A Ucrânia vai receber os caças F-16 que desejava. Agora vem a parte difícil: usá-los


Os pilotos ucranianos têm muito o que aprender antes de começar a utilizar caças de combate de fabricação americana; mas especialistas afirmam que seu treinamento pode levar menos tempo do que se pensou anteriormente

Por Lara Jakes
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - Poderia levar metade do tempo — apenas de quatro a seis meses — para treinar pilotos de caças de combate ucranianos para pilotar os jatos F-16 de fabricação americana do que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, levou para permitir que isso ocorresse.

A análise, que consta de um documento interno da Força Aérea dos Estados Unidos e foi fornecida por um ex-comandante da Otan, pode corresponder ao treinamento de poucos pilotos de cada vez e se aplica apenas àqueles que tiverem experiência corrente de voo com a frota de caças ucranianos da era soviética. Mas significa que a Ucrânia poderá dispor da última arma sofisticada que, segundo afirma sua liderança, lhe falta para conseguir dissuadir a Rússia de sua agressão mais cedo do que imaginado inicialmente.

Por mais de um ano, os EUA hesitaram em enviar os caças de combate para a Ucrânia, que, temia o governo Biden, poderiam ser usados para atacar o território russo. O governo mudou de posição na semana passada, afirmando que apoia o treinamento.

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Susan Walsh / AP

Mas ainda que tenha deixado claro que permitirá o envio dos jatos para a Ucrânia, o presidente Joe Biden não informou quando as aeronaves serão entregues. Biden afirmou ser “altamente improvável” que os caças façam parte da contraofensiva que a Ucrânia deve lançar nas próximas semanas. Autoridades americanas afirmaram que os aviões ajudariam a Ucrânia a se defender contra a Rússia no longo prazo.

Treinar os pilotos ucranianos é um primeiro passo necessário para o país começar a receber um jato que supera em capacidade de manobra a maioria dos caças de combate existentes ao mesmo tempo que é capaz de carregar quase qualquer bomba ou míssil do arsenal da Força Aérea americana.

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Na terça-feira, a Polônia afirmou que está pronta para treinar os pilotos ucranianos. Os poloneses se juntarão a uma coalizão criada por britânicos e holandeses para fornecer caças F-16 para Kiev, mas a Polônia pode ser capaz de colaborar com uma experiência comparativa melhor: suas forças fizeram a transição dos jatos soviéticos para os F-16; e poderá ser mais fácil para os poloneses a comunicação com e seus vizinhos também de língua eslava através da fronteira.

Veja como o treinamento poderia transcorrer.

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Quanto tempo duraria o treinamento?

O documento interno da Força Aérea, datado de 22 de março, conclui que alguns pilotos ucranianos poderiam ser treinados para pilotar os caças F-16 em um período de quatro a seis meses.

A análise, noticiada primeiramente pelo site Yahoo News e confirmada na segunda-feira pela Força Aérea americana, teve como base uma avaliação, durante 12 dias, de dois oficiais da Força Aérea ucraniana que passaram por simulações de voo na Base da Guarda Aérea Nacional de Morris, em Tucson, Arizona, durante o inverno.

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O relatório constatou que os dois pilotos ainda precisavam treinar algumas habilidades específicas, incluindo entender os instrumentos da cabine do jato ocidental e se familiarizar com voos em formação americana com outras aeronaves.

Segundo uma projeção, que incluiu tempo para aulas de inglês especializado, cerca de quatro pilotos poderiam compor cada classe, e entre 12 e 14 pilotos completariam o treinamento em um período de 12 meses. A análise foi compartilhada com sete países-membros da Otan, incluindo a Polônia, que já operaram caças F-16. E foi repassada também para Bulgária e Reino Unido.

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Mas o documento não especificou se os pilotos se graduariam em nível de “prontidão para o combate” — um termo que o general da Força Aérea aposentado Philip Breedlove, que comandou a Otan e treinava pilotos de F-16 , afirmou ser um parâmetro necessário para determinar a duração do treinamento.

Um guarda ucraniano aguarda o início de uma cerimônia para prestar homenagem aos militares mortos nos confrontos com a Rússia  Foto: Umit Bektas / REUTERS

Se os pilotos voam ou voaram regularmente sobre a Ucrânia, eles precisariam provavelmente de quatro a seis meses de treinamento, afirmou o general Breedlove. No domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que acionará seus pilotos mais experientes “para encurtar o processo de treinamento”.

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O que os pilotos ucranianos precisam aprender?

O general Breedlove, que pilotou caças F-16 ao longo de aproximadamente 60% de sua carreira militar, incluindo em missões de combate em Kosovo, afirmou que há duas diferenças principais entre os jatos americanos e as aeronaves da era soviética, que compõem a maior parte da frota ucraniana.

“A maior mudança que eles vão encontrar é o cockpit”, afirmou o general Breedlove, referindo-se à forma de usar sensores, painéis de controle e sistemas de armas. A maioria dos jatos soviéticos mais antigos, afirmou ele, exige que os pilotos “alcancem interruptores, olhem mostradores, acionem alavancas e apertem botões — e tudo isso distrai sua atenção do combate contra a aeronave inimiga ou do lançamento preciso de uma a bomba”.

O presidente da Ucrania, Volodimir Zelenski, conversa com uma oficial do exército durante uma cerimonia de premiação na região de Donestsk, Ucrânia  Foto: Assessoria de imprensa do presidente da Ucrânia / AP

Os impulsos elétricos que compõem a tecnologia mais avançada dos caças F-16 permite um controle mais fácil dos sistemas de voo, o que significa que a configuração da cabine é diferente.

A outra diferença é a tecnologia “mãos no acelerador e no manche” ou “HOTAS”, um sistema que inclui o chamado alternador de combate aéreo, para permitir que os pilotos alterem o modo de voo de bombardeio contra alvos terrestres para combate contra outras aeronaves sem tirar as mãos dos controles. Mudar de um modo de voo para outro em um MiG-29 da era soviética, o modelo que os ucranianos pilotam atualmente, requer “atividades bastante extenuantes no cockpit”, afirmou o general Breedlove.

Em um F-16, “você nunca tem de tirar os olhos do combate”, afirmou o general Breedlove. “A coisa é muito mais intuitiva, e é muito, muito mais fácil encontrar o que você procura sob pressão.”

E onde eles serão treinados?

Na semana passada, antes de Biden concordar em participar da iniciativa, os líderes do Reino Unido e dos Países Baixos anunciaram uma coalizão internacional para fornecer à Ucrânia caças F-16 e treinamento de pilotagem. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou na ocasião que o treinamento teria início neste verão; na segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra, previu que começaria “muito rapidamente”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, abraça o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, antes de uma reunião na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Stefan Rousseau / AP

Além da Polônia, não está claro onde mais esses pilotos serão treinados, e autoridades americanas e europeias afirmaram na segunda-feira que ainda falta acertar muitos detalhes desse tipo. Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Noruega sinalizaram disposição em ajudar tanto no treinamento dos pilotos quanto no envio dos caças F-16 que possuem para Kiev.

É provável que pilotos americanos participem do esforço de treinamento, especialmente porque os EUA ajudaram a treinar pilotos de outros países que compraram os jatos da fabricante americana Lockheed Marti, de Maryland. Os EUA têm caças F-16 estacionados em duas bases aéreas na Europa — em Spangdahlem, na Alemanha, e em Aviano, na Itália, segundo o general Breedlove.

Ele afirmou que “alguns dos mais experientes pilotos de F-16 no mundo estão hoje nas forças aéreas da Otan”, já que a Força Aérea dos EUA está passando a utilizar um caça de combate mais avançado, o F-35.

O general Breedlove afirmou que o Ocidente não deve subestimar a velocidade com que os pilotos da Ucrânia são capazes de dominar a pilotagem dos caças F-16, dada a maneira como os ucranianos têm prosperado em outros sistemas de armamentos. “Eles superaram nossas expectativas toda vez.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

THE NEW YORK TIMES - Poderia levar metade do tempo — apenas de quatro a seis meses — para treinar pilotos de caças de combate ucranianos para pilotar os jatos F-16 de fabricação americana do que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, levou para permitir que isso ocorresse.

A análise, que consta de um documento interno da Força Aérea dos Estados Unidos e foi fornecida por um ex-comandante da Otan, pode corresponder ao treinamento de poucos pilotos de cada vez e se aplica apenas àqueles que tiverem experiência corrente de voo com a frota de caças ucranianos da era soviética. Mas significa que a Ucrânia poderá dispor da última arma sofisticada que, segundo afirma sua liderança, lhe falta para conseguir dissuadir a Rússia de sua agressão mais cedo do que imaginado inicialmente.

Por mais de um ano, os EUA hesitaram em enviar os caças de combate para a Ucrânia, que, temia o governo Biden, poderiam ser usados para atacar o território russo. O governo mudou de posição na semana passada, afirmando que apoia o treinamento.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Susan Walsh / AP

Mas ainda que tenha deixado claro que permitirá o envio dos jatos para a Ucrânia, o presidente Joe Biden não informou quando as aeronaves serão entregues. Biden afirmou ser “altamente improvável” que os caças façam parte da contraofensiva que a Ucrânia deve lançar nas próximas semanas. Autoridades americanas afirmaram que os aviões ajudariam a Ucrânia a se defender contra a Rússia no longo prazo.

Treinar os pilotos ucranianos é um primeiro passo necessário para o país começar a receber um jato que supera em capacidade de manobra a maioria dos caças de combate existentes ao mesmo tempo que é capaz de carregar quase qualquer bomba ou míssil do arsenal da Força Aérea americana.

Na terça-feira, a Polônia afirmou que está pronta para treinar os pilotos ucranianos. Os poloneses se juntarão a uma coalizão criada por britânicos e holandeses para fornecer caças F-16 para Kiev, mas a Polônia pode ser capaz de colaborar com uma experiência comparativa melhor: suas forças fizeram a transição dos jatos soviéticos para os F-16; e poderá ser mais fácil para os poloneses a comunicação com e seus vizinhos também de língua eslava através da fronteira.

Veja como o treinamento poderia transcorrer.

Quanto tempo duraria o treinamento?

O documento interno da Força Aérea, datado de 22 de março, conclui que alguns pilotos ucranianos poderiam ser treinados para pilotar os caças F-16 em um período de quatro a seis meses.

A análise, noticiada primeiramente pelo site Yahoo News e confirmada na segunda-feira pela Força Aérea americana, teve como base uma avaliação, durante 12 dias, de dois oficiais da Força Aérea ucraniana que passaram por simulações de voo na Base da Guarda Aérea Nacional de Morris, em Tucson, Arizona, durante o inverno.

O relatório constatou que os dois pilotos ainda precisavam treinar algumas habilidades específicas, incluindo entender os instrumentos da cabine do jato ocidental e se familiarizar com voos em formação americana com outras aeronaves.

Segundo uma projeção, que incluiu tempo para aulas de inglês especializado, cerca de quatro pilotos poderiam compor cada classe, e entre 12 e 14 pilotos completariam o treinamento em um período de 12 meses. A análise foi compartilhada com sete países-membros da Otan, incluindo a Polônia, que já operaram caças F-16. E foi repassada também para Bulgária e Reino Unido.

Mas o documento não especificou se os pilotos se graduariam em nível de “prontidão para o combate” — um termo que o general da Força Aérea aposentado Philip Breedlove, que comandou a Otan e treinava pilotos de F-16 , afirmou ser um parâmetro necessário para determinar a duração do treinamento.

Um guarda ucraniano aguarda o início de uma cerimônia para prestar homenagem aos militares mortos nos confrontos com a Rússia  Foto: Umit Bektas / REUTERS

Se os pilotos voam ou voaram regularmente sobre a Ucrânia, eles precisariam provavelmente de quatro a seis meses de treinamento, afirmou o general Breedlove. No domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que acionará seus pilotos mais experientes “para encurtar o processo de treinamento”.

O que os pilotos ucranianos precisam aprender?

O general Breedlove, que pilotou caças F-16 ao longo de aproximadamente 60% de sua carreira militar, incluindo em missões de combate em Kosovo, afirmou que há duas diferenças principais entre os jatos americanos e as aeronaves da era soviética, que compõem a maior parte da frota ucraniana.

“A maior mudança que eles vão encontrar é o cockpit”, afirmou o general Breedlove, referindo-se à forma de usar sensores, painéis de controle e sistemas de armas. A maioria dos jatos soviéticos mais antigos, afirmou ele, exige que os pilotos “alcancem interruptores, olhem mostradores, acionem alavancas e apertem botões — e tudo isso distrai sua atenção do combate contra a aeronave inimiga ou do lançamento preciso de uma a bomba”.

O presidente da Ucrania, Volodimir Zelenski, conversa com uma oficial do exército durante uma cerimonia de premiação na região de Donestsk, Ucrânia  Foto: Assessoria de imprensa do presidente da Ucrânia / AP

Os impulsos elétricos que compõem a tecnologia mais avançada dos caças F-16 permite um controle mais fácil dos sistemas de voo, o que significa que a configuração da cabine é diferente.

A outra diferença é a tecnologia “mãos no acelerador e no manche” ou “HOTAS”, um sistema que inclui o chamado alternador de combate aéreo, para permitir que os pilotos alterem o modo de voo de bombardeio contra alvos terrestres para combate contra outras aeronaves sem tirar as mãos dos controles. Mudar de um modo de voo para outro em um MiG-29 da era soviética, o modelo que os ucranianos pilotam atualmente, requer “atividades bastante extenuantes no cockpit”, afirmou o general Breedlove.

Em um F-16, “você nunca tem de tirar os olhos do combate”, afirmou o general Breedlove. “A coisa é muito mais intuitiva, e é muito, muito mais fácil encontrar o que você procura sob pressão.”

E onde eles serão treinados?

Na semana passada, antes de Biden concordar em participar da iniciativa, os líderes do Reino Unido e dos Países Baixos anunciaram uma coalizão internacional para fornecer à Ucrânia caças F-16 e treinamento de pilotagem. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou na ocasião que o treinamento teria início neste verão; na segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra, previu que começaria “muito rapidamente”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, abraça o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, antes de uma reunião na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Stefan Rousseau / AP

Além da Polônia, não está claro onde mais esses pilotos serão treinados, e autoridades americanas e europeias afirmaram na segunda-feira que ainda falta acertar muitos detalhes desse tipo. Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Noruega sinalizaram disposição em ajudar tanto no treinamento dos pilotos quanto no envio dos caças F-16 que possuem para Kiev.

É provável que pilotos americanos participem do esforço de treinamento, especialmente porque os EUA ajudaram a treinar pilotos de outros países que compraram os jatos da fabricante americana Lockheed Marti, de Maryland. Os EUA têm caças F-16 estacionados em duas bases aéreas na Europa — em Spangdahlem, na Alemanha, e em Aviano, na Itália, segundo o general Breedlove.

Ele afirmou que “alguns dos mais experientes pilotos de F-16 no mundo estão hoje nas forças aéreas da Otan”, já que a Força Aérea dos EUA está passando a utilizar um caça de combate mais avançado, o F-35.

O general Breedlove afirmou que o Ocidente não deve subestimar a velocidade com que os pilotos da Ucrânia são capazes de dominar a pilotagem dos caças F-16, dada a maneira como os ucranianos têm prosperado em outros sistemas de armamentos. “Eles superaram nossas expectativas toda vez.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

THE NEW YORK TIMES - Poderia levar metade do tempo — apenas de quatro a seis meses — para treinar pilotos de caças de combate ucranianos para pilotar os jatos F-16 de fabricação americana do que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, levou para permitir que isso ocorresse.

A análise, que consta de um documento interno da Força Aérea dos Estados Unidos e foi fornecida por um ex-comandante da Otan, pode corresponder ao treinamento de poucos pilotos de cada vez e se aplica apenas àqueles que tiverem experiência corrente de voo com a frota de caças ucranianos da era soviética. Mas significa que a Ucrânia poderá dispor da última arma sofisticada que, segundo afirma sua liderança, lhe falta para conseguir dissuadir a Rússia de sua agressão mais cedo do que imaginado inicialmente.

Por mais de um ano, os EUA hesitaram em enviar os caças de combate para a Ucrânia, que, temia o governo Biden, poderiam ser usados para atacar o território russo. O governo mudou de posição na semana passada, afirmando que apoia o treinamento.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Susan Walsh / AP

Mas ainda que tenha deixado claro que permitirá o envio dos jatos para a Ucrânia, o presidente Joe Biden não informou quando as aeronaves serão entregues. Biden afirmou ser “altamente improvável” que os caças façam parte da contraofensiva que a Ucrânia deve lançar nas próximas semanas. Autoridades americanas afirmaram que os aviões ajudariam a Ucrânia a se defender contra a Rússia no longo prazo.

Treinar os pilotos ucranianos é um primeiro passo necessário para o país começar a receber um jato que supera em capacidade de manobra a maioria dos caças de combate existentes ao mesmo tempo que é capaz de carregar quase qualquer bomba ou míssil do arsenal da Força Aérea americana.

Na terça-feira, a Polônia afirmou que está pronta para treinar os pilotos ucranianos. Os poloneses se juntarão a uma coalizão criada por britânicos e holandeses para fornecer caças F-16 para Kiev, mas a Polônia pode ser capaz de colaborar com uma experiência comparativa melhor: suas forças fizeram a transição dos jatos soviéticos para os F-16; e poderá ser mais fácil para os poloneses a comunicação com e seus vizinhos também de língua eslava através da fronteira.

Veja como o treinamento poderia transcorrer.

Quanto tempo duraria o treinamento?

O documento interno da Força Aérea, datado de 22 de março, conclui que alguns pilotos ucranianos poderiam ser treinados para pilotar os caças F-16 em um período de quatro a seis meses.

A análise, noticiada primeiramente pelo site Yahoo News e confirmada na segunda-feira pela Força Aérea americana, teve como base uma avaliação, durante 12 dias, de dois oficiais da Força Aérea ucraniana que passaram por simulações de voo na Base da Guarda Aérea Nacional de Morris, em Tucson, Arizona, durante o inverno.

O relatório constatou que os dois pilotos ainda precisavam treinar algumas habilidades específicas, incluindo entender os instrumentos da cabine do jato ocidental e se familiarizar com voos em formação americana com outras aeronaves.

Segundo uma projeção, que incluiu tempo para aulas de inglês especializado, cerca de quatro pilotos poderiam compor cada classe, e entre 12 e 14 pilotos completariam o treinamento em um período de 12 meses. A análise foi compartilhada com sete países-membros da Otan, incluindo a Polônia, que já operaram caças F-16. E foi repassada também para Bulgária e Reino Unido.

Mas o documento não especificou se os pilotos se graduariam em nível de “prontidão para o combate” — um termo que o general da Força Aérea aposentado Philip Breedlove, que comandou a Otan e treinava pilotos de F-16 , afirmou ser um parâmetro necessário para determinar a duração do treinamento.

Um guarda ucraniano aguarda o início de uma cerimônia para prestar homenagem aos militares mortos nos confrontos com a Rússia  Foto: Umit Bektas / REUTERS

Se os pilotos voam ou voaram regularmente sobre a Ucrânia, eles precisariam provavelmente de quatro a seis meses de treinamento, afirmou o general Breedlove. No domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que acionará seus pilotos mais experientes “para encurtar o processo de treinamento”.

O que os pilotos ucranianos precisam aprender?

O general Breedlove, que pilotou caças F-16 ao longo de aproximadamente 60% de sua carreira militar, incluindo em missões de combate em Kosovo, afirmou que há duas diferenças principais entre os jatos americanos e as aeronaves da era soviética, que compõem a maior parte da frota ucraniana.

“A maior mudança que eles vão encontrar é o cockpit”, afirmou o general Breedlove, referindo-se à forma de usar sensores, painéis de controle e sistemas de armas. A maioria dos jatos soviéticos mais antigos, afirmou ele, exige que os pilotos “alcancem interruptores, olhem mostradores, acionem alavancas e apertem botões — e tudo isso distrai sua atenção do combate contra a aeronave inimiga ou do lançamento preciso de uma a bomba”.

O presidente da Ucrania, Volodimir Zelenski, conversa com uma oficial do exército durante uma cerimonia de premiação na região de Donestsk, Ucrânia  Foto: Assessoria de imprensa do presidente da Ucrânia / AP

Os impulsos elétricos que compõem a tecnologia mais avançada dos caças F-16 permite um controle mais fácil dos sistemas de voo, o que significa que a configuração da cabine é diferente.

A outra diferença é a tecnologia “mãos no acelerador e no manche” ou “HOTAS”, um sistema que inclui o chamado alternador de combate aéreo, para permitir que os pilotos alterem o modo de voo de bombardeio contra alvos terrestres para combate contra outras aeronaves sem tirar as mãos dos controles. Mudar de um modo de voo para outro em um MiG-29 da era soviética, o modelo que os ucranianos pilotam atualmente, requer “atividades bastante extenuantes no cockpit”, afirmou o general Breedlove.

Em um F-16, “você nunca tem de tirar os olhos do combate”, afirmou o general Breedlove. “A coisa é muito mais intuitiva, e é muito, muito mais fácil encontrar o que você procura sob pressão.”

E onde eles serão treinados?

Na semana passada, antes de Biden concordar em participar da iniciativa, os líderes do Reino Unido e dos Países Baixos anunciaram uma coalizão internacional para fornecer à Ucrânia caças F-16 e treinamento de pilotagem. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou na ocasião que o treinamento teria início neste verão; na segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra, previu que começaria “muito rapidamente”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, abraça o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, antes de uma reunião na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Stefan Rousseau / AP

Além da Polônia, não está claro onde mais esses pilotos serão treinados, e autoridades americanas e europeias afirmaram na segunda-feira que ainda falta acertar muitos detalhes desse tipo. Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Noruega sinalizaram disposição em ajudar tanto no treinamento dos pilotos quanto no envio dos caças F-16 que possuem para Kiev.

É provável que pilotos americanos participem do esforço de treinamento, especialmente porque os EUA ajudaram a treinar pilotos de outros países que compraram os jatos da fabricante americana Lockheed Marti, de Maryland. Os EUA têm caças F-16 estacionados em duas bases aéreas na Europa — em Spangdahlem, na Alemanha, e em Aviano, na Itália, segundo o general Breedlove.

Ele afirmou que “alguns dos mais experientes pilotos de F-16 no mundo estão hoje nas forças aéreas da Otan”, já que a Força Aérea dos EUA está passando a utilizar um caça de combate mais avançado, o F-35.

O general Breedlove afirmou que o Ocidente não deve subestimar a velocidade com que os pilotos da Ucrânia são capazes de dominar a pilotagem dos caças F-16, dada a maneira como os ucranianos têm prosperado em outros sistemas de armamentos. “Eles superaram nossas expectativas toda vez.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

THE NEW YORK TIMES - Poderia levar metade do tempo — apenas de quatro a seis meses — para treinar pilotos de caças de combate ucranianos para pilotar os jatos F-16 de fabricação americana do que o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, levou para permitir que isso ocorresse.

A análise, que consta de um documento interno da Força Aérea dos Estados Unidos e foi fornecida por um ex-comandante da Otan, pode corresponder ao treinamento de poucos pilotos de cada vez e se aplica apenas àqueles que tiverem experiência corrente de voo com a frota de caças ucranianos da era soviética. Mas significa que a Ucrânia poderá dispor da última arma sofisticada que, segundo afirma sua liderança, lhe falta para conseguir dissuadir a Rússia de sua agressão mais cedo do que imaginado inicialmente.

Por mais de um ano, os EUA hesitaram em enviar os caças de combate para a Ucrânia, que, temia o governo Biden, poderiam ser usados para atacar o território russo. O governo mudou de posição na semana passada, afirmando que apoia o treinamento.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Susan Walsh / AP

Mas ainda que tenha deixado claro que permitirá o envio dos jatos para a Ucrânia, o presidente Joe Biden não informou quando as aeronaves serão entregues. Biden afirmou ser “altamente improvável” que os caças façam parte da contraofensiva que a Ucrânia deve lançar nas próximas semanas. Autoridades americanas afirmaram que os aviões ajudariam a Ucrânia a se defender contra a Rússia no longo prazo.

Treinar os pilotos ucranianos é um primeiro passo necessário para o país começar a receber um jato que supera em capacidade de manobra a maioria dos caças de combate existentes ao mesmo tempo que é capaz de carregar quase qualquer bomba ou míssil do arsenal da Força Aérea americana.

Na terça-feira, a Polônia afirmou que está pronta para treinar os pilotos ucranianos. Os poloneses se juntarão a uma coalizão criada por britânicos e holandeses para fornecer caças F-16 para Kiev, mas a Polônia pode ser capaz de colaborar com uma experiência comparativa melhor: suas forças fizeram a transição dos jatos soviéticos para os F-16; e poderá ser mais fácil para os poloneses a comunicação com e seus vizinhos também de língua eslava através da fronteira.

Veja como o treinamento poderia transcorrer.

Quanto tempo duraria o treinamento?

O documento interno da Força Aérea, datado de 22 de março, conclui que alguns pilotos ucranianos poderiam ser treinados para pilotar os caças F-16 em um período de quatro a seis meses.

A análise, noticiada primeiramente pelo site Yahoo News e confirmada na segunda-feira pela Força Aérea americana, teve como base uma avaliação, durante 12 dias, de dois oficiais da Força Aérea ucraniana que passaram por simulações de voo na Base da Guarda Aérea Nacional de Morris, em Tucson, Arizona, durante o inverno.

O relatório constatou que os dois pilotos ainda precisavam treinar algumas habilidades específicas, incluindo entender os instrumentos da cabine do jato ocidental e se familiarizar com voos em formação americana com outras aeronaves.

Segundo uma projeção, que incluiu tempo para aulas de inglês especializado, cerca de quatro pilotos poderiam compor cada classe, e entre 12 e 14 pilotos completariam o treinamento em um período de 12 meses. A análise foi compartilhada com sete países-membros da Otan, incluindo a Polônia, que já operaram caças F-16. E foi repassada também para Bulgária e Reino Unido.

Mas o documento não especificou se os pilotos se graduariam em nível de “prontidão para o combate” — um termo que o general da Força Aérea aposentado Philip Breedlove, que comandou a Otan e treinava pilotos de F-16 , afirmou ser um parâmetro necessário para determinar a duração do treinamento.

Um guarda ucraniano aguarda o início de uma cerimônia para prestar homenagem aos militares mortos nos confrontos com a Rússia  Foto: Umit Bektas / REUTERS

Se os pilotos voam ou voaram regularmente sobre a Ucrânia, eles precisariam provavelmente de quatro a seis meses de treinamento, afirmou o general Breedlove. No domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que acionará seus pilotos mais experientes “para encurtar o processo de treinamento”.

O que os pilotos ucranianos precisam aprender?

O general Breedlove, que pilotou caças F-16 ao longo de aproximadamente 60% de sua carreira militar, incluindo em missões de combate em Kosovo, afirmou que há duas diferenças principais entre os jatos americanos e as aeronaves da era soviética, que compõem a maior parte da frota ucraniana.

“A maior mudança que eles vão encontrar é o cockpit”, afirmou o general Breedlove, referindo-se à forma de usar sensores, painéis de controle e sistemas de armas. A maioria dos jatos soviéticos mais antigos, afirmou ele, exige que os pilotos “alcancem interruptores, olhem mostradores, acionem alavancas e apertem botões — e tudo isso distrai sua atenção do combate contra a aeronave inimiga ou do lançamento preciso de uma a bomba”.

O presidente da Ucrania, Volodimir Zelenski, conversa com uma oficial do exército durante uma cerimonia de premiação na região de Donestsk, Ucrânia  Foto: Assessoria de imprensa do presidente da Ucrânia / AP

Os impulsos elétricos que compõem a tecnologia mais avançada dos caças F-16 permite um controle mais fácil dos sistemas de voo, o que significa que a configuração da cabine é diferente.

A outra diferença é a tecnologia “mãos no acelerador e no manche” ou “HOTAS”, um sistema que inclui o chamado alternador de combate aéreo, para permitir que os pilotos alterem o modo de voo de bombardeio contra alvos terrestres para combate contra outras aeronaves sem tirar as mãos dos controles. Mudar de um modo de voo para outro em um MiG-29 da era soviética, o modelo que os ucranianos pilotam atualmente, requer “atividades bastante extenuantes no cockpit”, afirmou o general Breedlove.

Em um F-16, “você nunca tem de tirar os olhos do combate”, afirmou o general Breedlove. “A coisa é muito mais intuitiva, e é muito, muito mais fácil encontrar o que você procura sob pressão.”

E onde eles serão treinados?

Na semana passada, antes de Biden concordar em participar da iniciativa, os líderes do Reino Unido e dos Países Baixos anunciaram uma coalizão internacional para fornecer à Ucrânia caças F-16 e treinamento de pilotagem. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou na ocasião que o treinamento teria início neste verão; na segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores holandês, Wopke Hoekstra, previu que começaria “muito rapidamente”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, abraça o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, antes de uma reunião na cúpula do G-7 em Hiroshima, Japão  Foto: Stefan Rousseau / AP

Além da Polônia, não está claro onde mais esses pilotos serão treinados, e autoridades americanas e europeias afirmaram na segunda-feira que ainda falta acertar muitos detalhes desse tipo. Bélgica, Dinamarca, Países Baixos e Noruega sinalizaram disposição em ajudar tanto no treinamento dos pilotos quanto no envio dos caças F-16 que possuem para Kiev.

É provável que pilotos americanos participem do esforço de treinamento, especialmente porque os EUA ajudaram a treinar pilotos de outros países que compraram os jatos da fabricante americana Lockheed Marti, de Maryland. Os EUA têm caças F-16 estacionados em duas bases aéreas na Europa — em Spangdahlem, na Alemanha, e em Aviano, na Itália, segundo o general Breedlove.

Ele afirmou que “alguns dos mais experientes pilotos de F-16 no mundo estão hoje nas forças aéreas da Otan”, já que a Força Aérea dos EUA está passando a utilizar um caça de combate mais avançado, o F-35.

O general Breedlove afirmou que o Ocidente não deve subestimar a velocidade com que os pilotos da Ucrânia são capazes de dominar a pilotagem dos caças F-16, dada a maneira como os ucranianos têm prosperado em outros sistemas de armamentos. “Eles superaram nossas expectativas toda vez.”/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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