À medida que os combates continuavam neste 69º dia de guerra na Ucrânia, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, falou ao Parlamento ucraniano em um discurso por vídeo e anunciou a doação de uma frota de 13 veículos blindados ao país para ajudar na retirada de civis de áreas devastadas.
A frota também deve facilitar o trabalho de funcionários ucranianos e operários-chave na reparação e reconstrução da infraestrutura da Ucrânia. Os veículos começarão a chegar ao leste da Ucrânia nos próximos dias. “A Ucrânia vencerá, a Ucrânia será livre”, disse Johnson, que foi ovacionado pelos ucranianos.
Ainda nesta terça-feira, as forças russas lançaram um grande ataque contra a siderúrgica Azovstal, o último reduto da resistência ucraniana na devastada cidade de Mariupol. Os bombardeios foram conduzidos após um breve cessar-fogo que permitiu a retirada de cerca de 150 civis.
Muitos ucranianos ainda continuam presos sob o extenso local apesar da retirada mediada pela ONU. No entanto, dezenas dos que conseguiram escapar sob a proteção da organização e da Cruz Vermelha finalmente alcançaram a relativa segurança da cidade de Zaporizhzhia, controlada pela Ucrânia. A siderúrgica está sob cerco há semanas.
Em outro desenvolvimento da guerra, especialistas em armamento militar apontaram uma desvantagem da artilharia russa com uma falha no projeto dos tanques conhecida como “jack-in-the-box”, relacionada à maneira como muitos tanques da Rússia armazenam e carregam munição.
Por causa dessa falha, como explica reportagem do jornal Washington Post, imagens de restos de tanques russos abandonados e destroços deixados ao longo das estradas ucranianas tornaram-se comuns ao longo da invasão. Esse fato foi apontado por muitos como uma das causas para o fracasso do Kremlin em tomar Kiev e outras grandes cidades ucranianas.
No campo da política internacional, a Rússia agravou a crise diplomática com Israel após o chanceler russo, Serguei Lavrov, dizer que Adolf Hitler teria sangue judeu. As declarações provocaram uma reação furiosa de autoridades em Jerusalém, que exigiram um pedido formal de desculpas.
Em vez de pedir desculpas, Moscou decidiu acirrar o próprio discurso. “Infelizmente, a história conhece exemplos trágicos de cooperação entre judeus e nazistas”, declarou um texto divulgado pela chancelaria russa.
O tema provocou outra controvérsia nesta terça-feira, também com a Suécia. Autoridades do país denunciaram a existência de uma campanha de propaganda em Moscou relacionando o país nórdico ao nazismo.
Fotos compartilhadas nas redes sociais mostram as propagandas que foram afixadas em paradas de ônibus de Moscou. Em uma delas, fotos de ícones da cultura sueca como a escritora Astrid Lindgren, o diretor de cinema Ingmar Bergman e o empresário Ingvar Kamprad são colocados ao lado de citações -- escritas em russo -- em que demonstrariam simpatia ao nazismo.
Com esses desdobramentos, o governo de Vladimir Putin segue se isolando cada vez mais e parece não querer atender nem mesmo ao papa Francisco. Em uma entrevista publicada nesta terça-feira pelo jornal italiano Corriere Della Sera, o pontífice afirmou que tentou viajar a Moscou para se encontrar com o presidente russo para pedir o fim da guerra, mas até hoje não obteve resposta.