu o ISS (Imposto Sobre Serviços) dos aplicativos de transporte, entrega de comida e streamings de 5% para 2%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em dezembro de 2023, a prefeitura anunciou ter reduzido a alíquota de serviços de streaming de 2,9% para 2%. A alíquota do ISS foi baixada de 5% para 2% para as outras atividades desenvolvidas por plataformas digitais, como aluguéis e transportes de passageiros.

Outro lado: a assessoria da campanha afirmou que a política de redução de impostos foi uma constante na gestão. A equipe argumentou que Nunes falou da redução para os streamings de forma genérica e utilizou os dados percentuais quando falou dos aplicativos de transporte e entrega.

Ricardo Nunes (MDB) se reelegeu para a Prefeitura de São Paulo após disputar o segundo turno, neste domingo, 27, contra Guilherme Boulos (PSOL). Às 19h57, com 100% das urnas apuradas, o emedebista alcançou 59,35% dos votos válidos, contra 40,65% para Boulos.

Ao longo da campanha, o Estadão Verifica checou declarações feitas pelos principais candidatos ao Palácio do Anhagabaú, incluindo Nunes. Foram verificadas falas feitas em debates, sabatinas, além de publicações nas redes sociais, semanalmente.

Nunes repetiu falas falsas, enganosas ou fora de contexto sobre assuntos variados, como obras na cidade, investimentos em saúde, mobilidade e educação. Na reta final, a responsabilidade sobre a falta de energia e as tratativas com a concessionária Enel também serviram de tema para o prefeito.

Veja tudo o que o Verifica checou sobre Nunes desde setembro:

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante entrevista na sede do Estadão. Foto: Felipe Rau/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão

Transporte público

Licitação BRT Radial Leste

O que Nunes disse: que a licitação para as obras do BRT Radial Leste ficou parada um ano no Tribunal de Contas do Município (TCM). A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O edital de licitação foi publicado em 22 de dezembro de 2022 no Diário Oficial do Município. O conselheiro substituto do TCM Leven Mitre Vampré determinou a suspensão em 21 de janeiro de 2023 por suspeita de irregularidades e inconformidades. Em 28 de junho de 2023, ou seja, pouco mais de seis meses depois da publicação no Diário, o TCM liberou a licitação por unanimidade e a condicionou a adequações no edital.

Entre as exigências do tribunal estavam a manutenção das estações exclusivas de embarque e desembarque, com a cobrança antecipada de passagens, e a utilização de câmeras de monitoramento para fiscalização das obras em tempo real. O TCM também exigiu que a prefeitura apresentasse a licença ambiental e o projeto básico das obras.

Outro lado: A assessoria de Nunes afirmou que, “enquanto as adequações do edital não forem feitas e atualizadas pelo TCM, a gestão pública o considera sob égide do Tribunal”.

Intervenção na UPBus

O que Nunes disse: que foi ele quem fez a intervenção na UPBus, em que a prefeitura assumiu a administração da empresa. A afirmação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. A intervenção nas empresas UPBus e Transwolff pela prefeitura aconteceu após determinação da Justiça. A UPBus e a Transwolff foram alvo de operação do Ministério Público em abril. O órgão investiga um esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio das empresas.

Outro lado: segundo o candidato, a decisão de fazer uma intervenção na UPBus se deu por parte da prefeitura, e não pela Justiça. Isso porque a empresa também era investigada.

Tarifa congelada por mais tempo

O que Ricardo Nunes disse: que ele é o prefeito que manteve a tarifa de ônibus congelada por mais tempo: quatro anos. Ele disse isso durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O período em que a tarifa de ônibus permaneceu por mais tempo no mesmo preço foi entre 1º de agosto de 1947 e 1º de outubro de 1953. Foram 2.253 dias sem aumentos, até que o bilhete passou de Cr$ 1,00 para Cr$ 1,50. Porém, nesse período, sete prefeitos comandaram a cidade.

Atualmente, a tarifa está congelada há 1.716 dias, desde 1º de janeiro de 2020. Portanto, uma parte do “congelamento” a que Nunes se refere é de responsabilidade da gestão anterior, de Bruno Covas. O atual prefeito está há três anos e quatro meses no cargo.

Antes de Nunes, o prefeito que manteve a tarifa por mais tempo congelada foi Gilberto Kassab (PSD), por 1.131 dias. O preço ficou em R$ 2,30 de novembro de 2006 a janeiro de 2010, quando subiu para R$ 2,70. Os dados são do site da SPTrans.

Viabilização de corredores de ônibus

O que Nunes disse: que viabilizou 80 km de corredores de ônibus em São Paulo, incluindo obras iniciadas, licitadas e com recursos garantidos. A fala ocorreu em entrevista ao programa Roda Viva, em 9 de setembro. Posteriormente, em 14 de outubro, Nunes disse em debate na Band que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas chegou a 72 km. Ele citou obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Transporte aquático da Transwolff

O que Nunes disse: que Boulos mentiu ao afirmar que ele, Nunes, entregou o transporte aquático para a Transwolff, e que quem opera o serviço é a SPTrans.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Inaugurado em maio, o Aquatico-SP, que faz rota pela Represa Billings, é operado pela SPTrans desde o início das atividades, mas antes a Prefeitura Municipal havia determinado que a empresa Transwolff seria a responsável pela operação. Os planos mudaram quando o Ministério Público de São Paulo passou a investigar possível conexão entre a empresa e o PCC.

Número de ônibus e de passageiros

O que Nunes disse: que não houve diminuição no número de ônibus na cidade e que, antes da pandemia, havia 9 milhões de usuários do transporte coletivo, enquanto hoje são 7 milhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O número de passageiros aumentou, não diminuiu. Os dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo de setembro de 2019 apontam que 73,9 milhões de passageiros foram transportados naquele mês, o que dá uma média de 2,4 milhões de passageiros por dia. Já em setembro de 2024 foram 184,6 milhões de passageiros transportados, uma média de 6,1 milhões por dia.

Sobre a frota, também houve diminuição de 2019 para cá. Como daquele ano há apenas dados de setembro a dezembro, e os números mais recentes de 2024 são do mês passado, a comparação será feita entre os meses de setembro. Em 2019, a frota contratada para setembro era de 14.072; em 2020, o número caiu para 14.019; em 2021, caiu novamente para 13.842; em 2022, voltou a cair para 13.369. Em setembro de 2023, a cidade teve dois ônibus contratados a mais do que no mesmo mês do ano anterior, chegando a 13.371; e em setembro deste ano, o número voltou a cair para 13.287.

Cracolândia

Número de usuários

O que Nunes disse: que em 2015, na gestão do PT, havia 4 mil usuários na Cracolândia, e que hoje há 900. A afirmação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em janeiro de 2015, a Prefeitura de São Paulo informou que o fluxo era de 300 pessoas por dia. Uma reportagem do Estadão esteve no local naquele período e registrou aproximadamente 700 pessoas, número bem abaixo das 4 mil citadas por Nunes. Em 2016, um levantamento do governo de São Paulo mostrou que a Cracolândia tinha uma população de 709 usuários. No ano seguinte, quando o PT deixou o governo, houve crescimento de 160% no número de usuários, que saltou para 1.861. Esse aumento foi omitido por Nunes.

Conforme noticiado pelo G1, foi registrado crescimento do fluxo na primeira quinzena de março de 2024, na comparação do mesmo período do ano passado. Os dados da Prefeitura de São Paulo indicam que a média de usuários de drogas que frequentaram a área passou de 442 para 519 (+17,4%) pela manhã e de 503 para 726 (+44,3%) à tarde.

Outro lado: A assessoria declarou que o número de 4 mil usuários foi apurado no início de 2017, no contexto da criação do Programa Redenção. A campanha de Nunes citou uma reportagem da Folha de S. Paulo, que não informa os números de 2015.

Pessoas trans

Bolsonatistas e trans

O que Nunes disse: que não existe nenhum bolsonarista contra pessoas transexuais. A fala ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2023, o Estadão mostrou que pautas e discursos contrários à transição de gênero ganharam força em Casas Legislativas. As propostas, lideradas por parlamentares conservadores e bolsonaristas, preveem dificultar o acesso a menores de 16 ou 18 anos a terapias para acompanhamento da transição de gênero. Também houve mobilização para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar serviços de saúde existentes para essa população.

Outro lado: A assessoria disse que as afirmações do candidato e da reportagem sobre a pauta são generalistas: “certamente, haverá contras ou a favor da transição de gênero entre pessoas e lideranças políticas conservadoras ou progressistas”.

Transcidadania

O que Nunes disse: que o programa Transcidadania, criado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), era de R$ 500 e destinado a 100 pessoas. Segundo o prefeito, o alcance do programa foi ampliado para mais de 600 beneficiários, que ganham mais de R$ 1,2 mil. A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. O primeiro ano do Transcidadania, em 2015, contava com 100 vagas e pagava auxílio de R$ 827,40, segundo a Prefeitura de São Paulo. O valor subiu para R$ 983,34 em 2016. Neste ano, a bolsa é de R$ 1.482,60 e são 960 vagas. O benefício existia como Programa Operação Trabalho (POT) LGBT desde 2008.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato confundiu o valor inicial do benefício, “devido aos grandes avanços de valores, de atuação e abrangência deste programa na sua gestão”.

Abertura de empresas

Empresas que mudaram para SP

O que Nunes disse: que, só no período em que ele é prefeito (desde maio de 2021), 57 mil empresas que tinham sede em outras localidades se mudaram para São Paulo. Essa alegação foi feita duas vezes, a primeira durante sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, e a segunda em debate da Globo de 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Prefeitura de São Paulo divulgou em abril deste ano que 51.291 empresas tinham mudado sua sede para a cidade entre 2021 e o primeiro trimestre de 2024. Depois do debate, a Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica afirmando que 56.891 empresas migraram para a cidade. O Verifica perguntou à Prefeitura se esses dados são públicos e quando foram divulgados, ou se apenas o prefeito teve acesso a eles. Não tivemos resposta.

Outro lado: A assessoria afirmou que o candidato se refere aos dados fechados (57 mil) até o final do primeiro semestre deste ano.

Novas empresas

O que Nunes disse: que 458 mil novas empresas foram abertas em São Paulo durante sua gestão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica no começo de outubro afirmando que 458.148 novas empresas foram abertas na Capital. Mas os números do Mapa das Empresas, disponibilizados pelo governo federal a partir da base de dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), apontam que, de maio de 2021 até junho de 2024, 442.003 novas empresas abriram em São Paulo. Os números de junho são os mais recentes e não contabilizam microempreendedores individuais (MEI). Esse volume – de 442.003 – não considera as empresas que fecharam no período. De maio de 2021 a junho de 2024, 190.572 empresas fecharam, ou seja, o saldo é de 251.431.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “o prefeito nunca falou em saldo de empresas, mas o número de negócios abertos”.

Coronel Mello Araújo

Ações contra coronel

O que Nunes disse: que o coronel Mello Araújo, candidato a vice-prefeito, nunca teve nenhuma ação contrária a ele em 30 anos de serviço na Polícia Militar.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em julho, o Estadão noticiou que a Polícia Militar de São Paulo impôs sigilo de 100 anos sobre os processos administrativos disciplinares abertos contra o coronel. Conforme a PM, as ocorrências que tiveram participação de Mello Araújo “foram devidamente investigadas, sendo os respectivos inquéritos posteriormente arquivados” e não resultaram na abertura de processos judiciais.

Outro lado: A assessoria alegou que “não houve nenhuma ação contrária ou advertência ou condenação contra o coronel Mello nos 30 anos de serviços prestados às forças de segurança do Estado de São Paulo”.

Desemprego

Menor índice

O que Nunes disse: que São Paulo está com o menor índice de desemprego desde 2015 e que está batendo recorde de emprego e renda. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Segundo a prefeitura, uma análise dos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que, no primeiro trimestre de 2024, a cidade de São Paulo registrou 6,9% de desemprego, a menor taxa desde 2015. A prefeitura também calculou, com base em dados do Caged, que a renda média do trabalhador paulistano é 71% maior do que a média do restante do Brasil. Mas a fala do candidato pode dar a entender que os números estão melhorando de forma constante, o que não é verdade. Segundo dados do próprio Caged, a Capital tem registrado oscilações no saldo de empregos desde janeiro de 2021. Em julho, por exemplo, o saldo foi menor do que em junho de 2024.

Outro lado: De acordo com a assessoria, a fala do candidato não dá a entender que os números melhoraram de maneira constante desde 2015. A campanha declarou que a afirmação “batendo recorde de emprego” não é baseada no Caged, mas no número de pessoas ocupadas de acordo com a Pnad Contínua: 6,8 milhões no segundo trimestre de 2024.

Pesquisas

Liderança e rejeição

O que Nunes disse: que vinha conseguindo manter a liderança nas pesquisas e a rejeição baixa. Ele acrescentou que Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) tinham rejeição altíssima. A afirmação foi feita em sabatina do Estadão, em 13 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. Nunes aparecia numericamente à frente na pesquisa Quaest divulgada naquela semana, em 11 de setembro. No entanto, considerando a margem de erro, o atual prefeito estava em empate técnico com Boulos e Marçal. A pesquisa Datafolha divulgada no dia 5, a última antes da entrevista, também indicava empate técnico entre os três primeiros candidatos, com Nunes em segundo lugar. Quanto à rejeição, é verdade que Boulos, Marçal e Datena eram mais rejeitados do que Nunes.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que “o uso da expressão ‘manter-se à frente das pesquisas’ quer dizer estar sempre à frente e não que está liderando, fora da margem de erro”.

Postura ponderada

O que Nunes disse: que houve um alto índice de rejeição para os candidatos que foram muito agressivos. Mas ele, que tem uma postura ponderada, teve a menor rejeição. A alegação foi feita em entrevista à rádio BandNews FM, em 7 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes não teve a menor rejeição em pesquisas no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada em 5 de outubro, véspera do 1º turno, mostrou que Pablo Marçal (PRTB) tinha a maior rejeição (53%), seguido de José Luiz Datena (PSDB, 39%), Guilherme Boulos (PSOL, 38%), Nunes (25%), Tabata Amaral (PSB, 15%) e Marina Helena (Novo, 12%).

Outro levantamento recente sobre rejeição, divulgado em 4 de outubro pelo Paraná Pesquisas, também indicou Marçal com a maior rejeição (43,2%), seguido por Boulos (34,9%), Datena (21,8%), Tabata (9,5%), Nunes (9,2%) e Marina Helena (7,5%).

O primeiro levantamento para o segundo turno, divulgado no dia 10 de outubro, logo após a fala de Nunes, pelo Paraná Pesquisas, apontou que ele tinha menor rejeição na comparação com Boulos. Os índices são de 33,1% para o atual prefeito e 48,1% para o psolista.

Ricardo Nunes (MDB) durante debate Record/Estadão. Foto: Werther Santana/Estadão Foto: Werther Santana/Estadao

Outro lado: à época, a assessoria afirmou que “o primeiro turno já acabou, não há motivo para discutirmos rejeição divulgada nas vésperas da eleição”, acrescentando que se compara rejeição entre candidatos com grau de conhecimento similar pela população.

Educação

Ideb

O que Nunes disse: que a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das capitais foi de 5,6, enquanto São Paulo teve 5,8. Que houve piora nos anos iniciais, de 4,8 para 4,6. Que, na cidade administrada pelo PSOL, a média foi de 5. A afirmação aconteceu na sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Nos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal de São Paulo, a nota caiu de 6 para 5,6 no Ideb entre 2019 e 2023. Em relação aos anos finais, a nota foi de 4,8 em 2019 e 2023.

Em 2023, a média de todas as capitais brasileiras do 1º ao 5º ano foi de 5,6. Do 6º ao 9º ano, o resultado médio foi de 4,7 (veja as notas aqui). A administração do PSOL, citada por Nunes, é a do prefeito Edmilson Rodrigues, em Belém. O Ideb da capital paraense foi de 5 nos anos iniciais e de 4,7 nos finais.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato falava das redes municipais em geral e citava que a nota da rede municipal de São Paulo nos anos finais do Ensino Fundamental (4,8) é melhor que a média das redes municipais do Brasil (4,6). Nos anos iniciais do Ensino Fundamental a nota da rede municipal de SP (5,6) ficou 0,2 abaixo da média das redes municipais do Brasil (5,8).

Meio Ambiente

Árvores plantadas

O que Nunes disse: que São Paulo tem 600 mil árvores plantadas, e que, somente no ano passado, foram plantadas 80 mil. A afirmação foi feita durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De fato, a cidade de São Paulo tem mais de 600 mil árvores. No entanto, de acordo com a Planilha de Plantio de 2023, disponibilizada pela Divisão de Arborização Urbana (DAU), o plantio de árvores realizado no ano passado foi de 61.680.

Outro lado: Segundo o candidato, “em 2023, foram 85.250 plantios de incremento, compensação e reparação” e, em 2024, foram 37.530 até julho. A assessoria informou um link onde encontrar os dados citados, mas eles são os mesmos indicados pela reportagem.

Ônibus elétrico

O que Nunes disse: que um ônibus a diesel custa R$ 700 mil, e um ônibus elétrico custa R$ 2,4 milhão. O custo mensal do coletivo a diesel é de R$ 25 mil por mês, enquanto o do elétrico será R$ 5 mil – o que geraria uma economia mensal de R$ 20 mil. A fala também ocorreu em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. De acordo com reportagem do Estadão, um ônibus elétrico custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões. O próprio prefeito já mencionou o valor de R$ 2,5 milhões para o ônibus elétrico anteriormente, durante uma conferência de ação climática em Buenos Aires, na Argentina, em 2022. A versão a diesel, de fato, custa entre R$ 700 mil a R$ 900 mil.

Habitação

Casas em risco

O que Nunes disse: que hoje há 14 mil casas em área de risco em São Paulo. A alegação foi feita em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é subestimado. Um levantamento da Agência Pública, publicado em janeiro deste ano, apontou que o município de São Paulo tem 185.634 moradias em áreas com risco de deslizamento de terra ou solapamentos. Uma reportagem do g1, com dados de monitoramento da Defesa Civil Municipal, indica que a capital teve um crescimento de 7,2% no número de moradias em áreas de risco entre maio de 2023 e o início de junho de 2024, com 14.840 novas unidades habitacionais nessa situação. Ao todo, são 219.700 moradias em risco.

Outro lado: Em nota, Nunes informou que as 14 mil casas em áreas de risco são aquelas em áreas R4, consideradas de altíssimo risco pela Defesa Civil.

Programa habitacional

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que a prefeitura está fazendo o maior programa habitacional do Brasil no Grajaú: 2.711 casas.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Na cidade de Campina Grande, na Paraíba, o Complexo Residencial Aluízio Campos conta com 4,1 mil casas e apartamentos. O empreendimento faz parte do programa Minha Casa Minha Vida.

Outro lado: segundo a prefeitura, o programa habitacional do Grajaú é municipal, enquanto o de Campina Grande é do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Programa Pode Entrar

O que Nunes disse: que fez o programa Pode Entrar. A fala ocorreu em debate da Globo, em 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2021, Nunes enviou à Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 390/2021, que disciplina o programa Pode Entrar e se tornou lei em setembro daquele ano. Contudo, na justificativa do projeto, Nunes informa que o programa foi instituído em 2019 por meio de uma resolução do Conselho Municipal de Habitação. Naquele ano, foi publicado o Decreto Nº 59.145/2019, que instituía o programa e era assinado pelo então prefeito, Bruno Covas.

Outro lado: a campanha afirmou que Nunes tirou o Programa Pode Entrar do papel, lançou os editais, assinou os contratos e iniciou as obras.

Campo de Marte

Acordo da dívida

O que Nunes disse: que, quando Jair Bolsonaro (PL) era presidente, o prefeito conseguiu fechar o acordo referente à área do Acordo Campo de Marte, em troca de zerar a dívida que a cidade tinha com a União, de R$ 25 bilhões. Ele repetiu essa alegação em duas ocasiões, na sabatina do Estadão, em 12 de setembro, e em debate da Globo, em 25 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A dívida da prefeitura de São Paulo com a União realmente era R$ 23,9 bilhões quando Nunes e Bolsonaro assinaram um acordo envolvendo o aeroporto Campo de Marte. Havia uma disputa judicial sobre a área desde 1958, quando a prefeitura ajuizou uma ação para retomar a área e obter uma indenização. Mas a Prefeitura acabou “perdendo” R$ 24 bilhões, já que a dívida da União por usar a área sem pagar nada ao município chegava a R$ 49 bilhões, como mostrou o Estadão.

Outro lado: Nunes tinha feito essa alegação em sabatina do Estadão em setembro. Na época, a equipe do candidato disse que ele pôs fim a um litígio entre Prefeitura e União e permitiu um salto nos investimentos na cidade.

Contratações de servidores

Fiscais de posturas

O que Nunes disse: que contratou 230 fiscais de posturas, funcionário público que fiscaliza o cumprimento de normas municipais. Ele disse isso em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em maio de 2023, a Prefeitura de São Paulo publicou o edital do concurso para o cargo de fiscal de posturas municipais, com 175 vagas. De acordo com o site Brasil de Fato, a vez anterior que o concurso foi aberto para o cargo foi em 2002, durante a gestão de Marta Suplicy (PT).

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o concurso foi para 175 vagas, mas foi autorizado o provimento de 251. A nota também diz que, até agora, 232 fiscais de postura ingressaram.

Funcionários da saúde

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que há 118 mil funcionários só na área da Saúde, e que havia 81 mil em dezembro de 2016, quando terminou a gestão do PT.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Nunes refere-se a todos os servidores ativos na área da Saúde na Capital, não apenas àqueles vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que são 21.107. Na conta do prefeito, entram servidores da SMS, profissionais com vínculos estadual e federal e contratações feitas por entidades parceiras, que detêm a maior parte do quadro. A prefeitura informou que a rede de São Paulo tem hoje 121.536 profissionais. Conforme o Relatório Anual de Gestão de 2016 da Secretaria Municipal de Saúde, no final do mandato do Partido dos Trabalhadores eram 80.839 profissionais ativos na Saúde.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o número ao qual se refere é o total de profissionais trabalhando e vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, diretos e indiretos.

Investimentos

Aumento de verba

O que Nunes disse: que neste ano haverá R$ 18 bilhões para investimentos; no ano passado, foram R$ 14 bilhões; no retrasado, R$ 8,5 bilhões. A alegação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo informou ao Estadão Verifica que a previsão total de investimentos para 2024 é de R$ 15,4 bilhões, valor recorde na história da cidade de São Paulo. Antes disso, em 2023, foram investidos R$ 12,7 bilhões; em 2022 foram R$ 5,3 bilhões; e em 2021 foram R$ 3,3 bilhões.

Outro lado: segundo o candidato, o orçamento é revisado de acordo com as receitas e despesas no decorrer do período e, para este ano, o investimento previsto é de R$ 18 bilhões.

Aborto legal

Dificuldade de acesso ao aborto

O que Nunes disse: que na gestão dele não houve e não haverá nenhum tipo de dificuldade no acesso ao aborto legal. Ele afirmou isso durante a sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em dezembro de 2023, a Prefeitura de São Paulo suspendeu a realização de abortos legais no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, unidade de referência para o serviço e que fazia o procedimento há cerca de 30 anos. Na entrevista ao Estadão, Nunes justificou que transferiu o serviço para outras unidades porque precisava fazer cirurgias de endometriose.

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) obrigou que a Prefeitura voltasse a oferecer o serviço no hospital Vila Nova Cachoeirinha, sob multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, e determinou a busca ativa das mulheres que tinham tido o serviço negado. Na decisão, o TJ-SP alegou que o Hospital Vila Nova Cachoeirinha era o único que não impunha limite à idade gestacional. Nunes conseguiu reverter a decisão.

Uma reportagem da Agência Pública de maio deste ano mostra que a prefeitura é investigada por acessar dados sigilosos de abortos legais feitos do Hospital Vila Nova Cachoeirinha. O G1 mostrou que médicas que realizaram procedimentos foram suspensas.

Outro lado: Em nota, Nunes disse que São Paulo “cumpre estritamente a lei do aborto legal” e que quatro hospitais realizam o procedimento e amparam mulheres e meninas. “O fechamento deste tipo de atendimento no Hospital Vila Nova Cachoeirinha foi uma decisão técnica para que aquela unidade pudesse se dedicar ao atendimento e tratamento de mulheres com endometriose”, disse.

Tamanho de São Paulo

População de Portugal

O que Nunes disse: que São Paulo é dez vezes maior que Paris e tem população maior que a de Portugal. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. São Paulo tem 1.521,110 km² enquanto Paris tem 105,40 km², ou seja, a cidade brasileira é 14 vezes maior que a francesa. A população de São Paulo é estimada em 11.895.578 pessoas pelo IBGE, enquanto a portuguesa foi estimada em 10.639.726 pessoas em 31 de dezembro de 2023 pelo órgão de estatísticas local.

Outro lado: A assessoria informou que o candidato não quis ser obrigatoriamente exato na sua comparação, mas “ressaltar as diferenças entre o colossal tamanho de São Paulo comparado a Paris”.

Frota da cidade

O que Nunes disse: que aumentou muito o número de motos, de 1 milhão para 1,3 milhão. Hoje são 7 milhões de veículos na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão, segundo dados de julho do Ministério dos Transportes. Quando Nunes assumiu a Prefeitura, em maio de 2021, havia 1 milhão. Porém, a frota total de veículos na cidade é 9,6 milhões, sendo 6,3 milhões de carros.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato deve ter estimado aproximadamente 6 milhões de carros e mais 1 milhão de motos.

O que Nunes disse: em debate na Globo em 3 de outubro, disse que há 1,3 milhão de motos e 7 milhões de carros na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. A frota de carros em São Paulo é de 6,3 milhões. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão. Os dados são de julho deste ano, do Ministério dos Transportes.

Manifestação do 7 de setembro

O que Nunes disse: em sabatina à rádio Eldorado em 2 de setembro, disse que a manifestação marcada para o dia 7 de setembro seria em defesa da liberdade e do Estado Democrático de Direito.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A manifestação marcada para o dia 7 de setembro foi convocada pelo pastor Silas Malafaia em favor do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O senador Magno Malta (PL-ES) divulgou o ato como uma mobilização para “denunciar a ditadura do Judiciário no Brasil”. A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi confirmada no evento, que deve ocorrer na Avenida Paulista.

Outro lado: A assessoria afirma que o candidato mantém o que afirmou na própria entrevista: “defende e defenderá a liberdade e o Estado Democrático de Direito”.

Obras

O que Nunes disse: em debate da Globo no dia 25 de outubro, afirmou que vai entregar 8 mil obras até o fim do mandato. Antes disso, em debate da RedeTV/UOL, no dia 17 de setembro, disse que vai entregar 8.400 obras. Em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, Nunes citou número diferente, declarando que entregaria 7 mil obras.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Os números citados por Nunes incluem pelo menos 2,5 mil itens relativos a manutenções e reparos em equipamentos e locais públicos já existentes. Fazem parte da lista, por exemplo, pinturas em escadas, restaurações de vielas e instalação de corrimãos ou lixeiras. De acordo com um levantamento feito pelo Verifica com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), as obras listadas pela Prefeitura assim se dividem:

  • Sem descrição: 32,2%
  • Requalificações, revitalizações, adequações e outras melhorias: 27,2%
  • Manutenções: 19,7%
  • Obras novas e grandes intervenções: 11,5%
  • Reformas: 7,7%
  • Projetos e contratos: 1,4%
  • Outros: 0,4%

Outro lado: Em resposta ao levantamento do Verifica, a Prefeitura alegou que os números citados pelo prefeito e candidato à reeleição estão corretos e correspondem aos critérios adotados pela gestão. Em entrevista ao Verifica, o secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias da Capital, Fernando Chucre, disse que o número atual passa de 9 mil obras. Chucre justificou que os dados ainda não são públicos porque estão sendo revisados.

Disparo de arma de fogo

O que Nunes disse: em resposta à menção de Boulos sobre Nunes ter disparado tiros em uma boate em Embu das Artes, disse que o caso ocorreu há 20 anos e que não houve inquérito nem indiciamento.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em 1996, Nunes foi levado para delegacia de Embu por portar arma e atirar em via pública. Ele respondeu a processo por contravenção penal (delito de menor potencial ofensivo). De acordo com dados acessados pelo Estadão, Nunes foi denunciado em junho do ano seguinte ao fato. Naquele mesmo mês de junho de 1997, ele se tornou réu com base nos artigos 19 e 28 da Lei de Contravenções Penais. Em 1998, porém, o caso foi arquivado depois de Nunes cumprir transação penal, que é um acordo para que a ação seja trancada e uma eventual condenação não ocorra. O acordo foi a compra de canecas plásticas endereçadas ao serviço social de Itapecerica da Serra avaliadas em R$ 590 (valor atualizado).

Outro lado: a equipe do candidato disse que “contravenção penal não gera indiciamento em nenhuma hipótese por se tratar crime de menor potencial lesivo” e acrescentou que “o prefeito jamais foi processado por esse e ou qualquer fato”.

UPAs

O que Nunes disse: que abriu 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Como prefeito, Nunes foi responsável pela inauguração de 16 Unidades de Pronto Atendimento. Outras duas foram entregues em 2021, quando o candidato era vice-prefeito. Ele já repetiu essa alegação em outros debates, como o da TV Globo em 3 de outubro e o da Estadão/Record em 19 de outubro.

Outro lado: a equipe do candidato reafirmou que “o prefeito entregou 19 UPAs funcionando.”

Segurança

O que Nunes disse: que Boulos defende a desmilitarização, que é o fim da Polícia Militar. Isso foi dito no debate da Globo, em 25 de outubro, e no do Estadão em parceria com a TV Record, em 19 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Uma postagem publicada por Boulos no Facebook em 2018 mostra que o político defendeu a desmilitarização das polícias para acabar com o “genocício da juventude pobre e negra no Brasil”. Conforme matéria publicada pelo Estadão, na época em que defendeu a desmilitarização, Boulos esclareceu que a polícia continuaria armada e operante, mesmo sem o caráter militar. O objetivo de Boulos seria retirar a doutrina e estrutura militar da corporação, mantendo suas funções de segurança pública. Nunes repetiu a alegação no debate Estadão/Record do sábado passado.

Ricardo Nunes em debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo. Foto Reprodução/TV Globo Foto: Reprodução TV GLobo

Outro lado: a equipe do candidato disse que Boulos “defende acabar com o modelo militar da polícia nos moldes que é hoje, portanto defende a desmilitarização da polícia”.

Operação Delegada

O que Nunes disse: que havia 400 policiais militares na Operação Delegada, e agora são 2,4 mil.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. A Operação Delegada é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual, em que policiais podem atuar voluntariamente para reforçar a segurança da capital durante suas folgas, recebendo uma gratificação por isso. O convênio existe desde 2009. Em 2013, durante a gestão de Fernando Haddad (PT), existiam 1,3 mil vagas para a Operação Delegada Noturna e 2.074 para a Operação Delegada Ambulante, mas cerca de 1,5 mil vagas (Noturna e Ambulante) estavam ociosas.

Em dezembro do ano passado, o Executivo conseguiu aprovar na Câmara um Projeto de Lei para aumentar o valor da gratificação e incluir bombeiros entre os profissionais que podem participar da iniciativa. A Prefeitura publicou, na época, que 2.400 policiais militares se inscreveram para as atividades.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Haddad ofereceu 1,3 mil vagas, mas não necessariamente elas foram preenchidas e efetivamente havia este número de policiais nas ruas todos os dias. Na gestão Nunes, elas foram preenchidas porque houve aumento nos valores pagos, além de outros benefícios”.

PSOL contra Operação Delegada

O que Nunes disse: que o PSOL votou contra a Lei 18.038 (Operação Delegada).

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. O PL 511/2023, que foi transformado na Lei 18038/2023, que institui gratificação aos integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil que exercem atividade municipal delegada ao Estado de São Paulo, tramitou na Câmara de São Paulo. Ao ser avaliado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o integrante do PSOL na comissão, vereador Toninho Vespoli, se absteve na votação, mas não foi contra. O mesmo ocorreu em relação do posicionamento da bancada do PSOL.

Outro lado: procurada, a campanha disse que “abster-se em temas dessa importância para o cidadão tem o mesmo efeito de ser contra”.

Entrega de fraldas

O que Nunes disse: que a Prefeitura entrega à população 6 milhões de fraldas por mês.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De acordo com reportagem publicada em maio do ano passado pelo G1, o número de fraldas compradas pela Prefeitura diminuiu desde 2019. Em 2022, a Prefeitura comprou cerca de 29 milhões de fraldas, o que equivale a 2,4 milhões de unidades por mês. Também no ano passado, mas em agosto, a Comissão do Idoso da Câmara de Vereadores verificou falta de medicamentos e fraldas geriátricas. Na época, a diretora de Suprimentos da Secretaria da Saúde, Izis Mirvana Damico, disse que houve dificuldade com empresas para fornecer as fraldas, mas ressalvou que o serviço estava se normalizando, com a distribuição de 6 milhões de fraldas por mês. Nunes repetiu essa alegação no debate Estadão/Record no sábado passado.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “se houve redução ou não, como alega reportagem do G1, o dado oficial é dado pelo prefeito e a administração entrega 6 milhões de fraldas por mês”.

CEUs

CEUs de Bruno Covas

O que Nunes disse: que hoje existem 58 CEUs – 12 foram entregues por Bruno Covas. Portanto, 46 são CEUs de outras gestões, e todos foram reformados.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Entre 2018, quando assumiu a prefeitura no lugar de João Doria (PSDB), e 2020, Bruno Covas apenas concluiu as obras de 12 unidades que tinham sido iniciadas ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Os 12 CEUs, portanto, não são obras apenas de sua gestão. Já para o segundo mandato, entre 2021 e 2024, o Programa de Metas previa a inauguração de 12 novos CEUs. Nunes assumiu a Prefeitura em maio de 2021, após a morte de Covas, e nenhuma unidade foi entregue de lá para cá, apesar de as obras terem iniciado em cinco delas.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, São Paulo tem atualmente 58 CEUs em funcionamento, sendo que a primeira unidade foi entregue em 2003, em Guaianases. O atual Programa de Metas da Prefeitura previu a reforma ou adequação de 46 CEUs até 2024. No ano passado, a meta foi batida.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Bruno Covas entregou 12 CEUs. Equipamento em obra, como fez Haddad, não atende a população. Serviço ou equipamento público bom é aquele que está aberto à população”.

CEUs de Haddad

O que Nunes disse: que todos os CEUs que prometeu estarão com alunos em sala de aula em 2025, e que o ex-prefeito Fernando Haddad prometeu 20 CEUs, mas entregou apenas um.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De fato, Haddad prometeu 20 Centros Educacionais Unificados e entregou apenas um. No entanto, ao final do mandato do petista, outros 14 CEUs estavam em obras. Já sobre Nunes, o Plano de Metas da Prefeitura fala em entregar 12 novos CEUs até o final deste mandato. Até agora, contudo, nenhum deles foi entregue. Apesar de o Programa de Metas da Prefeitura apontar cinco CEUs entre “entregues ou em obras”, nenhum foi inaugurado. O Tribunal de Contas do Município liberou a licitação para obras em julho do ano passado, apenas após a Prefeitura se comprometer a reformular o edital.

Outro lado: a campanha do prefeito falou que ele “nunca prometeu entregar, mas sim viabilizar” 12 CEUs. O prefeito considera unidades em obras, licitadas ou em fase de projeto.

CEUs de Nunes

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM em 7 de outubro, disse que a Prefeitura de São Paulo está construindo 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs) e que ele vai construir mais 10, chegando a 80 CEUs.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A meta da prefeitura era implantar 12 novos CEUs até o final deste mandato, mas, segundo o site do Programa de Metas, mantido pela própria Prefeitura, a atual gestão é responsável por cinco CEUs, entre os que já foram entregues e os que ainda estão em obras. Eles ficam em Capela do Socorro, Cidade Ademar, Ermelino Matarazzo, Itaquera e Sapopemba.

Outro lado: a assessoria afirma que o Programa de Metas fala em viabilizar 12 novos CEUs e que isto está sendo feito em diferentes estágios.

Violência doméstica

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, disse que a esposa dele registrou um boletim de ocorrência contra ele há 14 anos; no BO, não consta agressão física, apenas uma discussão por mensagem e telefone.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Como mostrou reportagem do Estadão, em 18 de fevereiro de 2011, a empresária Regina Carnovale Nunes foi à 6 ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, e registrou um boletim de ocorrência contra Nunes por violência doméstica, ameaça e injúria. Entre as importunações, a empresária afirmou que o companheiro efetuava “ligações proferindo ameaças”, além de enviar “mensagens ameaçadoras todos os dias”, o que a deixava “com medo”. Apesar da queixa de Regina ter sido registrada como violência doméstica, não há no B.O. dela menção de agressão física por Nunes. Não houve abertura de inquérito policial porque Regina não abriu uma representação contra o marido.

Vacinas

Cobertura do PNI

O que Nunes disse: no debate Folha/UOL no dia 30 de setembro, disse que a Prefeitura está conseguindo chegar perto de 95% de cobertura em todos os níveis do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como com as vacinas contra poliomielite e meningite.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Segundo dados do mês de abril divulgados no site de metas da Prefeitura, a cobertura vacinal era de 88,07% contra a poliomielite; 84,09% na vacina pneumocócica 10v; 87,77% na pentavalente; e 96,16% na tríplice viral, única que ultrapassou a meta de 95%. A vacina contra meningite não aparece no site de metas.

Dados atualizados em 2 de outubro de 2024 pelo Ministério da Saúde mostram uma cobertura menor. Atualmente, São Paulo tem a seguinte cobertura: 81,4% na vacina injetável contra a poliomielite e 84,81% no reforço oral bivalente; 76,65% na vacina pneumocócica 10v e 122,64% no 1º reforço; 80,98% na pentavalente; 89,95% na 1ª dose da tríplice viral e 83,92% na 2ª dose; e 80,36% na meningocócica C e 86,65% no 1º reforço.

Outro lado: a equipe do candidato afirmou que “a cidade de São Paulo está, sim, perto do índice de 95% de vacinação, segundo os dados do Boletim de Coberturas Vacinais”. O documento citado foi publicado em 6 de junho e é alimentado com doses aplicadas até 29 de fevereiro. Nele, a Prefeitura afirma que a cobertura para a vacina contra a poliomielite é de 94,43%; para a pneumocócica é de 89,07%; para a pentavalente é de 93,85%; e para a meningocócica C é de 90,90%. Não há informações sobre tríplice viral. A equipe do candidato afirma que a diferença para os dados federais ocorre porque o portal do Ministério da Saúde não comporta o volume de informações enviado pela cidade.

Vacina da dengue

O que Nunes disse: que São Paulo não teve vacina da dengue durante a pandemia da doença porque o governo federal não mandou.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. São Paulo não esteve entre as primeiras cidades a receber doses de vacinas contra a dengue enviadas pelo governo federal, mas as doses chegaram. Em 29 de março deste ano, a própria Prefeitura informou que a capital receberia os imunizantes e começaria a vacinação pelas escolas. A imunização começou em 3 de abril. Em 11 de julho, a cidade recebeu mais 124 mil doses da vacina, exclusivas para o reforço. Além disso, não foi decretada uma pandemia de dengue, como disse o candidato, e sim uma epidemia.

Outro lado: a campanha de Nunes disse que o Ministério da Saúde enviou quantidade “insuficiente” de vacinas contra a dengue para a cidade de São Paulo. “Para um público-alvo de 800 mil crianças, foram mandadas 301.985 doses no total, menos da metade do necessário”, alega a campanha em nota.

Serviços funerários

O que Nunes disse: que a tabela de preços do serviço funerário é a mesma de 2019 e que foram mantidos os valores dos seis itens que entram em pacotes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ainda em 2023, quando a concessão dos cemitérios de São Paulo foi repassada à iniciativa privada, o jornal Folha de S.Paulo noticiou aumento de 400% no velório mais simples disponível para quem não tem direito a benefícios sociais. Antes, informou o veículo, esse pacote poderia ser contratado por R$ 299,85 e depois passou a custar R$ 1.443,74.

Em junho deste ano, a SPRegula, agência reguladora dos serviços públicos do município, reajustou em 3,49% os valores das fontes das receitas tarifárias das concessionárias, com base no Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). A tabela com os novos valores dos serviços funerários pode ser consultada aqui. A relação anterior de preços está disponível aqui. Houve aumento, inclusive, do funeral social, o mais barato da tabela, que passou de R$ 566,04 para R$ 585,79. O decreto que regulamenta a concessão não prevê congelamento de preços. A Prefeitura de São Paulo manteve as gratuidades previstas em lei.

Outro lado: a campanha disse que “os preços dos serviços funerários seguem regras previstas nos contratos e não são reajustados conforme o desejo das empresas concessionárias”.

Liberação de drogas

O que Nunes disse: que Boulos sempre defendeu a liberação das drogas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Há declarações antigas de Boulos em defesa da descriminalização das drogas e da legalização da maconha. Quando foi candidato à presidência em 2018, ele afirmou que “é preciso descriminalizar as drogas no Brasil e legalizar a maconha”, durante entrevista à TV 247. Porém, em declarações mais recentes, Boulos defendeu que o seu posicionamento é de que a descriminalização da maconha seja feita com a “separação entre traficante e usuário”, em sabatina no Roda Viva no dia 26 de agosto. No início da pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, o deputado disse à rádio evangélica Musical FM que é contra a legalização das drogas.

População de rua

O que Nunes disse: que havia 14 mil vagas de acolhimento à população de rua e hoje são 29,4 mil vagas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. O site da Prefeitura de São Paulo noticiou em abril de 2021, um mês antes de Nunes assumir o município, que a cidade tinha 23 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua. Porém, em nota enviada ao Verifica em 16 de outubro, a administração municipal informou um número diferente: 15.488 vagas na rede socioassistencial naquele ano. A Prefeitura afirmou ter “cerca de 29 mil vagas de acolhimento” em 2024.

Depredação da Fiesp

O que Nunes disse: que, em janeiro de 2017, a Polícia Civil do Estado de São Paulo informou que “dois integrantes do MTST, Guilherme Boulos e José Ferreira Lima, foram detidos e encaminhados ao 49º DP. A dupla foi detida, acusada de participar de ataques contra a Polícia Militar”. Em seguida, Nunes questionou se Boulos se arrepende de ter depredado a Fiesp.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes mistura duas ocasiões diferentes – a citada por ele é referente a uma reintegração de posse na Zona Leste em 2017. Boulos participou de uma manifestação na Fiesp em 2016, mas nega ter depredado o prédio e não foi detido.

Em 2017, Boulos e o trabalhador sem teto José Ferreira Lima foram detidos durante a reintegração de posse de um terreno ocupado por famílias do MTST no bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. A nota da Polícia Civil, publicada pelo G1, dizia que “a dupla foi detida acusada de participar de ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência”. O boletim de ocorrência, contudo, não dizia que Boulos portava rojões e o acusava de “doutrina”.

O Estadão publicou, no mesmo dia, que o delegado José Francisco Rodrigues Filho, do 49º DP, justificou a prisão de Boulos com a teoria do domínio de fato, mesmo afirmando que ele não era o líder da invasão. “Verifica-se que o autor (Boulos), pela sua notoriedade e ativa participação nas ações dos movimentos populares (...), possui forte influência nas pessoas que destes participam”, escreveu o delegado, na época. Especialistas ouvidos pelo Estadão em 2017 disseram que o uso da teoria para a prisão era perigoso porque só deveria ser usado em casos envolvendo organizações criminosas.

Nunes também omitiu que Guilherme Boulos foi liberado da delegacia no mesmo dia em que foi detido.

Em 2016, Boulos participou da invasão da Fiesp, mas negou que tenha depredado o prédio e disse que o objetivo era fazer um ato pacífico. Ele também não foi preso na ocasião – na época, duas mulheres foram detidas por desacato.

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após na TV Globo, para o 2º turno. Foto: Taba Benedicto/Estadão Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Smart Sampa

O que Nunes disse: que fez o programa Smart Sampa, para colocação de câmeras para combater a criminalidade, e que o PSOL propôs uma ação judicial contra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A ação não foi movida pelo partido, e sim pela vereadora Silvia da Bancada Feminista, parte de um mandato coletivo na Câmara Municipal de São Paulo. O pedido argumentou que o objetivo do programa era comprar câmeras de reconhecimento facial, que poderiam levar à discriminação, como mostrou o Metrópoles. Em maio do ano passado, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires suspendeu o programa ao ver riscos de racismo, como mostrou o Estadão. Antes, o edital já tinha sido barrado pelo Tribunal de Contas dos Municípios, mas foi autorizado após a Prefeitura retirar trechos que envolviam a identificação de cor de pele e de “vadiagem”.

Sabesp

O que Nunes disse: que, com a desestatização da Sabesp, serão investidos R$ 68 bilhões, sendo R$ 28 bilhões em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O Plano Regional de Saneamento Básico prevê investimento de R$ 69 bilhões em municípios paulistas até 2029. Para a cidade de São Paulo, o investimento previsto até lá é de R$ 19 bilhões, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, e não de R$ 28 bilhões. O investimento total previsto para a capital é de R$ 84 bilhões até 2060. A previsão é que, até lá, a Sabesp invista R$ 260 bilhões no Estado. Em agosto deste ano, a empresa antecipou R$ 2,28 bilhões que seriam repassados à capital entre 2025 e 2029.

Citações na Justiça

O que Nunes disse: que nunca houve contra ele processo, inquérito, denúncia ou condenação.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Um inquérito da Polícia Federal (PF) apura o suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças na cidade de São Paulo. Em julho, a PF indiciou 117 suspeitos de participar do esquema. Nunes não está entre eles, mas foi alvo de um pedido da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico, para apurar a relação dele na época em que era vereador com duas empresa envolvidas no esquema.

Em setembro do ano passado, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) apontou um superfaturamento de R$ 67,1 milhões em 18 obras emergenciais contratadas pela gestão de Nunes entre 2021 e 2022.

Outro lado: a campanha disse que o pedido de inquérito contra Nunes ainda não foi aceito. “Nunca houve denúncia, condenação ou inquérito durante toda a sua vida pública. Agora, a menos de dois meses das eleições, há apenas um pedido de inquérito, depois de cinco anos de investigação e indiciamento de mais de 100 pessoas.”

Governo federal e Enel

O que Nunes disse: em debate na Band em 14 de outubro, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação à Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: em debate na Band no dia 14 de outubro, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Centros olímpicos

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM no dia 7 de outubro, disse que São Paulo tem um Centro Olímpico e ele está fazendo dois: o da Zona Norte, na Vila Maria, e o de Itaquera, na Zona Leste.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Os dois centros olímpicos citados por Nunes não estão sendo construídos do zero, e sim a partir da reforma de centros esportivos já existentes. O primeiro citado pelo candidato fica na Vila Maria, na Zona Norte, e se trata da reforma do Centro Esportivo Thomaz Mazzoni, anunciada em fevereiro deste ano. A entrega, no formato de Centro Olímpico, está prevista para abril do ano que vem. O segundo citado fica em Itaquera, da Zona Leste, e o que a prefeitura está fazendo é reformar o Centro Esportivo José Bonifácio. As obras começaram em julho de 2022 e a previsão era que a entrega ocorresse nos primeiros meses de 2024, o que não aconteceu. De fato, São Paulo tem um centro olímpico atualmente, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), que fica no Ibirapuera.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que os dois Centros Olímpicos com obras em andamento são equipamentos totalmente novos, que oferecem os serviços de preparação para atletas olímpicos em suas diversas modalidades.

Redução de impostos

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, Nunes disse que reduziu o ISS (Imposto Sobre Serviços) dos aplicativos de transporte, entrega de comida e streamings de 5% para 2%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em dezembro de 2023, a prefeitura anunciou ter reduzido a alíquota de serviços de streaming de 2,9% para 2%. A alíquota do ISS foi baixada de 5% para 2% para as outras atividades desenvolvidas por plataformas digitais, como aluguéis e transportes de passageiros.

Outro lado: a assessoria da campanha afirmou que a política de redução de impostos foi uma constante na gestão. A equipe argumentou que Nunes falou da redução para os streamings de forma genérica e utilizou os dados percentuais quando falou dos aplicativos de transporte e entrega.

Ricardo Nunes (MDB) se reelegeu para a Prefeitura de São Paulo após disputar o segundo turno, neste domingo, 27, contra Guilherme Boulos (PSOL). Às 19h57, com 100% das urnas apuradas, o emedebista alcançou 59,35% dos votos válidos, contra 40,65% para Boulos.

Ao longo da campanha, o Estadão Verifica checou declarações feitas pelos principais candidatos ao Palácio do Anhagabaú, incluindo Nunes. Foram verificadas falas feitas em debates, sabatinas, além de publicações nas redes sociais, semanalmente.

Nunes repetiu falas falsas, enganosas ou fora de contexto sobre assuntos variados, como obras na cidade, investimentos em saúde, mobilidade e educação. Na reta final, a responsabilidade sobre a falta de energia e as tratativas com a concessionária Enel também serviram de tema para o prefeito.

Veja tudo o que o Verifica checou sobre Nunes desde setembro:

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante entrevista na sede do Estadão. Foto: Felipe Rau/Estadão Foto: Felipe Rau/Estadão

Transporte público

Licitação BRT Radial Leste

O que Nunes disse: que a licitação para as obras do BRT Radial Leste ficou parada um ano no Tribunal de Contas do Município (TCM). A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O edital de licitação foi publicado em 22 de dezembro de 2022 no Diário Oficial do Município. O conselheiro substituto do TCM Leven Mitre Vampré determinou a suspensão em 21 de janeiro de 2023 por suspeita de irregularidades e inconformidades. Em 28 de junho de 2023, ou seja, pouco mais de seis meses depois da publicação no Diário, o TCM liberou a licitação por unanimidade e a condicionou a adequações no edital.

Entre as exigências do tribunal estavam a manutenção das estações exclusivas de embarque e desembarque, com a cobrança antecipada de passagens, e a utilização de câmeras de monitoramento para fiscalização das obras em tempo real. O TCM também exigiu que a prefeitura apresentasse a licença ambiental e o projeto básico das obras.

Outro lado: A assessoria de Nunes afirmou que, “enquanto as adequações do edital não forem feitas e atualizadas pelo TCM, a gestão pública o considera sob égide do Tribunal”.

Intervenção na UPBus

O que Nunes disse: que foi ele quem fez a intervenção na UPBus, em que a prefeitura assumiu a administração da empresa. A afirmação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. A intervenção nas empresas UPBus e Transwolff pela prefeitura aconteceu após determinação da Justiça. A UPBus e a Transwolff foram alvo de operação do Ministério Público em abril. O órgão investiga um esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio das empresas.

Outro lado: segundo o candidato, a decisão de fazer uma intervenção na UPBus se deu por parte da prefeitura, e não pela Justiça. Isso porque a empresa também era investigada.

Tarifa congelada por mais tempo

O que Ricardo Nunes disse: que ele é o prefeito que manteve a tarifa de ônibus congelada por mais tempo: quatro anos. Ele disse isso durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. O período em que a tarifa de ônibus permaneceu por mais tempo no mesmo preço foi entre 1º de agosto de 1947 e 1º de outubro de 1953. Foram 2.253 dias sem aumentos, até que o bilhete passou de Cr$ 1,00 para Cr$ 1,50. Porém, nesse período, sete prefeitos comandaram a cidade.

Atualmente, a tarifa está congelada há 1.716 dias, desde 1º de janeiro de 2020. Portanto, uma parte do “congelamento” a que Nunes se refere é de responsabilidade da gestão anterior, de Bruno Covas. O atual prefeito está há três anos e quatro meses no cargo.

Antes de Nunes, o prefeito que manteve a tarifa por mais tempo congelada foi Gilberto Kassab (PSD), por 1.131 dias. O preço ficou em R$ 2,30 de novembro de 2006 a janeiro de 2010, quando subiu para R$ 2,70. Os dados são do site da SPTrans.

Viabilização de corredores de ônibus

O que Nunes disse: que viabilizou 80 km de corredores de ônibus em São Paulo, incluindo obras iniciadas, licitadas e com recursos garantidos. A fala ocorreu em entrevista ao programa Roda Viva, em 9 de setembro. Posteriormente, em 14 de outubro, Nunes disse em debate na Band que prometeu no plano de metas viabilizar 40 km de corredores de ônibus, mas chegou a 72 km. Ele citou obras nas avenidas Amador Bueno da Veiga, Imirim, Itapecerica, Interlagos e Raimundo Pereira de Magalhães, além de obras do BRT Radial Leste e Pirituba-Lapa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Apenas 6,8 km de novos corredores de ônibus foram iniciados até agosto, de acordo com o site do Programa de Metas. A SPTrans confirmou ao Verifica que entregou um trecho de 4,1 km do corredor Itaquera-Líder e que está construindo 2,7 km de corredor na Avenida Celso Garcia. Isso totaliza 6,8 km.

Outra meta da Prefeitura era viabilizar a implantação de corredores BRT na Avenida Aricanduva e na Radial Leste, mas as obras só começaram na Radial. Segundo o site Diário do Transporte, a previsão de entrega é em fevereiro de 2026. A SPTrans informou que o processo licitatório para a contratação das obras do BRT Aricanduva está em andamento.

Alguns dos trechos citados por Nunes no debate não são novos, mas sim reformas de corredores já existentes: 5 km da Avenida Amador Bueno da Veiga; 4,6 km da Avenida Imirim; 3,5 km da Avenida Itapecerica; e 9,1 km da Avenida Interlagos.

A prefeitura de fato está construindo o complexo viário Pirituba-Lapa, que prevê faixa exclusiva de ônibus, e uma nova faixa de 1,5 km na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Conforme a SPTrans, atualmente a cidade tem 590,4 km de faixas exclusivas e 135,3 km de corredores.

Outro lado: a assessoria da campanha afirma que Nunes viabilizou 74 km de corredores, somando 34,3 km de corredores com mais 26,1 km no BRT Radial e 13,6 km no BRT Aricanduva. Acrescenta que o prefeito viabilizou, também, outros 32 km de requalificação de corredores, sendo 22,1 km com obras em andamento e 1,2 km entregue.

Transporte aquático da Transwolff

O que Nunes disse: que Boulos mentiu ao afirmar que ele, Nunes, entregou o transporte aquático para a Transwolff, e que quem opera o serviço é a SPTrans.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Inaugurado em maio, o Aquatico-SP, que faz rota pela Represa Billings, é operado pela SPTrans desde o início das atividades, mas antes a Prefeitura Municipal havia determinado que a empresa Transwolff seria a responsável pela operação. Os planos mudaram quando o Ministério Público de São Paulo passou a investigar possível conexão entre a empresa e o PCC.

Número de ônibus e de passageiros

O que Nunes disse: que não houve diminuição no número de ônibus na cidade e que, antes da pandemia, havia 9 milhões de usuários do transporte coletivo, enquanto hoje são 7 milhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O número de passageiros aumentou, não diminuiu. Os dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo de setembro de 2019 apontam que 73,9 milhões de passageiros foram transportados naquele mês, o que dá uma média de 2,4 milhões de passageiros por dia. Já em setembro de 2024 foram 184,6 milhões de passageiros transportados, uma média de 6,1 milhões por dia.

Sobre a frota, também houve diminuição de 2019 para cá. Como daquele ano há apenas dados de setembro a dezembro, e os números mais recentes de 2024 são do mês passado, a comparação será feita entre os meses de setembro. Em 2019, a frota contratada para setembro era de 14.072; em 2020, o número caiu para 14.019; em 2021, caiu novamente para 13.842; em 2022, voltou a cair para 13.369. Em setembro de 2023, a cidade teve dois ônibus contratados a mais do que no mesmo mês do ano anterior, chegando a 13.371; e em setembro deste ano, o número voltou a cair para 13.287.

Cracolândia

Número de usuários

O que Nunes disse: que em 2015, na gestão do PT, havia 4 mil usuários na Cracolândia, e que hoje há 900. A afirmação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em janeiro de 2015, a Prefeitura de São Paulo informou que o fluxo era de 300 pessoas por dia. Uma reportagem do Estadão esteve no local naquele período e registrou aproximadamente 700 pessoas, número bem abaixo das 4 mil citadas por Nunes. Em 2016, um levantamento do governo de São Paulo mostrou que a Cracolândia tinha uma população de 709 usuários. No ano seguinte, quando o PT deixou o governo, houve crescimento de 160% no número de usuários, que saltou para 1.861. Esse aumento foi omitido por Nunes.

Conforme noticiado pelo G1, foi registrado crescimento do fluxo na primeira quinzena de março de 2024, na comparação do mesmo período do ano passado. Os dados da Prefeitura de São Paulo indicam que a média de usuários de drogas que frequentaram a área passou de 442 para 519 (+17,4%) pela manhã e de 503 para 726 (+44,3%) à tarde.

Outro lado: A assessoria declarou que o número de 4 mil usuários foi apurado no início de 2017, no contexto da criação do Programa Redenção. A campanha de Nunes citou uma reportagem da Folha de S. Paulo, que não informa os números de 2015.

Pessoas trans

Bolsonatistas e trans

O que Nunes disse: que não existe nenhum bolsonarista contra pessoas transexuais. A fala ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2023, o Estadão mostrou que pautas e discursos contrários à transição de gênero ganharam força em Casas Legislativas. As propostas, lideradas por parlamentares conservadores e bolsonaristas, preveem dificultar o acesso a menores de 16 ou 18 anos a terapias para acompanhamento da transição de gênero. Também houve mobilização para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar serviços de saúde existentes para essa população.

Outro lado: A assessoria disse que as afirmações do candidato e da reportagem sobre a pauta são generalistas: “certamente, haverá contras ou a favor da transição de gênero entre pessoas e lideranças políticas conservadoras ou progressistas”.

Transcidadania

O que Nunes disse: que o programa Transcidadania, criado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), era de R$ 500 e destinado a 100 pessoas. Segundo o prefeito, o alcance do programa foi ampliado para mais de 600 beneficiários, que ganham mais de R$ 1,2 mil. A alegação foi feita em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. O primeiro ano do Transcidadania, em 2015, contava com 100 vagas e pagava auxílio de R$ 827,40, segundo a Prefeitura de São Paulo. O valor subiu para R$ 983,34 em 2016. Neste ano, a bolsa é de R$ 1.482,60 e são 960 vagas. O benefício existia como Programa Operação Trabalho (POT) LGBT desde 2008.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato confundiu o valor inicial do benefício, “devido aos grandes avanços de valores, de atuação e abrangência deste programa na sua gestão”.

Abertura de empresas

Empresas que mudaram para SP

O que Nunes disse: que, só no período em que ele é prefeito (desde maio de 2021), 57 mil empresas que tinham sede em outras localidades se mudaram para São Paulo. Essa alegação foi feita duas vezes, a primeira durante sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, e a segunda em debate da Globo de 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Prefeitura de São Paulo divulgou em abril deste ano que 51.291 empresas tinham mudado sua sede para a cidade entre 2021 e o primeiro trimestre de 2024. Depois do debate, a Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica afirmando que 56.891 empresas migraram para a cidade. O Verifica perguntou à Prefeitura se esses dados são públicos e quando foram divulgados, ou se apenas o prefeito teve acesso a eles. Não tivemos resposta.

Outro lado: A assessoria afirmou que o candidato se refere aos dados fechados (57 mil) até o final do primeiro semestre deste ano.

Novas empresas

O que Nunes disse: que 458 mil novas empresas foram abertas em São Paulo durante sua gestão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica no começo de outubro afirmando que 458.148 novas empresas foram abertas na Capital. Mas os números do Mapa das Empresas, disponibilizados pelo governo federal a partir da base de dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), apontam que, de maio de 2021 até junho de 2024, 442.003 novas empresas abriram em São Paulo. Os números de junho são os mais recentes e não contabilizam microempreendedores individuais (MEI). Esse volume – de 442.003 – não considera as empresas que fecharam no período. De maio de 2021 a junho de 2024, 190.572 empresas fecharam, ou seja, o saldo é de 251.431.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “o prefeito nunca falou em saldo de empresas, mas o número de negócios abertos”.

Coronel Mello Araújo

Ações contra coronel

O que Nunes disse: que o coronel Mello Araújo, candidato a vice-prefeito, nunca teve nenhuma ação contrária a ele em 30 anos de serviço na Polícia Militar.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em julho, o Estadão noticiou que a Polícia Militar de São Paulo impôs sigilo de 100 anos sobre os processos administrativos disciplinares abertos contra o coronel. Conforme a PM, as ocorrências que tiveram participação de Mello Araújo “foram devidamente investigadas, sendo os respectivos inquéritos posteriormente arquivados” e não resultaram na abertura de processos judiciais.

Outro lado: A assessoria alegou que “não houve nenhuma ação contrária ou advertência ou condenação contra o coronel Mello nos 30 anos de serviços prestados às forças de segurança do Estado de São Paulo”.

Desemprego

Menor índice

O que Nunes disse: que São Paulo está com o menor índice de desemprego desde 2015 e que está batendo recorde de emprego e renda. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Segundo a prefeitura, uma análise dos dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostrou que, no primeiro trimestre de 2024, a cidade de São Paulo registrou 6,9% de desemprego, a menor taxa desde 2015. A prefeitura também calculou, com base em dados do Caged, que a renda média do trabalhador paulistano é 71% maior do que a média do restante do Brasil. Mas a fala do candidato pode dar a entender que os números estão melhorando de forma constante, o que não é verdade. Segundo dados do próprio Caged, a Capital tem registrado oscilações no saldo de empregos desde janeiro de 2021. Em julho, por exemplo, o saldo foi menor do que em junho de 2024.

Outro lado: De acordo com a assessoria, a fala do candidato não dá a entender que os números melhoraram de maneira constante desde 2015. A campanha declarou que a afirmação “batendo recorde de emprego” não é baseada no Caged, mas no número de pessoas ocupadas de acordo com a Pnad Contínua: 6,8 milhões no segundo trimestre de 2024.

Pesquisas

Liderança e rejeição

O que Nunes disse: que vinha conseguindo manter a liderança nas pesquisas e a rejeição baixa. Ele acrescentou que Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB) tinham rejeição altíssima. A afirmação foi feita em sabatina do Estadão, em 13 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. Nunes aparecia numericamente à frente na pesquisa Quaest divulgada naquela semana, em 11 de setembro. No entanto, considerando a margem de erro, o atual prefeito estava em empate técnico com Boulos e Marçal. A pesquisa Datafolha divulgada no dia 5, a última antes da entrevista, também indicava empate técnico entre os três primeiros candidatos, com Nunes em segundo lugar. Quanto à rejeição, é verdade que Boulos, Marçal e Datena eram mais rejeitados do que Nunes.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que “o uso da expressão ‘manter-se à frente das pesquisas’ quer dizer estar sempre à frente e não que está liderando, fora da margem de erro”.

Postura ponderada

O que Nunes disse: que houve um alto índice de rejeição para os candidatos que foram muito agressivos. Mas ele, que tem uma postura ponderada, teve a menor rejeição. A alegação foi feita em entrevista à rádio BandNews FM, em 7 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes não teve a menor rejeição em pesquisas no primeiro turno. A pesquisa Datafolha divulgada em 5 de outubro, véspera do 1º turno, mostrou que Pablo Marçal (PRTB) tinha a maior rejeição (53%), seguido de José Luiz Datena (PSDB, 39%), Guilherme Boulos (PSOL, 38%), Nunes (25%), Tabata Amaral (PSB, 15%) e Marina Helena (Novo, 12%).

Outro levantamento recente sobre rejeição, divulgado em 4 de outubro pelo Paraná Pesquisas, também indicou Marçal com a maior rejeição (43,2%), seguido por Boulos (34,9%), Datena (21,8%), Tabata (9,5%), Nunes (9,2%) e Marina Helena (7,5%).

O primeiro levantamento para o segundo turno, divulgado no dia 10 de outubro, logo após a fala de Nunes, pelo Paraná Pesquisas, apontou que ele tinha menor rejeição na comparação com Boulos. Os índices são de 33,1% para o atual prefeito e 48,1% para o psolista.

Ricardo Nunes (MDB) durante debate Record/Estadão. Foto: Werther Santana/Estadão Foto: Werther Santana/Estadao

Outro lado: à época, a assessoria afirmou que “o primeiro turno já acabou, não há motivo para discutirmos rejeição divulgada nas vésperas da eleição”, acrescentando que se compara rejeição entre candidatos com grau de conhecimento similar pela população.

Educação

Ideb

O que Nunes disse: que a média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) das capitais foi de 5,6, enquanto São Paulo teve 5,8. Que houve piora nos anos iniciais, de 4,8 para 4,6. Que, na cidade administrada pelo PSOL, a média foi de 5. A afirmação aconteceu na sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Nos anos iniciais do ensino fundamental da rede municipal de São Paulo, a nota caiu de 6 para 5,6 no Ideb entre 2019 e 2023. Em relação aos anos finais, a nota foi de 4,8 em 2019 e 2023.

Em 2023, a média de todas as capitais brasileiras do 1º ao 5º ano foi de 5,6. Do 6º ao 9º ano, o resultado médio foi de 4,7 (veja as notas aqui). A administração do PSOL, citada por Nunes, é a do prefeito Edmilson Rodrigues, em Belém. O Ideb da capital paraense foi de 5 nos anos iniciais e de 4,7 nos finais.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato falava das redes municipais em geral e citava que a nota da rede municipal de São Paulo nos anos finais do Ensino Fundamental (4,8) é melhor que a média das redes municipais do Brasil (4,6). Nos anos iniciais do Ensino Fundamental a nota da rede municipal de SP (5,6) ficou 0,2 abaixo da média das redes municipais do Brasil (5,8).

Meio Ambiente

Árvores plantadas

O que Nunes disse: que São Paulo tem 600 mil árvores plantadas, e que, somente no ano passado, foram plantadas 80 mil. A afirmação foi feita durante sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De fato, a cidade de São Paulo tem mais de 600 mil árvores. No entanto, de acordo com a Planilha de Plantio de 2023, disponibilizada pela Divisão de Arborização Urbana (DAU), o plantio de árvores realizado no ano passado foi de 61.680.

Outro lado: Segundo o candidato, “em 2023, foram 85.250 plantios de incremento, compensação e reparação” e, em 2024, foram 37.530 até julho. A assessoria informou um link onde encontrar os dados citados, mas eles são os mesmos indicados pela reportagem.

Ônibus elétrico

O que Nunes disse: que um ônibus a diesel custa R$ 700 mil, e um ônibus elétrico custa R$ 2,4 milhão. O custo mensal do coletivo a diesel é de R$ 25 mil por mês, enquanto o do elétrico será R$ 5 mil – o que geraria uma economia mensal de R$ 20 mil. A fala também ocorreu em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. De acordo com reportagem do Estadão, um ônibus elétrico custa na faixa de R$ 2,5 milhões a R$ 3 milhões. O próprio prefeito já mencionou o valor de R$ 2,5 milhões para o ônibus elétrico anteriormente, durante uma conferência de ação climática em Buenos Aires, na Argentina, em 2022. A versão a diesel, de fato, custa entre R$ 700 mil a R$ 900 mil.

Habitação

Casas em risco

O que Nunes disse: que hoje há 14 mil casas em área de risco em São Paulo. A alegação foi feita em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é subestimado. Um levantamento da Agência Pública, publicado em janeiro deste ano, apontou que o município de São Paulo tem 185.634 moradias em áreas com risco de deslizamento de terra ou solapamentos. Uma reportagem do g1, com dados de monitoramento da Defesa Civil Municipal, indica que a capital teve um crescimento de 7,2% no número de moradias em áreas de risco entre maio de 2023 e o início de junho de 2024, com 14.840 novas unidades habitacionais nessa situação. Ao todo, são 219.700 moradias em risco.

Outro lado: Em nota, Nunes informou que as 14 mil casas em áreas de risco são aquelas em áreas R4, consideradas de altíssimo risco pela Defesa Civil.

Programa habitacional

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que a prefeitura está fazendo o maior programa habitacional do Brasil no Grajaú: 2.711 casas.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é falso. Na cidade de Campina Grande, na Paraíba, o Complexo Residencial Aluízio Campos conta com 4,1 mil casas e apartamentos. O empreendimento faz parte do programa Minha Casa Minha Vida.

Outro lado: segundo a prefeitura, o programa habitacional do Grajaú é municipal, enquanto o de Campina Grande é do Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Programa Pode Entrar

O que Nunes disse: que fez o programa Pode Entrar. A fala ocorreu em debate da Globo, em 3 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Em 2021, Nunes enviou à Câmara Municipal de São Paulo o projeto de lei 390/2021, que disciplina o programa Pode Entrar e se tornou lei em setembro daquele ano. Contudo, na justificativa do projeto, Nunes informa que o programa foi instituído em 2019 por meio de uma resolução do Conselho Municipal de Habitação. Naquele ano, foi publicado o Decreto Nº 59.145/2019, que instituía o programa e era assinado pelo então prefeito, Bruno Covas.

Outro lado: a campanha afirmou que Nunes tirou o Programa Pode Entrar do papel, lançou os editais, assinou os contratos e iniciou as obras.

Campo de Marte

Acordo da dívida

O que Nunes disse: que, quando Jair Bolsonaro (PL) era presidente, o prefeito conseguiu fechar o acordo referente à área do Acordo Campo de Marte, em troca de zerar a dívida que a cidade tinha com a União, de R$ 25 bilhões. Ele repetiu essa alegação em duas ocasiões, na sabatina do Estadão, em 12 de setembro, e em debate da Globo, em 25 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A dívida da prefeitura de São Paulo com a União realmente era R$ 23,9 bilhões quando Nunes e Bolsonaro assinaram um acordo envolvendo o aeroporto Campo de Marte. Havia uma disputa judicial sobre a área desde 1958, quando a prefeitura ajuizou uma ação para retomar a área e obter uma indenização. Mas a Prefeitura acabou “perdendo” R$ 24 bilhões, já que a dívida da União por usar a área sem pagar nada ao município chegava a R$ 49 bilhões, como mostrou o Estadão.

Outro lado: Nunes tinha feito essa alegação em sabatina do Estadão em setembro. Na época, a equipe do candidato disse que ele pôs fim a um litígio entre Prefeitura e União e permitiu um salto nos investimentos na cidade.

Contratações de servidores

Fiscais de posturas

O que Nunes disse: que contratou 230 fiscais de posturas, funcionário público que fiscaliza o cumprimento de normas municipais. Ele disse isso em sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em maio de 2023, a Prefeitura de São Paulo publicou o edital do concurso para o cargo de fiscal de posturas municipais, com 175 vagas. De acordo com o site Brasil de Fato, a vez anterior que o concurso foi aberto para o cargo foi em 2002, durante a gestão de Marta Suplicy (PT).

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o concurso foi para 175 vagas, mas foi autorizado o provimento de 251. A nota também diz que, até agora, 232 fiscais de postura ingressaram.

Funcionários da saúde

O que Nunes disse: na mesma sabatina, que há 118 mil funcionários só na área da Saúde, e que havia 81 mil em dezembro de 2016, quando terminou a gestão do PT.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Nunes refere-se a todos os servidores ativos na área da Saúde na Capital, não apenas àqueles vinculados à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que são 21.107. Na conta do prefeito, entram servidores da SMS, profissionais com vínculos estadual e federal e contratações feitas por entidades parceiras, que detêm a maior parte do quadro. A prefeitura informou que a rede de São Paulo tem hoje 121.536 profissionais. Conforme o Relatório Anual de Gestão de 2016 da Secretaria Municipal de Saúde, no final do mandato do Partido dos Trabalhadores eram 80.839 profissionais ativos na Saúde.

Outro lado: Em nota, o candidato disse que o número ao qual se refere é o total de profissionais trabalhando e vinculados à Secretaria Municipal de Saúde, diretos e indiretos.

Investimentos

Aumento de verba

O que Nunes disse: que neste ano haverá R$ 18 bilhões para investimentos; no ano passado, foram R$ 14 bilhões; no retrasado, R$ 8,5 bilhões. A alegação foi feita na sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo informou ao Estadão Verifica que a previsão total de investimentos para 2024 é de R$ 15,4 bilhões, valor recorde na história da cidade de São Paulo. Antes disso, em 2023, foram investidos R$ 12,7 bilhões; em 2022 foram R$ 5,3 bilhões; e em 2021 foram R$ 3,3 bilhões.

Outro lado: segundo o candidato, o orçamento é revisado de acordo com as receitas e despesas no decorrer do período e, para este ano, o investimento previsto é de R$ 18 bilhões.

Aborto legal

Dificuldade de acesso ao aborto

O que Nunes disse: que na gestão dele não houve e não haverá nenhum tipo de dificuldade no acesso ao aborto legal. Ele afirmou isso durante a sabatina do Estadão, em 12 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em dezembro de 2023, a Prefeitura de São Paulo suspendeu a realização de abortos legais no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, unidade de referência para o serviço e que fazia o procedimento há cerca de 30 anos. Na entrevista ao Estadão, Nunes justificou que transferiu o serviço para outras unidades porque precisava fazer cirurgias de endometriose.

Em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) obrigou que a Prefeitura voltasse a oferecer o serviço no hospital Vila Nova Cachoeirinha, sob multa diária de R$ 50 mil em caso de descumprimento, e determinou a busca ativa das mulheres que tinham tido o serviço negado. Na decisão, o TJ-SP alegou que o Hospital Vila Nova Cachoeirinha era o único que não impunha limite à idade gestacional. Nunes conseguiu reverter a decisão.

Uma reportagem da Agência Pública de maio deste ano mostra que a prefeitura é investigada por acessar dados sigilosos de abortos legais feitos do Hospital Vila Nova Cachoeirinha. O G1 mostrou que médicas que realizaram procedimentos foram suspensas.

Outro lado: Em nota, Nunes disse que São Paulo “cumpre estritamente a lei do aborto legal” e que quatro hospitais realizam o procedimento e amparam mulheres e meninas. “O fechamento deste tipo de atendimento no Hospital Vila Nova Cachoeirinha foi uma decisão técnica para que aquela unidade pudesse se dedicar ao atendimento e tratamento de mulheres com endometriose”, disse.

Tamanho de São Paulo

População de Portugal

O que Nunes disse: que São Paulo é dez vezes maior que Paris e tem população maior que a de Portugal. A afirmação ocorreu em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. São Paulo tem 1.521,110 km² enquanto Paris tem 105,40 km², ou seja, a cidade brasileira é 14 vezes maior que a francesa. A população de São Paulo é estimada em 11.895.578 pessoas pelo IBGE, enquanto a portuguesa foi estimada em 10.639.726 pessoas em 31 de dezembro de 2023 pelo órgão de estatísticas local.

Outro lado: A assessoria informou que o candidato não quis ser obrigatoriamente exato na sua comparação, mas “ressaltar as diferenças entre o colossal tamanho de São Paulo comparado a Paris”.

Frota da cidade

O que Nunes disse: que aumentou muito o número de motos, de 1 milhão para 1,3 milhão. Hoje são 7 milhões de veículos na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão, segundo dados de julho do Ministério dos Transportes. Quando Nunes assumiu a Prefeitura, em maio de 2021, havia 1 milhão. Porém, a frota total de veículos na cidade é 9,6 milhões, sendo 6,3 milhões de carros.

Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato deve ter estimado aproximadamente 6 milhões de carros e mais 1 milhão de motos.

O que Nunes disse: em debate na Globo em 3 de outubro, disse que há 1,3 milhão de motos e 7 milhões de carros na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é impreciso. A frota de carros em São Paulo é de 6,3 milhões. De fato, a frota de motos em São Paulo é de 1,3 milhão. Os dados são de julho deste ano, do Ministério dos Transportes.

Manifestação do 7 de setembro

O que Nunes disse: em sabatina à rádio Eldorado em 2 de setembro, disse que a manifestação marcada para o dia 7 de setembro seria em defesa da liberdade e do Estado Democrático de Direito.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A manifestação marcada para o dia 7 de setembro foi convocada pelo pastor Silas Malafaia em favor do impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O senador Magno Malta (PL-ES) divulgou o ato como uma mobilização para “denunciar a ditadura do Judiciário no Brasil”. A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi confirmada no evento, que deve ocorrer na Avenida Paulista.

Outro lado: A assessoria afirma que o candidato mantém o que afirmou na própria entrevista: “defende e defenderá a liberdade e o Estado Democrático de Direito”.

Obras

O que Nunes disse: em debate da Globo no dia 25 de outubro, afirmou que vai entregar 8 mil obras até o fim do mandato. Antes disso, em debate da RedeTV/UOL, no dia 17 de setembro, disse que vai entregar 8.400 obras. Em sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, Nunes citou número diferente, declarando que entregaria 7 mil obras.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Os números citados por Nunes incluem pelo menos 2,5 mil itens relativos a manutenções e reparos em equipamentos e locais públicos já existentes. Fazem parte da lista, por exemplo, pinturas em escadas, restaurações de vielas e instalação de corrimãos ou lixeiras. De acordo com um levantamento feito pelo Verifica com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), as obras listadas pela Prefeitura assim se dividem:

  • Sem descrição: 32,2%
  • Requalificações, revitalizações, adequações e outras melhorias: 27,2%
  • Manutenções: 19,7%
  • Obras novas e grandes intervenções: 11,5%
  • Reformas: 7,7%
  • Projetos e contratos: 1,4%
  • Outros: 0,4%

Outro lado: Em resposta ao levantamento do Verifica, a Prefeitura alegou que os números citados pelo prefeito e candidato à reeleição estão corretos e correspondem aos critérios adotados pela gestão. Em entrevista ao Verifica, o secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias da Capital, Fernando Chucre, disse que o número atual passa de 9 mil obras. Chucre justificou que os dados ainda não são públicos porque estão sendo revisados.

Disparo de arma de fogo

O que Nunes disse: em resposta à menção de Boulos sobre Nunes ter disparado tiros em uma boate em Embu das Artes, disse que o caso ocorreu há 20 anos e que não houve inquérito nem indiciamento.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em 1996, Nunes foi levado para delegacia de Embu por portar arma e atirar em via pública. Ele respondeu a processo por contravenção penal (delito de menor potencial ofensivo). De acordo com dados acessados pelo Estadão, Nunes foi denunciado em junho do ano seguinte ao fato. Naquele mesmo mês de junho de 1997, ele se tornou réu com base nos artigos 19 e 28 da Lei de Contravenções Penais. Em 1998, porém, o caso foi arquivado depois de Nunes cumprir transação penal, que é um acordo para que a ação seja trancada e uma eventual condenação não ocorra. O acordo foi a compra de canecas plásticas endereçadas ao serviço social de Itapecerica da Serra avaliadas em R$ 590 (valor atualizado).

Outro lado: a equipe do candidato disse que “contravenção penal não gera indiciamento em nenhuma hipótese por se tratar crime de menor potencial lesivo” e acrescentou que “o prefeito jamais foi processado por esse e ou qualquer fato”.

UPAs

O que Nunes disse: que abriu 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Como prefeito, Nunes foi responsável pela inauguração de 16 Unidades de Pronto Atendimento. Outras duas foram entregues em 2021, quando o candidato era vice-prefeito. Ele já repetiu essa alegação em outros debates, como o da TV Globo em 3 de outubro e o da Estadão/Record em 19 de outubro.

Outro lado: a equipe do candidato reafirmou que “o prefeito entregou 19 UPAs funcionando.”

Segurança

O que Nunes disse: que Boulos defende a desmilitarização, que é o fim da Polícia Militar. Isso foi dito no debate da Globo, em 25 de outubro, e no do Estadão em parceria com a TV Record, em 19 de outubro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Uma postagem publicada por Boulos no Facebook em 2018 mostra que o político defendeu a desmilitarização das polícias para acabar com o “genocício da juventude pobre e negra no Brasil”. Conforme matéria publicada pelo Estadão, na época em que defendeu a desmilitarização, Boulos esclareceu que a polícia continuaria armada e operante, mesmo sem o caráter militar. O objetivo de Boulos seria retirar a doutrina e estrutura militar da corporação, mantendo suas funções de segurança pública. Nunes repetiu a alegação no debate Estadão/Record do sábado passado.

Ricardo Nunes em debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo. Foto Reprodução/TV Globo Foto: Reprodução TV GLobo

Outro lado: a equipe do candidato disse que Boulos “defende acabar com o modelo militar da polícia nos moldes que é hoje, portanto defende a desmilitarização da polícia”.

Operação Delegada

O que Nunes disse: que havia 400 policiais militares na Operação Delegada, e agora são 2,4 mil.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. A Operação Delegada é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual, em que policiais podem atuar voluntariamente para reforçar a segurança da capital durante suas folgas, recebendo uma gratificação por isso. O convênio existe desde 2009. Em 2013, durante a gestão de Fernando Haddad (PT), existiam 1,3 mil vagas para a Operação Delegada Noturna e 2.074 para a Operação Delegada Ambulante, mas cerca de 1,5 mil vagas (Noturna e Ambulante) estavam ociosas.

Em dezembro do ano passado, o Executivo conseguiu aprovar na Câmara um Projeto de Lei para aumentar o valor da gratificação e incluir bombeiros entre os profissionais que podem participar da iniciativa. A Prefeitura publicou, na época, que 2.400 policiais militares se inscreveram para as atividades.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Haddad ofereceu 1,3 mil vagas, mas não necessariamente elas foram preenchidas e efetivamente havia este número de policiais nas ruas todos os dias. Na gestão Nunes, elas foram preenchidas porque houve aumento nos valores pagos, além de outros benefícios”.

PSOL contra Operação Delegada

O que Nunes disse: que o PSOL votou contra a Lei 18.038 (Operação Delegada).

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. O PL 511/2023, que foi transformado na Lei 18038/2023, que institui gratificação aos integrantes da Polícia Militar e da Polícia Civil que exercem atividade municipal delegada ao Estado de São Paulo, tramitou na Câmara de São Paulo. Ao ser avaliado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o integrante do PSOL na comissão, vereador Toninho Vespoli, se absteve na votação, mas não foi contra. O mesmo ocorreu em relação do posicionamento da bancada do PSOL.

Outro lado: procurada, a campanha disse que “abster-se em temas dessa importância para o cidadão tem o mesmo efeito de ser contra”.

Entrega de fraldas

O que Nunes disse: que a Prefeitura entrega à população 6 milhões de fraldas por mês.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De acordo com reportagem publicada em maio do ano passado pelo G1, o número de fraldas compradas pela Prefeitura diminuiu desde 2019. Em 2022, a Prefeitura comprou cerca de 29 milhões de fraldas, o que equivale a 2,4 milhões de unidades por mês. Também no ano passado, mas em agosto, a Comissão do Idoso da Câmara de Vereadores verificou falta de medicamentos e fraldas geriátricas. Na época, a diretora de Suprimentos da Secretaria da Saúde, Izis Mirvana Damico, disse que houve dificuldade com empresas para fornecer as fraldas, mas ressalvou que o serviço estava se normalizando, com a distribuição de 6 milhões de fraldas por mês. Nunes repetiu essa alegação no debate Estadão/Record no sábado passado.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “se houve redução ou não, como alega reportagem do G1, o dado oficial é dado pelo prefeito e a administração entrega 6 milhões de fraldas por mês”.

CEUs

CEUs de Bruno Covas

O que Nunes disse: que hoje existem 58 CEUs – 12 foram entregues por Bruno Covas. Portanto, 46 são CEUs de outras gestões, e todos foram reformados.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Entre 2018, quando assumiu a prefeitura no lugar de João Doria (PSDB), e 2020, Bruno Covas apenas concluiu as obras de 12 unidades que tinham sido iniciadas ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Os 12 CEUs, portanto, não são obras apenas de sua gestão. Já para o segundo mandato, entre 2021 e 2024, o Programa de Metas previa a inauguração de 12 novos CEUs. Nunes assumiu a Prefeitura em maio de 2021, após a morte de Covas, e nenhuma unidade foi entregue de lá para cá, apesar de as obras terem iniciado em cinco delas.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, São Paulo tem atualmente 58 CEUs em funcionamento, sendo que a primeira unidade foi entregue em 2003, em Guaianases. O atual Programa de Metas da Prefeitura previu a reforma ou adequação de 46 CEUs até 2024. No ano passado, a meta foi batida.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Bruno Covas entregou 12 CEUs. Equipamento em obra, como fez Haddad, não atende a população. Serviço ou equipamento público bom é aquele que está aberto à população”.

CEUs de Haddad

O que Nunes disse: que todos os CEUs que prometeu estarão com alunos em sala de aula em 2025, e que o ex-prefeito Fernando Haddad prometeu 20 CEUs, mas entregou apenas um.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De fato, Haddad prometeu 20 Centros Educacionais Unificados e entregou apenas um. No entanto, ao final do mandato do petista, outros 14 CEUs estavam em obras. Já sobre Nunes, o Plano de Metas da Prefeitura fala em entregar 12 novos CEUs até o final deste mandato. Até agora, contudo, nenhum deles foi entregue. Apesar de o Programa de Metas da Prefeitura apontar cinco CEUs entre “entregues ou em obras”, nenhum foi inaugurado. O Tribunal de Contas do Município liberou a licitação para obras em julho do ano passado, apenas após a Prefeitura se comprometer a reformular o edital.

Outro lado: a campanha do prefeito falou que ele “nunca prometeu entregar, mas sim viabilizar” 12 CEUs. O prefeito considera unidades em obras, licitadas ou em fase de projeto.

CEUs de Nunes

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM em 7 de outubro, disse que a Prefeitura de São Paulo está construindo 12 Centros Educacionais Unificados (CEUs) e que ele vai construir mais 10, chegando a 80 CEUs.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A meta da prefeitura era implantar 12 novos CEUs até o final deste mandato, mas, segundo o site do Programa de Metas, mantido pela própria Prefeitura, a atual gestão é responsável por cinco CEUs, entre os que já foram entregues e os que ainda estão em obras. Eles ficam em Capela do Socorro, Cidade Ademar, Ermelino Matarazzo, Itaquera e Sapopemba.

Outro lado: a assessoria afirma que o Programa de Metas fala em viabilizar 12 novos CEUs e que isto está sendo feito em diferentes estágios.

Violência doméstica

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, disse que a esposa dele registrou um boletim de ocorrência contra ele há 14 anos; no BO, não consta agressão física, apenas uma discussão por mensagem e telefone.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Como mostrou reportagem do Estadão, em 18 de fevereiro de 2011, a empresária Regina Carnovale Nunes foi à 6 ª Delegacia da Mulher, em Santo Amaro, zona sul da capital paulista, e registrou um boletim de ocorrência contra Nunes por violência doméstica, ameaça e injúria. Entre as importunações, a empresária afirmou que o companheiro efetuava “ligações proferindo ameaças”, além de enviar “mensagens ameaçadoras todos os dias”, o que a deixava “com medo”. Apesar da queixa de Regina ter sido registrada como violência doméstica, não há no B.O. dela menção de agressão física por Nunes. Não houve abertura de inquérito policial porque Regina não abriu uma representação contra o marido.

Vacinas

Cobertura do PNI

O que Nunes disse: no debate Folha/UOL no dia 30 de setembro, disse que a Prefeitura está conseguindo chegar perto de 95% de cobertura em todos os níveis do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como com as vacinas contra poliomielite e meningite.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Segundo dados do mês de abril divulgados no site de metas da Prefeitura, a cobertura vacinal era de 88,07% contra a poliomielite; 84,09% na vacina pneumocócica 10v; 87,77% na pentavalente; e 96,16% na tríplice viral, única que ultrapassou a meta de 95%. A vacina contra meningite não aparece no site de metas.

Dados atualizados em 2 de outubro de 2024 pelo Ministério da Saúde mostram uma cobertura menor. Atualmente, São Paulo tem a seguinte cobertura: 81,4% na vacina injetável contra a poliomielite e 84,81% no reforço oral bivalente; 76,65% na vacina pneumocócica 10v e 122,64% no 1º reforço; 80,98% na pentavalente; 89,95% na 1ª dose da tríplice viral e 83,92% na 2ª dose; e 80,36% na meningocócica C e 86,65% no 1º reforço.

Outro lado: a equipe do candidato afirmou que “a cidade de São Paulo está, sim, perto do índice de 95% de vacinação, segundo os dados do Boletim de Coberturas Vacinais”. O documento citado foi publicado em 6 de junho e é alimentado com doses aplicadas até 29 de fevereiro. Nele, a Prefeitura afirma que a cobertura para a vacina contra a poliomielite é de 94,43%; para a pneumocócica é de 89,07%; para a pentavalente é de 93,85%; e para a meningocócica C é de 90,90%. Não há informações sobre tríplice viral. A equipe do candidato afirma que a diferença para os dados federais ocorre porque o portal do Ministério da Saúde não comporta o volume de informações enviado pela cidade.

Vacina da dengue

O que Nunes disse: que São Paulo não teve vacina da dengue durante a pandemia da doença porque o governo federal não mandou.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. São Paulo não esteve entre as primeiras cidades a receber doses de vacinas contra a dengue enviadas pelo governo federal, mas as doses chegaram. Em 29 de março deste ano, a própria Prefeitura informou que a capital receberia os imunizantes e começaria a vacinação pelas escolas. A imunização começou em 3 de abril. Em 11 de julho, a cidade recebeu mais 124 mil doses da vacina, exclusivas para o reforço. Além disso, não foi decretada uma pandemia de dengue, como disse o candidato, e sim uma epidemia.

Outro lado: a campanha de Nunes disse que o Ministério da Saúde enviou quantidade “insuficiente” de vacinas contra a dengue para a cidade de São Paulo. “Para um público-alvo de 800 mil crianças, foram mandadas 301.985 doses no total, menos da metade do necessário”, alega a campanha em nota.

Serviços funerários

O que Nunes disse: que a tabela de preços do serviço funerário é a mesma de 2019 e que foram mantidos os valores dos seis itens que entram em pacotes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ainda em 2023, quando a concessão dos cemitérios de São Paulo foi repassada à iniciativa privada, o jornal Folha de S.Paulo noticiou aumento de 400% no velório mais simples disponível para quem não tem direito a benefícios sociais. Antes, informou o veículo, esse pacote poderia ser contratado por R$ 299,85 e depois passou a custar R$ 1.443,74.

Em junho deste ano, a SPRegula, agência reguladora dos serviços públicos do município, reajustou em 3,49% os valores das fontes das receitas tarifárias das concessionárias, com base no Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). A tabela com os novos valores dos serviços funerários pode ser consultada aqui. A relação anterior de preços está disponível aqui. Houve aumento, inclusive, do funeral social, o mais barato da tabela, que passou de R$ 566,04 para R$ 585,79. O decreto que regulamenta a concessão não prevê congelamento de preços. A Prefeitura de São Paulo manteve as gratuidades previstas em lei.

Outro lado: a campanha disse que “os preços dos serviços funerários seguem regras previstas nos contratos e não são reajustados conforme o desejo das empresas concessionárias”.

Liberação de drogas

O que Nunes disse: que Boulos sempre defendeu a liberação das drogas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Há declarações antigas de Boulos em defesa da descriminalização das drogas e da legalização da maconha. Quando foi candidato à presidência em 2018, ele afirmou que “é preciso descriminalizar as drogas no Brasil e legalizar a maconha”, durante entrevista à TV 247. Porém, em declarações mais recentes, Boulos defendeu que o seu posicionamento é de que a descriminalização da maconha seja feita com a “separação entre traficante e usuário”, em sabatina no Roda Viva no dia 26 de agosto. No início da pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, o deputado disse à rádio evangélica Musical FM que é contra a legalização das drogas.

População de rua

O que Nunes disse: que havia 14 mil vagas de acolhimento à população de rua e hoje são 29,4 mil vagas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. O site da Prefeitura de São Paulo noticiou em abril de 2021, um mês antes de Nunes assumir o município, que a cidade tinha 23 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua. Porém, em nota enviada ao Verifica em 16 de outubro, a administração municipal informou um número diferente: 15.488 vagas na rede socioassistencial naquele ano. A Prefeitura afirmou ter “cerca de 29 mil vagas de acolhimento” em 2024.

Depredação da Fiesp

O que Nunes disse: que, em janeiro de 2017, a Polícia Civil do Estado de São Paulo informou que “dois integrantes do MTST, Guilherme Boulos e José Ferreira Lima, foram detidos e encaminhados ao 49º DP. A dupla foi detida, acusada de participar de ataques contra a Polícia Militar”. Em seguida, Nunes questionou se Boulos se arrepende de ter depredado a Fiesp.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes mistura duas ocasiões diferentes – a citada por ele é referente a uma reintegração de posse na Zona Leste em 2017. Boulos participou de uma manifestação na Fiesp em 2016, mas nega ter depredado o prédio e não foi detido.

Em 2017, Boulos e o trabalhador sem teto José Ferreira Lima foram detidos durante a reintegração de posse de um terreno ocupado por famílias do MTST no bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. A nota da Polícia Civil, publicada pelo G1, dizia que “a dupla foi detida acusada de participar de ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência”. O boletim de ocorrência, contudo, não dizia que Boulos portava rojões e o acusava de “doutrina”.

O Estadão publicou, no mesmo dia, que o delegado José Francisco Rodrigues Filho, do 49º DP, justificou a prisão de Boulos com a teoria do domínio de fato, mesmo afirmando que ele não era o líder da invasão. “Verifica-se que o autor (Boulos), pela sua notoriedade e ativa participação nas ações dos movimentos populares (...), possui forte influência nas pessoas que destes participam”, escreveu o delegado, na época. Especialistas ouvidos pelo Estadão em 2017 disseram que o uso da teoria para a prisão era perigoso porque só deveria ser usado em casos envolvendo organizações criminosas.

Nunes também omitiu que Guilherme Boulos foi liberado da delegacia no mesmo dia em que foi detido.

Em 2016, Boulos participou da invasão da Fiesp, mas negou que tenha depredado o prédio e disse que o objetivo era fazer um ato pacífico. Ele também não foi preso na ocasião – na época, duas mulheres foram detidas por desacato.

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após na TV Globo, para o 2º turno. Foto: Taba Benedicto/Estadão Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Smart Sampa

O que Nunes disse: que fez o programa Smart Sampa, para colocação de câmeras para combater a criminalidade, e que o PSOL propôs uma ação judicial contra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A ação não foi movida pelo partido, e sim pela vereadora Silvia da Bancada Feminista, parte de um mandato coletivo na Câmara Municipal de São Paulo. O pedido argumentou que o objetivo do programa era comprar câmeras de reconhecimento facial, que poderiam levar à discriminação, como mostrou o Metrópoles. Em maio do ano passado, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires suspendeu o programa ao ver riscos de racismo, como mostrou o Estadão. Antes, o edital já tinha sido barrado pelo Tribunal de Contas dos Municípios, mas foi autorizado após a Prefeitura retirar trechos que envolviam a identificação de cor de pele e de “vadiagem”.

Sabesp

O que Nunes disse: que, com a desestatização da Sabesp, serão investidos R$ 68 bilhões, sendo R$ 28 bilhões em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O Plano Regional de Saneamento Básico prevê investimento de R$ 69 bilhões em municípios paulistas até 2029. Para a cidade de São Paulo, o investimento previsto até lá é de R$ 19 bilhões, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, e não de R$ 28 bilhões. O investimento total previsto para a capital é de R$ 84 bilhões até 2060. A previsão é que, até lá, a Sabesp invista R$ 260 bilhões no Estado. Em agosto deste ano, a empresa antecipou R$ 2,28 bilhões que seriam repassados à capital entre 2025 e 2029.

Citações na Justiça

O que Nunes disse: que nunca houve contra ele processo, inquérito, denúncia ou condenação.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Um inquérito da Polícia Federal (PF) apura o suposto desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças na cidade de São Paulo. Em julho, a PF indiciou 117 suspeitos de participar do esquema. Nunes não está entre eles, mas foi alvo de um pedido da PF à Justiça para a abertura de um inquérito específico, para apurar a relação dele na época em que era vereador com duas empresa envolvidas no esquema.

Em setembro do ano passado, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) apontou um superfaturamento de R$ 67,1 milhões em 18 obras emergenciais contratadas pela gestão de Nunes entre 2021 e 2022.

Outro lado: a campanha disse que o pedido de inquérito contra Nunes ainda não foi aceito. “Nunca houve denúncia, condenação ou inquérito durante toda a sua vida pública. Agora, a menos de dois meses das eleições, há apenas um pedido de inquérito, depois de cinco anos de investigação e indiciamento de mais de 100 pessoas.”

Governo federal e Enel

O que Nunes disse: em debate na Band em 14 de outubro, disse que não houve por parte do governo federal nenhuma ação em relação à Enel. Ele ainda afirmou que os prefeitos não têm poder porque a concessão, regulação e fiscalização é da gestão federal.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. A responsabilidade pela gestão e a supervisão do trabalho da Enel são compartilhadas por diferentes entes federativos. A Prefeitura de São Paulo e a concessionária de distribuição de energia da Capital devem realizar as ações preventivas, como podas de árvores, para evitar apagões. A Enel tem a função de fazer a poda nos casos em que há risco de contato dos cabos energizados e galhos. A administração municipal informa que há 6.081 pedidos de poda que necessitam da intervenção da concessionária, mas a Enel contestou o número e disse ao Estadão que existem 1,8 mil solicitações.

O contrato de concessão da Enel foi firmado com o governo federal até 2028. A fiscalização dos serviços é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma autarquia ligada ao Ministério de Minas e Energia, mas não subordinada à pasta. O diretor-geral da agência federal é nomeado pelo presidente, em mandatos de quatro anos. O atual chefe é Sandoval Feitosa, indicado por Jair Bolsonaro (PL) em abril de 2022. Além disso, existe a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), uma autarquia vinculada ao governo estadual, que fiscaliza as concessionárias do Estado. As reguladoras federal e estadual podem aplicar penalizações às distribuidoras de energia, porém apenas a Aneel pode determinar uma quebra no contrato.

Na segunda-feira, 14, o governo federal deu três dias para a Enel sanar os problemas no serviço de energia elétrica na área de concessão devido ao apagão em São Paulo na sexta-feira, 14. O Ministério de Minas e Energia também anunciou a abertura de um processo disciplinar contra a concessionária.

Outro lado: a assessoria afirmou que as contestações da administração frente ao que a Enel executou estão corretas e citou reportagem do g1 que noticia que a concessionária cumpriu menos de 1% das podas de árvores que se comprometeu a fazer ao longo do ano de 2024. O veículo utiliza os dados do sistema da Prefeitura.

Orçamento da Saúde

O que Nunes disse: em debate na Band no dia 14 de outubro, disse que o orçamento para a Saúde na cidade de São Paulo era de R$ 10 bilhões, e que ele elevou o valor para R$ 21 bilhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A campanha do candidato disse que ele se referia ao ano de 2020, último da gestão de Bruno Covas, quando falou sobre os R$ 10 bilhões. Naquele ano, o orçamento do Fundo Municipal de Saúde foi de R$ 9,8 bilhões, como consta na Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovada para o ano de 2020. Para 2024, o valor é de R$ 17,8 bilhões, não de R$ 21 bilhões.

Centros olímpicos

O que Nunes disse: em entrevista à rádio BandNews FM no dia 7 de outubro, disse que São Paulo tem um Centro Olímpico e ele está fazendo dois: o da Zona Norte, na Vila Maria, e o de Itaquera, na Zona Leste.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Os dois centros olímpicos citados por Nunes não estão sendo construídos do zero, e sim a partir da reforma de centros esportivos já existentes. O primeiro citado pelo candidato fica na Vila Maria, na Zona Norte, e se trata da reforma do Centro Esportivo Thomaz Mazzoni, anunciada em fevereiro deste ano. A entrega, no formato de Centro Olímpico, está prevista para abril do ano que vem. O segundo citado fica em Itaquera, da Zona Leste, e o que a prefeitura está fazendo é reformar o Centro Esportivo José Bonifácio. As obras começaram em julho de 2022 e a previsão era que a entrega ocorresse nos primeiros meses de 2024, o que não aconteceu. De fato, São Paulo tem um centro olímpico atualmente, o Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP), que fica no Ibirapuera.

Outro lado: a assessoria do candidato afirmou que os dois Centros Olímpicos com obras em andamento são equipamentos totalmente novos, que oferecem os serviços de preparação para atletas olímpicos em suas diversas modalidades.

Redução de impostos

O que Nunes disse: em debate na Globo no dia 3 de outubro, Nunes disse que reduziu o ISS (Imposto Sobre Serviços) dos aplicativos de transporte, entrega de comida e streamings de 5% para 2%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em dezembro de 2023, a prefeitura anunciou ter reduzido a alíquota de serviços de streaming de 2,9% para 2%. A alíquota do ISS foi baixada de 5% para 2% para as outras atividades desenvolvidas por plataformas digitais, como aluguéis e transportes de passageiros.

Outro lado: a assessoria da campanha afirmou que a política de redução de impostos foi uma constante na gestão. A equipe argumentou que Nunes falou da redução para os streamings de forma genérica e utilizou os dados percentuais quando falou dos aplicativos de transporte e entrega.

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