Em sua luta para conseguir ganhos com sua ofensiva na Ucrânia, a Rússia intensificou os ataques contra cidades do país neste 70º dia da guerra, mirando, principalmente, as linhas de suprimento por onde têm entrado as armas enviadas pelo Ocidente.
Reclamando que o Ocidente está enchendo a Ucrânia de armas, os militares russos disseram ter usado mísseis lançados por mar e ar para destruir instalações de energia elétrica em cinco estações ferroviárias no país, principalmente no oeste, enquanto artilharia e aeronaves atingiram fortalezas de tropas e depósitos de combustível e munição.
Disparos de artilharia russa também em cidades no leste mataram e feriram dezenas de civis entre a terça-feira e a manhã desta quarta-feira. O governador da região leste de Donetsk, Pavlo Kirilenko, disse que os ataques russos deixaram 21 mortos na terça-feira, o maior número desde 8 de abril, quando um ataque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk matou pelo menos 59 pessoas.
Ucranianos denunciaram que soldados russos invadiram a usina siderúrgica Azovstal, último reduto de resistência na devastada cidade de Mariupol. Apesar dos esforços dos último dias para retirar os civis cercados na usina, centenas continuam presos na planta, incluindo mais de 30 crianças, informou o prefeito da cidade, Vadim Boitshenko. A Rússia nega ter intensificado os ataques.
Após as acusações ucranianas, a Rússia prometeu um cessar-fogo na siderúrgica para permitir, a partir desta quinta-feira, 5, a abertura por três dias de um corredor humanitário para retirar os civis.
As autoridades ocidentais aguardam com ansiedade o feriado do Dia da Vitória da Rússia em 9 de maio – uma grandiosa celebração do triunfo soviético sobre a Alemanha nazista – em meio a preocupações de que o presidente Vladimir Putin busque apoio para expandir o alcance do conflito.
Em um esforço para cortar uma importante fonte de financiamento russo, a Comissão Europeia propôs um plano para eliminar gradualmente as importações de petróleo do país. A medida, que precisa ser aprovada por todos os Estados membros, proíbe as importações de petróleo após seis meses e de produtos refinados até o final do ano.
O anúncio não faz referência ao gás russo, uma questão de maior urgência desde que Moscou cortou, na semana passada, a exportação de gás natural para a Polônia e a Bulgária, ameaçando fazer o mesmo a países que se recusem a pagar pelo recurso em rublos.
Em mais um degrau na recente escalada retórica entre Rússia e Israel sobre a guerra, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que mercenários israelenses estão lutando na Ucrânia ao lado de combatentes do Batalhão Azov. Esse grupo é classificado por Moscou como uma organização nazista.
A declaração acirrou ainda mais os ânimos nas relações das duas nações nucleares, abaladas após o chanceler russo, Serguei Lavrov, afirmar em uma entrevista no domingo, 1°, que Adolf Hitler teria “sangue judeu”. A declaração rendeu reações furiosas de autoridades israelenses, que cobraram um pedido formal de desculpas. Em vez disso, Moscou aprofundou a crise, afirmando que Israel apoia o “regime neonazista de Kiev”.
Outro canal com Moscou que parece se estreitar é do Vaticano. A Igreja Ortodoxa Russa repreendeu o papa Francisco por “usar o tom errado” ao pedir ao patriarca Kiril que não se tornasse o “coroinha” do Kremlin, alertando o Vaticano que tais comentários prejudicariam o diálogo entre as igrejas.
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Questionando as causas do conflito, o líder católico falou que a "ira" do Kremlin foi "facilitada" pelo que considerou "latidos da Otan às portas da Rússia".
O patriarca de Moscou e de Toda a Rússia, Kirill, de 75 anos, é um aliado próximo de Putin e vê a guerra como um baluarte contra um Ocidente, que ele considera decadente, particularmente sobre a aceitação das relações homoafetivas.
Francisco, de 85 anos, pediu uma reunião em Moscou com Putin sobre a Ucrânia, mas o Kremlin disse na quarta-feira que não havia acordo sobre isso.
‘Sem Medo’
Nos Estados Unidos, a popular estátua de bronze da “Menina Sem Medo”, da artista Kristen Visbal, foi envolta com uma bandeira da Ucrânia nesta quarta-feira após uma manifestação do lado de fora da Bolsa de Valores de Nova York.