A guerra da Rússia na Ucrânia está perto do fim? Inverno e ameaças nucleares indicam que não


Embora cada lado tente capitalizar sobre suas vitórias recentes, entrave político e aproximação do inverno indicam uma continuidade do conflito

Por Redação

Com uma contraofensiva militar ucraniana provocando altos custos para as tropas pró-Kremlin em províncias no leste e no sul do país, ocupadas pela Rússia desde fevereiro, questionamentos sobre a aproximação de um possível desfecho para a guerra na Ucrânia começaram a surgir, a medida que o conflito entra em seu 8° mês. Porém, do campo de batalha aos centros políticos em Kiev e Moscou, os indícios mais recentes apontam na direção contrária.

A ameaça atômica russa aumentou consideravelmente desde que Vladimir Putin reconheceu quatro regiões da Ucrânia como partes do território russo, o que autorizaria o uso de armamentos nucleares em caso de ações militares ucranianas em qualquer uma delas, segundo a doutrina nuclear russa. Em contrapartida, Volodmir Zelenski assinou um decreto na última terça-feira, 4, proibindo qualquer negociação de paz com Putin.

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Não bastasse o entrave político, há também disputas no campo de batalha, que está mudando com a aproximação do inverno. Kiev diz ter tomado 400 km² de área em Kherson, no sul, e relata avanços em Donetsk e Luhansk, no leste. Já a Rússia utilizou pela primeira vez, nesta sexta-feira, 7, drones iranianos para atacar forças ucranianas em Zaporizhzhia.

Soldados ucranianos entram em tanque na cidade de Liman, em Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

Embora cada lado tente capitalizar sobre suas vitórias recentes, o inverno se aproxima rapidamente, ameaçando estagnar o conflito. Temperaturas em queda deverão intensificar a demanda dos soldados por provisões básicas, pressionando linhas de abastecimento que já estão sobrecarregadas.

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Chuva e neve tornarão o campo de batalha lamacento, imobilizando veículos militares pesados e equipamentos. Isso é uma preocupação particularmente no sul, onde pesados combates ocorrem atualmente sobre um terreno que não congelou nos anos recentes.

Muitos ucranianos preveem que a Rússia atacará infraestruturas civis que fornecem gás natural e eletricidade para as maiores cidades antes da neve.

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Em algumas semanas, a vida ficará muito mais difícil para quase todos no campo de batalha. E nesse ponto, afirmam observadores, a guerra se transformará numa luta a respeito de que lado consegue resistir melhor aos esforços do outro para destruir seu moral.

“A estratégia russa na região não trata de mover a linha de frente; trata de impingir castigo sobre civis que estão longe da linha de frente”, afirmou Sam Charap, especialista em Rússia da Rand Corp. Líderes russos podem estar errados ao apostar que o inverno se provará “duro demais” para os ucranianos e seus benfeitores europeus, mas “darão seu melhor para isso”, afirmou ele.

A mudança de estação se aproxima à medida que forças ucranianas motivadas conquistam vitórias significativas, escorraçando unidades russas de território ocupado no leste, no sul e no norte. Em setembro, os ucranianos retomaram território na região de Kharkiv. Atualmente, avançam em torno de Kherson — o único território que a Rússia mantém a oeste do Rio Dnipro — depois de retomar o estratégico polo de Liman, que poderá servir como ponto de partida para avançar mais profundamente nas regiões de Luhansk e Donetsk

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Tropas da Ucrânia retomam controle de Liman

1 | 12

Soldados ucranianos patrulham estrada em Liman, palco de combate nos últimos dias

Foto: Nicole Tung/The New York Times
2 | 12

Soldados ucranianos se aproximam de Liman

3 | 12

Corpos de soldados russos mortos em combate ao longo de estrada em Liman

4 | 12

Soldado ucraniano em cima de tanque russo

5 | 12

Homem tira água de poço em frente a casa destruída por bombardeios em Liman

6 | 12

Corpos de soldados russos em Liman

7 | 12

Tropas ucranianas em Liman

8 | 12

Roupas e pertences de soldados russos em meio a veículos incendiados fora de Liman

9 | 12

Soldados ucranianos encontra corpo de companheiro em Liman

Foto: Evgeniy Maloletka/ AP
10 | 12

Homem cozinha em fogão a lenha em Liman

11 | 12

Soldado ucraniano chuta bandeira russa após retomada de Liman

12 | 12

Soldado ucraniano em frente posto policial de Liman.

O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ordenando uma mobilização de até 300 mil reservistas das Forças Armadas, declarando a anexação de território ocupado e ameaçando usar armas nucleares para alcançar seus objetivos. Essa retórica amplificou uma preocupação persistente entre alguns aliados da Ucrânia que temem que fornecer certas armas avançadas provocará Putin e fará com que ele tome uma decisão irreversível, causando uma escalada.

A dúvida agora é: quanto a Ucrânia é capaz de conquistar com esse impulso de motivação, usando as armas e equipamentos que sabe usar, quando a janela para introduzir novas armas potencialmente capazes de virar o jogo de maneira decisiva no campo de batalha provavelmente ficará fechada até a primavera?

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O mais recente pacote de segurança do Pentágono, anunciado na terça-feira, parece sublinhar essa situação. Ao detalhar a lista de sistemas de artilharia, munições e veículos resistentes a minas que estão sendo mandados para a zona de guerra, as autoridades americanas enfatizaram que os ucranianos “demonstraram capacidade de usar esses equipamentos”, o que possibilitou seus avanços. Ministros da Defesa dos países-membros da Otan, que se comprometeram em projetar uma estratégia de longo prazo para armar a Ucrânia, têm reunião marcada em Bruxelas na próxima semana.

Combatentes de ambos os lados são familiarizados com operações no inverno. As primeiras semanas da guerra, por exemplo, foram tão geladas que soldados russos mal equipados sofreram queimaduras de frio, o que trouxe algum alento, mas não impediu a invasão. Os aliados da Ucrânia aumentaram o envio de casacos, gorros e outros trajes de isolamento do frio para ajudar os soldados a resistir aos elementos.

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Outra preocupação dos comandantes ucranianos é o risco de que certas armas se degradem com as severas condições climáticas. Não está clara, afirmam observadores, a durabilidade de seus sistemas, dado o uso intenso. E operar esses equipamentos no frio requererá mais energia, pois o acúmulo de neve complica o transporte de combustível e peças.

“Mecanismos básicos começam a quebrar, e tudo que envolva líquidos também fica mais difícil”, afirmou o deputado americano Ruben Gallego (democrata do Arizona), veterano do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA que serviu em uma unidade especializada em operações no clima frio e em terreno montanhoso. A demanda por combustível, afirmou ele, irá às alturas. “Se você quer manter seus geradores funcionando, eles não podem parar de rodar. A chance de conseguir religá-los é mínima.”

Soldado ucraniano usa gorro e cachecol em Mikolaiv; chegada do inverno trará novas dificuldades para o conflito. Foto: Dimitar Dilkoff/ AFP

O frio que se aproxima apresenta dilemas estratégicos para ambos os Exércitos, afirmam especialistas: ao ficar reunidas e compartilhando recursos, é impossível para unidades militares minimizar a demanda sobre as linhas de abastecimento. O problema, afirmam eles, é que fazer isso aumenta a vulnerabilidade a ataques.

Autoridades americanas que observam a guerra atentamente afirmam que as linhas de abastecimento da Rússia já se provaram fracas e que suas dificuldades militares só piorarão se os 300 mil conscritos e reservistas entrarem no jogo. De acordo com autoridades do Pentágono, não é possível para a Rússia intensificar adequadamente suas operações logísticas antes do inverno chegar.

“Lutar durante o pior do inverno vai consumir os soldados de ambos os lados”, afirmou o coronel Dave Butler, porta-voz do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Mas a Ucrânia se valerá de “uma vantagem crucial”, acrescentou ele: “apoio local”.

Ao longo da guerra, os soldados ucranianos têm se beneficiado dessa ajuda. Às vezes, civis ajudam os soldados com alimentos e combustível. Em certas ocasiões, lhes dão abrigo ou um veículo. Resta ver como os civis ucranianos se posicionarão nesse inverno no sentido de servir como anteparo.

O presidente Volodmir Zelenski previu que a Rússia tentará atingir linhas de transmissão de eletricidade na Ucrânia, insistindo, em uma entrevista à CBS News, no mês passado, que o povo ucraniano “não tem medo” e está determinado a “resistir a este inverno”. Mas alguns no Exército de Zelenski preocupam-se com as dificuldades do frio.

“As pessoas estão realmente em perigo de ficar sem aquecimento, eletricidade e água”, afirmou Daria Zubenko, que comanda um batalhão do Exército, durante uma viagem recente a Washington, onde ela e outros militares peticionaram autoridades do governo e legisladores americanos por mais ajuda em segurança.

Homem cozinha em fogareiro a lenha em Liman, que ficou sem fornecimento de energia durante domínio russo. Foto: Nicole Tung/The New York Times

Autoridades americanas parecem compartilhar dessas preocupações. “Preocupo-me com a preservação da capacidade da Ucrânia funcionar como país”, afirmou o deputado Michael Waltz (republicano da Flórida), temendo que a Ucrânia “se esgote energeticamente e talvez até entre em uma crise econômica neste inverno”.

A Ucrânia e seus apoiadores estão clamando por armas ocidentais mais avançadas para assegurar seus ganhos territoriais antes que o inverno complique as contraofensivas de seu Exército. Zelenski e seus conselheiros têm dois focos: tanques, particularmente Leopard, de fabricação alemã, e aeronaves, que segundo eles lhes permitirá proteger melhor seu território.

“Quanto mais avançarmos antes do frio chegar, mais vidas salvaremos”, afirmou Zubenko, expressando frustração em razão da dependência da Europa em relação ao combustível russo parecer estar influenciando a disposição dos governos do continente em colaborar com armas mais poderosas. “Sabemos que os países europeus estão preocupados com suas contas, sobre eletricidade… Mas não sei, talvez isso não seja tão ruim quanto viver totalmente sem eletricidade e aquecimento.”

No Ocidente, o ceticismo permanece em relação a fornecer aos ucranianos sistemas de armamentos mais avançados no curto prazo.

Laura Cooper, graduada autoridade do Pentágono, disse a repórteres na terça-feira que os EUA concordam que a Ucrânia precisa de mais tanques, mas que sistemas soviéticos são provavelmente melhores, pois os militares ucranianos já sabem como operá-los. Autoridades americanas alertam que armas novas, incluindo tanques e aeronaves, requerem treinamento significativo e engendram demandas adicionais de manutenção e reabastecimento que a Ucrânia pode ainda não estar equipada para suprir.

Todos esses elementos precisam ser lançados “como um pacote total”, de acordo com uma autoridade de defesa dos EUA que, como outras fontes ouvidas pela reportagem, falou sob condição de anonimato para discutir as contribuições militares para a Ucrânia.

Blindado ucraniano transporta soldados em Luman, na região de Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

“Não se pode montar uma ofensiva para expulsar os russos da Ucrânia hoje”, afirmou outra fonte, notando que a Ucrânia precisa de “um plano a longo prazo para reconstruir uma força para expulsar os russos”.

Andriana Arekhta, voluntária no Exército ucraniano, se enfureceu com essa ponderação. Ela afirmou que participou de batalhas lutando na caçamba de uma picape porque não havia blindados o suficiente.

Arekhta reconheceu que “sim, precisamos de treinamento” e que o avanço ucraniano provavelmente “estagnará, por exemplo, entre novembro e dezembro até a primavera”. Segundo ela, porém, isso não é razão para o Ocidente negar à Ucrânia toda a ajuda que o país precisa, particularmente quando se trata de proteger os ucranianos de ataques de mísseis da Rússia que eles creem estar a caminho. “Precisamos urgentemente de um sistema de defesa antiaérea”, afirmou ela. “As pessoas não sobreviverão durante o inverno, a fome e o frio. O mundo civilizado está pronto para testemunhar isso?” /Com WPOST, TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Com uma contraofensiva militar ucraniana provocando altos custos para as tropas pró-Kremlin em províncias no leste e no sul do país, ocupadas pela Rússia desde fevereiro, questionamentos sobre a aproximação de um possível desfecho para a guerra na Ucrânia começaram a surgir, a medida que o conflito entra em seu 8° mês. Porém, do campo de batalha aos centros políticos em Kiev e Moscou, os indícios mais recentes apontam na direção contrária.

A ameaça atômica russa aumentou consideravelmente desde que Vladimir Putin reconheceu quatro regiões da Ucrânia como partes do território russo, o que autorizaria o uso de armamentos nucleares em caso de ações militares ucranianas em qualquer uma delas, segundo a doutrina nuclear russa. Em contrapartida, Volodmir Zelenski assinou um decreto na última terça-feira, 4, proibindo qualquer negociação de paz com Putin.

Não bastasse o entrave político, há também disputas no campo de batalha, que está mudando com a aproximação do inverno. Kiev diz ter tomado 400 km² de área em Kherson, no sul, e relata avanços em Donetsk e Luhansk, no leste. Já a Rússia utilizou pela primeira vez, nesta sexta-feira, 7, drones iranianos para atacar forças ucranianas em Zaporizhzhia.

Soldados ucranianos entram em tanque na cidade de Liman, em Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

Embora cada lado tente capitalizar sobre suas vitórias recentes, o inverno se aproxima rapidamente, ameaçando estagnar o conflito. Temperaturas em queda deverão intensificar a demanda dos soldados por provisões básicas, pressionando linhas de abastecimento que já estão sobrecarregadas.

Chuva e neve tornarão o campo de batalha lamacento, imobilizando veículos militares pesados e equipamentos. Isso é uma preocupação particularmente no sul, onde pesados combates ocorrem atualmente sobre um terreno que não congelou nos anos recentes.

Muitos ucranianos preveem que a Rússia atacará infraestruturas civis que fornecem gás natural e eletricidade para as maiores cidades antes da neve.

Em algumas semanas, a vida ficará muito mais difícil para quase todos no campo de batalha. E nesse ponto, afirmam observadores, a guerra se transformará numa luta a respeito de que lado consegue resistir melhor aos esforços do outro para destruir seu moral.

“A estratégia russa na região não trata de mover a linha de frente; trata de impingir castigo sobre civis que estão longe da linha de frente”, afirmou Sam Charap, especialista em Rússia da Rand Corp. Líderes russos podem estar errados ao apostar que o inverno se provará “duro demais” para os ucranianos e seus benfeitores europeus, mas “darão seu melhor para isso”, afirmou ele.

A mudança de estação se aproxima à medida que forças ucranianas motivadas conquistam vitórias significativas, escorraçando unidades russas de território ocupado no leste, no sul e no norte. Em setembro, os ucranianos retomaram território na região de Kharkiv. Atualmente, avançam em torno de Kherson — o único território que a Rússia mantém a oeste do Rio Dnipro — depois de retomar o estratégico polo de Liman, que poderá servir como ponto de partida para avançar mais profundamente nas regiões de Luhansk e Donetsk

Tropas da Ucrânia retomam controle de Liman

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Soldados ucranianos patrulham estrada em Liman, palco de combate nos últimos dias

Foto: Nicole Tung/The New York Times
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Soldados ucranianos se aproximam de Liman

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Corpos de soldados russos mortos em combate ao longo de estrada em Liman

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Soldado ucraniano em cima de tanque russo

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Homem tira água de poço em frente a casa destruída por bombardeios em Liman

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Corpos de soldados russos em Liman

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Tropas ucranianas em Liman

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Roupas e pertences de soldados russos em meio a veículos incendiados fora de Liman

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Soldados ucranianos encontra corpo de companheiro em Liman

Foto: Evgeniy Maloletka/ AP
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Homem cozinha em fogão a lenha em Liman

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Soldado ucraniano chuta bandeira russa após retomada de Liman

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Soldado ucraniano em frente posto policial de Liman.

O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ordenando uma mobilização de até 300 mil reservistas das Forças Armadas, declarando a anexação de território ocupado e ameaçando usar armas nucleares para alcançar seus objetivos. Essa retórica amplificou uma preocupação persistente entre alguns aliados da Ucrânia que temem que fornecer certas armas avançadas provocará Putin e fará com que ele tome uma decisão irreversível, causando uma escalada.

A dúvida agora é: quanto a Ucrânia é capaz de conquistar com esse impulso de motivação, usando as armas e equipamentos que sabe usar, quando a janela para introduzir novas armas potencialmente capazes de virar o jogo de maneira decisiva no campo de batalha provavelmente ficará fechada até a primavera?

O mais recente pacote de segurança do Pentágono, anunciado na terça-feira, parece sublinhar essa situação. Ao detalhar a lista de sistemas de artilharia, munições e veículos resistentes a minas que estão sendo mandados para a zona de guerra, as autoridades americanas enfatizaram que os ucranianos “demonstraram capacidade de usar esses equipamentos”, o que possibilitou seus avanços. Ministros da Defesa dos países-membros da Otan, que se comprometeram em projetar uma estratégia de longo prazo para armar a Ucrânia, têm reunião marcada em Bruxelas na próxima semana.

Combatentes de ambos os lados são familiarizados com operações no inverno. As primeiras semanas da guerra, por exemplo, foram tão geladas que soldados russos mal equipados sofreram queimaduras de frio, o que trouxe algum alento, mas não impediu a invasão. Os aliados da Ucrânia aumentaram o envio de casacos, gorros e outros trajes de isolamento do frio para ajudar os soldados a resistir aos elementos.

Outra preocupação dos comandantes ucranianos é o risco de que certas armas se degradem com as severas condições climáticas. Não está clara, afirmam observadores, a durabilidade de seus sistemas, dado o uso intenso. E operar esses equipamentos no frio requererá mais energia, pois o acúmulo de neve complica o transporte de combustível e peças.

“Mecanismos básicos começam a quebrar, e tudo que envolva líquidos também fica mais difícil”, afirmou o deputado americano Ruben Gallego (democrata do Arizona), veterano do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA que serviu em uma unidade especializada em operações no clima frio e em terreno montanhoso. A demanda por combustível, afirmou ele, irá às alturas. “Se você quer manter seus geradores funcionando, eles não podem parar de rodar. A chance de conseguir religá-los é mínima.”

Soldado ucraniano usa gorro e cachecol em Mikolaiv; chegada do inverno trará novas dificuldades para o conflito. Foto: Dimitar Dilkoff/ AFP

O frio que se aproxima apresenta dilemas estratégicos para ambos os Exércitos, afirmam especialistas: ao ficar reunidas e compartilhando recursos, é impossível para unidades militares minimizar a demanda sobre as linhas de abastecimento. O problema, afirmam eles, é que fazer isso aumenta a vulnerabilidade a ataques.

Autoridades americanas que observam a guerra atentamente afirmam que as linhas de abastecimento da Rússia já se provaram fracas e que suas dificuldades militares só piorarão se os 300 mil conscritos e reservistas entrarem no jogo. De acordo com autoridades do Pentágono, não é possível para a Rússia intensificar adequadamente suas operações logísticas antes do inverno chegar.

“Lutar durante o pior do inverno vai consumir os soldados de ambos os lados”, afirmou o coronel Dave Butler, porta-voz do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Mas a Ucrânia se valerá de “uma vantagem crucial”, acrescentou ele: “apoio local”.

Ao longo da guerra, os soldados ucranianos têm se beneficiado dessa ajuda. Às vezes, civis ajudam os soldados com alimentos e combustível. Em certas ocasiões, lhes dão abrigo ou um veículo. Resta ver como os civis ucranianos se posicionarão nesse inverno no sentido de servir como anteparo.

O presidente Volodmir Zelenski previu que a Rússia tentará atingir linhas de transmissão de eletricidade na Ucrânia, insistindo, em uma entrevista à CBS News, no mês passado, que o povo ucraniano “não tem medo” e está determinado a “resistir a este inverno”. Mas alguns no Exército de Zelenski preocupam-se com as dificuldades do frio.

“As pessoas estão realmente em perigo de ficar sem aquecimento, eletricidade e água”, afirmou Daria Zubenko, que comanda um batalhão do Exército, durante uma viagem recente a Washington, onde ela e outros militares peticionaram autoridades do governo e legisladores americanos por mais ajuda em segurança.

Homem cozinha em fogareiro a lenha em Liman, que ficou sem fornecimento de energia durante domínio russo. Foto: Nicole Tung/The New York Times

Autoridades americanas parecem compartilhar dessas preocupações. “Preocupo-me com a preservação da capacidade da Ucrânia funcionar como país”, afirmou o deputado Michael Waltz (republicano da Flórida), temendo que a Ucrânia “se esgote energeticamente e talvez até entre em uma crise econômica neste inverno”.

A Ucrânia e seus apoiadores estão clamando por armas ocidentais mais avançadas para assegurar seus ganhos territoriais antes que o inverno complique as contraofensivas de seu Exército. Zelenski e seus conselheiros têm dois focos: tanques, particularmente Leopard, de fabricação alemã, e aeronaves, que segundo eles lhes permitirá proteger melhor seu território.

“Quanto mais avançarmos antes do frio chegar, mais vidas salvaremos”, afirmou Zubenko, expressando frustração em razão da dependência da Europa em relação ao combustível russo parecer estar influenciando a disposição dos governos do continente em colaborar com armas mais poderosas. “Sabemos que os países europeus estão preocupados com suas contas, sobre eletricidade… Mas não sei, talvez isso não seja tão ruim quanto viver totalmente sem eletricidade e aquecimento.”

No Ocidente, o ceticismo permanece em relação a fornecer aos ucranianos sistemas de armamentos mais avançados no curto prazo.

Laura Cooper, graduada autoridade do Pentágono, disse a repórteres na terça-feira que os EUA concordam que a Ucrânia precisa de mais tanques, mas que sistemas soviéticos são provavelmente melhores, pois os militares ucranianos já sabem como operá-los. Autoridades americanas alertam que armas novas, incluindo tanques e aeronaves, requerem treinamento significativo e engendram demandas adicionais de manutenção e reabastecimento que a Ucrânia pode ainda não estar equipada para suprir.

Todos esses elementos precisam ser lançados “como um pacote total”, de acordo com uma autoridade de defesa dos EUA que, como outras fontes ouvidas pela reportagem, falou sob condição de anonimato para discutir as contribuições militares para a Ucrânia.

Blindado ucraniano transporta soldados em Luman, na região de Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

“Não se pode montar uma ofensiva para expulsar os russos da Ucrânia hoje”, afirmou outra fonte, notando que a Ucrânia precisa de “um plano a longo prazo para reconstruir uma força para expulsar os russos”.

Andriana Arekhta, voluntária no Exército ucraniano, se enfureceu com essa ponderação. Ela afirmou que participou de batalhas lutando na caçamba de uma picape porque não havia blindados o suficiente.

Arekhta reconheceu que “sim, precisamos de treinamento” e que o avanço ucraniano provavelmente “estagnará, por exemplo, entre novembro e dezembro até a primavera”. Segundo ela, porém, isso não é razão para o Ocidente negar à Ucrânia toda a ajuda que o país precisa, particularmente quando se trata de proteger os ucranianos de ataques de mísseis da Rússia que eles creem estar a caminho. “Precisamos urgentemente de um sistema de defesa antiaérea”, afirmou ela. “As pessoas não sobreviverão durante o inverno, a fome e o frio. O mundo civilizado está pronto para testemunhar isso?” /Com WPOST, TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Com uma contraofensiva militar ucraniana provocando altos custos para as tropas pró-Kremlin em províncias no leste e no sul do país, ocupadas pela Rússia desde fevereiro, questionamentos sobre a aproximação de um possível desfecho para a guerra na Ucrânia começaram a surgir, a medida que o conflito entra em seu 8° mês. Porém, do campo de batalha aos centros políticos em Kiev e Moscou, os indícios mais recentes apontam na direção contrária.

A ameaça atômica russa aumentou consideravelmente desde que Vladimir Putin reconheceu quatro regiões da Ucrânia como partes do território russo, o que autorizaria o uso de armamentos nucleares em caso de ações militares ucranianas em qualquer uma delas, segundo a doutrina nuclear russa. Em contrapartida, Volodmir Zelenski assinou um decreto na última terça-feira, 4, proibindo qualquer negociação de paz com Putin.

Não bastasse o entrave político, há também disputas no campo de batalha, que está mudando com a aproximação do inverno. Kiev diz ter tomado 400 km² de área em Kherson, no sul, e relata avanços em Donetsk e Luhansk, no leste. Já a Rússia utilizou pela primeira vez, nesta sexta-feira, 7, drones iranianos para atacar forças ucranianas em Zaporizhzhia.

Soldados ucranianos entram em tanque na cidade de Liman, em Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

Embora cada lado tente capitalizar sobre suas vitórias recentes, o inverno se aproxima rapidamente, ameaçando estagnar o conflito. Temperaturas em queda deverão intensificar a demanda dos soldados por provisões básicas, pressionando linhas de abastecimento que já estão sobrecarregadas.

Chuva e neve tornarão o campo de batalha lamacento, imobilizando veículos militares pesados e equipamentos. Isso é uma preocupação particularmente no sul, onde pesados combates ocorrem atualmente sobre um terreno que não congelou nos anos recentes.

Muitos ucranianos preveem que a Rússia atacará infraestruturas civis que fornecem gás natural e eletricidade para as maiores cidades antes da neve.

Em algumas semanas, a vida ficará muito mais difícil para quase todos no campo de batalha. E nesse ponto, afirmam observadores, a guerra se transformará numa luta a respeito de que lado consegue resistir melhor aos esforços do outro para destruir seu moral.

“A estratégia russa na região não trata de mover a linha de frente; trata de impingir castigo sobre civis que estão longe da linha de frente”, afirmou Sam Charap, especialista em Rússia da Rand Corp. Líderes russos podem estar errados ao apostar que o inverno se provará “duro demais” para os ucranianos e seus benfeitores europeus, mas “darão seu melhor para isso”, afirmou ele.

A mudança de estação se aproxima à medida que forças ucranianas motivadas conquistam vitórias significativas, escorraçando unidades russas de território ocupado no leste, no sul e no norte. Em setembro, os ucranianos retomaram território na região de Kharkiv. Atualmente, avançam em torno de Kherson — o único território que a Rússia mantém a oeste do Rio Dnipro — depois de retomar o estratégico polo de Liman, que poderá servir como ponto de partida para avançar mais profundamente nas regiões de Luhansk e Donetsk

Tropas da Ucrânia retomam controle de Liman

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Soldados ucranianos patrulham estrada em Liman, palco de combate nos últimos dias

Foto: Nicole Tung/The New York Times
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Soldados ucranianos se aproximam de Liman

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Corpos de soldados russos mortos em combate ao longo de estrada em Liman

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Soldado ucraniano em cima de tanque russo

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Homem tira água de poço em frente a casa destruída por bombardeios em Liman

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Corpos de soldados russos em Liman

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Tropas ucranianas em Liman

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Roupas e pertences de soldados russos em meio a veículos incendiados fora de Liman

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Soldados ucranianos encontra corpo de companheiro em Liman

Foto: Evgeniy Maloletka/ AP
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Homem cozinha em fogão a lenha em Liman

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Soldado ucraniano chuta bandeira russa após retomada de Liman

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Soldado ucraniano em frente posto policial de Liman.

O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu ordenando uma mobilização de até 300 mil reservistas das Forças Armadas, declarando a anexação de território ocupado e ameaçando usar armas nucleares para alcançar seus objetivos. Essa retórica amplificou uma preocupação persistente entre alguns aliados da Ucrânia que temem que fornecer certas armas avançadas provocará Putin e fará com que ele tome uma decisão irreversível, causando uma escalada.

A dúvida agora é: quanto a Ucrânia é capaz de conquistar com esse impulso de motivação, usando as armas e equipamentos que sabe usar, quando a janela para introduzir novas armas potencialmente capazes de virar o jogo de maneira decisiva no campo de batalha provavelmente ficará fechada até a primavera?

O mais recente pacote de segurança do Pentágono, anunciado na terça-feira, parece sublinhar essa situação. Ao detalhar a lista de sistemas de artilharia, munições e veículos resistentes a minas que estão sendo mandados para a zona de guerra, as autoridades americanas enfatizaram que os ucranianos “demonstraram capacidade de usar esses equipamentos”, o que possibilitou seus avanços. Ministros da Defesa dos países-membros da Otan, que se comprometeram em projetar uma estratégia de longo prazo para armar a Ucrânia, têm reunião marcada em Bruxelas na próxima semana.

Combatentes de ambos os lados são familiarizados com operações no inverno. As primeiras semanas da guerra, por exemplo, foram tão geladas que soldados russos mal equipados sofreram queimaduras de frio, o que trouxe algum alento, mas não impediu a invasão. Os aliados da Ucrânia aumentaram o envio de casacos, gorros e outros trajes de isolamento do frio para ajudar os soldados a resistir aos elementos.

Outra preocupação dos comandantes ucranianos é o risco de que certas armas se degradem com as severas condições climáticas. Não está clara, afirmam observadores, a durabilidade de seus sistemas, dado o uso intenso. E operar esses equipamentos no frio requererá mais energia, pois o acúmulo de neve complica o transporte de combustível e peças.

“Mecanismos básicos começam a quebrar, e tudo que envolva líquidos também fica mais difícil”, afirmou o deputado americano Ruben Gallego (democrata do Arizona), veterano do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA que serviu em uma unidade especializada em operações no clima frio e em terreno montanhoso. A demanda por combustível, afirmou ele, irá às alturas. “Se você quer manter seus geradores funcionando, eles não podem parar de rodar. A chance de conseguir religá-los é mínima.”

Soldado ucraniano usa gorro e cachecol em Mikolaiv; chegada do inverno trará novas dificuldades para o conflito. Foto: Dimitar Dilkoff/ AFP

O frio que se aproxima apresenta dilemas estratégicos para ambos os Exércitos, afirmam especialistas: ao ficar reunidas e compartilhando recursos, é impossível para unidades militares minimizar a demanda sobre as linhas de abastecimento. O problema, afirmam eles, é que fazer isso aumenta a vulnerabilidade a ataques.

Autoridades americanas que observam a guerra atentamente afirmam que as linhas de abastecimento da Rússia já se provaram fracas e que suas dificuldades militares só piorarão se os 300 mil conscritos e reservistas entrarem no jogo. De acordo com autoridades do Pentágono, não é possível para a Rússia intensificar adequadamente suas operações logísticas antes do inverno chegar.

“Lutar durante o pior do inverno vai consumir os soldados de ambos os lados”, afirmou o coronel Dave Butler, porta-voz do Estado-Maior Conjunto dos EUA. Mas a Ucrânia se valerá de “uma vantagem crucial”, acrescentou ele: “apoio local”.

Ao longo da guerra, os soldados ucranianos têm se beneficiado dessa ajuda. Às vezes, civis ajudam os soldados com alimentos e combustível. Em certas ocasiões, lhes dão abrigo ou um veículo. Resta ver como os civis ucranianos se posicionarão nesse inverno no sentido de servir como anteparo.

O presidente Volodmir Zelenski previu que a Rússia tentará atingir linhas de transmissão de eletricidade na Ucrânia, insistindo, em uma entrevista à CBS News, no mês passado, que o povo ucraniano “não tem medo” e está determinado a “resistir a este inverno”. Mas alguns no Exército de Zelenski preocupam-se com as dificuldades do frio.

“As pessoas estão realmente em perigo de ficar sem aquecimento, eletricidade e água”, afirmou Daria Zubenko, que comanda um batalhão do Exército, durante uma viagem recente a Washington, onde ela e outros militares peticionaram autoridades do governo e legisladores americanos por mais ajuda em segurança.

Homem cozinha em fogareiro a lenha em Liman, que ficou sem fornecimento de energia durante domínio russo. Foto: Nicole Tung/The New York Times

Autoridades americanas parecem compartilhar dessas preocupações. “Preocupo-me com a preservação da capacidade da Ucrânia funcionar como país”, afirmou o deputado Michael Waltz (republicano da Flórida), temendo que a Ucrânia “se esgote energeticamente e talvez até entre em uma crise econômica neste inverno”.

A Ucrânia e seus apoiadores estão clamando por armas ocidentais mais avançadas para assegurar seus ganhos territoriais antes que o inverno complique as contraofensivas de seu Exército. Zelenski e seus conselheiros têm dois focos: tanques, particularmente Leopard, de fabricação alemã, e aeronaves, que segundo eles lhes permitirá proteger melhor seu território.

“Quanto mais avançarmos antes do frio chegar, mais vidas salvaremos”, afirmou Zubenko, expressando frustração em razão da dependência da Europa em relação ao combustível russo parecer estar influenciando a disposição dos governos do continente em colaborar com armas mais poderosas. “Sabemos que os países europeus estão preocupados com suas contas, sobre eletricidade… Mas não sei, talvez isso não seja tão ruim quanto viver totalmente sem eletricidade e aquecimento.”

No Ocidente, o ceticismo permanece em relação a fornecer aos ucranianos sistemas de armamentos mais avançados no curto prazo.

Laura Cooper, graduada autoridade do Pentágono, disse a repórteres na terça-feira que os EUA concordam que a Ucrânia precisa de mais tanques, mas que sistemas soviéticos são provavelmente melhores, pois os militares ucranianos já sabem como operá-los. Autoridades americanas alertam que armas novas, incluindo tanques e aeronaves, requerem treinamento significativo e engendram demandas adicionais de manutenção e reabastecimento que a Ucrânia pode ainda não estar equipada para suprir.

Todos esses elementos precisam ser lançados “como um pacote total”, de acordo com uma autoridade de defesa dos EUA que, como outras fontes ouvidas pela reportagem, falou sob condição de anonimato para discutir as contribuições militares para a Ucrânia.

Blindado ucraniano transporta soldados em Luman, na região de Donetsk. Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

“Não se pode montar uma ofensiva para expulsar os russos da Ucrânia hoje”, afirmou outra fonte, notando que a Ucrânia precisa de “um plano a longo prazo para reconstruir uma força para expulsar os russos”.

Andriana Arekhta, voluntária no Exército ucraniano, se enfureceu com essa ponderação. Ela afirmou que participou de batalhas lutando na caçamba de uma picape porque não havia blindados o suficiente.

Arekhta reconheceu que “sim, precisamos de treinamento” e que o avanço ucraniano provavelmente “estagnará, por exemplo, entre novembro e dezembro até a primavera”. Segundo ela, porém, isso não é razão para o Ocidente negar à Ucrânia toda a ajuda que o país precisa, particularmente quando se trata de proteger os ucranianos de ataques de mísseis da Rússia que eles creem estar a caminho. “Precisamos urgentemente de um sistema de defesa antiaérea”, afirmou ela. “As pessoas não sobreviverão durante o inverno, a fome e o frio. O mundo civilizado está pronto para testemunhar isso?” /Com WPOST, TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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