O que estão compartilhando: que ninguém compareceu a um evento no Rio de Janeiro que contou com a participação do presidente Lula.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. De acordo com a Presidência e com um vereador que participou do evento, no local mostrado no vídeo o acesso do público era restrito. No dia 10 de agosto pela manhã, o presidente presenciou uma implosão que marcou o início da construção de um túnel. Somente moradores e autoridades puderam circular na rua que dá acesso ao canteiro de obras. A Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio) confirmou que a via ficou parcialmente interditada durante a implosão. De lá, a comitiva presidencial foi para uma cerimônia pública onde Lula foi recebido por centenas de apoiadores.
Saiba mais: No dia 10 de agosto, Lula acompanhou a implosão que deu início às obras do túnel de 600 metros que será aberto sob o Morro Luís Bom, no bairro Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Um vídeo do momento em que Lula, o prefeito Eduardo Paes (PSD), o governador do Estado Cláudio Castro (PL) e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Aloizio Mercadante acionam o detonador foi postado, às 10h46, no perfil oficial do governo brasileiro no X (antigo Twitter), assista:
O mesmo instante foi filmado de outro ângulo por uma pessoa que presenciou a implosão do lado de fora do canteiro de obras (onde antigamente funcionava um posto da Guarda Municipal). Quem filma diz que apesar de Lula estar ali, pouquíssimas pessoas vieram vê-lo, o que prova que o Brasil está “desmoralizado”.
O vídeo alvo desta checagem faz afirmação semelhante. Um homem grava enquanto caminha pela rua Minas de Prata, que é a que dá acesso ao local da implosão. “Olha onde o presidente da República está”, diz ele, mostrando a ausência de público. “É desmoralizante demais. Acho que se eu fizesse um pagode vinha mais gente”.
O vídeo foi republicado por um influenciador no Instagram no dia 11 de agosto. A publicação acumula 106 mil visualizações. Na legenda, o influenciador escreveu: “Mais um evento onde o Lula vai e não tem ninguém… Porque alguém iria “.
Acesso ao local da implosão era limitado
A Presidência da República explicou por e-mail que a ideia inicial era realizar um ato aberto ao público na rua ao lado do local da implosão, mas que por questão de segurança optaram por fazê-lo no estádio Ítalo Del Cima, um dos equipamentos do Campo Grande Atlético Clube.
“O ato não era no local da implosão, portanto, o endereço nunca foi divulgado”, informou a assessoria. Ainda de acordo com ela, além de Lula, Paes, Castro e Mercadante participaram da detonação: “a imprensa de imagem, que foi levada de carro do estádio ao local e de volta ao estádio; e os trabalhadores da obra, conforme imagens disponíveis no Flickr do Palácio do Planalto”.
O vereador carioca Welington Dias (PDT) contou ao Estadão Verifica que só teve a entrada permitida na implosão porque mora no bairro e fez questão de participar da cerimônia. “A explosão não foi divulgada, o ato político foi no clube Campo Grande onde reuniu uma multidão”, explicou ele. A participação na implosão não constava na agenda oficial do presidente da República.
Questionado sobre a ausência de público na ocasião, o vereador explicou que o acesso pela rua estava fechado para “resguardar a segurança do presidente e das autoridades, sendo permitido somente o tráfego de moradores e de carros oficiais”.
A CET-Rio disse que a circulação de veículos foi interditada durante a implosão. “Como dito, ocorreu uma implosão no local, o que por si só exige medidas de segurança adicionais como a imposição de perímetro de segurança onde não pode haver a circulação de veículos”, informou em nota.
Cerimônia pública contou a presença de apoiadores de Lula
Após a implosão, Lula e sua comitiva foram para um local distante cerca de 2 quilômetros dali: o Campo Grande Atlético Clube. No ginásio do complexo esportivo, eles participaram da cerimônia que selou a parceria entre o governo federal e a prefeitura da capital fluminense para fomentar a recuperação do Sistema BRT na cidade e para a construção do Anel Viário no bairro de Campo Grande.
Ao contrário da implosão, a cerimônia no ginásio, marcada para às 10h30, constava na agenda do presidente da República. O evento começou próximo das 11h30 e foi transmitido ao vivo. Fotos no Flickr do Palácio do Planalto e publicações nas redes sociais mostram que além de autoridades, estiveram presentes apoiadores de Lula.