Análise|A Terceira Guerra Mundial já está em andamento, e nem Kamala nem Trump perceberam


Um novo eixo está semeando desordem global. A campanha presidencial dos EUA é o retrato de uma alienação imprudente

Por George F. Will
Atualização:

Em outubro de 1940, quando os americanos se preparavam para escolher um presidente, a 2.ª Guerra estava em andamento - as tropas alemãs ocupavam Paris - mas sem a participação dos EUA. Os eleitores americanos tinham, no entanto, uma escolha digna do momento ameaçador.

O candidato democrata era o presidente em exercício por dois mandatos, Franklin D. Roosevelt, que, com seu discurso de “quarentena” de 1937 sobre as nações agressoras e o subsequente fortalecimento militar, estava empurrando uma nação majoritariamente isolacionista para o envolvimento em um conflito global.

O candidato republicano era o empresário Wendell Willkie, um novato na política, auxiliado pelo “establishment oriental” republicano, em sua maioria internacionalista - muito difamado e, atualmente, muito esquecido. Tendo registrado apoio zero para a indicação do Partido Republicano nas pesquisas de opinião três meses antes da convenção, ele a arrancou do senador isolacionista Robert A. Taft, de Ohio.

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Kamala Harris discursa em comício na Pensilvânia. No telão, uma imagem do republicano Donald Trump, que concorre à Casa Branca com Kamala, é vista. Foto: Jacquelyn Martin/AP

Lembre-se de 1940. Em três semanas, os americanos não terão uma decisão tranquilizadora quando escolherem o presidente que determinará a conduta da nação durante a 3.ª Guerra Mundial, que já começou.

Em retrospecto, é evidente que a 2.ª Guerra, uma cascata de crises iniciadas pelo Eixo coalescente do Japão, Alemanha e Itália, começou com a ocupação da Manchúria pelo Japão em 1931. A posteridade poderá concluir que a Terceira Guerra Mundial começou antes da nova agressão da Rússia contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, e não depois da tomada da Crimeia pela Rússia em 2014.

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A partir de 20 de janeiro de 2025, o próximo presidente terá de lidar com o eixo atual: China, Rússia, Irã e Coreia do Norte. A participação dos EUA na 2.ª Guerra começou, na verdade, com o patrulhamento agressivo e pouco neutro da Marinha nas rotas marítimas do Atlântico Norte, das quais o Reino Unido dependia. E a participação dos EUA na 3.ª Guerra começou antes da decisão desta semana de enviar a Israel um avançado sistema de defesa antimísseis e cerca de 100 soldados para operá-lo.

Esse sistema defenderá Israel contra uma resposta iraniana prevista para a retaliação que Israel fará ao lançamento de cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em 1º de outubro. Os Estados Unidos têm fornecido inteligência e armas a Israel e à Ucrânia enquanto essas nações, como o Reino Unido em 1940, lutam por sua sobrevivência e por nossa civilização.

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Na segunda-feira, o Financial Times informou que o chefe do serviço de inteligência interna da Alemanha disse que este ano um pacote pegou fogo antes de ser carregado em um avião em um centro de carga da DHL em Leipzig. O funcionário disse que, se o fogo tivesse começado durante o voo, o avião teria caído. Ele descreveu esse episódio enquanto detalhava um aumento dramático do “comportamento agressivo” dos agentes russos.

O Wall Street Journal informou que o chefe da agência de segurança interna britânica MI-5 relatou um “aumento impressionante” de ataques na Europa, coordenados pela agência de inteligência militar GRU da Rússia. Eles têm como objetivo interromper a produção de armas, intimidar políticos e semear o pânico nas ruas:

“Neste verão, sete pessoas foram acusadas pelas autoridades do Reino Unido de incendiar um depósito em Londres de propriedade de empresários ucranianos. ... Sabotadores russos também são suspeitos de estarem por trás de um incêndio em uma fábrica de Berlim que constrói sistemas de defesa aérea. Na França, os promotores estão investigando uma possível conexão russa depois que duas pessoas foram encontradas pintando com spray mais de 200 símbolos da Estrela de Davi em edifícios. (...) Houve também uma série de ataques incendiários no Báltico e na Europa Oriental.”

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O chefe do MI5 também disse, de acordo com o WSJ, que a Rússia e o Irã estão usando criminosos em países-alvo para cometer incêndios criminosos, sabotagem e atacar dissidentes russos e iranianos no exterior. O jornal observou que um político espanhol que apoia um grupo de oposição iraniano “foi baleado no rosto em plena luz do dia no final do ano passado”.

Engenheiros militares norte-coreanos estão auxiliando os lançamentos russos de mísseis balísticos contra alvos ucranianos. Neste mês, norte-coreanos teriam sido mortos por um ataque de míssil ucraniano em território russo. O arsenal da Rússia inclui mísseis norte-coreanos e munição de grande calibre.

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Desde a fronteira ocidental da Rússia até as águas onde a China está invadindo agressivamente a soberania das Filipinas, o teatro das guerras atuais e dos episódios de quase guerra se estende por seis dos 24 fusos horários do globo. É assim que se parece a “tempestade crescente” (o título do primeiro dos seis volumes das memórias de Winston Churchill sobre a 2.ª Guerra) de uma guerra mundial.

A campanha presidencial dos EUA é o retrato de uma alienação imprudente. Nenhum dos candidatos deu qualquer indício de consciência, muito menos de reflexão séria, sobre a crescente conflagração global.

Essa desordem mundial, mais do que as extravagâncias de gastos (defesa não incluída), definirá a reputação do governo Biden-Harris. E este ano, Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro alaido de Putin, que se opõe à ajuda à Ucrânia, visitou Trump em Mar-a-Lago duas vezes em 125 dias.

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O que as tempestades acumulam é força. Depois, elas gastam sua violência armazenada.

Em outubro de 1940, quando os americanos se preparavam para escolher um presidente, a 2.ª Guerra estava em andamento - as tropas alemãs ocupavam Paris - mas sem a participação dos EUA. Os eleitores americanos tinham, no entanto, uma escolha digna do momento ameaçador.

O candidato democrata era o presidente em exercício por dois mandatos, Franklin D. Roosevelt, que, com seu discurso de “quarentena” de 1937 sobre as nações agressoras e o subsequente fortalecimento militar, estava empurrando uma nação majoritariamente isolacionista para o envolvimento em um conflito global.

O candidato republicano era o empresário Wendell Willkie, um novato na política, auxiliado pelo “establishment oriental” republicano, em sua maioria internacionalista - muito difamado e, atualmente, muito esquecido. Tendo registrado apoio zero para a indicação do Partido Republicano nas pesquisas de opinião três meses antes da convenção, ele a arrancou do senador isolacionista Robert A. Taft, de Ohio.

Kamala Harris discursa em comício na Pensilvânia. No telão, uma imagem do republicano Donald Trump, que concorre à Casa Branca com Kamala, é vista. Foto: Jacquelyn Martin/AP

Lembre-se de 1940. Em três semanas, os americanos não terão uma decisão tranquilizadora quando escolherem o presidente que determinará a conduta da nação durante a 3.ª Guerra Mundial, que já começou.

Em retrospecto, é evidente que a 2.ª Guerra, uma cascata de crises iniciadas pelo Eixo coalescente do Japão, Alemanha e Itália, começou com a ocupação da Manchúria pelo Japão em 1931. A posteridade poderá concluir que a Terceira Guerra Mundial começou antes da nova agressão da Rússia contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, e não depois da tomada da Crimeia pela Rússia em 2014.

A partir de 20 de janeiro de 2025, o próximo presidente terá de lidar com o eixo atual: China, Rússia, Irã e Coreia do Norte. A participação dos EUA na 2.ª Guerra começou, na verdade, com o patrulhamento agressivo e pouco neutro da Marinha nas rotas marítimas do Atlântico Norte, das quais o Reino Unido dependia. E a participação dos EUA na 3.ª Guerra começou antes da decisão desta semana de enviar a Israel um avançado sistema de defesa antimísseis e cerca de 100 soldados para operá-lo.

Esse sistema defenderá Israel contra uma resposta iraniana prevista para a retaliação que Israel fará ao lançamento de cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em 1º de outubro. Os Estados Unidos têm fornecido inteligência e armas a Israel e à Ucrânia enquanto essas nações, como o Reino Unido em 1940, lutam por sua sobrevivência e por nossa civilização.

Na segunda-feira, o Financial Times informou que o chefe do serviço de inteligência interna da Alemanha disse que este ano um pacote pegou fogo antes de ser carregado em um avião em um centro de carga da DHL em Leipzig. O funcionário disse que, se o fogo tivesse começado durante o voo, o avião teria caído. Ele descreveu esse episódio enquanto detalhava um aumento dramático do “comportamento agressivo” dos agentes russos.

O Wall Street Journal informou que o chefe da agência de segurança interna britânica MI-5 relatou um “aumento impressionante” de ataques na Europa, coordenados pela agência de inteligência militar GRU da Rússia. Eles têm como objetivo interromper a produção de armas, intimidar políticos e semear o pânico nas ruas:

“Neste verão, sete pessoas foram acusadas pelas autoridades do Reino Unido de incendiar um depósito em Londres de propriedade de empresários ucranianos. ... Sabotadores russos também são suspeitos de estarem por trás de um incêndio em uma fábrica de Berlim que constrói sistemas de defesa aérea. Na França, os promotores estão investigando uma possível conexão russa depois que duas pessoas foram encontradas pintando com spray mais de 200 símbolos da Estrela de Davi em edifícios. (...) Houve também uma série de ataques incendiários no Báltico e na Europa Oriental.”

O chefe do MI5 também disse, de acordo com o WSJ, que a Rússia e o Irã estão usando criminosos em países-alvo para cometer incêndios criminosos, sabotagem e atacar dissidentes russos e iranianos no exterior. O jornal observou que um político espanhol que apoia um grupo de oposição iraniano “foi baleado no rosto em plena luz do dia no final do ano passado”.

Engenheiros militares norte-coreanos estão auxiliando os lançamentos russos de mísseis balísticos contra alvos ucranianos. Neste mês, norte-coreanos teriam sido mortos por um ataque de míssil ucraniano em território russo. O arsenal da Rússia inclui mísseis norte-coreanos e munição de grande calibre.

Desde a fronteira ocidental da Rússia até as águas onde a China está invadindo agressivamente a soberania das Filipinas, o teatro das guerras atuais e dos episódios de quase guerra se estende por seis dos 24 fusos horários do globo. É assim que se parece a “tempestade crescente” (o título do primeiro dos seis volumes das memórias de Winston Churchill sobre a 2.ª Guerra) de uma guerra mundial.

A campanha presidencial dos EUA é o retrato de uma alienação imprudente. Nenhum dos candidatos deu qualquer indício de consciência, muito menos de reflexão séria, sobre a crescente conflagração global.

Essa desordem mundial, mais do que as extravagâncias de gastos (defesa não incluída), definirá a reputação do governo Biden-Harris. E este ano, Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro alaido de Putin, que se opõe à ajuda à Ucrânia, visitou Trump em Mar-a-Lago duas vezes em 125 dias.

O que as tempestades acumulam é força. Depois, elas gastam sua violência armazenada.

Em outubro de 1940, quando os americanos se preparavam para escolher um presidente, a 2.ª Guerra estava em andamento - as tropas alemãs ocupavam Paris - mas sem a participação dos EUA. Os eleitores americanos tinham, no entanto, uma escolha digna do momento ameaçador.

O candidato democrata era o presidente em exercício por dois mandatos, Franklin D. Roosevelt, que, com seu discurso de “quarentena” de 1937 sobre as nações agressoras e o subsequente fortalecimento militar, estava empurrando uma nação majoritariamente isolacionista para o envolvimento em um conflito global.

O candidato republicano era o empresário Wendell Willkie, um novato na política, auxiliado pelo “establishment oriental” republicano, em sua maioria internacionalista - muito difamado e, atualmente, muito esquecido. Tendo registrado apoio zero para a indicação do Partido Republicano nas pesquisas de opinião três meses antes da convenção, ele a arrancou do senador isolacionista Robert A. Taft, de Ohio.

Kamala Harris discursa em comício na Pensilvânia. No telão, uma imagem do republicano Donald Trump, que concorre à Casa Branca com Kamala, é vista. Foto: Jacquelyn Martin/AP

Lembre-se de 1940. Em três semanas, os americanos não terão uma decisão tranquilizadora quando escolherem o presidente que determinará a conduta da nação durante a 3.ª Guerra Mundial, que já começou.

Em retrospecto, é evidente que a 2.ª Guerra, uma cascata de crises iniciadas pelo Eixo coalescente do Japão, Alemanha e Itália, começou com a ocupação da Manchúria pelo Japão em 1931. A posteridade poderá concluir que a Terceira Guerra Mundial começou antes da nova agressão da Rússia contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, e não depois da tomada da Crimeia pela Rússia em 2014.

A partir de 20 de janeiro de 2025, o próximo presidente terá de lidar com o eixo atual: China, Rússia, Irã e Coreia do Norte. A participação dos EUA na 2.ª Guerra começou, na verdade, com o patrulhamento agressivo e pouco neutro da Marinha nas rotas marítimas do Atlântico Norte, das quais o Reino Unido dependia. E a participação dos EUA na 3.ª Guerra começou antes da decisão desta semana de enviar a Israel um avançado sistema de defesa antimísseis e cerca de 100 soldados para operá-lo.

Esse sistema defenderá Israel contra uma resposta iraniana prevista para a retaliação que Israel fará ao lançamento de cerca de 200 mísseis balísticos contra Israel, em 1º de outubro. Os Estados Unidos têm fornecido inteligência e armas a Israel e à Ucrânia enquanto essas nações, como o Reino Unido em 1940, lutam por sua sobrevivência e por nossa civilização.

Na segunda-feira, o Financial Times informou que o chefe do serviço de inteligência interna da Alemanha disse que este ano um pacote pegou fogo antes de ser carregado em um avião em um centro de carga da DHL em Leipzig. O funcionário disse que, se o fogo tivesse começado durante o voo, o avião teria caído. Ele descreveu esse episódio enquanto detalhava um aumento dramático do “comportamento agressivo” dos agentes russos.

O Wall Street Journal informou que o chefe da agência de segurança interna britânica MI-5 relatou um “aumento impressionante” de ataques na Europa, coordenados pela agência de inteligência militar GRU da Rússia. Eles têm como objetivo interromper a produção de armas, intimidar políticos e semear o pânico nas ruas:

“Neste verão, sete pessoas foram acusadas pelas autoridades do Reino Unido de incendiar um depósito em Londres de propriedade de empresários ucranianos. ... Sabotadores russos também são suspeitos de estarem por trás de um incêndio em uma fábrica de Berlim que constrói sistemas de defesa aérea. Na França, os promotores estão investigando uma possível conexão russa depois que duas pessoas foram encontradas pintando com spray mais de 200 símbolos da Estrela de Davi em edifícios. (...) Houve também uma série de ataques incendiários no Báltico e na Europa Oriental.”

O chefe do MI5 também disse, de acordo com o WSJ, que a Rússia e o Irã estão usando criminosos em países-alvo para cometer incêndios criminosos, sabotagem e atacar dissidentes russos e iranianos no exterior. O jornal observou que um político espanhol que apoia um grupo de oposição iraniano “foi baleado no rosto em plena luz do dia no final do ano passado”.

Engenheiros militares norte-coreanos estão auxiliando os lançamentos russos de mísseis balísticos contra alvos ucranianos. Neste mês, norte-coreanos teriam sido mortos por um ataque de míssil ucraniano em território russo. O arsenal da Rússia inclui mísseis norte-coreanos e munição de grande calibre.

Desde a fronteira ocidental da Rússia até as águas onde a China está invadindo agressivamente a soberania das Filipinas, o teatro das guerras atuais e dos episódios de quase guerra se estende por seis dos 24 fusos horários do globo. É assim que se parece a “tempestade crescente” (o título do primeiro dos seis volumes das memórias de Winston Churchill sobre a 2.ª Guerra) de uma guerra mundial.

A campanha presidencial dos EUA é o retrato de uma alienação imprudente. Nenhum dos candidatos deu qualquer indício de consciência, muito menos de reflexão séria, sobre a crescente conflagração global.

Essa desordem mundial, mais do que as extravagâncias de gastos (defesa não incluída), definirá a reputação do governo Biden-Harris. E este ano, Viktor Órban, o primeiro-ministro húngaro alaido de Putin, que se opõe à ajuda à Ucrânia, visitou Trump em Mar-a-Lago duas vezes em 125 dias.

O que as tempestades acumulam é força. Depois, elas gastam sua violência armazenada.

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