QUITO - Parlamentares leais ao ex-presidente equatoriano Rafael Correa pediram nesta quinta-feira, 3, o impeachment do atual presidente do país, Lenín Moreno, e a convocação de eleições antecipadas durante uma sessão extraordinária da Assembleia Nacional.
O pedido foi feito pela congressista Gabriela Rivadeneira em nome da bancada batizada como Revolução Cidadã, que reúne os aliados de Correa, que governou o Equador entre 2007 e 2017. Os parlamentares querem a saída de Moreno do poder e a convocação de eleições antecipadas no país. A próxima eleição está marcada para ocorrer em 2021.
A sessão extraordinária foi convocada após Moreno decretar estado de exceção em todo o país em meio aos protestos organizados por transportadoras e estudantes contra um pacote de medidas econômicas lançado pelo governo após acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Caminhoneiros bloquearam estradas em todo território do Equador e provocaram confrontos entre manifestantes e as forças de segurança em várias cidades, entre elas Quito, a capital do país. A medida mais criticada pelo movimento é a alta do preço dos combustíveis.
"Devemos avançar para o impeachment do presidente Moreno, exigimos fazer neste espaço eco do desejo dos cidadãos. (_) Se a assembleia e o governo não estão à altura, vamos propor renúncias e provocar a antecipação das eleições neste país", disse Rivadeneira .
Presidente da Assembleia Nacional entre 2013 e 2017 e uma das figuras mais próximas a Correa, foragido da Justiça do Equador, Rivadeneira é o principal nome da oposição ao presidente do país.
O Revolução Cidadã, uma cisão do movimento Aliança País fundado por Correa e hoje liderado por Moreno, tem 29 deputados dos 137 que compõem a Assembleia Nacional, um grupo pequeno para fazer com que um possível processo de impeachment avance na casa.
No entanto, as declarações de Rivadeneira evidenciam o descontentamento de setores próximos ao ex-presidente equatoriano com Moreno.
O pacote anunciado pelo governo visa responder às necessidades de liquidez da economia do Equador, que em março fechou um acordo com diferentes organizações internacionais para obter mais de US$ 10 bilhões em crédito.
O acordo com o FMI, que forneceu US$ 4,2 bilhões do total emprestado, foi acompanhado de uma série de exigências para que Moreno reduzisse os gastos públicos e aumentasse a receitas do governo, o que gerou indignação dos sindicatos e de setores prejudicados. / EFE