Um grande revés diplomático para isolar ainda mais a Rússia marcou este 43º dia da guerra na Ucrânia. A Assembleia Geral da ONU suspendeu a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da organização, uma votação na qual o Brasil se absteve.
A Rússia chamou a medida de “uma tentativa dos EUA de manter sua dominação e controle total” e de “usar o colonialismo dos direitos humanos nas relações internacionais”.
A decisão, de caráter mais simbólico do que prático, reforça o apoio internacional à Ucrânia, que continua pedindo ajuda militar para sua luta contra os russos. Em uma reunião da Otan em Bruxelas nesta quinta-feira, o chanceler ucraniano deixou bem claro o querem os ucranianos: “Armas, armas, armas”.
No campo de guerra, os dois lados deram declarações conflitantes sobre a massacrada cidade de Mariupol, sob ataque e cerco das tropas russas há semanas. O lado ucraniano diz que resiste, ainda que com dificuldades. O lado pró-Rússia afirma que não há mais soldados da Ucrânia no centro e que eles controlam agora apenas pontos específicos da cidade. Segundo o prefeito, mais de 5 mil já morreram na cidade.
Ainda no leste, onde o governo ucraniano espera que a Rússia direcione toda sua ofensiva, autoridades locais reiteraram aos moradores para que deixem a região, como fizeram no dia anterior. Segundo elas, os próximos dias representarão a ‘última chance’ de fugir antes que a Rússia comece a atacar.
Isolamento diplomático
A Assembleia Geral das Nações Unidas votou nesta quinta-feira, 7, para suspender a Rússia do Conselho de Direitos Humanos da organização como punição pela invasão da Ucrânia. Dos 193 membros, 93 votaram a favor da suspensão, enquanto 24 votaram contra e 58, entre eles o Brasil, se abstiveram.
A suspensão do conselho, com sede em Genebra, é um grande revés diplomático para a Rússia. A resolução para suspender o país precisava de uma maioria de dois terços dos votos expressos, com as abstenções não contando como votos, e é vista como uma medida da aversão do mundo pelas aparentes atrocidades cometidas na Ucrânia.
Reforço militar
Em Bruxelas, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, disse em um encontro com aliados na Otan que defenderia três pontos: “armas, armas e armas”. “Minha agenda é muito simples, há apenas três itens: armas, armas e armas”, disse ele ao chegar à sede da Aliança Atlântica.
O chefe da diplomacia ucraniana disse que “a melhor maneira de ajudar a Ucrânia agora é fornecer tudo o que for preciso para conter o presidente Vladimir Putin e derrotar o Exército russo na Ucrânia, de tal forma que a guerra não aumente mais”.
Guerra de narrativas
Sobre os combates, autoridades ucranianas e russas deram declarações conflitantes sobre a situação de Mariupol, que está sob o ataque e o cerco de tropas russas há semanas. Segundo um conselheiro da presidência ucraniana, Alexei Arestovich, as forças ucranianas na cidade continuam resistindo com dificuldades, e a Rússia “renovou os ataques”.
Por outro lado, Eduard Basurin, porta-voz da autodeclarada República Popular de Donetsk, pró-Moscou, afirmou que as forças ucranianas foram retiradas do centro. Ele disse que a maioria dos combates militares chegaram ao fim, mas que há alguns pontos de resistência dentro e ao redor da cidade.
‘Última chance’
Ainda na região, as autoridades ucranianas advertiram os civis do leste que os próximos dias representarão a “última chance” de fugir, antes que a Rússia inicie uma grande ofensiva. “Os próximos dias são, talvez, a última oportunidade de fugir”, afirmou no Facebook o governador Sergui Gaidai, ao informar que os russos “estão cortando todas as vias possíveis de saída”.
“Não hesitem em partir”, insistiu, depois de escrever no aplicativo Telegram que as autoridades “não permitirão uma segunda Mariupol”, se referindo à cidade massacrada pelos russos.