A encruzilhada da diplomacia dos EUA


Crise árabe mostra que equilíbrio entre poder duro e brando é mais difícil de se obter do que Obama imaginava

Por Joseph Nye e Project Syndicate

Para algumas autoridades do Departamento de Estado dos EUA, o conceito de "poder inteligente" - a conexão e integração entre diplomacia, defesa, desenvolvimento e outros instrumentos dos chamados poder "brando" (soft power) e "duro" (hard power) - é o ponto central da visão de política externa do governo de Barack Obama. Mas, no momento, a estratégia do poder inteligente do presidente se defronta com um grande desafio apresentado pelos acontecimentos no Oriente Médio. Se Obama não apoiar os governos no Egito, Bahrein, Arábia Saudita e Iêmen pode colocar em perigo importantes metas de política externa, como a paz no Oriente Médio, a base naval no Golfo Pérsico, a estabilidade dos mercados de petróleo ou a cooperação contra os terroristas da Al-Qaeda. Por outro lado, se apoiar esses governos, ele vai se contrapor a uma nova sociedade civil informatizada nesses países e pode colocar em risco a estabilidade em um prazo mais longo. Equilibrar o poder duro com relação aos governos com o apoio do poder brando à democracia é como andar em uma corda bamba. O governo Obama vem tentando se equilibrar nessa situação, mas até agora não despencou. Como a Casa Branca tem usado o termo "poder inteligente" , algumas pessoas acham que ela está se referindo somente aos EUA e, para os críticos, trata-se apenas de um slogan, como o "tough love" (firmeza no trato, mas com o objetivo de ajudar), que é usado para suavizar a política externa americana. No entanto, o poder inteligente não se limita, absolutamente, aos EUA. A combinação de poder duro e brando é uma tarefa difícil para muitos Estados, mas não menos necessária por isso. Na verdade, alguns pequenos países têm se mostrado muito mais hábeis nas estratégias do poder inteligente. Cingapura investiu o necessário na sua defesa militar de modo a parecer tão indigesta quanto um "camarão envenenado" para os vizinhos que deseja dissuadir. Ao mesmo tempo, tem combinado a estratégia de poder duro com atividades de poder brando dentro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), como também tem se empenhado para transformar suas universidades em um centro de atividades não governamentais regionais. Da mesma maneira, a Suíça por muito tempo usou o serviço militar obrigatório e as montanhas que formam sua geografia como recursos de poder duro para dissuasão e, simultaneamente, tornando-se atrativa para outros por meio das suas redes bancárias, comerciais e culturais. O Qatar, pequena península na costa da Arábia Saudita, permitiu que seu território fosse usado como quartel-general do Exército dos EUA na invasão do Iraque, enquanto que, ao mesmo tempo, patrocinou a Al-Jazira, a mais popular rede de TV da região, que foi uma crítica tenaz das ações americanas. A Noruega entrou para a Otan com a finalidade de defesa, mas adotou políticas avançadas no campo da ajuda ao desenvolvimento no estrangeiro e da intermediação de paz para aumentar seu poder brando. Prússia. Historicamente, Estados em ascensão adotaram estratégias de poder inteligente que foram bastante úteis. No século 19, a Prússia de Bismarck empregou uma estratégia militar agressiva para derrotar Dinamarca, Áustria e França, em três guerras que levaram à unificação da Alemanha. Tendo cumprido seu objetivo, contudo, Bismarck concentrou-se na diplomacia germânica, criando alianças com seus vizinhos e fazendo de Berlim o centro nevrálgico da diplomacia europeia e da resolução de conflitos. Um dos grandes erros do imperador Guilherme II, duas décadas depois, foi destituir Bismarck e não renovar o tratado que ele firmou com a Rússia, em 1887, e desafiar a supremacia naval da Grã-Bretanha. Depois da Restauração Meiji (1867-1868), um Japão que prosperava criou uma força militar que permitiu ao país derrotar a Rússia em 1905. Mas Tóquio também adotou uma política diplomática conciliatória em relação à Grã-Bretanha e EUA e investiu muito para se tornar um país atrativo no exterior. Depois do fracasso do seu plano imperialista de criar uma Grande Ásia Oriental, nos anos 30, que tinha um componente de poder brando de propaganda antieuropeia, e sua derrota na 2ª Guerra, o Japão passou a adotar uma nova estratégia, reduzindo o poder militar e se concentrando mais em uma aliança estratégica com os americanos. Seu foco no crescimento econômico atingiu sua meta, mas o país desenvolveu um poder brando e um Exército apenas modestos. Nas suas primeiras décadas, a China comunista criou sua força militar e, ao mesmo tempo, utilizou o poder brando da doutrina revolucionária marxista e da solidariedade do Terceiro Mundo para cultivar aliados no exterior. Mas, depois do esgotamento da estratégia maoista nos anos 70, os líderes chineses voltaram-se para os mecanismos do mercado para fomentar o desenvolvimento econômico. Deng Xiaoping alertou seus compatriotas para evitarem aventuras externas que pudessem colocar em risco o desenvolvimento interno chinês. Em 2007, o presidente Hu Jintao proclamou a importância de investir no poder brando da China. Diante do crescente poder militar e econômico do país, foi uma decisão inteligente. Ao associar seu crescente poder duro com os esforços para se tornar um país mais atraente, o objetivo da China foi conter os temores dos seus vizinhos e a tendência a confrontar o poder chinês. Em 2009, a China estava, com razão, orgulhosa de seu sucesso, saindo da recessão global com uma alta taxa de crescimento econômico. Muitos chineses concluíram, erroneamente, que isso representava uma mudança na balança de poder global, que os EUA estavam em declínio. No entanto, esse tipo de narrativa pode conduzir a conflitos. De fato, a confiança exagerada na afirmação de seu poder levou a China a adotar um comportamento mais autoritário em termos de política externa no fim de 2009 e 2010. Estratégia. A China se desviou da estratégia inteligente de uma potência em ascensão e violou a máxima de Deng Xiaoping de que o país devia avançar cautelosamente e "habilmente manter um comportamento discreto". Depois que enfrentaram as críticas internacionais e uma deterioração das relações com EUA, Japão, Índia e outros países, os líderes chineses decidiram retornar à estratégia de poder inteligente de Deng. Assim, enquanto o governo Obama se empenha para aplicar sua estratégia de poder inteligente nas atuais condições revolucionárias do Oriente Médio, vale a pena observar que os EUA não estão sozinhos nessa dificuldade de combinar o poder duro e o brando de maneira bem sucedida. O poder inteligente é uma estratégia importante para se ter sucesso na política mundial, mas ninguém disse que é fácil de obter. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ ESCRITOR, EX-SUBSECRETÁRIO DE DEFESA DOS EUA E REITOR DA KENNEDY SCHOOL OF GOVERNMENT DA UNIVERSIDADE HARVARD

Para algumas autoridades do Departamento de Estado dos EUA, o conceito de "poder inteligente" - a conexão e integração entre diplomacia, defesa, desenvolvimento e outros instrumentos dos chamados poder "brando" (soft power) e "duro" (hard power) - é o ponto central da visão de política externa do governo de Barack Obama. Mas, no momento, a estratégia do poder inteligente do presidente se defronta com um grande desafio apresentado pelos acontecimentos no Oriente Médio. Se Obama não apoiar os governos no Egito, Bahrein, Arábia Saudita e Iêmen pode colocar em perigo importantes metas de política externa, como a paz no Oriente Médio, a base naval no Golfo Pérsico, a estabilidade dos mercados de petróleo ou a cooperação contra os terroristas da Al-Qaeda. Por outro lado, se apoiar esses governos, ele vai se contrapor a uma nova sociedade civil informatizada nesses países e pode colocar em risco a estabilidade em um prazo mais longo. Equilibrar o poder duro com relação aos governos com o apoio do poder brando à democracia é como andar em uma corda bamba. O governo Obama vem tentando se equilibrar nessa situação, mas até agora não despencou. Como a Casa Branca tem usado o termo "poder inteligente" , algumas pessoas acham que ela está se referindo somente aos EUA e, para os críticos, trata-se apenas de um slogan, como o "tough love" (firmeza no trato, mas com o objetivo de ajudar), que é usado para suavizar a política externa americana. No entanto, o poder inteligente não se limita, absolutamente, aos EUA. A combinação de poder duro e brando é uma tarefa difícil para muitos Estados, mas não menos necessária por isso. Na verdade, alguns pequenos países têm se mostrado muito mais hábeis nas estratégias do poder inteligente. Cingapura investiu o necessário na sua defesa militar de modo a parecer tão indigesta quanto um "camarão envenenado" para os vizinhos que deseja dissuadir. Ao mesmo tempo, tem combinado a estratégia de poder duro com atividades de poder brando dentro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), como também tem se empenhado para transformar suas universidades em um centro de atividades não governamentais regionais. Da mesma maneira, a Suíça por muito tempo usou o serviço militar obrigatório e as montanhas que formam sua geografia como recursos de poder duro para dissuasão e, simultaneamente, tornando-se atrativa para outros por meio das suas redes bancárias, comerciais e culturais. O Qatar, pequena península na costa da Arábia Saudita, permitiu que seu território fosse usado como quartel-general do Exército dos EUA na invasão do Iraque, enquanto que, ao mesmo tempo, patrocinou a Al-Jazira, a mais popular rede de TV da região, que foi uma crítica tenaz das ações americanas. A Noruega entrou para a Otan com a finalidade de defesa, mas adotou políticas avançadas no campo da ajuda ao desenvolvimento no estrangeiro e da intermediação de paz para aumentar seu poder brando. Prússia. Historicamente, Estados em ascensão adotaram estratégias de poder inteligente que foram bastante úteis. No século 19, a Prússia de Bismarck empregou uma estratégia militar agressiva para derrotar Dinamarca, Áustria e França, em três guerras que levaram à unificação da Alemanha. Tendo cumprido seu objetivo, contudo, Bismarck concentrou-se na diplomacia germânica, criando alianças com seus vizinhos e fazendo de Berlim o centro nevrálgico da diplomacia europeia e da resolução de conflitos. Um dos grandes erros do imperador Guilherme II, duas décadas depois, foi destituir Bismarck e não renovar o tratado que ele firmou com a Rússia, em 1887, e desafiar a supremacia naval da Grã-Bretanha. Depois da Restauração Meiji (1867-1868), um Japão que prosperava criou uma força militar que permitiu ao país derrotar a Rússia em 1905. Mas Tóquio também adotou uma política diplomática conciliatória em relação à Grã-Bretanha e EUA e investiu muito para se tornar um país atrativo no exterior. Depois do fracasso do seu plano imperialista de criar uma Grande Ásia Oriental, nos anos 30, que tinha um componente de poder brando de propaganda antieuropeia, e sua derrota na 2ª Guerra, o Japão passou a adotar uma nova estratégia, reduzindo o poder militar e se concentrando mais em uma aliança estratégica com os americanos. Seu foco no crescimento econômico atingiu sua meta, mas o país desenvolveu um poder brando e um Exército apenas modestos. Nas suas primeiras décadas, a China comunista criou sua força militar e, ao mesmo tempo, utilizou o poder brando da doutrina revolucionária marxista e da solidariedade do Terceiro Mundo para cultivar aliados no exterior. Mas, depois do esgotamento da estratégia maoista nos anos 70, os líderes chineses voltaram-se para os mecanismos do mercado para fomentar o desenvolvimento econômico. Deng Xiaoping alertou seus compatriotas para evitarem aventuras externas que pudessem colocar em risco o desenvolvimento interno chinês. Em 2007, o presidente Hu Jintao proclamou a importância de investir no poder brando da China. Diante do crescente poder militar e econômico do país, foi uma decisão inteligente. Ao associar seu crescente poder duro com os esforços para se tornar um país mais atraente, o objetivo da China foi conter os temores dos seus vizinhos e a tendência a confrontar o poder chinês. Em 2009, a China estava, com razão, orgulhosa de seu sucesso, saindo da recessão global com uma alta taxa de crescimento econômico. Muitos chineses concluíram, erroneamente, que isso representava uma mudança na balança de poder global, que os EUA estavam em declínio. No entanto, esse tipo de narrativa pode conduzir a conflitos. De fato, a confiança exagerada na afirmação de seu poder levou a China a adotar um comportamento mais autoritário em termos de política externa no fim de 2009 e 2010. Estratégia. A China se desviou da estratégia inteligente de uma potência em ascensão e violou a máxima de Deng Xiaoping de que o país devia avançar cautelosamente e "habilmente manter um comportamento discreto". Depois que enfrentaram as críticas internacionais e uma deterioração das relações com EUA, Japão, Índia e outros países, os líderes chineses decidiram retornar à estratégia de poder inteligente de Deng. Assim, enquanto o governo Obama se empenha para aplicar sua estratégia de poder inteligente nas atuais condições revolucionárias do Oriente Médio, vale a pena observar que os EUA não estão sozinhos nessa dificuldade de combinar o poder duro e o brando de maneira bem sucedida. O poder inteligente é uma estratégia importante para se ter sucesso na política mundial, mas ninguém disse que é fácil de obter. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ ESCRITOR, EX-SUBSECRETÁRIO DE DEFESA DOS EUA E REITOR DA KENNEDY SCHOOL OF GOVERNMENT DA UNIVERSIDADE HARVARD

Para algumas autoridades do Departamento de Estado dos EUA, o conceito de "poder inteligente" - a conexão e integração entre diplomacia, defesa, desenvolvimento e outros instrumentos dos chamados poder "brando" (soft power) e "duro" (hard power) - é o ponto central da visão de política externa do governo de Barack Obama. Mas, no momento, a estratégia do poder inteligente do presidente se defronta com um grande desafio apresentado pelos acontecimentos no Oriente Médio. Se Obama não apoiar os governos no Egito, Bahrein, Arábia Saudita e Iêmen pode colocar em perigo importantes metas de política externa, como a paz no Oriente Médio, a base naval no Golfo Pérsico, a estabilidade dos mercados de petróleo ou a cooperação contra os terroristas da Al-Qaeda. Por outro lado, se apoiar esses governos, ele vai se contrapor a uma nova sociedade civil informatizada nesses países e pode colocar em risco a estabilidade em um prazo mais longo. Equilibrar o poder duro com relação aos governos com o apoio do poder brando à democracia é como andar em uma corda bamba. O governo Obama vem tentando se equilibrar nessa situação, mas até agora não despencou. Como a Casa Branca tem usado o termo "poder inteligente" , algumas pessoas acham que ela está se referindo somente aos EUA e, para os críticos, trata-se apenas de um slogan, como o "tough love" (firmeza no trato, mas com o objetivo de ajudar), que é usado para suavizar a política externa americana. No entanto, o poder inteligente não se limita, absolutamente, aos EUA. A combinação de poder duro e brando é uma tarefa difícil para muitos Estados, mas não menos necessária por isso. Na verdade, alguns pequenos países têm se mostrado muito mais hábeis nas estratégias do poder inteligente. Cingapura investiu o necessário na sua defesa militar de modo a parecer tão indigesta quanto um "camarão envenenado" para os vizinhos que deseja dissuadir. Ao mesmo tempo, tem combinado a estratégia de poder duro com atividades de poder brando dentro da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), como também tem se empenhado para transformar suas universidades em um centro de atividades não governamentais regionais. Da mesma maneira, a Suíça por muito tempo usou o serviço militar obrigatório e as montanhas que formam sua geografia como recursos de poder duro para dissuasão e, simultaneamente, tornando-se atrativa para outros por meio das suas redes bancárias, comerciais e culturais. O Qatar, pequena península na costa da Arábia Saudita, permitiu que seu território fosse usado como quartel-general do Exército dos EUA na invasão do Iraque, enquanto que, ao mesmo tempo, patrocinou a Al-Jazira, a mais popular rede de TV da região, que foi uma crítica tenaz das ações americanas. A Noruega entrou para a Otan com a finalidade de defesa, mas adotou políticas avançadas no campo da ajuda ao desenvolvimento no estrangeiro e da intermediação de paz para aumentar seu poder brando. Prússia. Historicamente, Estados em ascensão adotaram estratégias de poder inteligente que foram bastante úteis. No século 19, a Prússia de Bismarck empregou uma estratégia militar agressiva para derrotar Dinamarca, Áustria e França, em três guerras que levaram à unificação da Alemanha. Tendo cumprido seu objetivo, contudo, Bismarck concentrou-se na diplomacia germânica, criando alianças com seus vizinhos e fazendo de Berlim o centro nevrálgico da diplomacia europeia e da resolução de conflitos. Um dos grandes erros do imperador Guilherme II, duas décadas depois, foi destituir Bismarck e não renovar o tratado que ele firmou com a Rússia, em 1887, e desafiar a supremacia naval da Grã-Bretanha. Depois da Restauração Meiji (1867-1868), um Japão que prosperava criou uma força militar que permitiu ao país derrotar a Rússia em 1905. Mas Tóquio também adotou uma política diplomática conciliatória em relação à Grã-Bretanha e EUA e investiu muito para se tornar um país atrativo no exterior. Depois do fracasso do seu plano imperialista de criar uma Grande Ásia Oriental, nos anos 30, que tinha um componente de poder brando de propaganda antieuropeia, e sua derrota na 2ª Guerra, o Japão passou a adotar uma nova estratégia, reduzindo o poder militar e se concentrando mais em uma aliança estratégica com os americanos. Seu foco no crescimento econômico atingiu sua meta, mas o país desenvolveu um poder brando e um Exército apenas modestos. Nas suas primeiras décadas, a China comunista criou sua força militar e, ao mesmo tempo, utilizou o poder brando da doutrina revolucionária marxista e da solidariedade do Terceiro Mundo para cultivar aliados no exterior. Mas, depois do esgotamento da estratégia maoista nos anos 70, os líderes chineses voltaram-se para os mecanismos do mercado para fomentar o desenvolvimento econômico. Deng Xiaoping alertou seus compatriotas para evitarem aventuras externas que pudessem colocar em risco o desenvolvimento interno chinês. Em 2007, o presidente Hu Jintao proclamou a importância de investir no poder brando da China. Diante do crescente poder militar e econômico do país, foi uma decisão inteligente. Ao associar seu crescente poder duro com os esforços para se tornar um país mais atraente, o objetivo da China foi conter os temores dos seus vizinhos e a tendência a confrontar o poder chinês. Em 2009, a China estava, com razão, orgulhosa de seu sucesso, saindo da recessão global com uma alta taxa de crescimento econômico. Muitos chineses concluíram, erroneamente, que isso representava uma mudança na balança de poder global, que os EUA estavam em declínio. No entanto, esse tipo de narrativa pode conduzir a conflitos. De fato, a confiança exagerada na afirmação de seu poder levou a China a adotar um comportamento mais autoritário em termos de política externa no fim de 2009 e 2010. Estratégia. A China se desviou da estratégia inteligente de uma potência em ascensão e violou a máxima de Deng Xiaoping de que o país devia avançar cautelosamente e "habilmente manter um comportamento discreto". Depois que enfrentaram as críticas internacionais e uma deterioração das relações com EUA, Japão, Índia e outros países, os líderes chineses decidiram retornar à estratégia de poder inteligente de Deng. Assim, enquanto o governo Obama se empenha para aplicar sua estratégia de poder inteligente nas atuais condições revolucionárias do Oriente Médio, vale a pena observar que os EUA não estão sozinhos nessa dificuldade de combinar o poder duro e o brando de maneira bem sucedida. O poder inteligente é uma estratégia importante para se ter sucesso na política mundial, mas ninguém disse que é fácil de obter. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINOÉ ESCRITOR, EX-SUBSECRETÁRIO DE DEFESA DOS EUA E REITOR DA KENNEDY SCHOOL OF GOVERNMENT DA UNIVERSIDADE HARVARD

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