Não, cientistas não reviveram vírus que transforma pessoas em zumbis


Vídeo no Facebook distorce descoberta de micro-organismos que estavam congelados há 48,5 mil anos na Sibéria

Por Gabriel Belic
Atualização:

Não é verdade que cientistas tenham descoberto um vírus que transforma pessoas em “zumbis” e que, em consequência, países como Estados Unidos e China já estariam se preparando para uma nova pandemia. Postagens nas redes sociais distorcem um estudo de co-autoria do pesquisador francês Jean-Michel Claverie, da Universidade Aix-Marseille, na França, sobre os chamados “vírus zumbis” – micro-organismos que estavam congelados há milhares de anos na Sibéria que, com o degelo do permafrost, foram redescobertos.

Um vídeo no Facebook afirma que uma vidente previu a existência de um vírus zumbi, que causaria uma pandemia ainda este ano. O autor ilustra a peça com vídeos e imagens de zumbis e diz que “estamos prestes a viver um apocalipse”. Como argumento, ele expõe um estudo realizado por uma equipe de cientistas e alega que os Estados Unidos e a China já estariam se preparando para o suposto cenário apocalíptico.

É falso que cientistas tenham descoberto vírus que transforma pessoas em zumbi Foto: Arte/Estadão
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Pandemia de ‘vírus zumbi’

A descoberta de vírus que passaram 48.500 anos congelados é verdadeira, mas é tirada de contexto no vídeo. O estudo em questão foi publicado na revista científica Viruses e destaca os riscos das mudanças climáticas, que podem reviver vírus que permaneceram dormentes e congelados no permafrost desde os tempos pré-históricos. Portanto, os vírus citados pelo responsável pelo vídeo não são causadores de uma espécie de “apocalipse zumbi”, e sim patógenos que estavam presos no solo há muitos anos.

A postagem também engana ao afirmar que os vírus em questão causarão uma pandemia ainda em 2023. O estudo afirma que “é legítimo ponderar sobre o risco de partículas virais antigas permanecerem infecciosas e voltarem à circulação pelo degelo de antigas camadas de permafrost”, mas ainda é incerto os possíveis efeitos que estes vírus podem causar na humanidade.

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Como explica esta reportagem publicada pelo Estadão, virologistas entendem que a maioria dos vírus descobertos na Sibéria não é perigosa e não se encaixa na categoria dos coronavírus e de outros vírus altamente infecciosos, que podem desencadear pandemias.

Cientista segura cristal de gelo retirado do permafrost em Pleistocene Park, próximo à cidade de Chersky, na Rússia.  Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/File Photo

CONOP 8888, o plano contra zumbis

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O responsável pela publicação viral afirma os Estados Unidos já estariam se preparando para a “pandemia zumbi” por meio do Conop 8888, um plano militar contra ameaças de “mortos-vivos”. O plano – que é verdadeiro – foi tirado de contexto para criar uma narrativa alarmista.

O Conop 8888, também chamado de Conplan 8888, foi revelado pela revista Foreign Policy em 2014. O documento original é do dia 30 de abril de 2011, portanto, antes da descoberta de “vírus zumbis”. De acordo com a revista, os militares do Comando Estratégico dos EUA em Omaha, Nebraska, buscaram uma maneira criativa de criar um documento de planejamento para proteger a população em qualquer tipo de ataque – neste caso, o cenário hipotético era um apocalipse zumbi.

À reportagem da Foreign Policy, a capitã Pamela Kunze atestou a veracidade do documento, mas ressaltou que o plano foi feito para fins educativos, sem fazer parte do plano do Comando Estratégico dos EUA. De acordo com Pamela, o documento foi utilizado em um exercício de treinamento interno para alunos entenderem conceitos básicos de planos militares a partir de um cenário fictício.

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Não é a primeira vez que os americanos utilizam um cenário apocalíptico para treinamentos ou para conscientizar o público. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) realizou uma campanha em 2011 sobre um ataque de mortos-vivos. O cartaz alertava “pegue um kit, faça um plano e esteja preparado”. De acordo com a agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, a campanha foi um exemplo de entretenimento educacional, com objetivo de promover a preparação para diferentes emergências e desastres.

Quarentena na China

Como um de seus argumentos, o autor da postagem também diz que a China está fazendo grandes centros de isolamento. No vídeo, ele mostra um campo de quarentena real na China. Ele está na periferia de Shijiazhuang, capital da província de Hebei. No entanto, não há um motivo oculto por trás da ação, diferentemente do que é dito na peça checada.

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O centro foi construído em janeiro de 2021 com objetivo de abrigar 4.000 pessoas e conter o avanço da covid-19 na localidade. Na época, o surto estava centralizado na região e restrições rígidas foram aplicadas para tentar frear a transmissão. As autoridades informaram que o centro abrigaria indivíduos que tiveram contato com pacientes confirmados da covid-19. A construção não tem nenhuma ligação com a existência de “vírus zumbis”.

Não é verdade que cientistas tenham descoberto um vírus que transforma pessoas em “zumbis” e que, em consequência, países como Estados Unidos e China já estariam se preparando para uma nova pandemia. Postagens nas redes sociais distorcem um estudo de co-autoria do pesquisador francês Jean-Michel Claverie, da Universidade Aix-Marseille, na França, sobre os chamados “vírus zumbis” – micro-organismos que estavam congelados há milhares de anos na Sibéria que, com o degelo do permafrost, foram redescobertos.

Um vídeo no Facebook afirma que uma vidente previu a existência de um vírus zumbi, que causaria uma pandemia ainda este ano. O autor ilustra a peça com vídeos e imagens de zumbis e diz que “estamos prestes a viver um apocalipse”. Como argumento, ele expõe um estudo realizado por uma equipe de cientistas e alega que os Estados Unidos e a China já estariam se preparando para o suposto cenário apocalíptico.

É falso que cientistas tenham descoberto vírus que transforma pessoas em zumbi Foto: Arte/Estadão

Pandemia de ‘vírus zumbi’

A descoberta de vírus que passaram 48.500 anos congelados é verdadeira, mas é tirada de contexto no vídeo. O estudo em questão foi publicado na revista científica Viruses e destaca os riscos das mudanças climáticas, que podem reviver vírus que permaneceram dormentes e congelados no permafrost desde os tempos pré-históricos. Portanto, os vírus citados pelo responsável pelo vídeo não são causadores de uma espécie de “apocalipse zumbi”, e sim patógenos que estavam presos no solo há muitos anos.

A postagem também engana ao afirmar que os vírus em questão causarão uma pandemia ainda em 2023. O estudo afirma que “é legítimo ponderar sobre o risco de partículas virais antigas permanecerem infecciosas e voltarem à circulação pelo degelo de antigas camadas de permafrost”, mas ainda é incerto os possíveis efeitos que estes vírus podem causar na humanidade.

Como explica esta reportagem publicada pelo Estadão, virologistas entendem que a maioria dos vírus descobertos na Sibéria não é perigosa e não se encaixa na categoria dos coronavírus e de outros vírus altamente infecciosos, que podem desencadear pandemias.

Cientista segura cristal de gelo retirado do permafrost em Pleistocene Park, próximo à cidade de Chersky, na Rússia.  Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/File Photo

CONOP 8888, o plano contra zumbis

O responsável pela publicação viral afirma os Estados Unidos já estariam se preparando para a “pandemia zumbi” por meio do Conop 8888, um plano militar contra ameaças de “mortos-vivos”. O plano – que é verdadeiro – foi tirado de contexto para criar uma narrativa alarmista.

O Conop 8888, também chamado de Conplan 8888, foi revelado pela revista Foreign Policy em 2014. O documento original é do dia 30 de abril de 2011, portanto, antes da descoberta de “vírus zumbis”. De acordo com a revista, os militares do Comando Estratégico dos EUA em Omaha, Nebraska, buscaram uma maneira criativa de criar um documento de planejamento para proteger a população em qualquer tipo de ataque – neste caso, o cenário hipotético era um apocalipse zumbi.

À reportagem da Foreign Policy, a capitã Pamela Kunze atestou a veracidade do documento, mas ressaltou que o plano foi feito para fins educativos, sem fazer parte do plano do Comando Estratégico dos EUA. De acordo com Pamela, o documento foi utilizado em um exercício de treinamento interno para alunos entenderem conceitos básicos de planos militares a partir de um cenário fictício.

Não é a primeira vez que os americanos utilizam um cenário apocalíptico para treinamentos ou para conscientizar o público. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) realizou uma campanha em 2011 sobre um ataque de mortos-vivos. O cartaz alertava “pegue um kit, faça um plano e esteja preparado”. De acordo com a agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, a campanha foi um exemplo de entretenimento educacional, com objetivo de promover a preparação para diferentes emergências e desastres.

Quarentena na China

Como um de seus argumentos, o autor da postagem também diz que a China está fazendo grandes centros de isolamento. No vídeo, ele mostra um campo de quarentena real na China. Ele está na periferia de Shijiazhuang, capital da província de Hebei. No entanto, não há um motivo oculto por trás da ação, diferentemente do que é dito na peça checada.

O centro foi construído em janeiro de 2021 com objetivo de abrigar 4.000 pessoas e conter o avanço da covid-19 na localidade. Na época, o surto estava centralizado na região e restrições rígidas foram aplicadas para tentar frear a transmissão. As autoridades informaram que o centro abrigaria indivíduos que tiveram contato com pacientes confirmados da covid-19. A construção não tem nenhuma ligação com a existência de “vírus zumbis”.

Não é verdade que cientistas tenham descoberto um vírus que transforma pessoas em “zumbis” e que, em consequência, países como Estados Unidos e China já estariam se preparando para uma nova pandemia. Postagens nas redes sociais distorcem um estudo de co-autoria do pesquisador francês Jean-Michel Claverie, da Universidade Aix-Marseille, na França, sobre os chamados “vírus zumbis” – micro-organismos que estavam congelados há milhares de anos na Sibéria que, com o degelo do permafrost, foram redescobertos.

Um vídeo no Facebook afirma que uma vidente previu a existência de um vírus zumbi, que causaria uma pandemia ainda este ano. O autor ilustra a peça com vídeos e imagens de zumbis e diz que “estamos prestes a viver um apocalipse”. Como argumento, ele expõe um estudo realizado por uma equipe de cientistas e alega que os Estados Unidos e a China já estariam se preparando para o suposto cenário apocalíptico.

É falso que cientistas tenham descoberto vírus que transforma pessoas em zumbi Foto: Arte/Estadão

Pandemia de ‘vírus zumbi’

A descoberta de vírus que passaram 48.500 anos congelados é verdadeira, mas é tirada de contexto no vídeo. O estudo em questão foi publicado na revista científica Viruses e destaca os riscos das mudanças climáticas, que podem reviver vírus que permaneceram dormentes e congelados no permafrost desde os tempos pré-históricos. Portanto, os vírus citados pelo responsável pelo vídeo não são causadores de uma espécie de “apocalipse zumbi”, e sim patógenos que estavam presos no solo há muitos anos.

A postagem também engana ao afirmar que os vírus em questão causarão uma pandemia ainda em 2023. O estudo afirma que “é legítimo ponderar sobre o risco de partículas virais antigas permanecerem infecciosas e voltarem à circulação pelo degelo de antigas camadas de permafrost”, mas ainda é incerto os possíveis efeitos que estes vírus podem causar na humanidade.

Como explica esta reportagem publicada pelo Estadão, virologistas entendem que a maioria dos vírus descobertos na Sibéria não é perigosa e não se encaixa na categoria dos coronavírus e de outros vírus altamente infecciosos, que podem desencadear pandemias.

Cientista segura cristal de gelo retirado do permafrost em Pleistocene Park, próximo à cidade de Chersky, na Rússia.  Foto: REUTERS/Maxim Shemetov/File Photo

CONOP 8888, o plano contra zumbis

O responsável pela publicação viral afirma os Estados Unidos já estariam se preparando para a “pandemia zumbi” por meio do Conop 8888, um plano militar contra ameaças de “mortos-vivos”. O plano – que é verdadeiro – foi tirado de contexto para criar uma narrativa alarmista.

O Conop 8888, também chamado de Conplan 8888, foi revelado pela revista Foreign Policy em 2014. O documento original é do dia 30 de abril de 2011, portanto, antes da descoberta de “vírus zumbis”. De acordo com a revista, os militares do Comando Estratégico dos EUA em Omaha, Nebraska, buscaram uma maneira criativa de criar um documento de planejamento para proteger a população em qualquer tipo de ataque – neste caso, o cenário hipotético era um apocalipse zumbi.

À reportagem da Foreign Policy, a capitã Pamela Kunze atestou a veracidade do documento, mas ressaltou que o plano foi feito para fins educativos, sem fazer parte do plano do Comando Estratégico dos EUA. De acordo com Pamela, o documento foi utilizado em um exercício de treinamento interno para alunos entenderem conceitos básicos de planos militares a partir de um cenário fictício.

Não é a primeira vez que os americanos utilizam um cenário apocalíptico para treinamentos ou para conscientizar o público. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) realizou uma campanha em 2011 sobre um ataque de mortos-vivos. O cartaz alertava “pegue um kit, faça um plano e esteja preparado”. De acordo com a agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, a campanha foi um exemplo de entretenimento educacional, com objetivo de promover a preparação para diferentes emergências e desastres.

Quarentena na China

Como um de seus argumentos, o autor da postagem também diz que a China está fazendo grandes centros de isolamento. No vídeo, ele mostra um campo de quarentena real na China. Ele está na periferia de Shijiazhuang, capital da província de Hebei. No entanto, não há um motivo oculto por trás da ação, diferentemente do que é dito na peça checada.

O centro foi construído em janeiro de 2021 com objetivo de abrigar 4.000 pessoas e conter o avanço da covid-19 na localidade. Na época, o surto estava centralizado na região e restrições rígidas foram aplicadas para tentar frear a transmissão. As autoridades informaram que o centro abrigaria indivíduos que tiveram contato com pacientes confirmados da covid-19. A construção não tem nenhuma ligação com a existência de “vírus zumbis”.

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