80 anos do Dia D deveriam chacoalhar a Europa e acordar o continente para os riscos que enfrenta


Data convida a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da Otan

Por Bret Stephens

O aniversário do Dia D — o 80º — levou a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da aliança do Atlântico (Otan). Sombrias por ser a última da Grande Geração, que logo não estará mais conosco. Ansiosas porque Donald Trump, e seu evidente desprezo por essa aliança, pode em breve estar conosco novamente.

A ansiedade é um pouco deslocada. A truculenta marca de nacionalismo americano de Trump é uma péssima ideia por muitas razões, entre elas o encorajamento que dá a Vladimir Putin e Xi Jinping para mirarem aliados americanos mais fracos. Mas Trump também é o mensageiro de um aviso que os europeus precisam desesperadamente ouvir.

Em resumo: entrem em forma. A Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências. Dê uma olhada rápida:

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Crescimento e dinamismo: Em 1960, os 28 países da UE — os 27 países atualmente na União Europeia, mais o Reino Unido — representavam 36,3% do produto interno bruto global. Até 2020, o número caiu para 22,4%. No final do século, projeta-se que cairá para pouco menos de 10%. Em contraste, os Estados Unidos mantiveram uma parcela aproximadamente consistente — em torno de um quarto — do PIB global desde o governo Kennedy.

Soldados em cerimônia de homenagem a uma força de combatentes da Resistência Francesa da 2.ª Guerra e aos paraquedistas, em Plumelec, na França, em imagem desta quarta-feira, 5. Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pense em qualquer indústria de ponta — inteligência artificial, microchips, software, robótica, genômica — e pergunte-se (com algumas honrosas exceções), onde estão a Microsoft, a Nvidia ou a OpenAI europeias?

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Poder militar: quando a Guerra Fria terminou, em 1990, o exército da Alemanha mobilizava mais de 500.000 soldados e gastava 2,5% do seu PIB em Defesa. No ano passado, estava reduzido a 181.000 soldados e 1,57%. A Marinha Real Britânica, a mais poderosa do mundo no início da 2.ª Guerra Mundial, agora pode mobilizar apenas 10 submarinos e menos de 24 grandes navios de superfície, alguns dos quais inativos.

Em uma guerra total, os britânicos esgotariam suas capacidades de Defesa em cerca de dois meses, segundo um relatório para o comitê de Defesa da Câmara dos Comuns. O mesmo seria verdadeiro — se não muito antes — para cada Estado-membro da UE, exceto a Polônia, que visa gastar até 5% do seu PIB em Defesa no próximo ano.

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Demografia: o que o chanceler Olaf Scholz da Alemanha, sua antecessora Angela Merkel, o Presidente Emmanuel Macron da França, o Primeiro-Ministro Mark Rutte dos Países Baixos e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May têm em comum? Eles não tem filhos. Isso é uma questão pessoal deles (e longe de representar todos os líderes da UE), mas é simbólico de um continente onde pouco menos de 3,9 milhões de europeus nasceram em 2022 e 5,15 milhões morreram. Uma população que diminui e envelhece geralmente correlaciona-se com baixo crescimento econômico, principalmente porque o empreendedorismo é um jogo de pessoas jovens.

A Europa tem um desafio adicional: uma taxa de natalidade muçulmana relativamente alta, juntamente com a perspectiva de imigração muçulmana de longo prazo. Sob um cenário de “migração média” estimado pela Pew, até 2050 o Reino Unido será quase 17% muçulmano, a França 17,4% e a Suécia 20,5%.

Aqueles questionando a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, que são favoritos para dominar as eleições desta semana no Parlamento da UE e frequentemente são simpáticos a Vladimir Putin, sabem que isso é um fator. E eles precisam ser honestos que, infelizmente, os valores de segmentos notavelmente grandes dessas populações muçulmanas estão fundamentalmente em desacordo com as tradições europeias de tolerância moral e liberalismo político.

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Imagem mostra soldados americanos nos destroços de uma casa na Normandia, no Dia D, em junho de 1944. Data completa 80 anos nesta quinta-feira, 6 Foto: Peter Carroll/AP

Propósito e vontade: muitas das atuais falhas da Europa são explicadas (frequentemente pelos próprios líderes europeus) como um problema de mecânica política: coordenação insuficiente entre os Estados; poder inadequado em Bruxelas; falhas na transmissão entre objetivos declarados e resultados no mundo real. Mas o problema não é apenas de processo. É também de espírito. Algumas perguntas:

Se a Rússia derrotar a Ucrânia e decidir, daqui a alguns anos, atacar um dos países bálticos, existe um grande contingente de jovens alemães, belgas ou espanhóis dispostos a morrer por Tallinn ou Vilnius?

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À medida que os membros da Otan na Europa lutam para atingir o objetivo mínimo de gastar 2% do seu PIB com Defesa, eles estão dispostos a aceitar o fato de que provavelmente precisam gastar o dobro?

De quanta proteção estatal, em bem-estar social e regulamentação econômica, os eleitores idosos da Europa estão dispostos a abrir mão em prol da criação de uma economia mais dinâmica para um número decrescente de jovens?

Com que firmeza os líderes europeus estão dispostos a insistir que seus valores — incluindo liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos dos gays — devem ser protegidos contra os instintos iliberais de uma parcela crescente de seus eleitores?

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As ideias de Trump sobre a Otan, suas atitudes de soma zero sobre vencer, seu gosto por autocratas e sua ignorância e indiferença pela história são todas, com razão, causas de alarme europeu.

Mas pessoas e nações têm sucesso ou fracassam na medida em que se recusam a entregar a responsabilidade por seus destinos a outros.

O aniversário do Dia D — o 80º — levou a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da aliança do Atlântico (Otan). Sombrias por ser a última da Grande Geração, que logo não estará mais conosco. Ansiosas porque Donald Trump, e seu evidente desprezo por essa aliança, pode em breve estar conosco novamente.

A ansiedade é um pouco deslocada. A truculenta marca de nacionalismo americano de Trump é uma péssima ideia por muitas razões, entre elas o encorajamento que dá a Vladimir Putin e Xi Jinping para mirarem aliados americanos mais fracos. Mas Trump também é o mensageiro de um aviso que os europeus precisam desesperadamente ouvir.

Em resumo: entrem em forma. A Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências. Dê uma olhada rápida:

Crescimento e dinamismo: Em 1960, os 28 países da UE — os 27 países atualmente na União Europeia, mais o Reino Unido — representavam 36,3% do produto interno bruto global. Até 2020, o número caiu para 22,4%. No final do século, projeta-se que cairá para pouco menos de 10%. Em contraste, os Estados Unidos mantiveram uma parcela aproximadamente consistente — em torno de um quarto — do PIB global desde o governo Kennedy.

Soldados em cerimônia de homenagem a uma força de combatentes da Resistência Francesa da 2.ª Guerra e aos paraquedistas, em Plumelec, na França, em imagem desta quarta-feira, 5. Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pense em qualquer indústria de ponta — inteligência artificial, microchips, software, robótica, genômica — e pergunte-se (com algumas honrosas exceções), onde estão a Microsoft, a Nvidia ou a OpenAI europeias?

Poder militar: quando a Guerra Fria terminou, em 1990, o exército da Alemanha mobilizava mais de 500.000 soldados e gastava 2,5% do seu PIB em Defesa. No ano passado, estava reduzido a 181.000 soldados e 1,57%. A Marinha Real Britânica, a mais poderosa do mundo no início da 2.ª Guerra Mundial, agora pode mobilizar apenas 10 submarinos e menos de 24 grandes navios de superfície, alguns dos quais inativos.

Em uma guerra total, os britânicos esgotariam suas capacidades de Defesa em cerca de dois meses, segundo um relatório para o comitê de Defesa da Câmara dos Comuns. O mesmo seria verdadeiro — se não muito antes — para cada Estado-membro da UE, exceto a Polônia, que visa gastar até 5% do seu PIB em Defesa no próximo ano.

Demografia: o que o chanceler Olaf Scholz da Alemanha, sua antecessora Angela Merkel, o Presidente Emmanuel Macron da França, o Primeiro-Ministro Mark Rutte dos Países Baixos e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May têm em comum? Eles não tem filhos. Isso é uma questão pessoal deles (e longe de representar todos os líderes da UE), mas é simbólico de um continente onde pouco menos de 3,9 milhões de europeus nasceram em 2022 e 5,15 milhões morreram. Uma população que diminui e envelhece geralmente correlaciona-se com baixo crescimento econômico, principalmente porque o empreendedorismo é um jogo de pessoas jovens.

A Europa tem um desafio adicional: uma taxa de natalidade muçulmana relativamente alta, juntamente com a perspectiva de imigração muçulmana de longo prazo. Sob um cenário de “migração média” estimado pela Pew, até 2050 o Reino Unido será quase 17% muçulmano, a França 17,4% e a Suécia 20,5%.

Aqueles questionando a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, que são favoritos para dominar as eleições desta semana no Parlamento da UE e frequentemente são simpáticos a Vladimir Putin, sabem que isso é um fator. E eles precisam ser honestos que, infelizmente, os valores de segmentos notavelmente grandes dessas populações muçulmanas estão fundamentalmente em desacordo com as tradições europeias de tolerância moral e liberalismo político.

Imagem mostra soldados americanos nos destroços de uma casa na Normandia, no Dia D, em junho de 1944. Data completa 80 anos nesta quinta-feira, 6 Foto: Peter Carroll/AP

Propósito e vontade: muitas das atuais falhas da Europa são explicadas (frequentemente pelos próprios líderes europeus) como um problema de mecânica política: coordenação insuficiente entre os Estados; poder inadequado em Bruxelas; falhas na transmissão entre objetivos declarados e resultados no mundo real. Mas o problema não é apenas de processo. É também de espírito. Algumas perguntas:

Se a Rússia derrotar a Ucrânia e decidir, daqui a alguns anos, atacar um dos países bálticos, existe um grande contingente de jovens alemães, belgas ou espanhóis dispostos a morrer por Tallinn ou Vilnius?

À medida que os membros da Otan na Europa lutam para atingir o objetivo mínimo de gastar 2% do seu PIB com Defesa, eles estão dispostos a aceitar o fato de que provavelmente precisam gastar o dobro?

De quanta proteção estatal, em bem-estar social e regulamentação econômica, os eleitores idosos da Europa estão dispostos a abrir mão em prol da criação de uma economia mais dinâmica para um número decrescente de jovens?

Com que firmeza os líderes europeus estão dispostos a insistir que seus valores — incluindo liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos dos gays — devem ser protegidos contra os instintos iliberais de uma parcela crescente de seus eleitores?

As ideias de Trump sobre a Otan, suas atitudes de soma zero sobre vencer, seu gosto por autocratas e sua ignorância e indiferença pela história são todas, com razão, causas de alarme europeu.

Mas pessoas e nações têm sucesso ou fracassam na medida em que se recusam a entregar a responsabilidade por seus destinos a outros.

O aniversário do Dia D — o 80º — levou a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da aliança do Atlântico (Otan). Sombrias por ser a última da Grande Geração, que logo não estará mais conosco. Ansiosas porque Donald Trump, e seu evidente desprezo por essa aliança, pode em breve estar conosco novamente.

A ansiedade é um pouco deslocada. A truculenta marca de nacionalismo americano de Trump é uma péssima ideia por muitas razões, entre elas o encorajamento que dá a Vladimir Putin e Xi Jinping para mirarem aliados americanos mais fracos. Mas Trump também é o mensageiro de um aviso que os europeus precisam desesperadamente ouvir.

Em resumo: entrem em forma. A Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências. Dê uma olhada rápida:

Crescimento e dinamismo: Em 1960, os 28 países da UE — os 27 países atualmente na União Europeia, mais o Reino Unido — representavam 36,3% do produto interno bruto global. Até 2020, o número caiu para 22,4%. No final do século, projeta-se que cairá para pouco menos de 10%. Em contraste, os Estados Unidos mantiveram uma parcela aproximadamente consistente — em torno de um quarto — do PIB global desde o governo Kennedy.

Soldados em cerimônia de homenagem a uma força de combatentes da Resistência Francesa da 2.ª Guerra e aos paraquedistas, em Plumelec, na França, em imagem desta quarta-feira, 5. Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pense em qualquer indústria de ponta — inteligência artificial, microchips, software, robótica, genômica — e pergunte-se (com algumas honrosas exceções), onde estão a Microsoft, a Nvidia ou a OpenAI europeias?

Poder militar: quando a Guerra Fria terminou, em 1990, o exército da Alemanha mobilizava mais de 500.000 soldados e gastava 2,5% do seu PIB em Defesa. No ano passado, estava reduzido a 181.000 soldados e 1,57%. A Marinha Real Britânica, a mais poderosa do mundo no início da 2.ª Guerra Mundial, agora pode mobilizar apenas 10 submarinos e menos de 24 grandes navios de superfície, alguns dos quais inativos.

Em uma guerra total, os britânicos esgotariam suas capacidades de Defesa em cerca de dois meses, segundo um relatório para o comitê de Defesa da Câmara dos Comuns. O mesmo seria verdadeiro — se não muito antes — para cada Estado-membro da UE, exceto a Polônia, que visa gastar até 5% do seu PIB em Defesa no próximo ano.

Demografia: o que o chanceler Olaf Scholz da Alemanha, sua antecessora Angela Merkel, o Presidente Emmanuel Macron da França, o Primeiro-Ministro Mark Rutte dos Países Baixos e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May têm em comum? Eles não tem filhos. Isso é uma questão pessoal deles (e longe de representar todos os líderes da UE), mas é simbólico de um continente onde pouco menos de 3,9 milhões de europeus nasceram em 2022 e 5,15 milhões morreram. Uma população que diminui e envelhece geralmente correlaciona-se com baixo crescimento econômico, principalmente porque o empreendedorismo é um jogo de pessoas jovens.

A Europa tem um desafio adicional: uma taxa de natalidade muçulmana relativamente alta, juntamente com a perspectiva de imigração muçulmana de longo prazo. Sob um cenário de “migração média” estimado pela Pew, até 2050 o Reino Unido será quase 17% muçulmano, a França 17,4% e a Suécia 20,5%.

Aqueles questionando a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, que são favoritos para dominar as eleições desta semana no Parlamento da UE e frequentemente são simpáticos a Vladimir Putin, sabem que isso é um fator. E eles precisam ser honestos que, infelizmente, os valores de segmentos notavelmente grandes dessas populações muçulmanas estão fundamentalmente em desacordo com as tradições europeias de tolerância moral e liberalismo político.

Imagem mostra soldados americanos nos destroços de uma casa na Normandia, no Dia D, em junho de 1944. Data completa 80 anos nesta quinta-feira, 6 Foto: Peter Carroll/AP

Propósito e vontade: muitas das atuais falhas da Europa são explicadas (frequentemente pelos próprios líderes europeus) como um problema de mecânica política: coordenação insuficiente entre os Estados; poder inadequado em Bruxelas; falhas na transmissão entre objetivos declarados e resultados no mundo real. Mas o problema não é apenas de processo. É também de espírito. Algumas perguntas:

Se a Rússia derrotar a Ucrânia e decidir, daqui a alguns anos, atacar um dos países bálticos, existe um grande contingente de jovens alemães, belgas ou espanhóis dispostos a morrer por Tallinn ou Vilnius?

À medida que os membros da Otan na Europa lutam para atingir o objetivo mínimo de gastar 2% do seu PIB com Defesa, eles estão dispostos a aceitar o fato de que provavelmente precisam gastar o dobro?

De quanta proteção estatal, em bem-estar social e regulamentação econômica, os eleitores idosos da Europa estão dispostos a abrir mão em prol da criação de uma economia mais dinâmica para um número decrescente de jovens?

Com que firmeza os líderes europeus estão dispostos a insistir que seus valores — incluindo liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos dos gays — devem ser protegidos contra os instintos iliberais de uma parcela crescente de seus eleitores?

As ideias de Trump sobre a Otan, suas atitudes de soma zero sobre vencer, seu gosto por autocratas e sua ignorância e indiferença pela história são todas, com razão, causas de alarme europeu.

Mas pessoas e nações têm sucesso ou fracassam na medida em que se recusam a entregar a responsabilidade por seus destinos a outros.

O aniversário do Dia D — o 80º — levou a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da aliança do Atlântico (Otan). Sombrias por ser a última da Grande Geração, que logo não estará mais conosco. Ansiosas porque Donald Trump, e seu evidente desprezo por essa aliança, pode em breve estar conosco novamente.

A ansiedade é um pouco deslocada. A truculenta marca de nacionalismo americano de Trump é uma péssima ideia por muitas razões, entre elas o encorajamento que dá a Vladimir Putin e Xi Jinping para mirarem aliados americanos mais fracos. Mas Trump também é o mensageiro de um aviso que os europeus precisam desesperadamente ouvir.

Em resumo: entrem em forma. A Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências. Dê uma olhada rápida:

Crescimento e dinamismo: Em 1960, os 28 países da UE — os 27 países atualmente na União Europeia, mais o Reino Unido — representavam 36,3% do produto interno bruto global. Até 2020, o número caiu para 22,4%. No final do século, projeta-se que cairá para pouco menos de 10%. Em contraste, os Estados Unidos mantiveram uma parcela aproximadamente consistente — em torno de um quarto — do PIB global desde o governo Kennedy.

Soldados em cerimônia de homenagem a uma força de combatentes da Resistência Francesa da 2.ª Guerra e aos paraquedistas, em Plumelec, na França, em imagem desta quarta-feira, 5. Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pense em qualquer indústria de ponta — inteligência artificial, microchips, software, robótica, genômica — e pergunte-se (com algumas honrosas exceções), onde estão a Microsoft, a Nvidia ou a OpenAI europeias?

Poder militar: quando a Guerra Fria terminou, em 1990, o exército da Alemanha mobilizava mais de 500.000 soldados e gastava 2,5% do seu PIB em Defesa. No ano passado, estava reduzido a 181.000 soldados e 1,57%. A Marinha Real Britânica, a mais poderosa do mundo no início da 2.ª Guerra Mundial, agora pode mobilizar apenas 10 submarinos e menos de 24 grandes navios de superfície, alguns dos quais inativos.

Em uma guerra total, os britânicos esgotariam suas capacidades de Defesa em cerca de dois meses, segundo um relatório para o comitê de Defesa da Câmara dos Comuns. O mesmo seria verdadeiro — se não muito antes — para cada Estado-membro da UE, exceto a Polônia, que visa gastar até 5% do seu PIB em Defesa no próximo ano.

Demografia: o que o chanceler Olaf Scholz da Alemanha, sua antecessora Angela Merkel, o Presidente Emmanuel Macron da França, o Primeiro-Ministro Mark Rutte dos Países Baixos e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May têm em comum? Eles não tem filhos. Isso é uma questão pessoal deles (e longe de representar todos os líderes da UE), mas é simbólico de um continente onde pouco menos de 3,9 milhões de europeus nasceram em 2022 e 5,15 milhões morreram. Uma população que diminui e envelhece geralmente correlaciona-se com baixo crescimento econômico, principalmente porque o empreendedorismo é um jogo de pessoas jovens.

A Europa tem um desafio adicional: uma taxa de natalidade muçulmana relativamente alta, juntamente com a perspectiva de imigração muçulmana de longo prazo. Sob um cenário de “migração média” estimado pela Pew, até 2050 o Reino Unido será quase 17% muçulmano, a França 17,4% e a Suécia 20,5%.

Aqueles questionando a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, que são favoritos para dominar as eleições desta semana no Parlamento da UE e frequentemente são simpáticos a Vladimir Putin, sabem que isso é um fator. E eles precisam ser honestos que, infelizmente, os valores de segmentos notavelmente grandes dessas populações muçulmanas estão fundamentalmente em desacordo com as tradições europeias de tolerância moral e liberalismo político.

Imagem mostra soldados americanos nos destroços de uma casa na Normandia, no Dia D, em junho de 1944. Data completa 80 anos nesta quinta-feira, 6 Foto: Peter Carroll/AP

Propósito e vontade: muitas das atuais falhas da Europa são explicadas (frequentemente pelos próprios líderes europeus) como um problema de mecânica política: coordenação insuficiente entre os Estados; poder inadequado em Bruxelas; falhas na transmissão entre objetivos declarados e resultados no mundo real. Mas o problema não é apenas de processo. É também de espírito. Algumas perguntas:

Se a Rússia derrotar a Ucrânia e decidir, daqui a alguns anos, atacar um dos países bálticos, existe um grande contingente de jovens alemães, belgas ou espanhóis dispostos a morrer por Tallinn ou Vilnius?

À medida que os membros da Otan na Europa lutam para atingir o objetivo mínimo de gastar 2% do seu PIB com Defesa, eles estão dispostos a aceitar o fato de que provavelmente precisam gastar o dobro?

De quanta proteção estatal, em bem-estar social e regulamentação econômica, os eleitores idosos da Europa estão dispostos a abrir mão em prol da criação de uma economia mais dinâmica para um número decrescente de jovens?

Com que firmeza os líderes europeus estão dispostos a insistir que seus valores — incluindo liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos dos gays — devem ser protegidos contra os instintos iliberais de uma parcela crescente de seus eleitores?

As ideias de Trump sobre a Otan, suas atitudes de soma zero sobre vencer, seu gosto por autocratas e sua ignorância e indiferença pela história são todas, com razão, causas de alarme europeu.

Mas pessoas e nações têm sucesso ou fracassam na medida em que se recusam a entregar a responsabilidade por seus destinos a outros.

O aniversário do Dia D — o 80º — levou a uma onda de reflexões sombrias e ansiosas sobre o destino da aliança do Atlântico (Otan). Sombrias por ser a última da Grande Geração, que logo não estará mais conosco. Ansiosas porque Donald Trump, e seu evidente desprezo por essa aliança, pode em breve estar conosco novamente.

A ansiedade é um pouco deslocada. A truculenta marca de nacionalismo americano de Trump é uma péssima ideia por muitas razões, entre elas o encorajamento que dá a Vladimir Putin e Xi Jinping para mirarem aliados americanos mais fracos. Mas Trump também é o mensageiro de um aviso que os europeus precisam desesperadamente ouvir.

Em resumo: entrem em forma. A Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências. Dê uma olhada rápida:

Crescimento e dinamismo: Em 1960, os 28 países da UE — os 27 países atualmente na União Europeia, mais o Reino Unido — representavam 36,3% do produto interno bruto global. Até 2020, o número caiu para 22,4%. No final do século, projeta-se que cairá para pouco menos de 10%. Em contraste, os Estados Unidos mantiveram uma parcela aproximadamente consistente — em torno de um quarto — do PIB global desde o governo Kennedy.

Soldados em cerimônia de homenagem a uma força de combatentes da Resistência Francesa da 2.ª Guerra e aos paraquedistas, em Plumelec, na França, em imagem desta quarta-feira, 5. Europa hoje enfrenta quatro grandes desafios que tipicamente determinam o destino de grandes potências Foto: Benoit Tessier/Reuters

Pense em qualquer indústria de ponta — inteligência artificial, microchips, software, robótica, genômica — e pergunte-se (com algumas honrosas exceções), onde estão a Microsoft, a Nvidia ou a OpenAI europeias?

Poder militar: quando a Guerra Fria terminou, em 1990, o exército da Alemanha mobilizava mais de 500.000 soldados e gastava 2,5% do seu PIB em Defesa. No ano passado, estava reduzido a 181.000 soldados e 1,57%. A Marinha Real Britânica, a mais poderosa do mundo no início da 2.ª Guerra Mundial, agora pode mobilizar apenas 10 submarinos e menos de 24 grandes navios de superfície, alguns dos quais inativos.

Em uma guerra total, os britânicos esgotariam suas capacidades de Defesa em cerca de dois meses, segundo um relatório para o comitê de Defesa da Câmara dos Comuns. O mesmo seria verdadeiro — se não muito antes — para cada Estado-membro da UE, exceto a Polônia, que visa gastar até 5% do seu PIB em Defesa no próximo ano.

Demografia: o que o chanceler Olaf Scholz da Alemanha, sua antecessora Angela Merkel, o Presidente Emmanuel Macron da França, o Primeiro-Ministro Mark Rutte dos Países Baixos e a ex-primeira-ministra britânica Theresa May têm em comum? Eles não tem filhos. Isso é uma questão pessoal deles (e longe de representar todos os líderes da UE), mas é simbólico de um continente onde pouco menos de 3,9 milhões de europeus nasceram em 2022 e 5,15 milhões morreram. Uma população que diminui e envelhece geralmente correlaciona-se com baixo crescimento econômico, principalmente porque o empreendedorismo é um jogo de pessoas jovens.

A Europa tem um desafio adicional: uma taxa de natalidade muçulmana relativamente alta, juntamente com a perspectiva de imigração muçulmana de longo prazo. Sob um cenário de “migração média” estimado pela Pew, até 2050 o Reino Unido será quase 17% muçulmano, a França 17,4% e a Suécia 20,5%.

Aqueles questionando a ascensão de partidos de extrema-direita na Europa, que são favoritos para dominar as eleições desta semana no Parlamento da UE e frequentemente são simpáticos a Vladimir Putin, sabem que isso é um fator. E eles precisam ser honestos que, infelizmente, os valores de segmentos notavelmente grandes dessas populações muçulmanas estão fundamentalmente em desacordo com as tradições europeias de tolerância moral e liberalismo político.

Imagem mostra soldados americanos nos destroços de uma casa na Normandia, no Dia D, em junho de 1944. Data completa 80 anos nesta quinta-feira, 6 Foto: Peter Carroll/AP

Propósito e vontade: muitas das atuais falhas da Europa são explicadas (frequentemente pelos próprios líderes europeus) como um problema de mecânica política: coordenação insuficiente entre os Estados; poder inadequado em Bruxelas; falhas na transmissão entre objetivos declarados e resultados no mundo real. Mas o problema não é apenas de processo. É também de espírito. Algumas perguntas:

Se a Rússia derrotar a Ucrânia e decidir, daqui a alguns anos, atacar um dos países bálticos, existe um grande contingente de jovens alemães, belgas ou espanhóis dispostos a morrer por Tallinn ou Vilnius?

À medida que os membros da Otan na Europa lutam para atingir o objetivo mínimo de gastar 2% do seu PIB com Defesa, eles estão dispostos a aceitar o fato de que provavelmente precisam gastar o dobro?

De quanta proteção estatal, em bem-estar social e regulamentação econômica, os eleitores idosos da Europa estão dispostos a abrir mão em prol da criação de uma economia mais dinâmica para um número decrescente de jovens?

Com que firmeza os líderes europeus estão dispostos a insistir que seus valores — incluindo liberdade de expressão, direitos das mulheres e direitos dos gays — devem ser protegidos contra os instintos iliberais de uma parcela crescente de seus eleitores?

As ideias de Trump sobre a Otan, suas atitudes de soma zero sobre vencer, seu gosto por autocratas e sua ignorância e indiferença pela história são todas, com razão, causas de alarme europeu.

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