Aproximadamente 10 milhões de fetos de meninas foram abortados na Índia ao longo das últimas duas décadas, depois que exames pré-natais revelaram o sexo do futuro bebê, revelou um estudo publicado pela revista especializada britânica Lancet . De acordo com a conclusão do estudo, menos meninas nasceram de casais que ainda não tinham um menino. Os pesquisadores analisaram dados de fertilidade feminina obtidos a partir de uma pesquisa contínua com 6 milhões de pessoas em 1,1 milhão de residências. Analisando as informações de 133.738 nascimentos, os pesquisadores constataram ser mais improvável nascer uma menina se o primeiro filho da casal também fosse do sexo feminino. O déficit no número de nascimento de meninas é mais do que o dobro em mães educadas em comparação com mães analfabetas, revelou o estudo publicado na edição de hoje da Lancet. Com base nos índices naturais de crescimento populacional em outros países, entre 13,6 milhões e 13,8 milhões de meninas deveriam ter nascido na Índia em 1997. Entretanto, o número ficou em 13,1 milhões. "Fizemos uma estimativa conservadora da determinação do sexo do bebê em exames pré-natais e constatamos que o aborto seletivo representa uma perda de meio milhão de meninas a cada ano", publicaram os cientistas. "Se a prática tem sido comum ao longo da maior parte das últimas duas décadas, quando disseminou-se o uso do ultra-som nos exames pré-natais, então uma perda de 10 milhões de meninas não ser um cálculo exagerado", concluíram os autores do estudo. Na Índia, a determinação do sexo do bebê seguida do encerramento médico da gravidez, por causa dessa análise, é ilegal desde 1994. Boa parte da população local considera meninas um "fardo". A preferência por meninos alterou a balança neste país de 1,06 bilhão de habitantes. O número de nascimentos de meninas para grupos de mil garotos caiu de 945 em 1991 para 927 em 2001, segundo números do governo.
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