A Rússia se prepara para uma nova grande ofensiva na Ucrânia e isso pode mudar a guerra


Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado; a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano

Por The Economist

A chegada da primavera na Ucrânia traz dois tipos de alívio. O clima mais quente significa que o frenesi de ataques da Rússia usando mísseis e drones contra a infraestrutura elétrica e de gás não será tão insuportável assim. E com o degelo vem a lama, e aproximadamente um mês durante o qual a movimentação militar se torna difícil. Isso deve conter a onda de ataques russos ao longo da frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia. Mas essa situação não vai durar.

Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado. E a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano. É por isso que o país precisa urgentemente mobilizar mais soldados e erguer defesas mais robustas ao longo da linha de frente.

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Compreensivelmente, os ucranianos responsabilizam os políticos do mundo pela sua situação desesperadora. Ocupados com o Oriente Médio, as eleições que se aproximam e seus próprios problemas econômicos, os aliados ocidentais da Ucrânia estão distraídos. No momento da publicação da reportagem, a decisão dos republicanos aliados a Trump de bloquear no congresso o pacote de auxílio militar de US$ 61 bilhões do governo Biden à Ucrânia está produzindo um efeito na linha de frente e nos céus acima das cidades ucranianas.

Soldado ucraniano dirige um tanque na região de Donetsk, no sul da Ucrânia  Foto: Roman Pilipey/AFP

Os soldados da Ucrânia são obrigados a racionar sua munição, enquanto em alguns pontos do mapa o poder de fogo dos russos supera o seu em cinco vezes. Mais de 150 drones e mísseis foram lançados contra a Ucrânia em uma única noite da semana passada, mas a Ucrânia está ficando sem interceptadores, especialmente os modelos capazes de anular os invasores mais mortíferos.

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O impasse nos Estados Unidos corre o risco de permitir que a Rússia irrompa pelas inadequadas linhas de defesa da Ucrânia. E os europeus não estão se saindo muito melhor, apesar das palavras combativas do presidente da França, Emmanuel Macron, que insiste na necessidade de derrotar a Rússia, mas colabora pouco com o envio de equipamento que poderia ajudar a produzir esse desfecho, ou o apagado chanceler alemão, Olaf Scholz, que se recusa a fornecer poderosos mísseis Taurus de longo alcance.

A Europa fracassou em alcançar sua meta de levar 1 milhão de projéteis à Ucrânia até este mês, embora os tchecos estejam insistindo para que o restante do mundo compense essa escassez. O dinheiro é outro problema: a Europa também deveria ajudar com isso. Mas Polônia e França, entre outros, tentam bloquear as essenciais exportações agrícolas da Ucrânia para proteger seus próprios agricultores.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, França  Foto: Thibault Camus/AP
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Mas a Ucrânia não pode simplesmente culpar os aliados. O país também cometeu seus próprios erros. Um deles é o fracasso na mobilização. A Rússia está se preparando para outra onda de recrutamentos, de olho na próxima grande ofensiva. O ataque terrorista contra uma casa de shows de Moscou no dia 22 de março pode até ter facilitado essa tarefa para Vladimir Putin, que está usando o episódio para alegar que a Rússia precisa ser forte diante de inimigos sanguinários.

Mas, na Ucrânia, as tentativas de atrair novos recrutas ainda ficam presas nos tentáculos do processo democrático; mais de mil emendas teriam sido apontadas para um projeto de lei no parlamento que daria ao governo mais abrangência para mobilizar o exército do qual necessita. Sem dinheiro e temendo uma queda na popularidade, o presidente Volodmir Zelenski não se esforçou tanto para impor suas necessidades.

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A Ucrânia também demorou muito para reforçar as próprias posições defensivas. De certa forma, isso é compreensível. O governo ainda sonha com uma nova contraofensiva e teme a ideia de que a linha de frente atual possa se consolidar em algo bem semelhante a uma fronteira, excluindo um quinto do território do país e a maior parte do seu acesso marítimo.

A ideia de tal linha se transformar na base de uma futura negociação de paz é exatamente o que Zelenski buscou evitar. Mas os perigos são agora tão grandes que esta se tornou a opção menos ruim. Nas semanas mais recentes as escavadeiras começaram a operar, e os dentes de dragão estão sendo instalados. Isso deveria ter começado muito antes. Rezemos para que não seja tarde demais. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

A chegada da primavera na Ucrânia traz dois tipos de alívio. O clima mais quente significa que o frenesi de ataques da Rússia usando mísseis e drones contra a infraestrutura elétrica e de gás não será tão insuportável assim. E com o degelo vem a lama, e aproximadamente um mês durante o qual a movimentação militar se torna difícil. Isso deve conter a onda de ataques russos ao longo da frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia. Mas essa situação não vai durar.

Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado. E a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano. É por isso que o país precisa urgentemente mobilizar mais soldados e erguer defesas mais robustas ao longo da linha de frente.

Compreensivelmente, os ucranianos responsabilizam os políticos do mundo pela sua situação desesperadora. Ocupados com o Oriente Médio, as eleições que se aproximam e seus próprios problemas econômicos, os aliados ocidentais da Ucrânia estão distraídos. No momento da publicação da reportagem, a decisão dos republicanos aliados a Trump de bloquear no congresso o pacote de auxílio militar de US$ 61 bilhões do governo Biden à Ucrânia está produzindo um efeito na linha de frente e nos céus acima das cidades ucranianas.

Soldado ucraniano dirige um tanque na região de Donetsk, no sul da Ucrânia  Foto: Roman Pilipey/AFP

Os soldados da Ucrânia são obrigados a racionar sua munição, enquanto em alguns pontos do mapa o poder de fogo dos russos supera o seu em cinco vezes. Mais de 150 drones e mísseis foram lançados contra a Ucrânia em uma única noite da semana passada, mas a Ucrânia está ficando sem interceptadores, especialmente os modelos capazes de anular os invasores mais mortíferos.

O impasse nos Estados Unidos corre o risco de permitir que a Rússia irrompa pelas inadequadas linhas de defesa da Ucrânia. E os europeus não estão se saindo muito melhor, apesar das palavras combativas do presidente da França, Emmanuel Macron, que insiste na necessidade de derrotar a Rússia, mas colabora pouco com o envio de equipamento que poderia ajudar a produzir esse desfecho, ou o apagado chanceler alemão, Olaf Scholz, que se recusa a fornecer poderosos mísseis Taurus de longo alcance.

A Europa fracassou em alcançar sua meta de levar 1 milhão de projéteis à Ucrânia até este mês, embora os tchecos estejam insistindo para que o restante do mundo compense essa escassez. O dinheiro é outro problema: a Europa também deveria ajudar com isso. Mas Polônia e França, entre outros, tentam bloquear as essenciais exportações agrícolas da Ucrânia para proteger seus próprios agricultores.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, França  Foto: Thibault Camus/AP

Mas a Ucrânia não pode simplesmente culpar os aliados. O país também cometeu seus próprios erros. Um deles é o fracasso na mobilização. A Rússia está se preparando para outra onda de recrutamentos, de olho na próxima grande ofensiva. O ataque terrorista contra uma casa de shows de Moscou no dia 22 de março pode até ter facilitado essa tarefa para Vladimir Putin, que está usando o episódio para alegar que a Rússia precisa ser forte diante de inimigos sanguinários.

Mas, na Ucrânia, as tentativas de atrair novos recrutas ainda ficam presas nos tentáculos do processo democrático; mais de mil emendas teriam sido apontadas para um projeto de lei no parlamento que daria ao governo mais abrangência para mobilizar o exército do qual necessita. Sem dinheiro e temendo uma queda na popularidade, o presidente Volodmir Zelenski não se esforçou tanto para impor suas necessidades.

A Ucrânia também demorou muito para reforçar as próprias posições defensivas. De certa forma, isso é compreensível. O governo ainda sonha com uma nova contraofensiva e teme a ideia de que a linha de frente atual possa se consolidar em algo bem semelhante a uma fronteira, excluindo um quinto do território do país e a maior parte do seu acesso marítimo.

A ideia de tal linha se transformar na base de uma futura negociação de paz é exatamente o que Zelenski buscou evitar. Mas os perigos são agora tão grandes que esta se tornou a opção menos ruim. Nas semanas mais recentes as escavadeiras começaram a operar, e os dentes de dragão estão sendo instalados. Isso deveria ter começado muito antes. Rezemos para que não seja tarde demais. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

A chegada da primavera na Ucrânia traz dois tipos de alívio. O clima mais quente significa que o frenesi de ataques da Rússia usando mísseis e drones contra a infraestrutura elétrica e de gás não será tão insuportável assim. E com o degelo vem a lama, e aproximadamente um mês durante o qual a movimentação militar se torna difícil. Isso deve conter a onda de ataques russos ao longo da frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia. Mas essa situação não vai durar.

Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado. E a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano. É por isso que o país precisa urgentemente mobilizar mais soldados e erguer defesas mais robustas ao longo da linha de frente.

Compreensivelmente, os ucranianos responsabilizam os políticos do mundo pela sua situação desesperadora. Ocupados com o Oriente Médio, as eleições que se aproximam e seus próprios problemas econômicos, os aliados ocidentais da Ucrânia estão distraídos. No momento da publicação da reportagem, a decisão dos republicanos aliados a Trump de bloquear no congresso o pacote de auxílio militar de US$ 61 bilhões do governo Biden à Ucrânia está produzindo um efeito na linha de frente e nos céus acima das cidades ucranianas.

Soldado ucraniano dirige um tanque na região de Donetsk, no sul da Ucrânia  Foto: Roman Pilipey/AFP

Os soldados da Ucrânia são obrigados a racionar sua munição, enquanto em alguns pontos do mapa o poder de fogo dos russos supera o seu em cinco vezes. Mais de 150 drones e mísseis foram lançados contra a Ucrânia em uma única noite da semana passada, mas a Ucrânia está ficando sem interceptadores, especialmente os modelos capazes de anular os invasores mais mortíferos.

O impasse nos Estados Unidos corre o risco de permitir que a Rússia irrompa pelas inadequadas linhas de defesa da Ucrânia. E os europeus não estão se saindo muito melhor, apesar das palavras combativas do presidente da França, Emmanuel Macron, que insiste na necessidade de derrotar a Rússia, mas colabora pouco com o envio de equipamento que poderia ajudar a produzir esse desfecho, ou o apagado chanceler alemão, Olaf Scholz, que se recusa a fornecer poderosos mísseis Taurus de longo alcance.

A Europa fracassou em alcançar sua meta de levar 1 milhão de projéteis à Ucrânia até este mês, embora os tchecos estejam insistindo para que o restante do mundo compense essa escassez. O dinheiro é outro problema: a Europa também deveria ajudar com isso. Mas Polônia e França, entre outros, tentam bloquear as essenciais exportações agrícolas da Ucrânia para proteger seus próprios agricultores.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, França  Foto: Thibault Camus/AP

Mas a Ucrânia não pode simplesmente culpar os aliados. O país também cometeu seus próprios erros. Um deles é o fracasso na mobilização. A Rússia está se preparando para outra onda de recrutamentos, de olho na próxima grande ofensiva. O ataque terrorista contra uma casa de shows de Moscou no dia 22 de março pode até ter facilitado essa tarefa para Vladimir Putin, que está usando o episódio para alegar que a Rússia precisa ser forte diante de inimigos sanguinários.

Mas, na Ucrânia, as tentativas de atrair novos recrutas ainda ficam presas nos tentáculos do processo democrático; mais de mil emendas teriam sido apontadas para um projeto de lei no parlamento que daria ao governo mais abrangência para mobilizar o exército do qual necessita. Sem dinheiro e temendo uma queda na popularidade, o presidente Volodmir Zelenski não se esforçou tanto para impor suas necessidades.

A Ucrânia também demorou muito para reforçar as próprias posições defensivas. De certa forma, isso é compreensível. O governo ainda sonha com uma nova contraofensiva e teme a ideia de que a linha de frente atual possa se consolidar em algo bem semelhante a uma fronteira, excluindo um quinto do território do país e a maior parte do seu acesso marítimo.

A ideia de tal linha se transformar na base de uma futura negociação de paz é exatamente o que Zelenski buscou evitar. Mas os perigos são agora tão grandes que esta se tornou a opção menos ruim. Nas semanas mais recentes as escavadeiras começaram a operar, e os dentes de dragão estão sendo instalados. Isso deveria ter começado muito antes. Rezemos para que não seja tarde demais. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

A chegada da primavera na Ucrânia traz dois tipos de alívio. O clima mais quente significa que o frenesi de ataques da Rússia usando mísseis e drones contra a infraestrutura elétrica e de gás não será tão insuportável assim. E com o degelo vem a lama, e aproximadamente um mês durante o qual a movimentação militar se torna difícil. Isso deve conter a onda de ataques russos ao longo da frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia. Mas essa situação não vai durar.

Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado. E a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano. É por isso que o país precisa urgentemente mobilizar mais soldados e erguer defesas mais robustas ao longo da linha de frente.

Compreensivelmente, os ucranianos responsabilizam os políticos do mundo pela sua situação desesperadora. Ocupados com o Oriente Médio, as eleições que se aproximam e seus próprios problemas econômicos, os aliados ocidentais da Ucrânia estão distraídos. No momento da publicação da reportagem, a decisão dos republicanos aliados a Trump de bloquear no congresso o pacote de auxílio militar de US$ 61 bilhões do governo Biden à Ucrânia está produzindo um efeito na linha de frente e nos céus acima das cidades ucranianas.

Soldado ucraniano dirige um tanque na região de Donetsk, no sul da Ucrânia  Foto: Roman Pilipey/AFP

Os soldados da Ucrânia são obrigados a racionar sua munição, enquanto em alguns pontos do mapa o poder de fogo dos russos supera o seu em cinco vezes. Mais de 150 drones e mísseis foram lançados contra a Ucrânia em uma única noite da semana passada, mas a Ucrânia está ficando sem interceptadores, especialmente os modelos capazes de anular os invasores mais mortíferos.

O impasse nos Estados Unidos corre o risco de permitir que a Rússia irrompa pelas inadequadas linhas de defesa da Ucrânia. E os europeus não estão se saindo muito melhor, apesar das palavras combativas do presidente da França, Emmanuel Macron, que insiste na necessidade de derrotar a Rússia, mas colabora pouco com o envio de equipamento que poderia ajudar a produzir esse desfecho, ou o apagado chanceler alemão, Olaf Scholz, que se recusa a fornecer poderosos mísseis Taurus de longo alcance.

A Europa fracassou em alcançar sua meta de levar 1 milhão de projéteis à Ucrânia até este mês, embora os tchecos estejam insistindo para que o restante do mundo compense essa escassez. O dinheiro é outro problema: a Europa também deveria ajudar com isso. Mas Polônia e França, entre outros, tentam bloquear as essenciais exportações agrícolas da Ucrânia para proteger seus próprios agricultores.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, França  Foto: Thibault Camus/AP

Mas a Ucrânia não pode simplesmente culpar os aliados. O país também cometeu seus próprios erros. Um deles é o fracasso na mobilização. A Rússia está se preparando para outra onda de recrutamentos, de olho na próxima grande ofensiva. O ataque terrorista contra uma casa de shows de Moscou no dia 22 de março pode até ter facilitado essa tarefa para Vladimir Putin, que está usando o episódio para alegar que a Rússia precisa ser forte diante de inimigos sanguinários.

Mas, na Ucrânia, as tentativas de atrair novos recrutas ainda ficam presas nos tentáculos do processo democrático; mais de mil emendas teriam sido apontadas para um projeto de lei no parlamento que daria ao governo mais abrangência para mobilizar o exército do qual necessita. Sem dinheiro e temendo uma queda na popularidade, o presidente Volodmir Zelenski não se esforçou tanto para impor suas necessidades.

A Ucrânia também demorou muito para reforçar as próprias posições defensivas. De certa forma, isso é compreensível. O governo ainda sonha com uma nova contraofensiva e teme a ideia de que a linha de frente atual possa se consolidar em algo bem semelhante a uma fronteira, excluindo um quinto do território do país e a maior parte do seu acesso marítimo.

A ideia de tal linha se transformar na base de uma futura negociação de paz é exatamente o que Zelenski buscou evitar. Mas os perigos são agora tão grandes que esta se tornou a opção menos ruim. Nas semanas mais recentes as escavadeiras começaram a operar, e os dentes de dragão estão sendo instalados. Isso deveria ter começado muito antes. Rezemos para que não seja tarde demais. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

A chegada da primavera na Ucrânia traz dois tipos de alívio. O clima mais quente significa que o frenesi de ataques da Rússia usando mísseis e drones contra a infraestrutura elétrica e de gás não será tão insuportável assim. E com o degelo vem a lama, e aproximadamente um mês durante o qual a movimentação militar se torna difícil. Isso deve conter a onda de ataques russos ao longo da frente que se estende pelo leste e sul da Ucrânia. Mas essa situação não vai durar.

Conforme a primavera dá lugar ao verão, o temor é que a Rússia organize outra ofensiva de grandes proporções, como ocorreu no ano passado. E a capacidade da Ucrânia de se defender e resistir parece muito menos certa do que há um ano. É por isso que o país precisa urgentemente mobilizar mais soldados e erguer defesas mais robustas ao longo da linha de frente.

Compreensivelmente, os ucranianos responsabilizam os políticos do mundo pela sua situação desesperadora. Ocupados com o Oriente Médio, as eleições que se aproximam e seus próprios problemas econômicos, os aliados ocidentais da Ucrânia estão distraídos. No momento da publicação da reportagem, a decisão dos republicanos aliados a Trump de bloquear no congresso o pacote de auxílio militar de US$ 61 bilhões do governo Biden à Ucrânia está produzindo um efeito na linha de frente e nos céus acima das cidades ucranianas.

Soldado ucraniano dirige um tanque na região de Donetsk, no sul da Ucrânia  Foto: Roman Pilipey/AFP

Os soldados da Ucrânia são obrigados a racionar sua munição, enquanto em alguns pontos do mapa o poder de fogo dos russos supera o seu em cinco vezes. Mais de 150 drones e mísseis foram lançados contra a Ucrânia em uma única noite da semana passada, mas a Ucrânia está ficando sem interceptadores, especialmente os modelos capazes de anular os invasores mais mortíferos.

O impasse nos Estados Unidos corre o risco de permitir que a Rússia irrompa pelas inadequadas linhas de defesa da Ucrânia. E os europeus não estão se saindo muito melhor, apesar das palavras combativas do presidente da França, Emmanuel Macron, que insiste na necessidade de derrotar a Rússia, mas colabora pouco com o envio de equipamento que poderia ajudar a produzir esse desfecho, ou o apagado chanceler alemão, Olaf Scholz, que se recusa a fornecer poderosos mísseis Taurus de longo alcance.

A Europa fracassou em alcançar sua meta de levar 1 milhão de projéteis à Ucrânia até este mês, embora os tchecos estejam insistindo para que o restante do mundo compense essa escassez. O dinheiro é outro problema: a Europa também deveria ajudar com isso. Mas Polônia e França, entre outros, tentam bloquear as essenciais exportações agrícolas da Ucrânia para proteger seus próprios agricultores.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris, França  Foto: Thibault Camus/AP

Mas a Ucrânia não pode simplesmente culpar os aliados. O país também cometeu seus próprios erros. Um deles é o fracasso na mobilização. A Rússia está se preparando para outra onda de recrutamentos, de olho na próxima grande ofensiva. O ataque terrorista contra uma casa de shows de Moscou no dia 22 de março pode até ter facilitado essa tarefa para Vladimir Putin, que está usando o episódio para alegar que a Rússia precisa ser forte diante de inimigos sanguinários.

Mas, na Ucrânia, as tentativas de atrair novos recrutas ainda ficam presas nos tentáculos do processo democrático; mais de mil emendas teriam sido apontadas para um projeto de lei no parlamento que daria ao governo mais abrangência para mobilizar o exército do qual necessita. Sem dinheiro e temendo uma queda na popularidade, o presidente Volodmir Zelenski não se esforçou tanto para impor suas necessidades.

A Ucrânia também demorou muito para reforçar as próprias posições defensivas. De certa forma, isso é compreensível. O governo ainda sonha com uma nova contraofensiva e teme a ideia de que a linha de frente atual possa se consolidar em algo bem semelhante a uma fronteira, excluindo um quinto do território do país e a maior parte do seu acesso marítimo.

A ideia de tal linha se transformar na base de uma futura negociação de paz é exatamente o que Zelenski buscou evitar. Mas os perigos são agora tão grandes que esta se tornou a opção menos ruim. Nas semanas mais recentes as escavadeiras começaram a operar, e os dentes de dragão estão sendo instalados. Isso deveria ter começado muito antes. Rezemos para que não seja tarde demais. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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