América Latina deve seguir desgovernada


Países sofreram turbulências em 2019, mas 2020 ainda pode ser ano difícil para muitos governos da região 

Por The Economist
Atualização:

Na América Latina, foram realizadas 15 eleições presidenciais nos dois últimos anos, até novembro de 2019. Em 2020, um período mais calmo se anuncia, com exceção, como sempre, da Venezuela.

As eleições marcaram a vitória de populistas de tendências variadas em Argentina, Brasil e México, as três maiores economias da região. Em outros lugares, muitos dos novos governos são fracos. A tarefa que têm pela frente é assustadora: acalmar o descontentamento dos cidadãos com o crescimento econômico medíocre, serviços públicos e uma infraestrutura desmoronando, e o temor generalizado dos crimes violentos.

"Leopoldo López é um monstro fascista, psicopata, que nos últimos 20 anos sempre esteve por trás de todos os atos golpistas e violentos", afirmou Maduro Foto: Matias Delacroix / AP
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O problema dominante na região continuará a ser a Venezuela. Existe uma chance de que em 2020 ocorra um retorno negociado à democracia em que Nicolás Maduro, um ditador ilegitimamente eleito, renuncie, permitindo assim a realização de uma eleição presidencial livre e imparcial.

Mas é mais provável que Maduro, que tem o apoio das forças armadas e o respaldo de Cuba e da Rússia, se aferre ao cargo, continuando a governar um país que mergulhará ainda mais na penúria e numa violência feroz. Neste caso, mais migrantes sairão da Venezuela. 

No fim de 2020, o total de pessoas que terão deixado o país desde 2014 poderá chegar a sete ou oito milhões. Maduro preserva as formas exteriores de democracia: não importa o que ocorrer, ele realizará a eleição legislativa de 2020. Mas salvo se houver um acordo, será uma eleição simulada, em que ele vai capturar o controle do Parlamento de uma oposição fragilizada.

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A Colômbia será fortemente pressionada em 2020. O país vem sendo subvertido passiva e ativamente por Maduro. A maioria dos migrantes venezuelanos se dirige para a Colômbia. A Venezuela abriga e patrocina guerrilhas colombianas, envolvidas no tráfico de droga e na mineração de ouro ilegais e outras atividades criminosas. Conflitos na fronteira são prováveis e uma guerra total não é impossível. 

O presidente colombiano, Iván Duque, que não tem maioria no Congresso, terá muita dificuldade, a menos que a adversidade promova maior unidade. Muitos dos 10.5000 antigos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que depuseram as armas após acordo firmado em 2016, cumprirão esse acordo.

Os latino-americanos esperam que em 2020 fiquem livres do longo declínio da renda média per capita na região como um todo, uma queda que se verifica desde 2013. Ano após ano, desde então, os analistas tiveram de reduzir seus prognósticos iniciais de recuperação. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou para 1.8% a sua estimativa de crescimento para a região em 2020.

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A esperança de atingir essa meta é do Brasil. O governo de Jair Bolsonaro continuará politicamente disfuncional, mas os planos de uma reforma tributária, privatizações e investimentos em infraestrutura privada podem dar nova vida à economia. 

O México tem um presidente forte: Manuel López Obrador, mas ele inspira pouca confiança do empresariado. O país enfrenta um lento declínio econômico, que, gradativamente, afetará a popularidade do presidente antes das eleições legislativas de meio de mandato, em julho de 2021, cruciais para seu objetivo de mudar a Constituição. Ele pode tentar dar um impulso à economia no curto prazo quebrando sua promessa de disciplina fiscal. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO  © 2018 THE ECONOMIST NEWSPAPER  LIMITED. DIREITOS RESERVADOS.  PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO  ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

Na América Latina, foram realizadas 15 eleições presidenciais nos dois últimos anos, até novembro de 2019. Em 2020, um período mais calmo se anuncia, com exceção, como sempre, da Venezuela.

As eleições marcaram a vitória de populistas de tendências variadas em Argentina, Brasil e México, as três maiores economias da região. Em outros lugares, muitos dos novos governos são fracos. A tarefa que têm pela frente é assustadora: acalmar o descontentamento dos cidadãos com o crescimento econômico medíocre, serviços públicos e uma infraestrutura desmoronando, e o temor generalizado dos crimes violentos.

"Leopoldo López é um monstro fascista, psicopata, que nos últimos 20 anos sempre esteve por trás de todos os atos golpistas e violentos", afirmou Maduro Foto: Matias Delacroix / AP

O problema dominante na região continuará a ser a Venezuela. Existe uma chance de que em 2020 ocorra um retorno negociado à democracia em que Nicolás Maduro, um ditador ilegitimamente eleito, renuncie, permitindo assim a realização de uma eleição presidencial livre e imparcial.

Mas é mais provável que Maduro, que tem o apoio das forças armadas e o respaldo de Cuba e da Rússia, se aferre ao cargo, continuando a governar um país que mergulhará ainda mais na penúria e numa violência feroz. Neste caso, mais migrantes sairão da Venezuela. 

No fim de 2020, o total de pessoas que terão deixado o país desde 2014 poderá chegar a sete ou oito milhões. Maduro preserva as formas exteriores de democracia: não importa o que ocorrer, ele realizará a eleição legislativa de 2020. Mas salvo se houver um acordo, será uma eleição simulada, em que ele vai capturar o controle do Parlamento de uma oposição fragilizada.

A Colômbia será fortemente pressionada em 2020. O país vem sendo subvertido passiva e ativamente por Maduro. A maioria dos migrantes venezuelanos se dirige para a Colômbia. A Venezuela abriga e patrocina guerrilhas colombianas, envolvidas no tráfico de droga e na mineração de ouro ilegais e outras atividades criminosas. Conflitos na fronteira são prováveis e uma guerra total não é impossível. 

O presidente colombiano, Iván Duque, que não tem maioria no Congresso, terá muita dificuldade, a menos que a adversidade promova maior unidade. Muitos dos 10.5000 antigos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que depuseram as armas após acordo firmado em 2016, cumprirão esse acordo.

Os latino-americanos esperam que em 2020 fiquem livres do longo declínio da renda média per capita na região como um todo, uma queda que se verifica desde 2013. Ano após ano, desde então, os analistas tiveram de reduzir seus prognósticos iniciais de recuperação. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou para 1.8% a sua estimativa de crescimento para a região em 2020.

A esperança de atingir essa meta é do Brasil. O governo de Jair Bolsonaro continuará politicamente disfuncional, mas os planos de uma reforma tributária, privatizações e investimentos em infraestrutura privada podem dar nova vida à economia. 

O México tem um presidente forte: Manuel López Obrador, mas ele inspira pouca confiança do empresariado. O país enfrenta um lento declínio econômico, que, gradativamente, afetará a popularidade do presidente antes das eleições legislativas de meio de mandato, em julho de 2021, cruciais para seu objetivo de mudar a Constituição. Ele pode tentar dar um impulso à economia no curto prazo quebrando sua promessa de disciplina fiscal. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO  © 2018 THE ECONOMIST NEWSPAPER  LIMITED. DIREITOS RESERVADOS.  PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO  ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

Na América Latina, foram realizadas 15 eleições presidenciais nos dois últimos anos, até novembro de 2019. Em 2020, um período mais calmo se anuncia, com exceção, como sempre, da Venezuela.

As eleições marcaram a vitória de populistas de tendências variadas em Argentina, Brasil e México, as três maiores economias da região. Em outros lugares, muitos dos novos governos são fracos. A tarefa que têm pela frente é assustadora: acalmar o descontentamento dos cidadãos com o crescimento econômico medíocre, serviços públicos e uma infraestrutura desmoronando, e o temor generalizado dos crimes violentos.

"Leopoldo López é um monstro fascista, psicopata, que nos últimos 20 anos sempre esteve por trás de todos os atos golpistas e violentos", afirmou Maduro Foto: Matias Delacroix / AP

O problema dominante na região continuará a ser a Venezuela. Existe uma chance de que em 2020 ocorra um retorno negociado à democracia em que Nicolás Maduro, um ditador ilegitimamente eleito, renuncie, permitindo assim a realização de uma eleição presidencial livre e imparcial.

Mas é mais provável que Maduro, que tem o apoio das forças armadas e o respaldo de Cuba e da Rússia, se aferre ao cargo, continuando a governar um país que mergulhará ainda mais na penúria e numa violência feroz. Neste caso, mais migrantes sairão da Venezuela. 

No fim de 2020, o total de pessoas que terão deixado o país desde 2014 poderá chegar a sete ou oito milhões. Maduro preserva as formas exteriores de democracia: não importa o que ocorrer, ele realizará a eleição legislativa de 2020. Mas salvo se houver um acordo, será uma eleição simulada, em que ele vai capturar o controle do Parlamento de uma oposição fragilizada.

A Colômbia será fortemente pressionada em 2020. O país vem sendo subvertido passiva e ativamente por Maduro. A maioria dos migrantes venezuelanos se dirige para a Colômbia. A Venezuela abriga e patrocina guerrilhas colombianas, envolvidas no tráfico de droga e na mineração de ouro ilegais e outras atividades criminosas. Conflitos na fronteira são prováveis e uma guerra total não é impossível. 

O presidente colombiano, Iván Duque, que não tem maioria no Congresso, terá muita dificuldade, a menos que a adversidade promova maior unidade. Muitos dos 10.5000 antigos guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que depuseram as armas após acordo firmado em 2016, cumprirão esse acordo.

Os latino-americanos esperam que em 2020 fiquem livres do longo declínio da renda média per capita na região como um todo, uma queda que se verifica desde 2013. Ano após ano, desde então, os analistas tiveram de reduzir seus prognósticos iniciais de recuperação. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou para 1.8% a sua estimativa de crescimento para a região em 2020.

A esperança de atingir essa meta é do Brasil. O governo de Jair Bolsonaro continuará politicamente disfuncional, mas os planos de uma reforma tributária, privatizações e investimentos em infraestrutura privada podem dar nova vida à economia. 

O México tem um presidente forte: Manuel López Obrador, mas ele inspira pouca confiança do empresariado. O país enfrenta um lento declínio econômico, que, gradativamente, afetará a popularidade do presidente antes das eleições legislativas de meio de mandato, em julho de 2021, cruciais para seu objetivo de mudar a Constituição. Ele pode tentar dar um impulso à economia no curto prazo quebrando sua promessa de disciplina fiscal. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO  © 2018 THE ECONOMIST NEWSPAPER  LIMITED. DIREITOS RESERVADOS.  PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO  ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

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