O Ministério Público da Argentina acusou formalmente nesta quarta-feira, 14, o ex-presidente Alberto Fernández por “lesões leves e graves” e “ameaças coercitivas” contra a sua ex-companheira Fabiola Yáñez, que o denunciou por violência de gênero. Fernández nega as acusações.
Inicialmente, o ex-presidente era investigado por lesões leves contra a ex-primeira-dama. O caso, porém, passou a enquadrar lesões graves duplamente qualificadas, com abuso de poder e autoridade, além de ameaças coercitivas.
O promotor Ramiro González apontou, em sua denúncia, que Yáñez, por oito anos, “sofreu uma relação marcada por hostilidade, assédio psicológico e agressões físicas, em um contexto de violência de gênero e intrafamiliar” por parte de Fernández.
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No dia 6, a ex-primeira-dama denunciou o ex-presidente por violência física e psicológica. Dois dias depois, a imprensa argentina publicou supostas conversas e fotos nas quais ela aparece com ferimentos no rosto e no braço, o que gerou um alvoroço na liderança política argentina, que se manifestou de maneira unânime em repúdio a Fernández.
Na segunda-feira, Yáñez apresentou um documento de 20 páginas detalhando as circunstâncias das agressões e, um dia depois, prestou seu primeiro depoimento direto de Madri, onde vive hoje, a González.
Fernández negou ter agredido fisicamente Yáñez em uma entrevista ao jornal espanhol El País e em outra ao site local El Cohete a la Luna.
Em sua denúncia, o promotor descreveu nove atos de violência que a ex-primeira-dama relata ter sofrido. Entre eles, se destaca um aborto que ela teria sido forçada por Fernández a fazer por meio de um plano que “constituía maus tratos, negação de expressão, assédio e frases como ‘devemos resolver isso, você tem de abortar’”, teria dito o ex-presidente, segundo a denúncia.
González também pontuou cenas que teriam ocorrido em 2021, nas quais Fernández supostamente segurou o braço de Yáñez e bateu em seu rosto, causando ferimentos visíveis.
Pelo menos um desses ferimentos teria sido fotografado pela ex-primeira-dama e enviado à secretária particular de Fernández, María Cantero.
Foi desse celular que surgiu a investigação sobre a suposta violência. A princípio, Yáñez não quis apresentar denúncia, mas depois mudou de ideia./AFP