Menos de dois anos após o presidente americano, Joe Biden, retirar as tropas dos EUA do Afeganistão, o país se tornou um importante local de coordenação para o Estado Islâmico, grupo terrorista que planeja ataques na Europa e na Ásia e realiza conspirações contra os EUA, indica um relatório confidencial vazado do Pentágono que retrata a ameaça como uma preocupação de segurança crescente.
Alvos.
O planejamento do ataque, detalhado pela inteligência dos EUA, vazado na plataforma de mensagens Discord e obtido pelo Washington Post, revela esforços específicos para atingir embaixadas, igrejas, centros comerciais e a Copa do Mundo de futebol, que atraiu mais de 2 milhões de espectadores no Catar. Funcionários do Pentágono estavam cientes em dezembro de nove dessas conspirações coordenadas por líderes do EI no Afeganistão, e o número subiu para 15 em fevereiro, diz o documento divulgado por Jack Teixeira, membro da Guarda Nacional Aérea de Massachusetts, preso no dia 13 pela acusação de compartilhar informações classificadas com amigos online.
“O EI vem desenvolvendo um modelo econômico para operações externas que depende de recursos de fora do Afeganistão, operações em países-alvo e extensas redes de facilitação”, diz a avaliação, que é rotulada como ultrassecreta e traz os logotipos de várias agências do Departamento de Defesa.
Outros relatos nos mesmos documentos revelaram esforços persistentes do Estado Islâmico em outras partes do mundo para obter experiência na criação de armas químicas e na operação de drones, além de uma conspiração na qual os apoiadores do grupo sequestrariam diplomatas iraquianos na Bélgica ou na França em uma tentativa de garantir a libertação de 4 mil militantes presos.
Uso político.
Os documentos quase certamente serão usados pelos republicanos do Congresso e grupos ainda insatisfeitos com a caótica saída dos EUA do Afeganistão, em agosto de 2021.
Orquestrada às pressas, a retirada permitiu o retorno do Taleban ao poder. Mais de 120 mil pessoas conseguiram fugir do Afeganistão, mas dezenas de milhares de aliados dos americanos foram deixados para trás. Quando a missão se aproximava do fim, um homem-bomba do EI matou cerca de 170 afegãos e 13 soldados americanos antes que os operadores de drones dos EUA, acreditando ter identificado outro possível terrorista do EI, matassem 10 civis em um ataque aéreo malsucedido dias depois. / THE WASHINGTON POST