O agora ex-presidente americano Donald Trump deixou um bilhete para Joe Biden no Salão Oval da Casa Branca, mantendo uma tradição que tem mais de 30 anos nas transições de governo nos Estados Unidos. O gesto surpreendeu especialistas e membros do novo gabinete. O conteúdo do bilhete não foi divulgado.
Já instalado no Salão Oval, o presidente Joe Biden disseque Trump deixou “uma carta muito generosa” antes de deixar a sede oficial do governo americano, em entrevista à TV CNN. Biden disse que não vai revelar o conteúdo da carta por respeito a seu antecessor. “Pelo fato de ser particular, eu não vou falar sobre isso até conversar com ele.”
A tradição do bilhete escrito a mão pelo presidente a seu sucessor teve início em 1989 com Ronald Reagan. Quando se preparava para deixar a residência oficial, Reagan queria deixar um recado para o então presidente eleito George H.W. Bush. Para isso, escolheu um bloco de notas com o desenho de um elefante, mascote do Partido Republicano do qual os dois eram membros, e uma frase motivacional.
“Querido George, você terá momentos em que vai querer usar este papel em particular”, escreveu Reagan. Ele disse que rezaria pelo novo presidente e que prezava “as memórias que partilhamos”. E concluiu “sentirei falta dos nossos almoços às quintas-feiras. Ron.”
Todos os presidentes dos EUA desde então deixaram bilhetes para seus sucessores. Normalmente as mensagens são tratadas de forma confidencial pelo governo americano, mas com frequência o conteúdo é publicado posteriormente por pesquisadores, pelos próprios ex-presidentes em suas memórias ou por jornalistas que obtêm acesso.
À CNN, um ex-funcionário da Casa Branca disse que Trump deixou seu bilhete em cima da Resolute desk, a mesa que serve como escrivaninha presidencial e foi enviada aos EUA como presente da rainha Vitória, da Inglaterra, em 1880. Quando deixou o cargo, Barack Obama deixou sua carta a Trump no mesmo lugar.
Trump foi o primeiro presidente desde 1869 a deixar o cargo sem comparecer à cerimônia de inauguração. Pela quebra de uma tradição de 152, analistas especularam que ele poderia fazer o mesmo em relação à carta. O ex-presidente preferiu deixar Washington horas antes da cerimônia, e disse em seu discurso que voltaria “de uma maneira ou de outra”. / AP