LONDRES - Em encontro na última sexta-feira, 13, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, reconheceram a preocupação com a cooperação militar entre o Irã e a Rússia, em um momento em que Teerã se continua seu processo de enriquecer urânio para construir uma bomba nuclear, informou o diário britânico Guardian.
Os temores são de que a Rússia tenha compartilhado informações nucleares com o Irã em troca de mísseis balísticos para serem usados contra a Ucrânia. A aliança profunda entre os dois países preocupam a comunidade internacional, diante da necessidade russa de incrementar seu arsenal militar em meio à Guerra na Ucrânia e do Irã, que utiliza a brecha para obter recursos financeiros com a venda de armas e se munir de tecnologia nuclear.
Segundo informações do ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, a Rússia realizou um ataque com mais de oito mil drones Shahed desenvolvidos pelo Irã contra o país nesta sexta-feira. Também nesta sexta, a diplomacia russa expulsou seis diplomatas britânico acusando-os de espionagem.
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O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia afirmou que o ministério das Relações Exteriores do Reino Unido estava coordenando “a escalada da situação política e militar” na Ucrânia, em uma tentativa de garantir a derrota da Rússia na guerra.
A relação entre Teerã e Moscou ganha força a cada dia. Autoridades de inteligência descrevem que os dois países desenvolveram uma parceria estratégica desde a invasão russa à Ucrânia. Em 2022, o Irã passou a fornecer milhares de drones de batalha e mísseis para Moscou. Há ainda, segundo informações do The New York Times, uma promessa russa de fornecer ao Irã caças de combate avançados e tecnologia de defesa antiaérea, itens que poderiam ajudar o Irã a endurecer suas defesas contra qualquer ataque aéreo futuro de Israel ou dos EUA.
As principais autoridades internacionais vem fazendo alertas públicos. Na terça-feira da semana passada, Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, durante uma visita a Londres demonstrou insatisfação com a evolução da relação entre Teerã e Moscou.
“A Rússia está compartilhando tecnologia que o Irã busca – esta é uma via de mão dupla – incluindo questões nucleares, bem como algumas informações espaciais”, disse Blinken, acusando os dois países de se envolverem em atividades que desestabilizam a ordem mundial e gera mais insegurança para o mundo.
Durante o encontro França, Reino Unido, EUA e Alemanha anunciaram novas sanções contra pessoas e empresas russas e iranianas por vendas de armas à Rússia. A companhia aérea Iran Air foi sancionada por “operar ou ter operado no setor de transportes da economia da Rússia”, segundo o Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido, assim como cinco navios de carga russos por transportar suprimentos militares do Irã.
Na ocasião, os países também alertaram sobre o crescimento do estoque de urânio enriquecido do Irã. “Continua a crescer significativamente, sem nenhuma justificativa civil confiável”. Autoridades afirmaram que o Irã acumula quatro “quantidades significativas”, cada uma das quais poderia ser usada para fabricar uma bomba nuclear, segundo informações do The Guardian.
Não está claro se o Irã possui conhecimento técnico ou mão de obra especializada para construir uma arma nuclear, nem a velocidade que o projeto desse tipo possa sair do papel. No entanto, a preocupação da comunidade internacional é que a intervenção russa venha acelerar esse processo - embora Teerã negue que esteja tentando fazer uma bomba nuclear.
O Irã fechou um acordo em 2015 para interromper a fabricação de armas nucleares em troca do alívio de sanções com os EUA e outras nações ocidentais. Em 2018, o ex-presidente e atual candidato republicano Donald Trump decidiu retirar os EUA do acordo nuclear firmado na era Obama - o que fez o Irã violar o os limites acordados sobre a quantidade de urânio enriquecido que poderia armazenar.
A preocupação ocidental de que o Irã esteja perto de ser capaz de fabricar uma arma nuclear circula há meses, contribuindo para as tensões no Oriente Médio, já em alta devido aos ataques contínuos entre o Hezzbolah e Israel, na Faixa de Gaza./COM AGÊNCIAS