América Latina busca seu lugar no espaço


Liderados por México e Argentina, países da região montam sua própria agência espacial

Por Redação

CIDADE DO MÉXICO - A América Latina não busca mais apenas seu lugar no mundo, mas também no espaço. E para não ficar para trás nessa corrida, oito países, liderados por México e Argentina, decidiram dar um salto estratosférico com a criação da Agência Latino-Americana e Caribenha do Espaço (Alce). 

À frente do projeto está o governo mexicano, que tenta relançar seu sonho espacial com uma agência regional nos moldes da Agência Espacial Europeia (ESA), à qual já aderiram Argentina, Bolívia, Equador, El Salvador e Paraguai – Colômbia e Peru entraram como membros observadores.

Guadarrama prega a união de tecnologias Foto: Jose Pazos/EFE
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“Os países latino-americanos e caribenhos não são a ponta de lança em matéria de espaço. Mas, se unirmos forças, será mais fácil para as agências com tecnologia de ponta nos procurarem”, diz Efraín Guadarrama, diretor do setor de organismo e mecanismos regionais da chancelaria do México.

A Alce está sendo tratada como a joia da coroa do governo mexicano, que assumiu protagonismo dentro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco regional que perdeu fôlego por divergências ideológicas, mas que o México tenta ressuscitar com projetos de cooperação – especialmente agora, que o país assumiu sua presidência rotativa. 

A ideia é ambiciosa. Quando a proposta foi apresentada, no dia 16, o México chegou a dizer que a região “não ficaria mais marginalizada dos grandes projetos, como o retorno do homem à Lua, em 2024, e a exploração do planeta Marte”. Mas, por enquanto, os mexicanos mantêm os pés no chão, conscientes de que consolidar a instituição é uma aposta de longo prazo que pode durar mais de uma década.

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Por isso, o pequeno embrião da Alce será lançado no ano que vem com a construção de um nanossatélite – que entrará em órbita em 2022 – para monitorar oceanos e plantações agrícolas. “Existe a possibilidade de termos vários nanossatélites, que podem ser instalados ao longo dos anos”, afirma Guadarrama.

A corrida espacial não se trata apenas de viagens à Lua nem da utópica colonização de outros planetas. É também o domínio de sistemas de comunicação, de TVs, de telefones celulares e computadores que dependem da tecnologia de satélite. E também mecanismos de observação da Terra para prevenir desastres ou estudar os efeitos das mudanças climáticas. “Nossa vida não seria como é se não tivéssemos os recursos espaciais”, disse José Francisco Valdés, especialista em ciências espaciais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que tem o próprio programa espacial.

É normal que a América Latina queira romper a dependência que tem de outros países, principalmente em uma área da qual depende o cotidiano dos mais de 600 milhões de habitantes da região. No início do mês, o México, por exemplo, teve de comprar da ESA imagens do sudeste do país para coordenar a resposta à devastação causada pelo furacão Eta em Tabasco e Chiapas.

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“Hoje, estamos à mercê das potências que têm dinheiro e recursos para lançar satélites. Portanto, sempre que necessitamos de alguma coisa, precisamos recorrer às imagens que eles fazem de nossos territórios”, disse Valdés.

O grande desafio da Alce é o orçamento. Em seu relatório para o período 2020-2024, a Agência Espacial Mexicana teve de se virar com apenas US$ 3 milhões (por volta de R$ 16 milhões), anos-luz atrás dos US$ 18,5 bilhões da Nasa (R$ 98,7 bilhões) e dos US$ 5,6 bilhões (R$ 29,8 bilhões) da russa Roscosmos ou dos US$ 5,5 bilhões (R$ 29,3 bilhões) da ESA. Guadarrama pede calma, já que a agência regional pode economizar recursos com o compartilhamento de tecnologias entre os países. “Não precisamos de grandes orçamentos. O que é necessário é vontade política.”

A Bolívia, por exemplo, tem um satélite de observação em alta definição de seu território, que poderia servir também ao Paraguai, país com uma agência espacial incipiente. A enorme extensão territorial da América Latina também é uma plataforma privilegiada para o envio de artefatos ao espaço.

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Inevitavelmente, os olhos estão agora voltados para o Brasil, a maior potência espacial da região. Jair Bolsonaro abandonou a Celac e parece preferir olhar para a Lua, em vez de para a América Latina. Valdés, no entanto, não tem dúvida de que “o Brasil terá de ser um dos principais atores” do projeto e a chancelaria mexicana acredita que a cooperação é possível. “Embora alguns personagens tentem negar, o Brasil sempre será um país latino-americano e caribenho”, afirmou Guadarrama. / EFE

CIDADE DO MÉXICO - A América Latina não busca mais apenas seu lugar no mundo, mas também no espaço. E para não ficar para trás nessa corrida, oito países, liderados por México e Argentina, decidiram dar um salto estratosférico com a criação da Agência Latino-Americana e Caribenha do Espaço (Alce). 

À frente do projeto está o governo mexicano, que tenta relançar seu sonho espacial com uma agência regional nos moldes da Agência Espacial Europeia (ESA), à qual já aderiram Argentina, Bolívia, Equador, El Salvador e Paraguai – Colômbia e Peru entraram como membros observadores.

Guadarrama prega a união de tecnologias Foto: Jose Pazos/EFE

“Os países latino-americanos e caribenhos não são a ponta de lança em matéria de espaço. Mas, se unirmos forças, será mais fácil para as agências com tecnologia de ponta nos procurarem”, diz Efraín Guadarrama, diretor do setor de organismo e mecanismos regionais da chancelaria do México.

A Alce está sendo tratada como a joia da coroa do governo mexicano, que assumiu protagonismo dentro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco regional que perdeu fôlego por divergências ideológicas, mas que o México tenta ressuscitar com projetos de cooperação – especialmente agora, que o país assumiu sua presidência rotativa. 

A ideia é ambiciosa. Quando a proposta foi apresentada, no dia 16, o México chegou a dizer que a região “não ficaria mais marginalizada dos grandes projetos, como o retorno do homem à Lua, em 2024, e a exploração do planeta Marte”. Mas, por enquanto, os mexicanos mantêm os pés no chão, conscientes de que consolidar a instituição é uma aposta de longo prazo que pode durar mais de uma década.

Por isso, o pequeno embrião da Alce será lançado no ano que vem com a construção de um nanossatélite – que entrará em órbita em 2022 – para monitorar oceanos e plantações agrícolas. “Existe a possibilidade de termos vários nanossatélites, que podem ser instalados ao longo dos anos”, afirma Guadarrama.

A corrida espacial não se trata apenas de viagens à Lua nem da utópica colonização de outros planetas. É também o domínio de sistemas de comunicação, de TVs, de telefones celulares e computadores que dependem da tecnologia de satélite. E também mecanismos de observação da Terra para prevenir desastres ou estudar os efeitos das mudanças climáticas. “Nossa vida não seria como é se não tivéssemos os recursos espaciais”, disse José Francisco Valdés, especialista em ciências espaciais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que tem o próprio programa espacial.

É normal que a América Latina queira romper a dependência que tem de outros países, principalmente em uma área da qual depende o cotidiano dos mais de 600 milhões de habitantes da região. No início do mês, o México, por exemplo, teve de comprar da ESA imagens do sudeste do país para coordenar a resposta à devastação causada pelo furacão Eta em Tabasco e Chiapas.

“Hoje, estamos à mercê das potências que têm dinheiro e recursos para lançar satélites. Portanto, sempre que necessitamos de alguma coisa, precisamos recorrer às imagens que eles fazem de nossos territórios”, disse Valdés.

O grande desafio da Alce é o orçamento. Em seu relatório para o período 2020-2024, a Agência Espacial Mexicana teve de se virar com apenas US$ 3 milhões (por volta de R$ 16 milhões), anos-luz atrás dos US$ 18,5 bilhões da Nasa (R$ 98,7 bilhões) e dos US$ 5,6 bilhões (R$ 29,8 bilhões) da russa Roscosmos ou dos US$ 5,5 bilhões (R$ 29,3 bilhões) da ESA. Guadarrama pede calma, já que a agência regional pode economizar recursos com o compartilhamento de tecnologias entre os países. “Não precisamos de grandes orçamentos. O que é necessário é vontade política.”

A Bolívia, por exemplo, tem um satélite de observação em alta definição de seu território, que poderia servir também ao Paraguai, país com uma agência espacial incipiente. A enorme extensão territorial da América Latina também é uma plataforma privilegiada para o envio de artefatos ao espaço.

Inevitavelmente, os olhos estão agora voltados para o Brasil, a maior potência espacial da região. Jair Bolsonaro abandonou a Celac e parece preferir olhar para a Lua, em vez de para a América Latina. Valdés, no entanto, não tem dúvida de que “o Brasil terá de ser um dos principais atores” do projeto e a chancelaria mexicana acredita que a cooperação é possível. “Embora alguns personagens tentem negar, o Brasil sempre será um país latino-americano e caribenho”, afirmou Guadarrama. / EFE

CIDADE DO MÉXICO - A América Latina não busca mais apenas seu lugar no mundo, mas também no espaço. E para não ficar para trás nessa corrida, oito países, liderados por México e Argentina, decidiram dar um salto estratosférico com a criação da Agência Latino-Americana e Caribenha do Espaço (Alce). 

À frente do projeto está o governo mexicano, que tenta relançar seu sonho espacial com uma agência regional nos moldes da Agência Espacial Europeia (ESA), à qual já aderiram Argentina, Bolívia, Equador, El Salvador e Paraguai – Colômbia e Peru entraram como membros observadores.

Guadarrama prega a união de tecnologias Foto: Jose Pazos/EFE

“Os países latino-americanos e caribenhos não são a ponta de lança em matéria de espaço. Mas, se unirmos forças, será mais fácil para as agências com tecnologia de ponta nos procurarem”, diz Efraín Guadarrama, diretor do setor de organismo e mecanismos regionais da chancelaria do México.

A Alce está sendo tratada como a joia da coroa do governo mexicano, que assumiu protagonismo dentro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco regional que perdeu fôlego por divergências ideológicas, mas que o México tenta ressuscitar com projetos de cooperação – especialmente agora, que o país assumiu sua presidência rotativa. 

A ideia é ambiciosa. Quando a proposta foi apresentada, no dia 16, o México chegou a dizer que a região “não ficaria mais marginalizada dos grandes projetos, como o retorno do homem à Lua, em 2024, e a exploração do planeta Marte”. Mas, por enquanto, os mexicanos mantêm os pés no chão, conscientes de que consolidar a instituição é uma aposta de longo prazo que pode durar mais de uma década.

Por isso, o pequeno embrião da Alce será lançado no ano que vem com a construção de um nanossatélite – que entrará em órbita em 2022 – para monitorar oceanos e plantações agrícolas. “Existe a possibilidade de termos vários nanossatélites, que podem ser instalados ao longo dos anos”, afirma Guadarrama.

A corrida espacial não se trata apenas de viagens à Lua nem da utópica colonização de outros planetas. É também o domínio de sistemas de comunicação, de TVs, de telefones celulares e computadores que dependem da tecnologia de satélite. E também mecanismos de observação da Terra para prevenir desastres ou estudar os efeitos das mudanças climáticas. “Nossa vida não seria como é se não tivéssemos os recursos espaciais”, disse José Francisco Valdés, especialista em ciências espaciais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que tem o próprio programa espacial.

É normal que a América Latina queira romper a dependência que tem de outros países, principalmente em uma área da qual depende o cotidiano dos mais de 600 milhões de habitantes da região. No início do mês, o México, por exemplo, teve de comprar da ESA imagens do sudeste do país para coordenar a resposta à devastação causada pelo furacão Eta em Tabasco e Chiapas.

“Hoje, estamos à mercê das potências que têm dinheiro e recursos para lançar satélites. Portanto, sempre que necessitamos de alguma coisa, precisamos recorrer às imagens que eles fazem de nossos territórios”, disse Valdés.

O grande desafio da Alce é o orçamento. Em seu relatório para o período 2020-2024, a Agência Espacial Mexicana teve de se virar com apenas US$ 3 milhões (por volta de R$ 16 milhões), anos-luz atrás dos US$ 18,5 bilhões da Nasa (R$ 98,7 bilhões) e dos US$ 5,6 bilhões (R$ 29,8 bilhões) da russa Roscosmos ou dos US$ 5,5 bilhões (R$ 29,3 bilhões) da ESA. Guadarrama pede calma, já que a agência regional pode economizar recursos com o compartilhamento de tecnologias entre os países. “Não precisamos de grandes orçamentos. O que é necessário é vontade política.”

A Bolívia, por exemplo, tem um satélite de observação em alta definição de seu território, que poderia servir também ao Paraguai, país com uma agência espacial incipiente. A enorme extensão territorial da América Latina também é uma plataforma privilegiada para o envio de artefatos ao espaço.

Inevitavelmente, os olhos estão agora voltados para o Brasil, a maior potência espacial da região. Jair Bolsonaro abandonou a Celac e parece preferir olhar para a Lua, em vez de para a América Latina. Valdés, no entanto, não tem dúvida de que “o Brasil terá de ser um dos principais atores” do projeto e a chancelaria mexicana acredita que a cooperação é possível. “Embora alguns personagens tentem negar, o Brasil sempre será um país latino-americano e caribenho”, afirmou Guadarrama. / EFE

CIDADE DO MÉXICO - A América Latina não busca mais apenas seu lugar no mundo, mas também no espaço. E para não ficar para trás nessa corrida, oito países, liderados por México e Argentina, decidiram dar um salto estratosférico com a criação da Agência Latino-Americana e Caribenha do Espaço (Alce). 

À frente do projeto está o governo mexicano, que tenta relançar seu sonho espacial com uma agência regional nos moldes da Agência Espacial Europeia (ESA), à qual já aderiram Argentina, Bolívia, Equador, El Salvador e Paraguai – Colômbia e Peru entraram como membros observadores.

Guadarrama prega a união de tecnologias Foto: Jose Pazos/EFE

“Os países latino-americanos e caribenhos não são a ponta de lança em matéria de espaço. Mas, se unirmos forças, será mais fácil para as agências com tecnologia de ponta nos procurarem”, diz Efraín Guadarrama, diretor do setor de organismo e mecanismos regionais da chancelaria do México.

A Alce está sendo tratada como a joia da coroa do governo mexicano, que assumiu protagonismo dentro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), bloco regional que perdeu fôlego por divergências ideológicas, mas que o México tenta ressuscitar com projetos de cooperação – especialmente agora, que o país assumiu sua presidência rotativa. 

A ideia é ambiciosa. Quando a proposta foi apresentada, no dia 16, o México chegou a dizer que a região “não ficaria mais marginalizada dos grandes projetos, como o retorno do homem à Lua, em 2024, e a exploração do planeta Marte”. Mas, por enquanto, os mexicanos mantêm os pés no chão, conscientes de que consolidar a instituição é uma aposta de longo prazo que pode durar mais de uma década.

Por isso, o pequeno embrião da Alce será lançado no ano que vem com a construção de um nanossatélite – que entrará em órbita em 2022 – para monitorar oceanos e plantações agrícolas. “Existe a possibilidade de termos vários nanossatélites, que podem ser instalados ao longo dos anos”, afirma Guadarrama.

A corrida espacial não se trata apenas de viagens à Lua nem da utópica colonização de outros planetas. É também o domínio de sistemas de comunicação, de TVs, de telefones celulares e computadores que dependem da tecnologia de satélite. E também mecanismos de observação da Terra para prevenir desastres ou estudar os efeitos das mudanças climáticas. “Nossa vida não seria como é se não tivéssemos os recursos espaciais”, disse José Francisco Valdés, especialista em ciências espaciais da Universidade Nacional Autônoma do México (Unam), que tem o próprio programa espacial.

É normal que a América Latina queira romper a dependência que tem de outros países, principalmente em uma área da qual depende o cotidiano dos mais de 600 milhões de habitantes da região. No início do mês, o México, por exemplo, teve de comprar da ESA imagens do sudeste do país para coordenar a resposta à devastação causada pelo furacão Eta em Tabasco e Chiapas.

“Hoje, estamos à mercê das potências que têm dinheiro e recursos para lançar satélites. Portanto, sempre que necessitamos de alguma coisa, precisamos recorrer às imagens que eles fazem de nossos territórios”, disse Valdés.

O grande desafio da Alce é o orçamento. Em seu relatório para o período 2020-2024, a Agência Espacial Mexicana teve de se virar com apenas US$ 3 milhões (por volta de R$ 16 milhões), anos-luz atrás dos US$ 18,5 bilhões da Nasa (R$ 98,7 bilhões) e dos US$ 5,6 bilhões (R$ 29,8 bilhões) da russa Roscosmos ou dos US$ 5,5 bilhões (R$ 29,3 bilhões) da ESA. Guadarrama pede calma, já que a agência regional pode economizar recursos com o compartilhamento de tecnologias entre os países. “Não precisamos de grandes orçamentos. O que é necessário é vontade política.”

A Bolívia, por exemplo, tem um satélite de observação em alta definição de seu território, que poderia servir também ao Paraguai, país com uma agência espacial incipiente. A enorme extensão territorial da América Latina também é uma plataforma privilegiada para o envio de artefatos ao espaço.

Inevitavelmente, os olhos estão agora voltados para o Brasil, a maior potência espacial da região. Jair Bolsonaro abandonou a Celac e parece preferir olhar para a Lua, em vez de para a América Latina. Valdés, no entanto, não tem dúvida de que “o Brasil terá de ser um dos principais atores” do projeto e a chancelaria mexicana acredita que a cooperação é possível. “Embora alguns personagens tentem negar, o Brasil sempre será um país latino-americano e caribenho”, afirmou Guadarrama. / EFE

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