WASHINGTON - Christine Blasey Ford, uma das supostas vítimas do juiz indicado pelo presidente Donald Trump à Suprema Corte dos Estados Unidos,Brett Kavanaugh, afirmou à Comissão de Justiça do Senado nesta quinta-feira, 27, que o abuso sexual cometido pelo acusado a aterrorizou marcou toda a sua vida.
"Achei que fosse me estuprar. Gritei, e Brett tapou minha boca com a mão. Era difícil respirar. Pensei que Brett ia me matar acidentalmente", relatou a acusadora aos senadores, com a voz embargada e visivelmente emocionada.
"Estou aqui hoje não porque queira, estou aterrorizada. Estou aqui porque acredito que seja o meu dever cívico dizer o que aconteceu comigo enquanto Brett Kavanaugh e eu estávamos no ensino médio", acrescentou.
Christine confessou ter "'agonizado' durante meses desde que soube da indicação de Kavanaugh à Suprema Corte, tentando encontrar coragem para divulgar a história.
A suposta vítima de Kavanaugh descreveu o episódio que vivenciou há mais de 30 anos e, apesar de ter confessado não se lembrar de tudo, ressaltou que desde então sofreu de "ansiedade, fobia e sintomas similares ao estresse pós-traumático" como claustrofobia e síndrome do pânico.
Questionada sobre qual a memória mais forte que mantém sobre o ocorrido, ela respondeu que foram as risadas dos homens que a assediaram na ocasião, os mesmos que a trancaram em um quarto e tentaram tirar suas roupas.
"Sem dúvidas, as risadas barulhentas deles, bem nas minhas costas. Eles riam", relembrou Christine.
Sobre a possibilidade de ter confundido a identidade do acusado, Christine negou "absolutamente" qualquer chance de dúvida e apontou o juiz indicado à Suprema Corte como um dos dois homens responsáveis pelo episódio.
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O candidato à Suprema Corte indicado por Donald Trump, Brett Kavanaugh, enfrenta uma situação de alto risco nesta segunda-feira, depois que a mulher que o acusou de agressão sexual na década de 1980 disse estar disposta a testemunhar ante o Congresso para impedir sua confirmação no cargo.
Christine, uma das três mulheres que acusaram publicamente o juiz, disse ser uma cidadã "independente" e considerou um "dever cívico" contar sua história sobre o ocorrido em 1982, quando ambos eram adolescentes.
A audiência convocada nesta quinta-feira pelos republicanos, que têm a maioria das cadeiras no Senado, também contará com o depoimento do próprio Kavanaugh, mas os conservadores não admitiram a possibilidade de incluir mais testemunhas, como Mark Judge, o outro homem que supostamente participou do incidente. / EFE