Vacinas não causam doença hepática; vídeo que recomenda uso de coentro espalha alegações falsas


Publicação que viralizou no Facebook inventa síndrome pós-vacinação que não existe e mente sobre conservantes utilizados em imunizantes

Por Luciana Marschall

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem orienta consumir coentro para curar uma síndrome pós-vacinação que, segundo ele, afeta o fígado e deixa a pessoa sem energia, sem força e sem memória. O motivo, acrescenta, seria um excesso de conservantes nos imunizantes.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. Não existe uma síndrome pós-vacinação que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. O que existe é uma síndrome pós-covid, causada pela doença e também conhecida como covid longa, que pode apresentar sintomas como fadiga e dificuldade para pensar ou se concentrar, além de outros. O tratamento, neste caso, deve ser feito com acompanhamento médico, e não por meio do consumo de coentro. Além disso, os conservantes presentes em imunizantes não são nocivos.

Não existe uma síndrome pós vacina que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. Foto: Reprodução
continua após a publicidade

Saiba mais: Em um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook, um homem mostra um coentro e defende que a planta é “o mais poderoso ‘detoxificante’ natural que você vai encontrar na sua vida”. Ele sugere utilizá-la para combater o que chama de “síndrome pós spike”, afirmando se tratar de uma doença que afeta o fígado após a imunização, pois “a vacina tem muitos conservantes”. O autor do vídeo acrescenta, ainda, que a falsa síndrome apresenta sintomas como falta de energia, de força e de memória. Sobre as imagens, há uma legenda: “síndrome pós covid e pós vacina? Planta detoxificante” (sic).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que atualmente poucas vacinas possuem conservantes e afirma ser “pura invenção” que eles, quando presentes, sejam nocivos ao fígado. “Desconheço qualquer vacina que tenha qualquer ligação com doença hepática”, afirma, acrescentando, ainda, que os sintomas citados, como cansaço e memória fraca, não são equivalentes aos de insuficiência ou falência hepática. Além disso, a doença não foi associada a vacinas contra a covid por nenhum sistema de vigilância.

continua após a publicidade

Como explica a Organização Mundial da Saúde, as vacinas guardadas em frascos de uma única dose, que são descartados depois de administrado o conteúdo, não contêm conservantes. Nos imunizantes em que essas substâncias estão presentes, elas impedem que vacinas sejam contaminadas depois de aberto o frasco, se este for usado para vacinar mais de uma pessoa. Nestes casos, garante Mônica Levi, não há perigo. “Conservante tem em tudo, em quase qualquer coisa que você consuma, como no leite (industrializado), por exemplo. A quantidade de conservantes em uma vacina é ínfima perto de todos os conservantes que a gente consome no dia a dia, incluindo em remédios e alimentos processados”, observa.

A especialista destaca que, mesmo que houvesse base científica para a alegação, não seria apenas o consumo de coentro ou qualquer outra planta a terapia indicada para a cura do fígado.

Atualmente, sete vacinas têm uso aprovado no Brasil. A reportagem consultou as bulas de seis: Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Comirnaty bivalente (Pfizer), Oxford/Covishield (Fiocruz e AstraZeneca), CoronaVac (Butantan), Spikevax bivalente (Moderna) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag). Dessas, apenas a Janssen alerta que dentre os efeitos muito raros, ou seja, que podem podem afetar até 1 em 10.000 pessoas, pode ocorrer a presença de coágulos sanguíneos em locais incomuns, que incluem o fígado.

continua após a publicidade

A bula da Vacina Covid-19 (Zalika), aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há poucos dias, em 8 de janeiro, ainda não está disponível no bulário eletrônico do órgão. O imunizante não está incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), mantido pelo governo federal, pois para isso precisará passar por uma avaliação do Ministério da Saúde.

Efeitos adversos em vacinas

O Ministério da Saúde publicou um texto recentemente que reforça que os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias. Os mais comuns incluem dor no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e diarréia. O órgão destaca que esses efeitos são normais e significam que o sistema imunológico do corpo está respondendo à vacina e se preparando para combater o coronavírus em uma possível infecção posterior.

continua após a publicidade
Os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão) Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o último boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas contra a covid-19, publicado em julho do ano passado, apenas 0,005% do total de doses aplicadas até aquele período evoluiu para um evento adverso grave.

“Se a pessoa sentir uma moleza, uma indisposição nas primeiras 24 ou 48 horas após uma vacina, estes são efeitos inerentes dela e basta ter um pouquinho de paciência que isso é transitório, leve e passageiro. Caso se prolongue esse mal estar ou se tiver alguma coisa diferente daquilo que é o esperado e que é comum para toda vacina, aí se deve procurar assistência médica”, orienta Mônica Levi.

continua após a publicidade

Covid longa

A covid longa, também conhecida como síndrome pós-covid ou covid persistente, é uma condição na qual as pessoas continuam a apresentar sequelas após a recuperação inicial da infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Nestes casos, mesmo após a fase aguda da doença, alguns indivíduos podem apresentar cansaço e indisposição ou perda de memória durante semanas ou meses, além de outros sintomas. Contudo, se trata de um quadro clínico causado pela doença, e não pelo imunizante.

O diagnóstico da covid longa é considerado desafiador para os profissionais de saúde, pois envolve análise de múltiplos sintomas que podem estar associados a outras doenças e devido à natureza diversificada deles. O tratamento é personalizado e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diversas especialidades, e não o consumo de uma planta.

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem orienta consumir coentro para curar uma síndrome pós-vacinação que, segundo ele, afeta o fígado e deixa a pessoa sem energia, sem força e sem memória. O motivo, acrescenta, seria um excesso de conservantes nos imunizantes.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. Não existe uma síndrome pós-vacinação que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. O que existe é uma síndrome pós-covid, causada pela doença e também conhecida como covid longa, que pode apresentar sintomas como fadiga e dificuldade para pensar ou se concentrar, além de outros. O tratamento, neste caso, deve ser feito com acompanhamento médico, e não por meio do consumo de coentro. Além disso, os conservantes presentes em imunizantes não são nocivos.

Não existe uma síndrome pós vacina que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. Foto: Reprodução

Saiba mais: Em um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook, um homem mostra um coentro e defende que a planta é “o mais poderoso ‘detoxificante’ natural que você vai encontrar na sua vida”. Ele sugere utilizá-la para combater o que chama de “síndrome pós spike”, afirmando se tratar de uma doença que afeta o fígado após a imunização, pois “a vacina tem muitos conservantes”. O autor do vídeo acrescenta, ainda, que a falsa síndrome apresenta sintomas como falta de energia, de força e de memória. Sobre as imagens, há uma legenda: “síndrome pós covid e pós vacina? Planta detoxificante” (sic).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que atualmente poucas vacinas possuem conservantes e afirma ser “pura invenção” que eles, quando presentes, sejam nocivos ao fígado. “Desconheço qualquer vacina que tenha qualquer ligação com doença hepática”, afirma, acrescentando, ainda, que os sintomas citados, como cansaço e memória fraca, não são equivalentes aos de insuficiência ou falência hepática. Além disso, a doença não foi associada a vacinas contra a covid por nenhum sistema de vigilância.

Como explica a Organização Mundial da Saúde, as vacinas guardadas em frascos de uma única dose, que são descartados depois de administrado o conteúdo, não contêm conservantes. Nos imunizantes em que essas substâncias estão presentes, elas impedem que vacinas sejam contaminadas depois de aberto o frasco, se este for usado para vacinar mais de uma pessoa. Nestes casos, garante Mônica Levi, não há perigo. “Conservante tem em tudo, em quase qualquer coisa que você consuma, como no leite (industrializado), por exemplo. A quantidade de conservantes em uma vacina é ínfima perto de todos os conservantes que a gente consome no dia a dia, incluindo em remédios e alimentos processados”, observa.

A especialista destaca que, mesmo que houvesse base científica para a alegação, não seria apenas o consumo de coentro ou qualquer outra planta a terapia indicada para a cura do fígado.

Atualmente, sete vacinas têm uso aprovado no Brasil. A reportagem consultou as bulas de seis: Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Comirnaty bivalente (Pfizer), Oxford/Covishield (Fiocruz e AstraZeneca), CoronaVac (Butantan), Spikevax bivalente (Moderna) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag). Dessas, apenas a Janssen alerta que dentre os efeitos muito raros, ou seja, que podem podem afetar até 1 em 10.000 pessoas, pode ocorrer a presença de coágulos sanguíneos em locais incomuns, que incluem o fígado.

A bula da Vacina Covid-19 (Zalika), aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há poucos dias, em 8 de janeiro, ainda não está disponível no bulário eletrônico do órgão. O imunizante não está incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), mantido pelo governo federal, pois para isso precisará passar por uma avaliação do Ministério da Saúde.

Efeitos adversos em vacinas

O Ministério da Saúde publicou um texto recentemente que reforça que os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias. Os mais comuns incluem dor no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e diarréia. O órgão destaca que esses efeitos são normais e significam que o sistema imunológico do corpo está respondendo à vacina e se preparando para combater o coronavírus em uma possível infecção posterior.

Os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão) Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o último boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas contra a covid-19, publicado em julho do ano passado, apenas 0,005% do total de doses aplicadas até aquele período evoluiu para um evento adverso grave.

“Se a pessoa sentir uma moleza, uma indisposição nas primeiras 24 ou 48 horas após uma vacina, estes são efeitos inerentes dela e basta ter um pouquinho de paciência que isso é transitório, leve e passageiro. Caso se prolongue esse mal estar ou se tiver alguma coisa diferente daquilo que é o esperado e que é comum para toda vacina, aí se deve procurar assistência médica”, orienta Mônica Levi.

Covid longa

A covid longa, também conhecida como síndrome pós-covid ou covid persistente, é uma condição na qual as pessoas continuam a apresentar sequelas após a recuperação inicial da infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Nestes casos, mesmo após a fase aguda da doença, alguns indivíduos podem apresentar cansaço e indisposição ou perda de memória durante semanas ou meses, além de outros sintomas. Contudo, se trata de um quadro clínico causado pela doença, e não pelo imunizante.

O diagnóstico da covid longa é considerado desafiador para os profissionais de saúde, pois envolve análise de múltiplos sintomas que podem estar associados a outras doenças e devido à natureza diversificada deles. O tratamento é personalizado e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diversas especialidades, e não o consumo de uma planta.

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem orienta consumir coentro para curar uma síndrome pós-vacinação que, segundo ele, afeta o fígado e deixa a pessoa sem energia, sem força e sem memória. O motivo, acrescenta, seria um excesso de conservantes nos imunizantes.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. Não existe uma síndrome pós-vacinação que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. O que existe é uma síndrome pós-covid, causada pela doença e também conhecida como covid longa, que pode apresentar sintomas como fadiga e dificuldade para pensar ou se concentrar, além de outros. O tratamento, neste caso, deve ser feito com acompanhamento médico, e não por meio do consumo de coentro. Além disso, os conservantes presentes em imunizantes não são nocivos.

Não existe uma síndrome pós vacina que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. Foto: Reprodução

Saiba mais: Em um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook, um homem mostra um coentro e defende que a planta é “o mais poderoso ‘detoxificante’ natural que você vai encontrar na sua vida”. Ele sugere utilizá-la para combater o que chama de “síndrome pós spike”, afirmando se tratar de uma doença que afeta o fígado após a imunização, pois “a vacina tem muitos conservantes”. O autor do vídeo acrescenta, ainda, que a falsa síndrome apresenta sintomas como falta de energia, de força e de memória. Sobre as imagens, há uma legenda: “síndrome pós covid e pós vacina? Planta detoxificante” (sic).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que atualmente poucas vacinas possuem conservantes e afirma ser “pura invenção” que eles, quando presentes, sejam nocivos ao fígado. “Desconheço qualquer vacina que tenha qualquer ligação com doença hepática”, afirma, acrescentando, ainda, que os sintomas citados, como cansaço e memória fraca, não são equivalentes aos de insuficiência ou falência hepática. Além disso, a doença não foi associada a vacinas contra a covid por nenhum sistema de vigilância.

Como explica a Organização Mundial da Saúde, as vacinas guardadas em frascos de uma única dose, que são descartados depois de administrado o conteúdo, não contêm conservantes. Nos imunizantes em que essas substâncias estão presentes, elas impedem que vacinas sejam contaminadas depois de aberto o frasco, se este for usado para vacinar mais de uma pessoa. Nestes casos, garante Mônica Levi, não há perigo. “Conservante tem em tudo, em quase qualquer coisa que você consuma, como no leite (industrializado), por exemplo. A quantidade de conservantes em uma vacina é ínfima perto de todos os conservantes que a gente consome no dia a dia, incluindo em remédios e alimentos processados”, observa.

A especialista destaca que, mesmo que houvesse base científica para a alegação, não seria apenas o consumo de coentro ou qualquer outra planta a terapia indicada para a cura do fígado.

Atualmente, sete vacinas têm uso aprovado no Brasil. A reportagem consultou as bulas de seis: Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Comirnaty bivalente (Pfizer), Oxford/Covishield (Fiocruz e AstraZeneca), CoronaVac (Butantan), Spikevax bivalente (Moderna) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag). Dessas, apenas a Janssen alerta que dentre os efeitos muito raros, ou seja, que podem podem afetar até 1 em 10.000 pessoas, pode ocorrer a presença de coágulos sanguíneos em locais incomuns, que incluem o fígado.

A bula da Vacina Covid-19 (Zalika), aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há poucos dias, em 8 de janeiro, ainda não está disponível no bulário eletrônico do órgão. O imunizante não está incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), mantido pelo governo federal, pois para isso precisará passar por uma avaliação do Ministério da Saúde.

Efeitos adversos em vacinas

O Ministério da Saúde publicou um texto recentemente que reforça que os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias. Os mais comuns incluem dor no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e diarréia. O órgão destaca que esses efeitos são normais e significam que o sistema imunológico do corpo está respondendo à vacina e se preparando para combater o coronavírus em uma possível infecção posterior.

Os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão) Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o último boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas contra a covid-19, publicado em julho do ano passado, apenas 0,005% do total de doses aplicadas até aquele período evoluiu para um evento adverso grave.

“Se a pessoa sentir uma moleza, uma indisposição nas primeiras 24 ou 48 horas após uma vacina, estes são efeitos inerentes dela e basta ter um pouquinho de paciência que isso é transitório, leve e passageiro. Caso se prolongue esse mal estar ou se tiver alguma coisa diferente daquilo que é o esperado e que é comum para toda vacina, aí se deve procurar assistência médica”, orienta Mônica Levi.

Covid longa

A covid longa, também conhecida como síndrome pós-covid ou covid persistente, é uma condição na qual as pessoas continuam a apresentar sequelas após a recuperação inicial da infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Nestes casos, mesmo após a fase aguda da doença, alguns indivíduos podem apresentar cansaço e indisposição ou perda de memória durante semanas ou meses, além de outros sintomas. Contudo, se trata de um quadro clínico causado pela doença, e não pelo imunizante.

O diagnóstico da covid longa é considerado desafiador para os profissionais de saúde, pois envolve análise de múltiplos sintomas que podem estar associados a outras doenças e devido à natureza diversificada deles. O tratamento é personalizado e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diversas especialidades, e não o consumo de uma planta.

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem orienta consumir coentro para curar uma síndrome pós-vacinação que, segundo ele, afeta o fígado e deixa a pessoa sem energia, sem força e sem memória. O motivo, acrescenta, seria um excesso de conservantes nos imunizantes.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. Não existe uma síndrome pós-vacinação que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. O que existe é uma síndrome pós-covid, causada pela doença e também conhecida como covid longa, que pode apresentar sintomas como fadiga e dificuldade para pensar ou se concentrar, além de outros. O tratamento, neste caso, deve ser feito com acompanhamento médico, e não por meio do consumo de coentro. Além disso, os conservantes presentes em imunizantes não são nocivos.

Não existe uma síndrome pós vacina que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. Foto: Reprodução

Saiba mais: Em um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook, um homem mostra um coentro e defende que a planta é “o mais poderoso ‘detoxificante’ natural que você vai encontrar na sua vida”. Ele sugere utilizá-la para combater o que chama de “síndrome pós spike”, afirmando se tratar de uma doença que afeta o fígado após a imunização, pois “a vacina tem muitos conservantes”. O autor do vídeo acrescenta, ainda, que a falsa síndrome apresenta sintomas como falta de energia, de força e de memória. Sobre as imagens, há uma legenda: “síndrome pós covid e pós vacina? Planta detoxificante” (sic).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que atualmente poucas vacinas possuem conservantes e afirma ser “pura invenção” que eles, quando presentes, sejam nocivos ao fígado. “Desconheço qualquer vacina que tenha qualquer ligação com doença hepática”, afirma, acrescentando, ainda, que os sintomas citados, como cansaço e memória fraca, não são equivalentes aos de insuficiência ou falência hepática. Além disso, a doença não foi associada a vacinas contra a covid por nenhum sistema de vigilância.

Como explica a Organização Mundial da Saúde, as vacinas guardadas em frascos de uma única dose, que são descartados depois de administrado o conteúdo, não contêm conservantes. Nos imunizantes em que essas substâncias estão presentes, elas impedem que vacinas sejam contaminadas depois de aberto o frasco, se este for usado para vacinar mais de uma pessoa. Nestes casos, garante Mônica Levi, não há perigo. “Conservante tem em tudo, em quase qualquer coisa que você consuma, como no leite (industrializado), por exemplo. A quantidade de conservantes em uma vacina é ínfima perto de todos os conservantes que a gente consome no dia a dia, incluindo em remédios e alimentos processados”, observa.

A especialista destaca que, mesmo que houvesse base científica para a alegação, não seria apenas o consumo de coentro ou qualquer outra planta a terapia indicada para a cura do fígado.

Atualmente, sete vacinas têm uso aprovado no Brasil. A reportagem consultou as bulas de seis: Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Comirnaty bivalente (Pfizer), Oxford/Covishield (Fiocruz e AstraZeneca), CoronaVac (Butantan), Spikevax bivalente (Moderna) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag). Dessas, apenas a Janssen alerta que dentre os efeitos muito raros, ou seja, que podem podem afetar até 1 em 10.000 pessoas, pode ocorrer a presença de coágulos sanguíneos em locais incomuns, que incluem o fígado.

A bula da Vacina Covid-19 (Zalika), aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há poucos dias, em 8 de janeiro, ainda não está disponível no bulário eletrônico do órgão. O imunizante não está incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), mantido pelo governo federal, pois para isso precisará passar por uma avaliação do Ministério da Saúde.

Efeitos adversos em vacinas

O Ministério da Saúde publicou um texto recentemente que reforça que os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias. Os mais comuns incluem dor no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e diarréia. O órgão destaca que esses efeitos são normais e significam que o sistema imunológico do corpo está respondendo à vacina e se preparando para combater o coronavírus em uma possível infecção posterior.

Os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão) Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o último boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas contra a covid-19, publicado em julho do ano passado, apenas 0,005% do total de doses aplicadas até aquele período evoluiu para um evento adverso grave.

“Se a pessoa sentir uma moleza, uma indisposição nas primeiras 24 ou 48 horas após uma vacina, estes são efeitos inerentes dela e basta ter um pouquinho de paciência que isso é transitório, leve e passageiro. Caso se prolongue esse mal estar ou se tiver alguma coisa diferente daquilo que é o esperado e que é comum para toda vacina, aí se deve procurar assistência médica”, orienta Mônica Levi.

Covid longa

A covid longa, também conhecida como síndrome pós-covid ou covid persistente, é uma condição na qual as pessoas continuam a apresentar sequelas após a recuperação inicial da infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Nestes casos, mesmo após a fase aguda da doença, alguns indivíduos podem apresentar cansaço e indisposição ou perda de memória durante semanas ou meses, além de outros sintomas. Contudo, se trata de um quadro clínico causado pela doença, e não pelo imunizante.

O diagnóstico da covid longa é considerado desafiador para os profissionais de saúde, pois envolve análise de múltiplos sintomas que podem estar associados a outras doenças e devido à natureza diversificada deles. O tratamento é personalizado e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diversas especialidades, e não o consumo de uma planta.

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem orienta consumir coentro para curar uma síndrome pós-vacinação que, segundo ele, afeta o fígado e deixa a pessoa sem energia, sem força e sem memória. O motivo, acrescenta, seria um excesso de conservantes nos imunizantes.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. Não existe uma síndrome pós-vacinação que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. O que existe é uma síndrome pós-covid, causada pela doença e também conhecida como covid longa, que pode apresentar sintomas como fadiga e dificuldade para pensar ou se concentrar, além de outros. O tratamento, neste caso, deve ser feito com acompanhamento médico, e não por meio do consumo de coentro. Além disso, os conservantes presentes em imunizantes não são nocivos.

Não existe uma síndrome pós vacina que ataque o fígado e cause falta de energia, força e memória. Foto: Reprodução

Saiba mais: Em um vídeo compartilhado milhares de vezes no Facebook, um homem mostra um coentro e defende que a planta é “o mais poderoso ‘detoxificante’ natural que você vai encontrar na sua vida”. Ele sugere utilizá-la para combater o que chama de “síndrome pós spike”, afirmando se tratar de uma doença que afeta o fígado após a imunização, pois “a vacina tem muitos conservantes”. O autor do vídeo acrescenta, ainda, que a falsa síndrome apresenta sintomas como falta de energia, de força e de memória. Sobre as imagens, há uma legenda: “síndrome pós covid e pós vacina? Planta detoxificante” (sic).

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que atualmente poucas vacinas possuem conservantes e afirma ser “pura invenção” que eles, quando presentes, sejam nocivos ao fígado. “Desconheço qualquer vacina que tenha qualquer ligação com doença hepática”, afirma, acrescentando, ainda, que os sintomas citados, como cansaço e memória fraca, não são equivalentes aos de insuficiência ou falência hepática. Além disso, a doença não foi associada a vacinas contra a covid por nenhum sistema de vigilância.

Como explica a Organização Mundial da Saúde, as vacinas guardadas em frascos de uma única dose, que são descartados depois de administrado o conteúdo, não contêm conservantes. Nos imunizantes em que essas substâncias estão presentes, elas impedem que vacinas sejam contaminadas depois de aberto o frasco, se este for usado para vacinar mais de uma pessoa. Nestes casos, garante Mônica Levi, não há perigo. “Conservante tem em tudo, em quase qualquer coisa que você consuma, como no leite (industrializado), por exemplo. A quantidade de conservantes em uma vacina é ínfima perto de todos os conservantes que a gente consome no dia a dia, incluindo em remédios e alimentos processados”, observa.

A especialista destaca que, mesmo que houvesse base científica para a alegação, não seria apenas o consumo de coentro ou qualquer outra planta a terapia indicada para a cura do fígado.

Atualmente, sete vacinas têm uso aprovado no Brasil. A reportagem consultou as bulas de seis: Comirnaty (Pfizer/Wyeth), Comirnaty bivalente (Pfizer), Oxford/Covishield (Fiocruz e AstraZeneca), CoronaVac (Butantan), Spikevax bivalente (Moderna) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag). Dessas, apenas a Janssen alerta que dentre os efeitos muito raros, ou seja, que podem podem afetar até 1 em 10.000 pessoas, pode ocorrer a presença de coágulos sanguíneos em locais incomuns, que incluem o fígado.

A bula da Vacina Covid-19 (Zalika), aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há poucos dias, em 8 de janeiro, ainda não está disponível no bulário eletrônico do órgão. O imunizante não está incorporado ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), mantido pelo governo federal, pois para isso precisará passar por uma avaliação do Ministério da Saúde.

Efeitos adversos em vacinas

O Ministério da Saúde publicou um texto recentemente que reforça que os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados e não duraram mais do que alguns dias. Os mais comuns incluem dor no local da injeção, febre, fadiga, dor de cabeça, dor muscular, calafrios e diarréia. O órgão destaca que esses efeitos são normais e significam que o sistema imunológico do corpo está respondendo à vacina e se preparando para combater o coronavírus em uma possível infecção posterior.

Os efeitos colaterais relatados das vacinas para covid-19 têm sido, em sua maioria, de leves a moderados. (Foto: Tiago Queiroz/Estadão) Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Conforme o último boletim epidemiológico de monitoramento da segurança das vacinas contra a covid-19, publicado em julho do ano passado, apenas 0,005% do total de doses aplicadas até aquele período evoluiu para um evento adverso grave.

“Se a pessoa sentir uma moleza, uma indisposição nas primeiras 24 ou 48 horas após uma vacina, estes são efeitos inerentes dela e basta ter um pouquinho de paciência que isso é transitório, leve e passageiro. Caso se prolongue esse mal estar ou se tiver alguma coisa diferente daquilo que é o esperado e que é comum para toda vacina, aí se deve procurar assistência médica”, orienta Mônica Levi.

Covid longa

A covid longa, também conhecida como síndrome pós-covid ou covid persistente, é uma condição na qual as pessoas continuam a apresentar sequelas após a recuperação inicial da infecção pelo vírus Sars-CoV-2. Nestes casos, mesmo após a fase aguda da doença, alguns indivíduos podem apresentar cansaço e indisposição ou perda de memória durante semanas ou meses, além de outros sintomas. Contudo, se trata de um quadro clínico causado pela doença, e não pelo imunizante.

O diagnóstico da covid longa é considerado desafiador para os profissionais de saúde, pois envolve análise de múltiplos sintomas que podem estar associados a outras doenças e devido à natureza diversificada deles. O tratamento é personalizado e multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diversas especialidades, e não o consumo de uma planta.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.