A Rússia caminha para uma guerra de desgaste com a Ucrânia?


Diante da resistência das forças ucranianas, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas

Por Daphné Benoit
Atualização:

AFP - Depois de fracassar na estratégia de obter conquistas rápidas no início da invasão da Ucrânia, o exército russo continua buscando vitórias militares decisivas um mês depois, mas parece caminhar para uma guerra de desgaste devastadora para a população civil.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Rússia ampliou nos últimos dias as operações aéreas e navais no país, diante da resistência das forças ucranianas, que continuam impedindo o avanço inimigo.

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Moradora de Kiev recolhe pertences em sua casa, destruída em ataque russo nesta quarta-feira. Foto: Serhii Nuzhnenko/Reuters

“O que vemos é uma tentativa desesperada russa de recuperar impulso”, afirmou durante a semana um alto funcionário do Pentágono, no momento em que as forças russas permanecem bloqueadas 15 km ao noroeste e 30 km ao leste da capital, alvo de bombardeios frequentes.

A tomada de Kiev parecia o alvo principal dos russos quando atravessaram a fronteira, em 24 de fevereiro, com o objetivo de provocar a queda do regime do presidente Volodmir Zelenski.

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Mas, de acordo com a opinião unânime dos analistas ocidentais, os 150 mil a 200 mil homens mobilizados por Vladimir Putin falharam no início da guerra porque acreditaram em uma resistência frágil dos adversários, um fracasso da inteligência russa, o que significa que o país não cuidou de maneira apropriada de suas necessidades logísticas.

Uma lacuna tática muito importante: os militares russos não conseguiram estabelecer sua superioridade aérea no céu ucraniano.

Academia de ginástica na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, recebe refugiados. Foto: Pavlo Palamarchuk/Reuters
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Além disso, “há uma carência entre os russos de uma verdadeira política de comando e conduta”, destaca um ex-comandante militar francês, que ressalta uma falta de coordenação entre as forças aéreas e terrestres, assim como bombardeios russos de pouca precisão.

A arma aérea

Apesar da impossibilidade de verificar o número de militares mortos, as estimativas são impressionantes: os russos teriam perdido mais de 7 mil soldados em um mês, segundo fontes do serviço de inteligência citadas pelo jornal The New York Times.

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Isso representa um número superior às baixas combinadas dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. A Ucrânia anunciou em 12 de março que perdeu 1.300 militares no conflito, um dado sem dúvida inferior à realidade.

Sem avanços significativos, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas.

Moradores de Mykolaiv varrem a calçada de seu prédio depois de ataques russos na vizinhança. Foto: Salwan Georges/The Washington Post
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“Quanto mais estagnada a infantaria, mais o exército aumenta a brutalidade de suas ações e o uso desproporcional de armas aéreas”, disse à agência de notícias AFP uma fonte europeia próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Putin precisa de um acordo e, portanto, exige vitórias”, acrescentou.

Sem controlar as cidades, os russos bombardeiam sem trégua a região nordeste da Ucrânia, como em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e tentam pressionar ao mesmo tempo as regiões leste e sul.

Mykolaiv (sudoeste), o último ponto estratégico antes do porto de Odessa, continua sendo atacada.

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Destruição crescente

Em Mariupol (sul), grande cidade portuária cercada e bombardeada há semanas, quase 100 mil habitantes permanecem bloqueados entre os destroços, com vários cadáveres, e sem produtos de primeira necessidade.

Uma violência reveladora do peso estratégico da cidade para os russos. A tomada de Mariupol permitiria estabelecer uma ponte terrestre entre suas forças na Crimeia, no sudoeste, e os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste. Nessa região, os russos esperam cercar as forças ucranianas para separá-las do resto do país.

Imagem de satélite mostra prédios residenciais bombardeados na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Foto: Maxar Technologies/Reuters

“O próximo episódio do conflito pode ser ainda mais desagradável, porque poderia virar uma guerra de desgaste, com bombardeios crescentes sobre zonas civis. As forças russas provavelmente tentarão compensar os poucos resultados com mais destruição”, considera Michael Kofman, do centro de estudos americano CNA.

Sem uma solução negociada, “a guerra de desgaste é a possibilidade mais viável, com táticas de cerco e bombardeios reforçados, como em Aleppo ou Grozny”, opina William Alberque, do International Institute for Strategic Studies (IISS).

Alberque adverte para a tentação de obrigar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo sob a pressão da opinião pública ocidental, horrorizada com as imagens da destruição e da situação da população civil bloqueada.

“Nosso desejo de terminar com o sofrimento dos ucranianos poderia ajudar os russos. Usarão um cessar-fogo para reconstruir suas forças”, afirma à AFP.

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Na estação de metrô Syrets, em Kiev, diversos idosos precisam se acomodar para passarem seus dias e noites protegidos

AFP - Depois de fracassar na estratégia de obter conquistas rápidas no início da invasão da Ucrânia, o exército russo continua buscando vitórias militares decisivas um mês depois, mas parece caminhar para uma guerra de desgaste devastadora para a população civil.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Rússia ampliou nos últimos dias as operações aéreas e navais no país, diante da resistência das forças ucranianas, que continuam impedindo o avanço inimigo.

Moradora de Kiev recolhe pertences em sua casa, destruída em ataque russo nesta quarta-feira. Foto: Serhii Nuzhnenko/Reuters

“O que vemos é uma tentativa desesperada russa de recuperar impulso”, afirmou durante a semana um alto funcionário do Pentágono, no momento em que as forças russas permanecem bloqueadas 15 km ao noroeste e 30 km ao leste da capital, alvo de bombardeios frequentes.

A tomada de Kiev parecia o alvo principal dos russos quando atravessaram a fronteira, em 24 de fevereiro, com o objetivo de provocar a queda do regime do presidente Volodmir Zelenski.

Mas, de acordo com a opinião unânime dos analistas ocidentais, os 150 mil a 200 mil homens mobilizados por Vladimir Putin falharam no início da guerra porque acreditaram em uma resistência frágil dos adversários, um fracasso da inteligência russa, o que significa que o país não cuidou de maneira apropriada de suas necessidades logísticas.

Uma lacuna tática muito importante: os militares russos não conseguiram estabelecer sua superioridade aérea no céu ucraniano.

Academia de ginástica na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, recebe refugiados. Foto: Pavlo Palamarchuk/Reuters

Além disso, “há uma carência entre os russos de uma verdadeira política de comando e conduta”, destaca um ex-comandante militar francês, que ressalta uma falta de coordenação entre as forças aéreas e terrestres, assim como bombardeios russos de pouca precisão.

A arma aérea

Apesar da impossibilidade de verificar o número de militares mortos, as estimativas são impressionantes: os russos teriam perdido mais de 7 mil soldados em um mês, segundo fontes do serviço de inteligência citadas pelo jornal The New York Times.

Isso representa um número superior às baixas combinadas dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. A Ucrânia anunciou em 12 de março que perdeu 1.300 militares no conflito, um dado sem dúvida inferior à realidade.

Sem avanços significativos, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas.

Moradores de Mykolaiv varrem a calçada de seu prédio depois de ataques russos na vizinhança. Foto: Salwan Georges/The Washington Post

“Quanto mais estagnada a infantaria, mais o exército aumenta a brutalidade de suas ações e o uso desproporcional de armas aéreas”, disse à agência de notícias AFP uma fonte europeia próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Putin precisa de um acordo e, portanto, exige vitórias”, acrescentou.

Sem controlar as cidades, os russos bombardeiam sem trégua a região nordeste da Ucrânia, como em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e tentam pressionar ao mesmo tempo as regiões leste e sul.

Mykolaiv (sudoeste), o último ponto estratégico antes do porto de Odessa, continua sendo atacada.

Destruição crescente

Em Mariupol (sul), grande cidade portuária cercada e bombardeada há semanas, quase 100 mil habitantes permanecem bloqueados entre os destroços, com vários cadáveres, e sem produtos de primeira necessidade.

Uma violência reveladora do peso estratégico da cidade para os russos. A tomada de Mariupol permitiria estabelecer uma ponte terrestre entre suas forças na Crimeia, no sudoeste, e os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste. Nessa região, os russos esperam cercar as forças ucranianas para separá-las do resto do país.

Imagem de satélite mostra prédios residenciais bombardeados na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Foto: Maxar Technologies/Reuters

“O próximo episódio do conflito pode ser ainda mais desagradável, porque poderia virar uma guerra de desgaste, com bombardeios crescentes sobre zonas civis. As forças russas provavelmente tentarão compensar os poucos resultados com mais destruição”, considera Michael Kofman, do centro de estudos americano CNA.

Sem uma solução negociada, “a guerra de desgaste é a possibilidade mais viável, com táticas de cerco e bombardeios reforçados, como em Aleppo ou Grozny”, opina William Alberque, do International Institute for Strategic Studies (IISS).

Alberque adverte para a tentação de obrigar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo sob a pressão da opinião pública ocidental, horrorizada com as imagens da destruição e da situação da população civil bloqueada.

“Nosso desejo de terminar com o sofrimento dos ucranianos poderia ajudar os russos. Usarão um cessar-fogo para reconstruir suas forças”, afirma à AFP.

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Na estação de metrô Syrets, em Kiev, diversos idosos precisam se acomodar para passarem seus dias e noites protegidos

AFP - Depois de fracassar na estratégia de obter conquistas rápidas no início da invasão da Ucrânia, o exército russo continua buscando vitórias militares decisivas um mês depois, mas parece caminhar para uma guerra de desgaste devastadora para a população civil.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Rússia ampliou nos últimos dias as operações aéreas e navais no país, diante da resistência das forças ucranianas, que continuam impedindo o avanço inimigo.

Moradora de Kiev recolhe pertences em sua casa, destruída em ataque russo nesta quarta-feira. Foto: Serhii Nuzhnenko/Reuters

“O que vemos é uma tentativa desesperada russa de recuperar impulso”, afirmou durante a semana um alto funcionário do Pentágono, no momento em que as forças russas permanecem bloqueadas 15 km ao noroeste e 30 km ao leste da capital, alvo de bombardeios frequentes.

A tomada de Kiev parecia o alvo principal dos russos quando atravessaram a fronteira, em 24 de fevereiro, com o objetivo de provocar a queda do regime do presidente Volodmir Zelenski.

Mas, de acordo com a opinião unânime dos analistas ocidentais, os 150 mil a 200 mil homens mobilizados por Vladimir Putin falharam no início da guerra porque acreditaram em uma resistência frágil dos adversários, um fracasso da inteligência russa, o que significa que o país não cuidou de maneira apropriada de suas necessidades logísticas.

Uma lacuna tática muito importante: os militares russos não conseguiram estabelecer sua superioridade aérea no céu ucraniano.

Academia de ginástica na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, recebe refugiados. Foto: Pavlo Palamarchuk/Reuters

Além disso, “há uma carência entre os russos de uma verdadeira política de comando e conduta”, destaca um ex-comandante militar francês, que ressalta uma falta de coordenação entre as forças aéreas e terrestres, assim como bombardeios russos de pouca precisão.

A arma aérea

Apesar da impossibilidade de verificar o número de militares mortos, as estimativas são impressionantes: os russos teriam perdido mais de 7 mil soldados em um mês, segundo fontes do serviço de inteligência citadas pelo jornal The New York Times.

Isso representa um número superior às baixas combinadas dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. A Ucrânia anunciou em 12 de março que perdeu 1.300 militares no conflito, um dado sem dúvida inferior à realidade.

Sem avanços significativos, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas.

Moradores de Mykolaiv varrem a calçada de seu prédio depois de ataques russos na vizinhança. Foto: Salwan Georges/The Washington Post

“Quanto mais estagnada a infantaria, mais o exército aumenta a brutalidade de suas ações e o uso desproporcional de armas aéreas”, disse à agência de notícias AFP uma fonte europeia próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Putin precisa de um acordo e, portanto, exige vitórias”, acrescentou.

Sem controlar as cidades, os russos bombardeiam sem trégua a região nordeste da Ucrânia, como em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e tentam pressionar ao mesmo tempo as regiões leste e sul.

Mykolaiv (sudoeste), o último ponto estratégico antes do porto de Odessa, continua sendo atacada.

Destruição crescente

Em Mariupol (sul), grande cidade portuária cercada e bombardeada há semanas, quase 100 mil habitantes permanecem bloqueados entre os destroços, com vários cadáveres, e sem produtos de primeira necessidade.

Uma violência reveladora do peso estratégico da cidade para os russos. A tomada de Mariupol permitiria estabelecer uma ponte terrestre entre suas forças na Crimeia, no sudoeste, e os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste. Nessa região, os russos esperam cercar as forças ucranianas para separá-las do resto do país.

Imagem de satélite mostra prédios residenciais bombardeados na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Foto: Maxar Technologies/Reuters

“O próximo episódio do conflito pode ser ainda mais desagradável, porque poderia virar uma guerra de desgaste, com bombardeios crescentes sobre zonas civis. As forças russas provavelmente tentarão compensar os poucos resultados com mais destruição”, considera Michael Kofman, do centro de estudos americano CNA.

Sem uma solução negociada, “a guerra de desgaste é a possibilidade mais viável, com táticas de cerco e bombardeios reforçados, como em Aleppo ou Grozny”, opina William Alberque, do International Institute for Strategic Studies (IISS).

Alberque adverte para a tentação de obrigar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo sob a pressão da opinião pública ocidental, horrorizada com as imagens da destruição e da situação da população civil bloqueada.

“Nosso desejo de terminar com o sofrimento dos ucranianos poderia ajudar os russos. Usarão um cessar-fogo para reconstruir suas forças”, afirma à AFP.

Seu navegador não suporta esse video.

Na estação de metrô Syrets, em Kiev, diversos idosos precisam se acomodar para passarem seus dias e noites protegidos

AFP - Depois de fracassar na estratégia de obter conquistas rápidas no início da invasão da Ucrânia, o exército russo continua buscando vitórias militares decisivas um mês depois, mas parece caminhar para uma guerra de desgaste devastadora para a população civil.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Rússia ampliou nos últimos dias as operações aéreas e navais no país, diante da resistência das forças ucranianas, que continuam impedindo o avanço inimigo.

Moradora de Kiev recolhe pertences em sua casa, destruída em ataque russo nesta quarta-feira. Foto: Serhii Nuzhnenko/Reuters

“O que vemos é uma tentativa desesperada russa de recuperar impulso”, afirmou durante a semana um alto funcionário do Pentágono, no momento em que as forças russas permanecem bloqueadas 15 km ao noroeste e 30 km ao leste da capital, alvo de bombardeios frequentes.

A tomada de Kiev parecia o alvo principal dos russos quando atravessaram a fronteira, em 24 de fevereiro, com o objetivo de provocar a queda do regime do presidente Volodmir Zelenski.

Mas, de acordo com a opinião unânime dos analistas ocidentais, os 150 mil a 200 mil homens mobilizados por Vladimir Putin falharam no início da guerra porque acreditaram em uma resistência frágil dos adversários, um fracasso da inteligência russa, o que significa que o país não cuidou de maneira apropriada de suas necessidades logísticas.

Uma lacuna tática muito importante: os militares russos não conseguiram estabelecer sua superioridade aérea no céu ucraniano.

Academia de ginástica na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, recebe refugiados. Foto: Pavlo Palamarchuk/Reuters

Além disso, “há uma carência entre os russos de uma verdadeira política de comando e conduta”, destaca um ex-comandante militar francês, que ressalta uma falta de coordenação entre as forças aéreas e terrestres, assim como bombardeios russos de pouca precisão.

A arma aérea

Apesar da impossibilidade de verificar o número de militares mortos, as estimativas são impressionantes: os russos teriam perdido mais de 7 mil soldados em um mês, segundo fontes do serviço de inteligência citadas pelo jornal The New York Times.

Isso representa um número superior às baixas combinadas dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. A Ucrânia anunciou em 12 de março que perdeu 1.300 militares no conflito, um dado sem dúvida inferior à realidade.

Sem avanços significativos, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas.

Moradores de Mykolaiv varrem a calçada de seu prédio depois de ataques russos na vizinhança. Foto: Salwan Georges/The Washington Post

“Quanto mais estagnada a infantaria, mais o exército aumenta a brutalidade de suas ações e o uso desproporcional de armas aéreas”, disse à agência de notícias AFP uma fonte europeia próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Putin precisa de um acordo e, portanto, exige vitórias”, acrescentou.

Sem controlar as cidades, os russos bombardeiam sem trégua a região nordeste da Ucrânia, como em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e tentam pressionar ao mesmo tempo as regiões leste e sul.

Mykolaiv (sudoeste), o último ponto estratégico antes do porto de Odessa, continua sendo atacada.

Destruição crescente

Em Mariupol (sul), grande cidade portuária cercada e bombardeada há semanas, quase 100 mil habitantes permanecem bloqueados entre os destroços, com vários cadáveres, e sem produtos de primeira necessidade.

Uma violência reveladora do peso estratégico da cidade para os russos. A tomada de Mariupol permitiria estabelecer uma ponte terrestre entre suas forças na Crimeia, no sudoeste, e os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste. Nessa região, os russos esperam cercar as forças ucranianas para separá-las do resto do país.

Imagem de satélite mostra prédios residenciais bombardeados na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Foto: Maxar Technologies/Reuters

“O próximo episódio do conflito pode ser ainda mais desagradável, porque poderia virar uma guerra de desgaste, com bombardeios crescentes sobre zonas civis. As forças russas provavelmente tentarão compensar os poucos resultados com mais destruição”, considera Michael Kofman, do centro de estudos americano CNA.

Sem uma solução negociada, “a guerra de desgaste é a possibilidade mais viável, com táticas de cerco e bombardeios reforçados, como em Aleppo ou Grozny”, opina William Alberque, do International Institute for Strategic Studies (IISS).

Alberque adverte para a tentação de obrigar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo sob a pressão da opinião pública ocidental, horrorizada com as imagens da destruição e da situação da população civil bloqueada.

“Nosso desejo de terminar com o sofrimento dos ucranianos poderia ajudar os russos. Usarão um cessar-fogo para reconstruir suas forças”, afirma à AFP.

Seu navegador não suporta esse video.

Na estação de metrô Syrets, em Kiev, diversos idosos precisam se acomodar para passarem seus dias e noites protegidos

AFP - Depois de fracassar na estratégia de obter conquistas rápidas no início da invasão da Ucrânia, o exército russo continua buscando vitórias militares decisivas um mês depois, mas parece caminhar para uma guerra de desgaste devastadora para a população civil.

De acordo com o governo dos Estados Unidos, a Rússia ampliou nos últimos dias as operações aéreas e navais no país, diante da resistência das forças ucranianas, que continuam impedindo o avanço inimigo.

Moradora de Kiev recolhe pertences em sua casa, destruída em ataque russo nesta quarta-feira. Foto: Serhii Nuzhnenko/Reuters

“O que vemos é uma tentativa desesperada russa de recuperar impulso”, afirmou durante a semana um alto funcionário do Pentágono, no momento em que as forças russas permanecem bloqueadas 15 km ao noroeste e 30 km ao leste da capital, alvo de bombardeios frequentes.

A tomada de Kiev parecia o alvo principal dos russos quando atravessaram a fronteira, em 24 de fevereiro, com o objetivo de provocar a queda do regime do presidente Volodmir Zelenski.

Mas, de acordo com a opinião unânime dos analistas ocidentais, os 150 mil a 200 mil homens mobilizados por Vladimir Putin falharam no início da guerra porque acreditaram em uma resistência frágil dos adversários, um fracasso da inteligência russa, o que significa que o país não cuidou de maneira apropriada de suas necessidades logísticas.

Uma lacuna tática muito importante: os militares russos não conseguiram estabelecer sua superioridade aérea no céu ucraniano.

Academia de ginástica na cidade ucraniana de Lviv, perto da fronteira com a Ucrânia, recebe refugiados. Foto: Pavlo Palamarchuk/Reuters

Além disso, “há uma carência entre os russos de uma verdadeira política de comando e conduta”, destaca um ex-comandante militar francês, que ressalta uma falta de coordenação entre as forças aéreas e terrestres, assim como bombardeios russos de pouca precisão.

A arma aérea

Apesar da impossibilidade de verificar o número de militares mortos, as estimativas são impressionantes: os russos teriam perdido mais de 7 mil soldados em um mês, segundo fontes do serviço de inteligência citadas pelo jornal The New York Times.

Isso representa um número superior às baixas combinadas dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão. A Ucrânia anunciou em 12 de março que perdeu 1.300 militares no conflito, um dado sem dúvida inferior à realidade.

Sem avanços significativos, a ofensiva russa parece concentrada em aterrorizar e desmoralizar os ucranianos: 10 milhões de habitantes do país fugiram de suas casas.

Moradores de Mykolaiv varrem a calçada de seu prédio depois de ataques russos na vizinhança. Foto: Salwan Georges/The Washington Post

“Quanto mais estagnada a infantaria, mais o exército aumenta a brutalidade de suas ações e o uso desproporcional de armas aéreas”, disse à agência de notícias AFP uma fonte europeia próxima à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Putin precisa de um acordo e, portanto, exige vitórias”, acrescentou.

Sem controlar as cidades, os russos bombardeiam sem trégua a região nordeste da Ucrânia, como em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e tentam pressionar ao mesmo tempo as regiões leste e sul.

Mykolaiv (sudoeste), o último ponto estratégico antes do porto de Odessa, continua sendo atacada.

Destruição crescente

Em Mariupol (sul), grande cidade portuária cercada e bombardeada há semanas, quase 100 mil habitantes permanecem bloqueados entre os destroços, com vários cadáveres, e sem produtos de primeira necessidade.

Uma violência reveladora do peso estratégico da cidade para os russos. A tomada de Mariupol permitiria estabelecer uma ponte terrestre entre suas forças na Crimeia, no sudoeste, e os territórios separatistas pró-russos do Donbas, no leste. Nessa região, os russos esperam cercar as forças ucranianas para separá-las do resto do país.

Imagem de satélite mostra prédios residenciais bombardeados na cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia. Foto: Maxar Technologies/Reuters

“O próximo episódio do conflito pode ser ainda mais desagradável, porque poderia virar uma guerra de desgaste, com bombardeios crescentes sobre zonas civis. As forças russas provavelmente tentarão compensar os poucos resultados com mais destruição”, considera Michael Kofman, do centro de estudos americano CNA.

Sem uma solução negociada, “a guerra de desgaste é a possibilidade mais viável, com táticas de cerco e bombardeios reforçados, como em Aleppo ou Grozny”, opina William Alberque, do International Institute for Strategic Studies (IISS).

Alberque adverte para a tentação de obrigar a Ucrânia a aceitar um cessar-fogo sob a pressão da opinião pública ocidental, horrorizada com as imagens da destruição e da situação da população civil bloqueada.

“Nosso desejo de terminar com o sofrimento dos ucranianos poderia ajudar os russos. Usarão um cessar-fogo para reconstruir suas forças”, afirma à AFP.

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