Neste 63º dia da guerra na Ucrânia, as repercussões do conflito se ampliaram, ameaçando cruzar as fronteiras à medida que o envio de armas do Ocidente e as sanções econômicas levaram a Rússia a responder cortando o fornecimento de gás para duas nações europeias: a Polônia e a Bulgária. Nesta quarta-feira, a União Europeia acusou Moscou de chantagem depois que a Gazprom interrompeu o abastecimento a esses dois países.
Embora o impacto econômico imediato provavelmente seja limitado, foi a retaliação mais dura do Kremlin contra uma aliança liderada pelos EUA que acusou de apoiar a Ucrânia em uma guerra por procuração destinada a enfraquecer a Rússia.
O corte de combustível ocorreu um dia depois de os EUA e de pelo menos 40 países se comprometerem a armar a Ucrânia “em longo prazo”. A mudança mais significativa foi da Alemanha, que disse que enviaria dezenas de veículos antiaéreos blindados.
Ao mesmo tempo em que Bruxelas acusava Moscou de chantagem, o governo alemão disse estar preparando suas reservas de gás natural para um possível boicote russo. Segundo Berlim, a Alemanha consegue sobreviver das reservas existentes de gás natural até meados de dezembro, quando começa o inverno europeu, se a Rússia cortar o fornecimento de forma imediata.
De um modo geral, a Europa está se mobilizando para diminuir o impacto do corte de gás natural da Rússia para a Polônia e a Bulgária. A Grécia afirmou que vai ajudar a Bulgária com entregas de gás a partir do próximo mês. Já a Polônia vai substituir o gás russo pela produção local, transportada da Noruega, e a partir do mês de outubro não vai precisar mais das importações do país de Vladimir Putin.
Mesmo que as notícias de uma troca de prisioneiros EUA-Rússia tenham oferecido um vislumbre de esperança de que as tensões com o Ocidente possam diminuir, o presidente Putin alertou que desencadearia “contra-ataques” contra quaisquer adversários que “criem ameaças de natureza estratégica inaceitáveis para Rússia.”
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Vladimir Putin, disse ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que ainda tem "esperanças" nas negociações com a Ucrânia. Os dois se encontraram em Moscou.
No front, uma série de explosões na fronteira da Ucrânia levantou a possibilidade de que os confrontos, que entram em seu terceiro mês, pudessem se espalhar. A Ucrânia parece ter tentado atacar mais profundamente o território russo durante a noite. Autoridades dos dois lados, porém, estavam reticentes em comentar.
Energia nuclear como alternativa
Conforme a guerra de Vladimir Putin estimula a Europa a cortar sua dependência do gás natural e do petróleo da Rússia, a imagem da energia nuclear tem melhorado, prometendo uma fonte confiável de eletricidade produzida domesticamente. Mas transformar em realidade uma retomada atômica é algo problemático.
Um quarto de toda a eletricidade consumida na União Europeia vem de centrais nucleares localizadas em uma dúzia de países, usinas envelhecidas em sua maioria, construídas nos anos 80. A França, com 56 reatores, produz mais da metade desse total.
Por que a Transnístria é importante?
Dois meses após o início da invasão da Ucrânia, um comandante do Exército russo sugeriu, em 22 de abril, que Moscou busca estabelecer um corredor no sul ucraniano até a Transnístria, uma república separatista pró-Rússia no leste da Moldávia.
A Transnístria, uma estreita faixa de território que se estende ao longo da fronteira entre a Moldávia e a Ucrânia, tem aproximadamente 500 mil habitantes. Nenhum país — nem mesmo a Rússia — a reconhece como território independente. Mas a região funciona como uma nação distinta da Moldávia, sobre a qual as autoridades nacionais admitem não deter controle.
Militares da Rússia ficam estacionados na Transnístria há décadas como “tropas de paz” — estima-se atualmente que 1,5 mil soldados russos estejam na região atualmente.