O presidente alemão, Horst Koehler, encara hoje uma difícil batalha por um segundo mandato de cinco anos. Apesar de o cargo de presidente ser apenas cerimonial, a votação servirá de teste para os conservadores da chanceler Angela Merkel antes das eleições parlamentares de setembro. Koehler, que já foi diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e assumiu a presidência alemã em 2004, deve ter o apoio necessário dos conservadores de Merkel e seus aliados para garantir a vitória na Assembleia Federal. Uma vitória inesperada de sua rival, Gesine Schwan, uma combativa presidente de universidade apoiada pelos social-democratas, pode prejudicar severamente Merkel quatro meses antes da eleição parlamentar na qual ela concorrerá por mais um mandato de quatro anos. Cinco anos atrás, Gesine perdeu para Koehler por apenas 15 votos, apesar de ter obtido algum apoio nas fileiras conservadoras. Ela espera ter um desempenho melhor na votação que pode ser uma disputa acirrada. Com o apoio do CDU, partido de Merkel, do partido irmão CSU, dos Democratas Livres e do pequeno partido bávaro Eleitores Livres, Koehler teria 614 votos - apenas um voto a mais do que o necessário para ter maioria absoluta na Assembleia. Os partidos que apoiam Gesine - o SPD dos social-democratas, que divide o poder com Merkel numa grande e desapaixonada coalizão, e os Verdes - respondem por 514 cadeiras. Mas o partido de esquerda, de oposição, deve transferir seus 90 votos para ela, depois da provável eliminação de seu candidato, o ator Peter Sodann, no primeiro turno da eleição. "Cada resultado eleitoral este ano, antes da eleição parlamentar, é usado pelos partidos para mobilizar partidários, e a votação presidencial é de vital importância", disse Gero Neugebauer, cientista político da Universidade Livre de Berlim. "Os conservadores precisam de uma vitória para mostrar que são disciplinados e estabelecer as bases de um governo CDU-FDP como pretendem em setembro." DELEGADOS IMPREVISÍVEIS Metade da Assembleia é constituída de 612 membros do Parlamento e a outra metade é formada pelos delegados dos 16 Estados da Alemanha. Com frequência, entre eles estão celebridades locais e figuras do mundo do esporte, que nem sempre estão firmemente alinhadas a um partido, criando um elemento de imprevisibilidade. Para Juergen Falter, cientista político da Universidade de Mainz, uma vitória inesperada de Gesine é uma possibilidade que não pode ser descartada. "Se ela vencer, o SPD pode ter um enorme impulso", disse ele. "E vai frustrar enormemente as esperanças do CDU e do FDP na eleição parlamentar no final do ano." Como é tradição no país, não se faz campanha pelo cargo. Mas Gesine Schwab passou todo o ano passado tentando ganhar o apoio do CDU e da esquerda, depois de ter conquistado alguns desertores em 2004. Koehler também quebrou o protocolo e criticou Gesine por dizer que temia que a crise econômica estivesse criando uma atmosfera social explosiva na Alemanha. O CDU de Merkel vem liderando as pesquisas de opinião para as eleições de 27 de setembro, mas há dúvidas quanto a se ela conseguirá manter o cargo, por causa de uma complexa aritmética da coalizão de governo.