Análise: A Rússia está destruindo a economia da Ucrânia para aumentar custos para os EUA e aliados


Ataques de mísseis e drones à infraestrutura ucraniana eleva custo financeiro para recuperação do país

Por Jeff Stein e David L. Stern

Dois meses de ataques implacáveis de mísseis e drones pela Rússia dizimaram a infraestrutura da Ucrânia e abriram um buraco nas projeções para a economia do país, devastada pela guerra.

Antes desses ataques, Kiev esperava precisar de pelo menos US$ 55 bilhões em assistência externa no próximo ano para atender às despesas básicas – mais do que todos os gastos anuais do país antes da guerra.

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Agora, com seus sistemas de energia severamente danificados e mais ataques russos a caminho, autoridades acreditam que a Ucrânia pode acabar precisando de mais US$ 2 bilhões por mês, e líderes políticos começaram a tentar preparar os apoiadores ocidentais para esses cenários.

“O que você faz quando não consegue aquecer sua casa, não consegue administrar suas lojas, fábricas e sua economia não está funcionando?” disse Oleg Ustenko, conselheiro econômico do presidente Volodmir Zelenski. “Vamos exigir mais assistência financeira, e Putin está fazendo isso para destruir a unidade entre os aliados.”

Cidadãos ucranianos observam demolição de prédio residencial atingido por bombas em Borodianka, na região de Kiev, em imagem do dia 13 deste mês Foto: Andrew Kravchenko / AP
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Em uma reunião a portas fechadas na semana passada no Banco Nacional da Ucrânia, que agora tem um posto de controle militar do lado de fora de sua sede, funcionários ponderaram o que pode acontecer se os ataques da Rússia se intensificarem. As pessoas podem fugir da Ucrânia em massa, levando seu dinheiro, potencialmente derrubando a moeda nacional enquanto tentam trocar sua hryvnia ucraniana por euros ou dólares.

O governo ucraniano pode ficar sem reservas internacionais para pagar importações críticas e incapaz de cumprir suas obrigações de dívida externa - um cenário apocalíptico conhecido como crise do balanço de pagamentos.

Um cenário terrível previu que a economia da Ucrânia poderia contrair outros 5% no próximo ano, além da contração de 33% neste ano. O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, em uma conferência internacional de doadores em Paris na terça-feira, disse que a contração no próximo ano pode chegar a 9%, dependendo da gravidade dos contínuos ataques russos.

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Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, persiste em sua guerra, a sobrevivência da Ucrânia depende tanto da ajuda econômica externa quanto de armas, e Putin agora parece determinado a tornar essa ajuda tão cara que os apoiadores ocidentais desistam.

Antes do início dos ataques à infraestrutura em 10 de outubro, as autoridades ucranianas estavam otimistas de que a ajuda financeira ocidental lhes permitiria fechar a maior parte, se não a totalidade, de seu enorme déficit orçamentário em 2023.

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A União Europeia e os Estados Unidos se comprometeram coletivamente a enviar mais de US$ 30 bilhões para a Ucrânia no próximo ano, embora nem todo esse dinheiro seja formalmente aprovado. Na quinta-feira, os 27 chefes de Estado e de governo da UE, reunidos em Bruxelas, concordaram em fornecer 18 bilhões de euros, ou pouco mais de US$ 19 bilhões, em empréstimos à Ucrânia no próximo ano.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista após o acordo da União Europeia em fornecer ajuda financeira para a Ucrânia no ano que vem Foto: Olivier Hoslet / EFE

Parte da ajuda prometida para este ano demorou a se concretizar, forçando Kiev a imprimir dinheiro e desvalorizar sua moeda para garantir que sua economia permanecesse competitiva, contribuindo para um aumento da inflação de mais de 20%. Mas esta ajuda, mesmo que chegue, visa apenas manter o país à tona no dia-a-dia. Nem remotamente começa a lidar com as centenas de bilhões em danos causados pela guerra.

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A invasão da Rússia destruiu hospitais, portos, campos, pontes e outras partes da infraestrutura crítica do país. As exportações agrícolas foram dizimadas, apesar de um acordo internacional para manter alguns embarques de grãos. Grandes áreas da indústria ucraniana estão em território ocupado. Até um terço das florestas do país foram destruídas.

Em setembro, funcionários das Nações Unidas estimaram que quase 18 milhões de ucranianos precisavam de ajuda humanitária. Com o país à beira de um precipício financeiro, alguns assessores de Zelenski nas últimas semanas ponderaram pedir aos governos ocidentais que financiem pagamentos diretos em dinheiro a cidadãos ucranianos.

Agora, com os sistemas de energia dizimados, Kiev e seus parceiros enfrentam um desafio monumental. Os principais pilares da economia – mineração de carvão, manufatura industrial, tecnologia da informação – não podem funcionar sem eletricidade ou internet. O Banco Mundial alertou que a pobreza pode multiplicar-se por dez. O desemprego, já perto de 30%, deve aumentar ainda mais.

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“No caso de apagões totais por períodos mais longos, definitivamente precisaremos obter mais recursos para evitar uma catástrofe humanitária”, disse Sergi Nikolaichuk, vice-presidente do Banco Central da Ucrânia.

As terríveis avaliações refletem algo que as autoridades ucranianas e seus apoiadores ocidentais não gostam de admitir em voz alta: o Kremlin fez da economia da Ucrânia um teatro central da guerra - em que Moscou está tendo muito mais sucesso do que na linha de frente, onde suas tropas têm lutado.

“Como uma economia funciona – enquanto apoia o esforço de guerra – com esse nível de dano à infraestrutura civil? Acho que nunca vimos isso”, disse Simon Johnson, economista do MIT que está em contato com autoridades ucranianas. “Não consigo pensar em nenhuma economia que já tenha tentado fazer isso”. O objetivo da Rússia é exatamente esse: impedir uma reconstrução ou torná-la cara demais ao Ocidente.

Dois meses de ataques implacáveis de mísseis e drones pela Rússia dizimaram a infraestrutura da Ucrânia e abriram um buraco nas projeções para a economia do país, devastada pela guerra.

Antes desses ataques, Kiev esperava precisar de pelo menos US$ 55 bilhões em assistência externa no próximo ano para atender às despesas básicas – mais do que todos os gastos anuais do país antes da guerra.

Agora, com seus sistemas de energia severamente danificados e mais ataques russos a caminho, autoridades acreditam que a Ucrânia pode acabar precisando de mais US$ 2 bilhões por mês, e líderes políticos começaram a tentar preparar os apoiadores ocidentais para esses cenários.

“O que você faz quando não consegue aquecer sua casa, não consegue administrar suas lojas, fábricas e sua economia não está funcionando?” disse Oleg Ustenko, conselheiro econômico do presidente Volodmir Zelenski. “Vamos exigir mais assistência financeira, e Putin está fazendo isso para destruir a unidade entre os aliados.”

Cidadãos ucranianos observam demolição de prédio residencial atingido por bombas em Borodianka, na região de Kiev, em imagem do dia 13 deste mês Foto: Andrew Kravchenko / AP

Em uma reunião a portas fechadas na semana passada no Banco Nacional da Ucrânia, que agora tem um posto de controle militar do lado de fora de sua sede, funcionários ponderaram o que pode acontecer se os ataques da Rússia se intensificarem. As pessoas podem fugir da Ucrânia em massa, levando seu dinheiro, potencialmente derrubando a moeda nacional enquanto tentam trocar sua hryvnia ucraniana por euros ou dólares.

O governo ucraniano pode ficar sem reservas internacionais para pagar importações críticas e incapaz de cumprir suas obrigações de dívida externa - um cenário apocalíptico conhecido como crise do balanço de pagamentos.

Um cenário terrível previu que a economia da Ucrânia poderia contrair outros 5% no próximo ano, além da contração de 33% neste ano. O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, em uma conferência internacional de doadores em Paris na terça-feira, disse que a contração no próximo ano pode chegar a 9%, dependendo da gravidade dos contínuos ataques russos.

Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, persiste em sua guerra, a sobrevivência da Ucrânia depende tanto da ajuda econômica externa quanto de armas, e Putin agora parece determinado a tornar essa ajuda tão cara que os apoiadores ocidentais desistam.

Antes do início dos ataques à infraestrutura em 10 de outubro, as autoridades ucranianas estavam otimistas de que a ajuda financeira ocidental lhes permitiria fechar a maior parte, se não a totalidade, de seu enorme déficit orçamentário em 2023.

A União Europeia e os Estados Unidos se comprometeram coletivamente a enviar mais de US$ 30 bilhões para a Ucrânia no próximo ano, embora nem todo esse dinheiro seja formalmente aprovado. Na quinta-feira, os 27 chefes de Estado e de governo da UE, reunidos em Bruxelas, concordaram em fornecer 18 bilhões de euros, ou pouco mais de US$ 19 bilhões, em empréstimos à Ucrânia no próximo ano.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista após o acordo da União Europeia em fornecer ajuda financeira para a Ucrânia no ano que vem Foto: Olivier Hoslet / EFE

Parte da ajuda prometida para este ano demorou a se concretizar, forçando Kiev a imprimir dinheiro e desvalorizar sua moeda para garantir que sua economia permanecesse competitiva, contribuindo para um aumento da inflação de mais de 20%. Mas esta ajuda, mesmo que chegue, visa apenas manter o país à tona no dia-a-dia. Nem remotamente começa a lidar com as centenas de bilhões em danos causados pela guerra.

A invasão da Rússia destruiu hospitais, portos, campos, pontes e outras partes da infraestrutura crítica do país. As exportações agrícolas foram dizimadas, apesar de um acordo internacional para manter alguns embarques de grãos. Grandes áreas da indústria ucraniana estão em território ocupado. Até um terço das florestas do país foram destruídas.

Em setembro, funcionários das Nações Unidas estimaram que quase 18 milhões de ucranianos precisavam de ajuda humanitária. Com o país à beira de um precipício financeiro, alguns assessores de Zelenski nas últimas semanas ponderaram pedir aos governos ocidentais que financiem pagamentos diretos em dinheiro a cidadãos ucranianos.

Agora, com os sistemas de energia dizimados, Kiev e seus parceiros enfrentam um desafio monumental. Os principais pilares da economia – mineração de carvão, manufatura industrial, tecnologia da informação – não podem funcionar sem eletricidade ou internet. O Banco Mundial alertou que a pobreza pode multiplicar-se por dez. O desemprego, já perto de 30%, deve aumentar ainda mais.

“No caso de apagões totais por períodos mais longos, definitivamente precisaremos obter mais recursos para evitar uma catástrofe humanitária”, disse Sergi Nikolaichuk, vice-presidente do Banco Central da Ucrânia.

As terríveis avaliações refletem algo que as autoridades ucranianas e seus apoiadores ocidentais não gostam de admitir em voz alta: o Kremlin fez da economia da Ucrânia um teatro central da guerra - em que Moscou está tendo muito mais sucesso do que na linha de frente, onde suas tropas têm lutado.

“Como uma economia funciona – enquanto apoia o esforço de guerra – com esse nível de dano à infraestrutura civil? Acho que nunca vimos isso”, disse Simon Johnson, economista do MIT que está em contato com autoridades ucranianas. “Não consigo pensar em nenhuma economia que já tenha tentado fazer isso”. O objetivo da Rússia é exatamente esse: impedir uma reconstrução ou torná-la cara demais ao Ocidente.

Dois meses de ataques implacáveis de mísseis e drones pela Rússia dizimaram a infraestrutura da Ucrânia e abriram um buraco nas projeções para a economia do país, devastada pela guerra.

Antes desses ataques, Kiev esperava precisar de pelo menos US$ 55 bilhões em assistência externa no próximo ano para atender às despesas básicas – mais do que todos os gastos anuais do país antes da guerra.

Agora, com seus sistemas de energia severamente danificados e mais ataques russos a caminho, autoridades acreditam que a Ucrânia pode acabar precisando de mais US$ 2 bilhões por mês, e líderes políticos começaram a tentar preparar os apoiadores ocidentais para esses cenários.

“O que você faz quando não consegue aquecer sua casa, não consegue administrar suas lojas, fábricas e sua economia não está funcionando?” disse Oleg Ustenko, conselheiro econômico do presidente Volodmir Zelenski. “Vamos exigir mais assistência financeira, e Putin está fazendo isso para destruir a unidade entre os aliados.”

Cidadãos ucranianos observam demolição de prédio residencial atingido por bombas em Borodianka, na região de Kiev, em imagem do dia 13 deste mês Foto: Andrew Kravchenko / AP

Em uma reunião a portas fechadas na semana passada no Banco Nacional da Ucrânia, que agora tem um posto de controle militar do lado de fora de sua sede, funcionários ponderaram o que pode acontecer se os ataques da Rússia se intensificarem. As pessoas podem fugir da Ucrânia em massa, levando seu dinheiro, potencialmente derrubando a moeda nacional enquanto tentam trocar sua hryvnia ucraniana por euros ou dólares.

O governo ucraniano pode ficar sem reservas internacionais para pagar importações críticas e incapaz de cumprir suas obrigações de dívida externa - um cenário apocalíptico conhecido como crise do balanço de pagamentos.

Um cenário terrível previu que a economia da Ucrânia poderia contrair outros 5% no próximo ano, além da contração de 33% neste ano. O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, em uma conferência internacional de doadores em Paris na terça-feira, disse que a contração no próximo ano pode chegar a 9%, dependendo da gravidade dos contínuos ataques russos.

Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, persiste em sua guerra, a sobrevivência da Ucrânia depende tanto da ajuda econômica externa quanto de armas, e Putin agora parece determinado a tornar essa ajuda tão cara que os apoiadores ocidentais desistam.

Antes do início dos ataques à infraestrutura em 10 de outubro, as autoridades ucranianas estavam otimistas de que a ajuda financeira ocidental lhes permitiria fechar a maior parte, se não a totalidade, de seu enorme déficit orçamentário em 2023.

A União Europeia e os Estados Unidos se comprometeram coletivamente a enviar mais de US$ 30 bilhões para a Ucrânia no próximo ano, embora nem todo esse dinheiro seja formalmente aprovado. Na quinta-feira, os 27 chefes de Estado e de governo da UE, reunidos em Bruxelas, concordaram em fornecer 18 bilhões de euros, ou pouco mais de US$ 19 bilhões, em empréstimos à Ucrânia no próximo ano.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista após o acordo da União Europeia em fornecer ajuda financeira para a Ucrânia no ano que vem Foto: Olivier Hoslet / EFE

Parte da ajuda prometida para este ano demorou a se concretizar, forçando Kiev a imprimir dinheiro e desvalorizar sua moeda para garantir que sua economia permanecesse competitiva, contribuindo para um aumento da inflação de mais de 20%. Mas esta ajuda, mesmo que chegue, visa apenas manter o país à tona no dia-a-dia. Nem remotamente começa a lidar com as centenas de bilhões em danos causados pela guerra.

A invasão da Rússia destruiu hospitais, portos, campos, pontes e outras partes da infraestrutura crítica do país. As exportações agrícolas foram dizimadas, apesar de um acordo internacional para manter alguns embarques de grãos. Grandes áreas da indústria ucraniana estão em território ocupado. Até um terço das florestas do país foram destruídas.

Em setembro, funcionários das Nações Unidas estimaram que quase 18 milhões de ucranianos precisavam de ajuda humanitária. Com o país à beira de um precipício financeiro, alguns assessores de Zelenski nas últimas semanas ponderaram pedir aos governos ocidentais que financiem pagamentos diretos em dinheiro a cidadãos ucranianos.

Agora, com os sistemas de energia dizimados, Kiev e seus parceiros enfrentam um desafio monumental. Os principais pilares da economia – mineração de carvão, manufatura industrial, tecnologia da informação – não podem funcionar sem eletricidade ou internet. O Banco Mundial alertou que a pobreza pode multiplicar-se por dez. O desemprego, já perto de 30%, deve aumentar ainda mais.

“No caso de apagões totais por períodos mais longos, definitivamente precisaremos obter mais recursos para evitar uma catástrofe humanitária”, disse Sergi Nikolaichuk, vice-presidente do Banco Central da Ucrânia.

As terríveis avaliações refletem algo que as autoridades ucranianas e seus apoiadores ocidentais não gostam de admitir em voz alta: o Kremlin fez da economia da Ucrânia um teatro central da guerra - em que Moscou está tendo muito mais sucesso do que na linha de frente, onde suas tropas têm lutado.

“Como uma economia funciona – enquanto apoia o esforço de guerra – com esse nível de dano à infraestrutura civil? Acho que nunca vimos isso”, disse Simon Johnson, economista do MIT que está em contato com autoridades ucranianas. “Não consigo pensar em nenhuma economia que já tenha tentado fazer isso”. O objetivo da Rússia é exatamente esse: impedir uma reconstrução ou torná-la cara demais ao Ocidente.

Dois meses de ataques implacáveis de mísseis e drones pela Rússia dizimaram a infraestrutura da Ucrânia e abriram um buraco nas projeções para a economia do país, devastada pela guerra.

Antes desses ataques, Kiev esperava precisar de pelo menos US$ 55 bilhões em assistência externa no próximo ano para atender às despesas básicas – mais do que todos os gastos anuais do país antes da guerra.

Agora, com seus sistemas de energia severamente danificados e mais ataques russos a caminho, autoridades acreditam que a Ucrânia pode acabar precisando de mais US$ 2 bilhões por mês, e líderes políticos começaram a tentar preparar os apoiadores ocidentais para esses cenários.

“O que você faz quando não consegue aquecer sua casa, não consegue administrar suas lojas, fábricas e sua economia não está funcionando?” disse Oleg Ustenko, conselheiro econômico do presidente Volodmir Zelenski. “Vamos exigir mais assistência financeira, e Putin está fazendo isso para destruir a unidade entre os aliados.”

Cidadãos ucranianos observam demolição de prédio residencial atingido por bombas em Borodianka, na região de Kiev, em imagem do dia 13 deste mês Foto: Andrew Kravchenko / AP

Em uma reunião a portas fechadas na semana passada no Banco Nacional da Ucrânia, que agora tem um posto de controle militar do lado de fora de sua sede, funcionários ponderaram o que pode acontecer se os ataques da Rússia se intensificarem. As pessoas podem fugir da Ucrânia em massa, levando seu dinheiro, potencialmente derrubando a moeda nacional enquanto tentam trocar sua hryvnia ucraniana por euros ou dólares.

O governo ucraniano pode ficar sem reservas internacionais para pagar importações críticas e incapaz de cumprir suas obrigações de dívida externa - um cenário apocalíptico conhecido como crise do balanço de pagamentos.

Um cenário terrível previu que a economia da Ucrânia poderia contrair outros 5% no próximo ano, além da contração de 33% neste ano. O primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmihal, em uma conferência internacional de doadores em Paris na terça-feira, disse que a contração no próximo ano pode chegar a 9%, dependendo da gravidade dos contínuos ataques russos.

Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, persiste em sua guerra, a sobrevivência da Ucrânia depende tanto da ajuda econômica externa quanto de armas, e Putin agora parece determinado a tornar essa ajuda tão cara que os apoiadores ocidentais desistam.

Antes do início dos ataques à infraestrutura em 10 de outubro, as autoridades ucranianas estavam otimistas de que a ajuda financeira ocidental lhes permitiria fechar a maior parte, se não a totalidade, de seu enorme déficit orçamentário em 2023.

A União Europeia e os Estados Unidos se comprometeram coletivamente a enviar mais de US$ 30 bilhões para a Ucrânia no próximo ano, embora nem todo esse dinheiro seja formalmente aprovado. Na quinta-feira, os 27 chefes de Estado e de governo da UE, reunidos em Bruxelas, concordaram em fornecer 18 bilhões de euros, ou pouco mais de US$ 19 bilhões, em empréstimos à Ucrânia no próximo ano.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em entrevista após o acordo da União Europeia em fornecer ajuda financeira para a Ucrânia no ano que vem Foto: Olivier Hoslet / EFE

Parte da ajuda prometida para este ano demorou a se concretizar, forçando Kiev a imprimir dinheiro e desvalorizar sua moeda para garantir que sua economia permanecesse competitiva, contribuindo para um aumento da inflação de mais de 20%. Mas esta ajuda, mesmo que chegue, visa apenas manter o país à tona no dia-a-dia. Nem remotamente começa a lidar com as centenas de bilhões em danos causados pela guerra.

A invasão da Rússia destruiu hospitais, portos, campos, pontes e outras partes da infraestrutura crítica do país. As exportações agrícolas foram dizimadas, apesar de um acordo internacional para manter alguns embarques de grãos. Grandes áreas da indústria ucraniana estão em território ocupado. Até um terço das florestas do país foram destruídas.

Em setembro, funcionários das Nações Unidas estimaram que quase 18 milhões de ucranianos precisavam de ajuda humanitária. Com o país à beira de um precipício financeiro, alguns assessores de Zelenski nas últimas semanas ponderaram pedir aos governos ocidentais que financiem pagamentos diretos em dinheiro a cidadãos ucranianos.

Agora, com os sistemas de energia dizimados, Kiev e seus parceiros enfrentam um desafio monumental. Os principais pilares da economia – mineração de carvão, manufatura industrial, tecnologia da informação – não podem funcionar sem eletricidade ou internet. O Banco Mundial alertou que a pobreza pode multiplicar-se por dez. O desemprego, já perto de 30%, deve aumentar ainda mais.

“No caso de apagões totais por períodos mais longos, definitivamente precisaremos obter mais recursos para evitar uma catástrofe humanitária”, disse Sergi Nikolaichuk, vice-presidente do Banco Central da Ucrânia.

As terríveis avaliações refletem algo que as autoridades ucranianas e seus apoiadores ocidentais não gostam de admitir em voz alta: o Kremlin fez da economia da Ucrânia um teatro central da guerra - em que Moscou está tendo muito mais sucesso do que na linha de frente, onde suas tropas têm lutado.

“Como uma economia funciona – enquanto apoia o esforço de guerra – com esse nível de dano à infraestrutura civil? Acho que nunca vimos isso”, disse Simon Johnson, economista do MIT que está em contato com autoridades ucranianas. “Não consigo pensar em nenhuma economia que já tenha tentado fazer isso”. O objetivo da Rússia é exatamente esse: impedir uma reconstrução ou torná-la cara demais ao Ocidente.

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