Vídeo inventa pedido de prisão do STM contra Alexandre de Moraes


Conteúdo com mais de 12 minutos resgata afirmações já desmentidas anteriormente e acrescenta alegações falsas sobre Lula, Exército e FBI

Por Luciana Marschall
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo afirma que o Superior Tribunal Militar (STM) autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o STF lideram esquema para desvio de recursos das Forças Armadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não existe qualquer ordem do STM para que o Exército Brasileiro prenda Moraes. Também não há registro em fontes confiáveis de notícias sobre um esquema de corrupção organizado por Lula e o STF. O vídeo contém outras alegações falsas, como a de que a Polícia Federal (PF) teria feito uma operação conjunta com o FBI (órgão federal de investigação dos Estados Unidos) contra integrantes do Poder Judiciário.

O STM não determinou a prisão do ministro Alexandre de Moraes Foto: Reprodução
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Saiba mais: A seguir, o Estadão Verifica demonstra por que cada uma das alegações mencionadas no vídeo não tem base na realidade.

STM não determinou a prisão de Alexandre de Moraes

Essa alegação não é nova: foi desmentida pelo Verifica no último mês. O vídeo diz que o STM autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra Moraes e que o general Lourival Carvalho Silva, ministro do STM, é relator de uma denúncia contra Moraes por crime de lavagem de dinheiro e propinas. Além disso, Moraes estaria sendo investigado por Lourival por supostamente facilitar a volta de Lula ao poder.

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O ministro do STM não é relator de processos envolvendo Moraes. No sistema do tribunal militar, há 21 processos que envolvem Alexandre, entre pedidos de prisão e de impeachment, mas nenhum tinha Lourival como relator. Como o STM não tem competência para julgar as ações contra Moraes, que é civil, os processos constam como “baixados”, ou seja, foram remetidos para outros órgãos judiciais competentes ou arquivados definitivamente.

Sede do Superior Tribunal Militar. Foto: STM / Divulgação

Lourival Carvalho não determinou a prisão dos comandantes das Forças Armadas

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Para justificar o falso pedido de prisão contra Moraes, o vídeo inventa uma história mirabolante. Em síntese, alega-se que o ministro do STM determinou também a prisão dos comandantes das Forças Armadas após acatar denúncia do chefe da inteligência do Exército Brasileiro, general Décio Luís Schons. A acusação seria de que o Poder Judiciário teria “comprado” generais para desviarem dinheiro do Exército. O esquema seria chefiado pelo comandante da Força, Tomás Paiva, que estaria respondendo a processos no STM. Além disso, Lula seria o “chefe da quadrilha” e teria ordenado o arquivamento de investigações da Polícia Federal sobre o assunto.

Essas afirmações também foram desmentidas pelo Verifica. A primeira coisa a ser considerada é que o general Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército e sequer integra o quadro ativo do órgão. Ele foi cotado para assumir o comando em 2021, o que não ocorreu. À época, o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira para ocupar o posto. Como Paulo Sérgio Nogueira era mais novo do que Schons, este passou oficialmente à reserva em maio de 2021.

General Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército. Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO 
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Além disso, Schons jamais denunciou colegas ao STM por recebimento de propina ou por desvio de recursos do orçamento. O vídeo argumenta que em decorrência dessa suposta denúncia, generais foram expulsos do EB, o que também é falso.

Segundo a postagem, o comandante do Estado-Maior do EB, general Fernando Sant’ana, também teria feito denúncias em relação ao suposto esquema de corrupção. Lula teria mandado destruir evidências de que houve vários desvios em sete meses. Não há qualquer registro de que Sant’ana tenha feito denúncias contra Lula ou colegas.

Ninguém foi preso por querer assassinar Décio Schons

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O vídeo afirma que um coronel não identificado foi preso após a descoberta de uma quadrilha inserida nas Forças Armadas para assassinar o “chefe da inteligência” Schons. Segundo o post, a morte teria sido encomendada porque os poderes Executivo e Judiciário decidiram que ele “estava atrapalhando”. O Exército Brasileiro informou ao Verifica que isso nunca aconteceu e que mensagens dessa natureza “apenas contribuem para a desinformação da nossa sociedade”.

Ex-superintendente da PF em São Paulo não indiciou Lula

O vídeo alega que o delegado Rodrigo Piovesano Bartolamei, que foi superintendente da Polícia Federal em São Paulo, teria pedido o indiciamento de Lula. Ele teria ainda solicitado um mandado de busca e apreensão para uma residência do presidente em São Paulo, mas a investigação teria sofrido interferência do STF. Mas, como já informou o Verifica, Bartolamei não fez acusações contra Lula.

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É falsa, ainda, a alegação de que o delegado tenha declarado que o presidente tem padrinhos poderosos dentro da Suprema Corte que estariam ajudando o petista a escapar da cadeia. A reportagem não localizou qualquer declaração de Bartolamei neste sentido.

A peça desinformativa faz mais uma falsa alegação sobre o delegado: que ele teria corroborado uma notícia-crime contra Alexandre de Moraes por abuso de poder e assinado um manifesto a favor da instauração de processo contra o ministro. Esse manifesto existe, mas como fica claro no próprio documento, publicado na íntegra pelo Poder 360, as assinaturas são de 131 delegados aposentados, o que não é o caso de Bartolamei.

Não há provas de que o FBI ligou Lula e ministros a cartéis estrangeiros

O vídeo afirma ainda existirem dois relatórios do FBI: um citaria Lula como beneficiário de um cartel mexicano que estaria expandindo operações no Brasil; outro mostraria que um ministro do STF foi flagrado recebendo propina em uma investigação sobre envolvimento de autoridades brasileiras com cartéis internacionais. Mas não há qualquer notícia que sustente essas duas afirmações. Em março, o Comprova desmentiu um boato semelhante e mostrou que não havia evidências de que Alexandre de Moraes responda a processos nos Estados Unidos ou seja investigado pelo FBI.

O vídeo analisado aqui cita ainda uma operação que teria sido realizada pela Polícia Federal e o FBI em setembro, na qual teriam sido presos chefes de cartéis expandindo negócios no Brasil com facilitação do Poder Judiciário. As ações e operações da PF são divulgadas no site oficial. Ao procurar por menções ao FBI, não há qualquer citação em setembro do ano passado. As datas mais próximas dela em que o órgão norte-americano é mencionado pela PF são em agosto e novembro, em notícias relacionadas a operações por crimes cibernéticos e divulgação de pornografia infantil pela internet.

Não há registro de que Christopher Wray, diretor do FBI, tenha dito que Brasil é o país mais corrupto. (AP Photo/John C. Clark) 

Por fim, a peça de desinformação diz que o chefe do FBI afirmou que o Brasil é o mais corrupto de todos os países. Desde 2017, o diretor do órgão é Christopher Wray. Uma busca realizada pelo nome dele, associado a palavras-chave como ‘Brasil’ e ‘corrupção’, não retornou qualquer notícia ou registro em que ele faça essa afirmação. Sobre isso, a assessoria de imprensa do órgão negou que a declaração seja verdadeira. A instituição preferiu não comentar os demais assuntos citados no vídeo.

O Verifica procurou o autor da publicação no Facebook, mas ele não respondeu.

Alguns dos fatos aqui checados foram desmentidos por outras iniciativas, como Aos Fatos (1 e 2), Fato ou Fake, Boatos.Org, Reuters (1 e 2) e Uol Confere.

O que estão compartilhando: vídeo afirma que o Superior Tribunal Militar (STM) autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o STF lideram esquema para desvio de recursos das Forças Armadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não existe qualquer ordem do STM para que o Exército Brasileiro prenda Moraes. Também não há registro em fontes confiáveis de notícias sobre um esquema de corrupção organizado por Lula e o STF. O vídeo contém outras alegações falsas, como a de que a Polícia Federal (PF) teria feito uma operação conjunta com o FBI (órgão federal de investigação dos Estados Unidos) contra integrantes do Poder Judiciário.

O STM não determinou a prisão do ministro Alexandre de Moraes Foto: Reprodução

Saiba mais: A seguir, o Estadão Verifica demonstra por que cada uma das alegações mencionadas no vídeo não tem base na realidade.

STM não determinou a prisão de Alexandre de Moraes

Essa alegação não é nova: foi desmentida pelo Verifica no último mês. O vídeo diz que o STM autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra Moraes e que o general Lourival Carvalho Silva, ministro do STM, é relator de uma denúncia contra Moraes por crime de lavagem de dinheiro e propinas. Além disso, Moraes estaria sendo investigado por Lourival por supostamente facilitar a volta de Lula ao poder.

O ministro do STM não é relator de processos envolvendo Moraes. No sistema do tribunal militar, há 21 processos que envolvem Alexandre, entre pedidos de prisão e de impeachment, mas nenhum tinha Lourival como relator. Como o STM não tem competência para julgar as ações contra Moraes, que é civil, os processos constam como “baixados”, ou seja, foram remetidos para outros órgãos judiciais competentes ou arquivados definitivamente.

Sede do Superior Tribunal Militar. Foto: STM / Divulgação

Lourival Carvalho não determinou a prisão dos comandantes das Forças Armadas

Para justificar o falso pedido de prisão contra Moraes, o vídeo inventa uma história mirabolante. Em síntese, alega-se que o ministro do STM determinou também a prisão dos comandantes das Forças Armadas após acatar denúncia do chefe da inteligência do Exército Brasileiro, general Décio Luís Schons. A acusação seria de que o Poder Judiciário teria “comprado” generais para desviarem dinheiro do Exército. O esquema seria chefiado pelo comandante da Força, Tomás Paiva, que estaria respondendo a processos no STM. Além disso, Lula seria o “chefe da quadrilha” e teria ordenado o arquivamento de investigações da Polícia Federal sobre o assunto.

Essas afirmações também foram desmentidas pelo Verifica. A primeira coisa a ser considerada é que o general Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército e sequer integra o quadro ativo do órgão. Ele foi cotado para assumir o comando em 2021, o que não ocorreu. À época, o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira para ocupar o posto. Como Paulo Sérgio Nogueira era mais novo do que Schons, este passou oficialmente à reserva em maio de 2021.

General Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército. Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO 

Além disso, Schons jamais denunciou colegas ao STM por recebimento de propina ou por desvio de recursos do orçamento. O vídeo argumenta que em decorrência dessa suposta denúncia, generais foram expulsos do EB, o que também é falso.

Segundo a postagem, o comandante do Estado-Maior do EB, general Fernando Sant’ana, também teria feito denúncias em relação ao suposto esquema de corrupção. Lula teria mandado destruir evidências de que houve vários desvios em sete meses. Não há qualquer registro de que Sant’ana tenha feito denúncias contra Lula ou colegas.

Ninguém foi preso por querer assassinar Décio Schons

O vídeo afirma que um coronel não identificado foi preso após a descoberta de uma quadrilha inserida nas Forças Armadas para assassinar o “chefe da inteligência” Schons. Segundo o post, a morte teria sido encomendada porque os poderes Executivo e Judiciário decidiram que ele “estava atrapalhando”. O Exército Brasileiro informou ao Verifica que isso nunca aconteceu e que mensagens dessa natureza “apenas contribuem para a desinformação da nossa sociedade”.

Ex-superintendente da PF em São Paulo não indiciou Lula

O vídeo alega que o delegado Rodrigo Piovesano Bartolamei, que foi superintendente da Polícia Federal em São Paulo, teria pedido o indiciamento de Lula. Ele teria ainda solicitado um mandado de busca e apreensão para uma residência do presidente em São Paulo, mas a investigação teria sofrido interferência do STF. Mas, como já informou o Verifica, Bartolamei não fez acusações contra Lula.

É falsa, ainda, a alegação de que o delegado tenha declarado que o presidente tem padrinhos poderosos dentro da Suprema Corte que estariam ajudando o petista a escapar da cadeia. A reportagem não localizou qualquer declaração de Bartolamei neste sentido.

A peça desinformativa faz mais uma falsa alegação sobre o delegado: que ele teria corroborado uma notícia-crime contra Alexandre de Moraes por abuso de poder e assinado um manifesto a favor da instauração de processo contra o ministro. Esse manifesto existe, mas como fica claro no próprio documento, publicado na íntegra pelo Poder 360, as assinaturas são de 131 delegados aposentados, o que não é o caso de Bartolamei.

Não há provas de que o FBI ligou Lula e ministros a cartéis estrangeiros

O vídeo afirma ainda existirem dois relatórios do FBI: um citaria Lula como beneficiário de um cartel mexicano que estaria expandindo operações no Brasil; outro mostraria que um ministro do STF foi flagrado recebendo propina em uma investigação sobre envolvimento de autoridades brasileiras com cartéis internacionais. Mas não há qualquer notícia que sustente essas duas afirmações. Em março, o Comprova desmentiu um boato semelhante e mostrou que não havia evidências de que Alexandre de Moraes responda a processos nos Estados Unidos ou seja investigado pelo FBI.

O vídeo analisado aqui cita ainda uma operação que teria sido realizada pela Polícia Federal e o FBI em setembro, na qual teriam sido presos chefes de cartéis expandindo negócios no Brasil com facilitação do Poder Judiciário. As ações e operações da PF são divulgadas no site oficial. Ao procurar por menções ao FBI, não há qualquer citação em setembro do ano passado. As datas mais próximas dela em que o órgão norte-americano é mencionado pela PF são em agosto e novembro, em notícias relacionadas a operações por crimes cibernéticos e divulgação de pornografia infantil pela internet.

Não há registro de que Christopher Wray, diretor do FBI, tenha dito que Brasil é o país mais corrupto. (AP Photo/John C. Clark) 

Por fim, a peça de desinformação diz que o chefe do FBI afirmou que o Brasil é o mais corrupto de todos os países. Desde 2017, o diretor do órgão é Christopher Wray. Uma busca realizada pelo nome dele, associado a palavras-chave como ‘Brasil’ e ‘corrupção’, não retornou qualquer notícia ou registro em que ele faça essa afirmação. Sobre isso, a assessoria de imprensa do órgão negou que a declaração seja verdadeira. A instituição preferiu não comentar os demais assuntos citados no vídeo.

O Verifica procurou o autor da publicação no Facebook, mas ele não respondeu.

Alguns dos fatos aqui checados foram desmentidos por outras iniciativas, como Aos Fatos (1 e 2), Fato ou Fake, Boatos.Org, Reuters (1 e 2) e Uol Confere.

O que estão compartilhando: vídeo afirma que o Superior Tribunal Militar (STM) autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes; e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o STF lideram esquema para desvio de recursos das Forças Armadas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não existe qualquer ordem do STM para que o Exército Brasileiro prenda Moraes. Também não há registro em fontes confiáveis de notícias sobre um esquema de corrupção organizado por Lula e o STF. O vídeo contém outras alegações falsas, como a de que a Polícia Federal (PF) teria feito uma operação conjunta com o FBI (órgão federal de investigação dos Estados Unidos) contra integrantes do Poder Judiciário.

O STM não determinou a prisão do ministro Alexandre de Moraes Foto: Reprodução

Saiba mais: A seguir, o Estadão Verifica demonstra por que cada uma das alegações mencionadas no vídeo não tem base na realidade.

STM não determinou a prisão de Alexandre de Moraes

Essa alegação não é nova: foi desmentida pelo Verifica no último mês. O vídeo diz que o STM autorizou militares do Exército a cumprirem ordem de prisão contra Moraes e que o general Lourival Carvalho Silva, ministro do STM, é relator de uma denúncia contra Moraes por crime de lavagem de dinheiro e propinas. Além disso, Moraes estaria sendo investigado por Lourival por supostamente facilitar a volta de Lula ao poder.

O ministro do STM não é relator de processos envolvendo Moraes. No sistema do tribunal militar, há 21 processos que envolvem Alexandre, entre pedidos de prisão e de impeachment, mas nenhum tinha Lourival como relator. Como o STM não tem competência para julgar as ações contra Moraes, que é civil, os processos constam como “baixados”, ou seja, foram remetidos para outros órgãos judiciais competentes ou arquivados definitivamente.

Sede do Superior Tribunal Militar. Foto: STM / Divulgação

Lourival Carvalho não determinou a prisão dos comandantes das Forças Armadas

Para justificar o falso pedido de prisão contra Moraes, o vídeo inventa uma história mirabolante. Em síntese, alega-se que o ministro do STM determinou também a prisão dos comandantes das Forças Armadas após acatar denúncia do chefe da inteligência do Exército Brasileiro, general Décio Luís Schons. A acusação seria de que o Poder Judiciário teria “comprado” generais para desviarem dinheiro do Exército. O esquema seria chefiado pelo comandante da Força, Tomás Paiva, que estaria respondendo a processos no STM. Além disso, Lula seria o “chefe da quadrilha” e teria ordenado o arquivamento de investigações da Polícia Federal sobre o assunto.

Essas afirmações também foram desmentidas pelo Verifica. A primeira coisa a ser considerada é que o general Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército e sequer integra o quadro ativo do órgão. Ele foi cotado para assumir o comando em 2021, o que não ocorreu. À época, o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto, escolheu o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira para ocupar o posto. Como Paulo Sérgio Nogueira era mais novo do que Schons, este passou oficialmente à reserva em maio de 2021.

General Décio Schons nunca chefiou o setor de inteligência do Exército. Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO 

Além disso, Schons jamais denunciou colegas ao STM por recebimento de propina ou por desvio de recursos do orçamento. O vídeo argumenta que em decorrência dessa suposta denúncia, generais foram expulsos do EB, o que também é falso.

Segundo a postagem, o comandante do Estado-Maior do EB, general Fernando Sant’ana, também teria feito denúncias em relação ao suposto esquema de corrupção. Lula teria mandado destruir evidências de que houve vários desvios em sete meses. Não há qualquer registro de que Sant’ana tenha feito denúncias contra Lula ou colegas.

Ninguém foi preso por querer assassinar Décio Schons

O vídeo afirma que um coronel não identificado foi preso após a descoberta de uma quadrilha inserida nas Forças Armadas para assassinar o “chefe da inteligência” Schons. Segundo o post, a morte teria sido encomendada porque os poderes Executivo e Judiciário decidiram que ele “estava atrapalhando”. O Exército Brasileiro informou ao Verifica que isso nunca aconteceu e que mensagens dessa natureza “apenas contribuem para a desinformação da nossa sociedade”.

Ex-superintendente da PF em São Paulo não indiciou Lula

O vídeo alega que o delegado Rodrigo Piovesano Bartolamei, que foi superintendente da Polícia Federal em São Paulo, teria pedido o indiciamento de Lula. Ele teria ainda solicitado um mandado de busca e apreensão para uma residência do presidente em São Paulo, mas a investigação teria sofrido interferência do STF. Mas, como já informou o Verifica, Bartolamei não fez acusações contra Lula.

É falsa, ainda, a alegação de que o delegado tenha declarado que o presidente tem padrinhos poderosos dentro da Suprema Corte que estariam ajudando o petista a escapar da cadeia. A reportagem não localizou qualquer declaração de Bartolamei neste sentido.

A peça desinformativa faz mais uma falsa alegação sobre o delegado: que ele teria corroborado uma notícia-crime contra Alexandre de Moraes por abuso de poder e assinado um manifesto a favor da instauração de processo contra o ministro. Esse manifesto existe, mas como fica claro no próprio documento, publicado na íntegra pelo Poder 360, as assinaturas são de 131 delegados aposentados, o que não é o caso de Bartolamei.

Não há provas de que o FBI ligou Lula e ministros a cartéis estrangeiros

O vídeo afirma ainda existirem dois relatórios do FBI: um citaria Lula como beneficiário de um cartel mexicano que estaria expandindo operações no Brasil; outro mostraria que um ministro do STF foi flagrado recebendo propina em uma investigação sobre envolvimento de autoridades brasileiras com cartéis internacionais. Mas não há qualquer notícia que sustente essas duas afirmações. Em março, o Comprova desmentiu um boato semelhante e mostrou que não havia evidências de que Alexandre de Moraes responda a processos nos Estados Unidos ou seja investigado pelo FBI.

O vídeo analisado aqui cita ainda uma operação que teria sido realizada pela Polícia Federal e o FBI em setembro, na qual teriam sido presos chefes de cartéis expandindo negócios no Brasil com facilitação do Poder Judiciário. As ações e operações da PF são divulgadas no site oficial. Ao procurar por menções ao FBI, não há qualquer citação em setembro do ano passado. As datas mais próximas dela em que o órgão norte-americano é mencionado pela PF são em agosto e novembro, em notícias relacionadas a operações por crimes cibernéticos e divulgação de pornografia infantil pela internet.

Não há registro de que Christopher Wray, diretor do FBI, tenha dito que Brasil é o país mais corrupto. (AP Photo/John C. Clark) 

Por fim, a peça de desinformação diz que o chefe do FBI afirmou que o Brasil é o mais corrupto de todos os países. Desde 2017, o diretor do órgão é Christopher Wray. Uma busca realizada pelo nome dele, associado a palavras-chave como ‘Brasil’ e ‘corrupção’, não retornou qualquer notícia ou registro em que ele faça essa afirmação. Sobre isso, a assessoria de imprensa do órgão negou que a declaração seja verdadeira. A instituição preferiu não comentar os demais assuntos citados no vídeo.

O Verifica procurou o autor da publicação no Facebook, mas ele não respondeu.

Alguns dos fatos aqui checados foram desmentidos por outras iniciativas, como Aos Fatos (1 e 2), Fato ou Fake, Boatos.Org, Reuters (1 e 2) e Uol Confere.

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