Vídeo mostra encenação de peça teatral, não MST fingindo ataque policial


Produção ‘Antígona na Amazônia’, do dramaturgo suíço Milo Rau, foi encenada no mesmo local onde 21 trabalhadores rurais foram mortos pela polícia há 27 anos; MST participa da montagem

Por Clarissa Pacheco

O que estão compartilhando: que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está fingindo ser atacado pela polícia para enganar o mundo.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. O vídeo com mais de 5 mil interações no Instagram mostra gravação para a peça Antígona na Amazônia, do dramaturgo suíço Milo Rau. As cenas recriam o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, em formato de tragédia grega, e foram gravadas no último dia 17.

Diferente do que diz a legenda do vídeo no Instagram, o MST não estava encenando um ataque para “enganar o mundo”. Pessoas nas imagens usam bonés do movimento porque o MST participa da gravação. A peça estreia no Teatro Holandês de Gante, na Bélgica, em 13 de maio, e as imagens gravadas no Pará serão exibidas lá.

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Vídeo mostra encenação de peça teatral, não MST fingindo ataque policial Foto: Arte/Estadão

Saiba mais: Em 1996, a Polícia Militar do Pará matou 21 trabalhadores rurais na localidade conhecida como Curva do S, onde hoje fica a rodovia BR-155, na entrada da cidade de Eldorado dos Carajás (PA) – 19 morreram no local e dois no hospital. Os trabalhadores bloqueavam a pista em um protesto a favor a reforma agrária e contra a demora na desapropriação da terra da Fazenda Macaxeira.

Dos 154 policiais envolvidos no massacre, 124 soldados foram absolvidos e só dois militares tiveram pena máxima por homicídio doloso: o major José Maria Pereira de Oliveira, condenado a 158 anos de prisão, e o coronel Mário Colares Pantoja, condenado a 228 anos - ele morreu em 2020 aos 77 anos. Por causa do massacre dos Carajás, o dia 17 de abril foi instituído Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

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Diretor suíço Milo Rau durante gravação para peça Antígona na Amazônia, em 17 de abril de 2023 (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) Foto: Nelson Almeida/AFP

A cena dirigida pelo dramaturgo Milo Rau no último dia 17 de abril foi gravada no mesmo trecho onde os trabalhadores foram assassinados e sobreviventes participaram da encenação. Segundo a coordenação do MST na região, o movimento sempre participa de atos em memória do massacre. Este ano, por conta da peça Antígona na Amazônia, a caracterização, assim como as armas, pareceram mais reais – elas pertencem à empresa Carrasco, que trabalha com efeitos especiais e armas para o cinema brasileiro.

O jornalista Alex Tavares, apresentador do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas (PA), confirmou ao Estadão Verifica que a equipe esteve no local e produziu uma reportagem sobre a encenação. Houve uma entrada ao vivo do local, no mesmo dia 17 de abril; a reportagem completa foi ao ar no dia 18.

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Militantes do MST e sobreviventes de massacre de Eldorado dos Carajás se juntaram a atores que encenaram o assassinato de 21 trabalhadores rurais no Pará há 27 anos, em 17 de abril de 1996, para peça de dramaturgo suíço. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) 

O ato também foi tema de reportagens da AFP e do jornal paraense O Liberal. O UOL Confere também checou este conteúdo.

Como lidar com postagens do tipo: Há elementos na imagem que indicam que o video não mostra situação feita para enganar, e sim uma encenação de teatro ou cinema: é possível ver pessoas segurando microfones e câmeras profissionais, por exemplo. Além disso, há imprensa no local, o que fica evidente pela presença de um homem usando uma camisa da RBATV de Paraupebas, no Pará, afiliada da TV Band.

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Uma busca reversa de imagens por alguns frames do vídeo leva à edição do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas do último dia 17 de abril, que mostra imagens do mesmo local exibido no vídeo aqui investigado: é possível ver um palco ao fundo e pessoas usando as mesmas roupas, além de bonés do MST.

Do local, o repórter Heldo Miranda fala sobre as ações previstas para o dia em memória dos 27 anos do massacre e afirma que a equipe da emissora acompanhou uma apresentação teatral que mostrava como havia sido o massacre.

O que estão compartilhando: que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está fingindo ser atacado pela polícia para enganar o mundo.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. O vídeo com mais de 5 mil interações no Instagram mostra gravação para a peça Antígona na Amazônia, do dramaturgo suíço Milo Rau. As cenas recriam o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, em formato de tragédia grega, e foram gravadas no último dia 17.

Diferente do que diz a legenda do vídeo no Instagram, o MST não estava encenando um ataque para “enganar o mundo”. Pessoas nas imagens usam bonés do movimento porque o MST participa da gravação. A peça estreia no Teatro Holandês de Gante, na Bélgica, em 13 de maio, e as imagens gravadas no Pará serão exibidas lá.

Vídeo mostra encenação de peça teatral, não MST fingindo ataque policial Foto: Arte/Estadão

Saiba mais: Em 1996, a Polícia Militar do Pará matou 21 trabalhadores rurais na localidade conhecida como Curva do S, onde hoje fica a rodovia BR-155, na entrada da cidade de Eldorado dos Carajás (PA) – 19 morreram no local e dois no hospital. Os trabalhadores bloqueavam a pista em um protesto a favor a reforma agrária e contra a demora na desapropriação da terra da Fazenda Macaxeira.

Dos 154 policiais envolvidos no massacre, 124 soldados foram absolvidos e só dois militares tiveram pena máxima por homicídio doloso: o major José Maria Pereira de Oliveira, condenado a 158 anos de prisão, e o coronel Mário Colares Pantoja, condenado a 228 anos - ele morreu em 2020 aos 77 anos. Por causa do massacre dos Carajás, o dia 17 de abril foi instituído Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Diretor suíço Milo Rau durante gravação para peça Antígona na Amazônia, em 17 de abril de 2023 (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) Foto: Nelson Almeida/AFP

A cena dirigida pelo dramaturgo Milo Rau no último dia 17 de abril foi gravada no mesmo trecho onde os trabalhadores foram assassinados e sobreviventes participaram da encenação. Segundo a coordenação do MST na região, o movimento sempre participa de atos em memória do massacre. Este ano, por conta da peça Antígona na Amazônia, a caracterização, assim como as armas, pareceram mais reais – elas pertencem à empresa Carrasco, que trabalha com efeitos especiais e armas para o cinema brasileiro.

O jornalista Alex Tavares, apresentador do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas (PA), confirmou ao Estadão Verifica que a equipe esteve no local e produziu uma reportagem sobre a encenação. Houve uma entrada ao vivo do local, no mesmo dia 17 de abril; a reportagem completa foi ao ar no dia 18.

Militantes do MST e sobreviventes de massacre de Eldorado dos Carajás se juntaram a atores que encenaram o assassinato de 21 trabalhadores rurais no Pará há 27 anos, em 17 de abril de 1996, para peça de dramaturgo suíço. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) 

O ato também foi tema de reportagens da AFP e do jornal paraense O Liberal. O UOL Confere também checou este conteúdo.

Como lidar com postagens do tipo: Há elementos na imagem que indicam que o video não mostra situação feita para enganar, e sim uma encenação de teatro ou cinema: é possível ver pessoas segurando microfones e câmeras profissionais, por exemplo. Além disso, há imprensa no local, o que fica evidente pela presença de um homem usando uma camisa da RBATV de Paraupebas, no Pará, afiliada da TV Band.

Uma busca reversa de imagens por alguns frames do vídeo leva à edição do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas do último dia 17 de abril, que mostra imagens do mesmo local exibido no vídeo aqui investigado: é possível ver um palco ao fundo e pessoas usando as mesmas roupas, além de bonés do MST.

Do local, o repórter Heldo Miranda fala sobre as ações previstas para o dia em memória dos 27 anos do massacre e afirma que a equipe da emissora acompanhou uma apresentação teatral que mostrava como havia sido o massacre.

O que estão compartilhando: que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está fingindo ser atacado pela polícia para enganar o mundo.

O Estadão investigou e concluiu que: é falso. O vídeo com mais de 5 mil interações no Instagram mostra gravação para a peça Antígona na Amazônia, do dramaturgo suíço Milo Rau. As cenas recriam o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, em formato de tragédia grega, e foram gravadas no último dia 17.

Diferente do que diz a legenda do vídeo no Instagram, o MST não estava encenando um ataque para “enganar o mundo”. Pessoas nas imagens usam bonés do movimento porque o MST participa da gravação. A peça estreia no Teatro Holandês de Gante, na Bélgica, em 13 de maio, e as imagens gravadas no Pará serão exibidas lá.

Vídeo mostra encenação de peça teatral, não MST fingindo ataque policial Foto: Arte/Estadão

Saiba mais: Em 1996, a Polícia Militar do Pará matou 21 trabalhadores rurais na localidade conhecida como Curva do S, onde hoje fica a rodovia BR-155, na entrada da cidade de Eldorado dos Carajás (PA) – 19 morreram no local e dois no hospital. Os trabalhadores bloqueavam a pista em um protesto a favor a reforma agrária e contra a demora na desapropriação da terra da Fazenda Macaxeira.

Dos 154 policiais envolvidos no massacre, 124 soldados foram absolvidos e só dois militares tiveram pena máxima por homicídio doloso: o major José Maria Pereira de Oliveira, condenado a 158 anos de prisão, e o coronel Mário Colares Pantoja, condenado a 228 anos - ele morreu em 2020 aos 77 anos. Por causa do massacre dos Carajás, o dia 17 de abril foi instituído Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Diretor suíço Milo Rau durante gravação para peça Antígona na Amazônia, em 17 de abril de 2023 (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) Foto: Nelson Almeida/AFP

A cena dirigida pelo dramaturgo Milo Rau no último dia 17 de abril foi gravada no mesmo trecho onde os trabalhadores foram assassinados e sobreviventes participaram da encenação. Segundo a coordenação do MST na região, o movimento sempre participa de atos em memória do massacre. Este ano, por conta da peça Antígona na Amazônia, a caracterização, assim como as armas, pareceram mais reais – elas pertencem à empresa Carrasco, que trabalha com efeitos especiais e armas para o cinema brasileiro.

O jornalista Alex Tavares, apresentador do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas (PA), confirmou ao Estadão Verifica que a equipe esteve no local e produziu uma reportagem sobre a encenação. Houve uma entrada ao vivo do local, no mesmo dia 17 de abril; a reportagem completa foi ao ar no dia 18.

Militantes do MST e sobreviventes de massacre de Eldorado dos Carajás se juntaram a atores que encenaram o assassinato de 21 trabalhadores rurais no Pará há 27 anos, em 17 de abril de 1996, para peça de dramaturgo suíço. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP) 

O ato também foi tema de reportagens da AFP e do jornal paraense O Liberal. O UOL Confere também checou este conteúdo.

Como lidar com postagens do tipo: Há elementos na imagem que indicam que o video não mostra situação feita para enganar, e sim uma encenação de teatro ou cinema: é possível ver pessoas segurando microfones e câmeras profissionais, por exemplo. Além disso, há imprensa no local, o que fica evidente pela presença de um homem usando uma camisa da RBATV de Paraupebas, no Pará, afiliada da TV Band.

Uma busca reversa de imagens por alguns frames do vídeo leva à edição do programa Barra Pesada, da RBATV de Paraupebas do último dia 17 de abril, que mostra imagens do mesmo local exibido no vídeo aqui investigado: é possível ver um palco ao fundo e pessoas usando as mesmas roupas, além de bonés do MST.

Do local, o repórter Heldo Miranda fala sobre as ações previstas para o dia em memória dos 27 anos do massacre e afirma que a equipe da emissora acompanhou uma apresentação teatral que mostrava como havia sido o massacre.

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