Receita com cebola roxa e limão não controla a glicose, ao contrário do que afirma vídeo


Especialistas explicam que não há fundamento científico para postagem viral e alertam para a inexistência de ‘alimentos milagrosos’

Por Maria Eduarda Nascimento

O que estão compartilhando: vídeo ensina receita com cebola roxa e limão para reduzir imediatamente a glicose em diabéticos. Segundo o autor, a bebida tem a mesma ação da insulina injetável.

O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, a alegação não tem nenhum fundamento científico. Apesar de a receita enganosa se basear em dois alimentos naturais que possuem benefícios nutricionais, eles não podem ser considerados substitutos de medicamentos e sequer possuem ação similar à insulina.

Conforme explica a coordenadora do departamento de nutrição em diabete da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, o que de fato pode ajudar um paciente diabético a baixar a glicose é um conjunto de fatores aliados à medicação. “Se uma pessoa manter uma alimentação saudável, ela consegue a longo prazo ter benefícios no controle glicêmico, mas não é uma fórmula mágica que vai substituir a medicação”, disse. “Não estamos falando de dois alimentos que são nocivos, mas sim de uma troca de terapia que não tem fundamento científico nenhum”, destacou.

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Medicamentos não devem ser substituídos por cebola roxa para controlar a glicose Foto: Reprodução (azerbaijan_stockers)

Saiba mais: O vídeo, que circula no Facebook, é um recorte de um conteúdo que foi originalmente publicado no canal do biólogo Tiago Rocha, no YouTube. Nas redes sociais, Tiago se apresenta como cientista na área da alimentação. O trecho aqui verificado não inclui uma frase dita por Tiago que supostamente dá embasamento para o uso da cebola como forma de reduzir a glicose. Na declaração em questão, o biólogo alega que ferver a cebola potencializa a glucoquinina, uma substância presente no alimento.

Segundo a nutricionista, a glucoquinina é de fato uma das substâncias funcionais presentes na cebola e possui uma ativação maior quando triturada. Apesar disso, ferver o alimento não vai fazer com que a glucoquinina seja a única responsável por atuar no controle glicêmico. “A glucoquinina tem uma atuação dentro de todo contexto dos compostos bioativos que a cebola tem”, explicou Tarcila. “E além dessa substância, a cebola também possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem favorecer a diminuição da inflamação do corpo, e muitas vezes isso pode contribuir para a redução da glicose, assim como uma alimentação saudável já faria isso”.

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Embora não exista um alimento milagroso responsável por atuar no controle glicêmico de maneira isolada, Tarcila comenta que muitos alimentos ainda são considerados “salvadores da pátria” por algumas pessoas. “Assim como teve os modismos dos chás e dos vinagres, a gente sempre tem um componente sendo colocado como o ‘grande salvador da pátria’ no mundo da nutrição e do diabetes, e isso não existe”, disse. Ela explicou que, na verdade, o que traz resultados para a saúde e consequentemente para o controle glicêmico é um padrão nutricional bem estabelecido e organizado que não dispensa a medicação prescrita.

Vídeo expõe falta de conhecimento do autor sobre o assunto, diz especialista

Na avaliação do médico endocrinologista Rodrigo Lamounier, que também é professor de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vídeo aqui analisado tem apelo sensacionalista e está totalmente distante do conhecimento técnico científico da área. “Ele fala de uma maneira claramente de quem não tem intimidade com a área. Dizer que ‘o seu diabetes está 350′, do ponto de vista médico, essa frase não tem nenhum sentido”, disse.

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“Uma pessoa pode ter o diabetes bem controlado e ter em algum momento uma glicose de 350, então isso demonstra uma falta de intimidade com o assunto”, pontuou o endocrinologista.

De acordo com Lamounier, além de a declaração não fazer sentido, comparar o suposto efeito da receita enganosa com a ação da insulina, como fez o autor do vídeo, é uma atitude irresponsável. “A insulina é considerada a segunda maior descoberta da história da medicina”, contou. “Poucas descobertas na ciência tiveram tanto impacto em salvar vidas como teve a descoberta da insulina em 1921, há 100 anos. Essa descoberta resultou até em um prêmio Nobel de Medicina, então, é uma brincadeira irresponsável e ignorante”.

Em relação aos riscos que o conteúdo pode trazer, o endocrinologista explicou que o diabetes é uma doença crônica, que não tem cura, que envolve diversos estigmas e aumenta o risco de complicações relevantes para a saúde. Por esse motivo, propor uma espécie de milagre afasta o paciente de uma realidade que realmente vai trazer benefícios para a vida dele.

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Seguindo o mesmo entendimento, a nutricionista Tarcila comentou que a busca por um estilo de vida mais saudável para conseguir somar ao tratamento de uma doença crônica, como o diabetes, não é uma atitude ruim. Mas isso não pode ser considerada uma fórmula milagrosa. “O paciente tem que estar em acompanhamento com a equipe médica e a equipe precisa saber abordar e colocar aquilo como um coadjuvante do tratamento”, concluiu.

A reportagem tentou contato com o biólogo Tiago Rocha, mas não obteve resposta.

O que estão compartilhando: vídeo ensina receita com cebola roxa e limão para reduzir imediatamente a glicose em diabéticos. Segundo o autor, a bebida tem a mesma ação da insulina injetável.

O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, a alegação não tem nenhum fundamento científico. Apesar de a receita enganosa se basear em dois alimentos naturais que possuem benefícios nutricionais, eles não podem ser considerados substitutos de medicamentos e sequer possuem ação similar à insulina.

Conforme explica a coordenadora do departamento de nutrição em diabete da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, o que de fato pode ajudar um paciente diabético a baixar a glicose é um conjunto de fatores aliados à medicação. “Se uma pessoa manter uma alimentação saudável, ela consegue a longo prazo ter benefícios no controle glicêmico, mas não é uma fórmula mágica que vai substituir a medicação”, disse. “Não estamos falando de dois alimentos que são nocivos, mas sim de uma troca de terapia que não tem fundamento científico nenhum”, destacou.

Medicamentos não devem ser substituídos por cebola roxa para controlar a glicose Foto: Reprodução (azerbaijan_stockers)

Saiba mais: O vídeo, que circula no Facebook, é um recorte de um conteúdo que foi originalmente publicado no canal do biólogo Tiago Rocha, no YouTube. Nas redes sociais, Tiago se apresenta como cientista na área da alimentação. O trecho aqui verificado não inclui uma frase dita por Tiago que supostamente dá embasamento para o uso da cebola como forma de reduzir a glicose. Na declaração em questão, o biólogo alega que ferver a cebola potencializa a glucoquinina, uma substância presente no alimento.

Segundo a nutricionista, a glucoquinina é de fato uma das substâncias funcionais presentes na cebola e possui uma ativação maior quando triturada. Apesar disso, ferver o alimento não vai fazer com que a glucoquinina seja a única responsável por atuar no controle glicêmico. “A glucoquinina tem uma atuação dentro de todo contexto dos compostos bioativos que a cebola tem”, explicou Tarcila. “E além dessa substância, a cebola também possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem favorecer a diminuição da inflamação do corpo, e muitas vezes isso pode contribuir para a redução da glicose, assim como uma alimentação saudável já faria isso”.

Embora não exista um alimento milagroso responsável por atuar no controle glicêmico de maneira isolada, Tarcila comenta que muitos alimentos ainda são considerados “salvadores da pátria” por algumas pessoas. “Assim como teve os modismos dos chás e dos vinagres, a gente sempre tem um componente sendo colocado como o ‘grande salvador da pátria’ no mundo da nutrição e do diabetes, e isso não existe”, disse. Ela explicou que, na verdade, o que traz resultados para a saúde e consequentemente para o controle glicêmico é um padrão nutricional bem estabelecido e organizado que não dispensa a medicação prescrita.

Vídeo expõe falta de conhecimento do autor sobre o assunto, diz especialista

Na avaliação do médico endocrinologista Rodrigo Lamounier, que também é professor de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vídeo aqui analisado tem apelo sensacionalista e está totalmente distante do conhecimento técnico científico da área. “Ele fala de uma maneira claramente de quem não tem intimidade com a área. Dizer que ‘o seu diabetes está 350′, do ponto de vista médico, essa frase não tem nenhum sentido”, disse.

“Uma pessoa pode ter o diabetes bem controlado e ter em algum momento uma glicose de 350, então isso demonstra uma falta de intimidade com o assunto”, pontuou o endocrinologista.

De acordo com Lamounier, além de a declaração não fazer sentido, comparar o suposto efeito da receita enganosa com a ação da insulina, como fez o autor do vídeo, é uma atitude irresponsável. “A insulina é considerada a segunda maior descoberta da história da medicina”, contou. “Poucas descobertas na ciência tiveram tanto impacto em salvar vidas como teve a descoberta da insulina em 1921, há 100 anos. Essa descoberta resultou até em um prêmio Nobel de Medicina, então, é uma brincadeira irresponsável e ignorante”.

Em relação aos riscos que o conteúdo pode trazer, o endocrinologista explicou que o diabetes é uma doença crônica, que não tem cura, que envolve diversos estigmas e aumenta o risco de complicações relevantes para a saúde. Por esse motivo, propor uma espécie de milagre afasta o paciente de uma realidade que realmente vai trazer benefícios para a vida dele.

Seguindo o mesmo entendimento, a nutricionista Tarcila comentou que a busca por um estilo de vida mais saudável para conseguir somar ao tratamento de uma doença crônica, como o diabetes, não é uma atitude ruim. Mas isso não pode ser considerada uma fórmula milagrosa. “O paciente tem que estar em acompanhamento com a equipe médica e a equipe precisa saber abordar e colocar aquilo como um coadjuvante do tratamento”, concluiu.

A reportagem tentou contato com o biólogo Tiago Rocha, mas não obteve resposta.

O que estão compartilhando: vídeo ensina receita com cebola roxa e limão para reduzir imediatamente a glicose em diabéticos. Segundo o autor, a bebida tem a mesma ação da insulina injetável.

O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, a alegação não tem nenhum fundamento científico. Apesar de a receita enganosa se basear em dois alimentos naturais que possuem benefícios nutricionais, eles não podem ser considerados substitutos de medicamentos e sequer possuem ação similar à insulina.

Conforme explica a coordenadora do departamento de nutrição em diabete da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, o que de fato pode ajudar um paciente diabético a baixar a glicose é um conjunto de fatores aliados à medicação. “Se uma pessoa manter uma alimentação saudável, ela consegue a longo prazo ter benefícios no controle glicêmico, mas não é uma fórmula mágica que vai substituir a medicação”, disse. “Não estamos falando de dois alimentos que são nocivos, mas sim de uma troca de terapia que não tem fundamento científico nenhum”, destacou.

Medicamentos não devem ser substituídos por cebola roxa para controlar a glicose Foto: Reprodução (azerbaijan_stockers)

Saiba mais: O vídeo, que circula no Facebook, é um recorte de um conteúdo que foi originalmente publicado no canal do biólogo Tiago Rocha, no YouTube. Nas redes sociais, Tiago se apresenta como cientista na área da alimentação. O trecho aqui verificado não inclui uma frase dita por Tiago que supostamente dá embasamento para o uso da cebola como forma de reduzir a glicose. Na declaração em questão, o biólogo alega que ferver a cebola potencializa a glucoquinina, uma substância presente no alimento.

Segundo a nutricionista, a glucoquinina é de fato uma das substâncias funcionais presentes na cebola e possui uma ativação maior quando triturada. Apesar disso, ferver o alimento não vai fazer com que a glucoquinina seja a única responsável por atuar no controle glicêmico. “A glucoquinina tem uma atuação dentro de todo contexto dos compostos bioativos que a cebola tem”, explicou Tarcila. “E além dessa substância, a cebola também possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem favorecer a diminuição da inflamação do corpo, e muitas vezes isso pode contribuir para a redução da glicose, assim como uma alimentação saudável já faria isso”.

Embora não exista um alimento milagroso responsável por atuar no controle glicêmico de maneira isolada, Tarcila comenta que muitos alimentos ainda são considerados “salvadores da pátria” por algumas pessoas. “Assim como teve os modismos dos chás e dos vinagres, a gente sempre tem um componente sendo colocado como o ‘grande salvador da pátria’ no mundo da nutrição e do diabetes, e isso não existe”, disse. Ela explicou que, na verdade, o que traz resultados para a saúde e consequentemente para o controle glicêmico é um padrão nutricional bem estabelecido e organizado que não dispensa a medicação prescrita.

Vídeo expõe falta de conhecimento do autor sobre o assunto, diz especialista

Na avaliação do médico endocrinologista Rodrigo Lamounier, que também é professor de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vídeo aqui analisado tem apelo sensacionalista e está totalmente distante do conhecimento técnico científico da área. “Ele fala de uma maneira claramente de quem não tem intimidade com a área. Dizer que ‘o seu diabetes está 350′, do ponto de vista médico, essa frase não tem nenhum sentido”, disse.

“Uma pessoa pode ter o diabetes bem controlado e ter em algum momento uma glicose de 350, então isso demonstra uma falta de intimidade com o assunto”, pontuou o endocrinologista.

De acordo com Lamounier, além de a declaração não fazer sentido, comparar o suposto efeito da receita enganosa com a ação da insulina, como fez o autor do vídeo, é uma atitude irresponsável. “A insulina é considerada a segunda maior descoberta da história da medicina”, contou. “Poucas descobertas na ciência tiveram tanto impacto em salvar vidas como teve a descoberta da insulina em 1921, há 100 anos. Essa descoberta resultou até em um prêmio Nobel de Medicina, então, é uma brincadeira irresponsável e ignorante”.

Em relação aos riscos que o conteúdo pode trazer, o endocrinologista explicou que o diabetes é uma doença crônica, que não tem cura, que envolve diversos estigmas e aumenta o risco de complicações relevantes para a saúde. Por esse motivo, propor uma espécie de milagre afasta o paciente de uma realidade que realmente vai trazer benefícios para a vida dele.

Seguindo o mesmo entendimento, a nutricionista Tarcila comentou que a busca por um estilo de vida mais saudável para conseguir somar ao tratamento de uma doença crônica, como o diabetes, não é uma atitude ruim. Mas isso não pode ser considerada uma fórmula milagrosa. “O paciente tem que estar em acompanhamento com a equipe médica e a equipe precisa saber abordar e colocar aquilo como um coadjuvante do tratamento”, concluiu.

A reportagem tentou contato com o biólogo Tiago Rocha, mas não obteve resposta.

O que estão compartilhando: vídeo ensina receita com cebola roxa e limão para reduzir imediatamente a glicose em diabéticos. Segundo o autor, a bebida tem a mesma ação da insulina injetável.

O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, a alegação não tem nenhum fundamento científico. Apesar de a receita enganosa se basear em dois alimentos naturais que possuem benefícios nutricionais, eles não podem ser considerados substitutos de medicamentos e sequer possuem ação similar à insulina.

Conforme explica a coordenadora do departamento de nutrição em diabete da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, o que de fato pode ajudar um paciente diabético a baixar a glicose é um conjunto de fatores aliados à medicação. “Se uma pessoa manter uma alimentação saudável, ela consegue a longo prazo ter benefícios no controle glicêmico, mas não é uma fórmula mágica que vai substituir a medicação”, disse. “Não estamos falando de dois alimentos que são nocivos, mas sim de uma troca de terapia que não tem fundamento científico nenhum”, destacou.

Medicamentos não devem ser substituídos por cebola roxa para controlar a glicose Foto: Reprodução (azerbaijan_stockers)

Saiba mais: O vídeo, que circula no Facebook, é um recorte de um conteúdo que foi originalmente publicado no canal do biólogo Tiago Rocha, no YouTube. Nas redes sociais, Tiago se apresenta como cientista na área da alimentação. O trecho aqui verificado não inclui uma frase dita por Tiago que supostamente dá embasamento para o uso da cebola como forma de reduzir a glicose. Na declaração em questão, o biólogo alega que ferver a cebola potencializa a glucoquinina, uma substância presente no alimento.

Segundo a nutricionista, a glucoquinina é de fato uma das substâncias funcionais presentes na cebola e possui uma ativação maior quando triturada. Apesar disso, ferver o alimento não vai fazer com que a glucoquinina seja a única responsável por atuar no controle glicêmico. “A glucoquinina tem uma atuação dentro de todo contexto dos compostos bioativos que a cebola tem”, explicou Tarcila. “E além dessa substância, a cebola também possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem favorecer a diminuição da inflamação do corpo, e muitas vezes isso pode contribuir para a redução da glicose, assim como uma alimentação saudável já faria isso”.

Embora não exista um alimento milagroso responsável por atuar no controle glicêmico de maneira isolada, Tarcila comenta que muitos alimentos ainda são considerados “salvadores da pátria” por algumas pessoas. “Assim como teve os modismos dos chás e dos vinagres, a gente sempre tem um componente sendo colocado como o ‘grande salvador da pátria’ no mundo da nutrição e do diabetes, e isso não existe”, disse. Ela explicou que, na verdade, o que traz resultados para a saúde e consequentemente para o controle glicêmico é um padrão nutricional bem estabelecido e organizado que não dispensa a medicação prescrita.

Vídeo expõe falta de conhecimento do autor sobre o assunto, diz especialista

Na avaliação do médico endocrinologista Rodrigo Lamounier, que também é professor de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vídeo aqui analisado tem apelo sensacionalista e está totalmente distante do conhecimento técnico científico da área. “Ele fala de uma maneira claramente de quem não tem intimidade com a área. Dizer que ‘o seu diabetes está 350′, do ponto de vista médico, essa frase não tem nenhum sentido”, disse.

“Uma pessoa pode ter o diabetes bem controlado e ter em algum momento uma glicose de 350, então isso demonstra uma falta de intimidade com o assunto”, pontuou o endocrinologista.

De acordo com Lamounier, além de a declaração não fazer sentido, comparar o suposto efeito da receita enganosa com a ação da insulina, como fez o autor do vídeo, é uma atitude irresponsável. “A insulina é considerada a segunda maior descoberta da história da medicina”, contou. “Poucas descobertas na ciência tiveram tanto impacto em salvar vidas como teve a descoberta da insulina em 1921, há 100 anos. Essa descoberta resultou até em um prêmio Nobel de Medicina, então, é uma brincadeira irresponsável e ignorante”.

Em relação aos riscos que o conteúdo pode trazer, o endocrinologista explicou que o diabetes é uma doença crônica, que não tem cura, que envolve diversos estigmas e aumenta o risco de complicações relevantes para a saúde. Por esse motivo, propor uma espécie de milagre afasta o paciente de uma realidade que realmente vai trazer benefícios para a vida dele.

Seguindo o mesmo entendimento, a nutricionista Tarcila comentou que a busca por um estilo de vida mais saudável para conseguir somar ao tratamento de uma doença crônica, como o diabetes, não é uma atitude ruim. Mas isso não pode ser considerada uma fórmula milagrosa. “O paciente tem que estar em acompanhamento com a equipe médica e a equipe precisa saber abordar e colocar aquilo como um coadjuvante do tratamento”, concluiu.

A reportagem tentou contato com o biólogo Tiago Rocha, mas não obteve resposta.

O que estão compartilhando: vídeo ensina receita com cebola roxa e limão para reduzir imediatamente a glicose em diabéticos. Segundo o autor, a bebida tem a mesma ação da insulina injetável.

O Estadão investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com especialistas entrevistados pela reportagem, a alegação não tem nenhum fundamento científico. Apesar de a receita enganosa se basear em dois alimentos naturais que possuem benefícios nutricionais, eles não podem ser considerados substitutos de medicamentos e sequer possuem ação similar à insulina.

Conforme explica a coordenadora do departamento de nutrição em diabete da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Tarcila Beatriz Ferraz de Campos, o que de fato pode ajudar um paciente diabético a baixar a glicose é um conjunto de fatores aliados à medicação. “Se uma pessoa manter uma alimentação saudável, ela consegue a longo prazo ter benefícios no controle glicêmico, mas não é uma fórmula mágica que vai substituir a medicação”, disse. “Não estamos falando de dois alimentos que são nocivos, mas sim de uma troca de terapia que não tem fundamento científico nenhum”, destacou.

Medicamentos não devem ser substituídos por cebola roxa para controlar a glicose Foto: Reprodução (azerbaijan_stockers)

Saiba mais: O vídeo, que circula no Facebook, é um recorte de um conteúdo que foi originalmente publicado no canal do biólogo Tiago Rocha, no YouTube. Nas redes sociais, Tiago se apresenta como cientista na área da alimentação. O trecho aqui verificado não inclui uma frase dita por Tiago que supostamente dá embasamento para o uso da cebola como forma de reduzir a glicose. Na declaração em questão, o biólogo alega que ferver a cebola potencializa a glucoquinina, uma substância presente no alimento.

Segundo a nutricionista, a glucoquinina é de fato uma das substâncias funcionais presentes na cebola e possui uma ativação maior quando triturada. Apesar disso, ferver o alimento não vai fazer com que a glucoquinina seja a única responsável por atuar no controle glicêmico. “A glucoquinina tem uma atuação dentro de todo contexto dos compostos bioativos que a cebola tem”, explicou Tarcila. “E além dessa substância, a cebola também possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, que podem favorecer a diminuição da inflamação do corpo, e muitas vezes isso pode contribuir para a redução da glicose, assim como uma alimentação saudável já faria isso”.

Embora não exista um alimento milagroso responsável por atuar no controle glicêmico de maneira isolada, Tarcila comenta que muitos alimentos ainda são considerados “salvadores da pátria” por algumas pessoas. “Assim como teve os modismos dos chás e dos vinagres, a gente sempre tem um componente sendo colocado como o ‘grande salvador da pátria’ no mundo da nutrição e do diabetes, e isso não existe”, disse. Ela explicou que, na verdade, o que traz resultados para a saúde e consequentemente para o controle glicêmico é um padrão nutricional bem estabelecido e organizado que não dispensa a medicação prescrita.

Vídeo expõe falta de conhecimento do autor sobre o assunto, diz especialista

Na avaliação do médico endocrinologista Rodrigo Lamounier, que também é professor de clínica médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o vídeo aqui analisado tem apelo sensacionalista e está totalmente distante do conhecimento técnico científico da área. “Ele fala de uma maneira claramente de quem não tem intimidade com a área. Dizer que ‘o seu diabetes está 350′, do ponto de vista médico, essa frase não tem nenhum sentido”, disse.

“Uma pessoa pode ter o diabetes bem controlado e ter em algum momento uma glicose de 350, então isso demonstra uma falta de intimidade com o assunto”, pontuou o endocrinologista.

De acordo com Lamounier, além de a declaração não fazer sentido, comparar o suposto efeito da receita enganosa com a ação da insulina, como fez o autor do vídeo, é uma atitude irresponsável. “A insulina é considerada a segunda maior descoberta da história da medicina”, contou. “Poucas descobertas na ciência tiveram tanto impacto em salvar vidas como teve a descoberta da insulina em 1921, há 100 anos. Essa descoberta resultou até em um prêmio Nobel de Medicina, então, é uma brincadeira irresponsável e ignorante”.

Em relação aos riscos que o conteúdo pode trazer, o endocrinologista explicou que o diabetes é uma doença crônica, que não tem cura, que envolve diversos estigmas e aumenta o risco de complicações relevantes para a saúde. Por esse motivo, propor uma espécie de milagre afasta o paciente de uma realidade que realmente vai trazer benefícios para a vida dele.

Seguindo o mesmo entendimento, a nutricionista Tarcila comentou que a busca por um estilo de vida mais saudável para conseguir somar ao tratamento de uma doença crônica, como o diabetes, não é uma atitude ruim. Mas isso não pode ser considerada uma fórmula milagrosa. “O paciente tem que estar em acompanhamento com a equipe médica e a equipe precisa saber abordar e colocar aquilo como um coadjuvante do tratamento”, concluiu.

A reportagem tentou contato com o biólogo Tiago Rocha, mas não obteve resposta.

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