Análise: Até congressistas democratas evitam falar em impeachment


Numa entrevista à Fox News, o presidente Trump descartou a hipótese de vir a sofrer impeachment. “Não vejo como afastar alguém que está fazendo um grande governo”, afirmou.

Por Paul Waldman

Cada vez mais preocupados com as perdas que possam sofrer em novembro, muitos republicanos estão levantando o espectro do impeachment para motivar as bases partidárias a comparecer em massa às urnas. Entretanto, com o advogado pessoal do presidente dizendo em juízo que cometeu crimes por ordens pessoais do presidente dos EUA, Donald Trump (outros malfeitos virão à tona, suspeito eu), tornou-se difícil evitar o assunto. Mas, como informa o repórter do Post Michel Scherer, líderes democratas no Congresso estão aconselhando os candidatos do partido a tratar cuidadosamente o tema.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

“Um dia após o ex-advogado de Trump implicá-lo em ordenar um crime, líderes democratas aumentaram os ataques eleitorais contra o Partido Republicano, ligando-o à corrupção. Mas, num esforço para manter o foco eleitoral mais em problemas do dia a dia, eles vêm evitando discutir impeachment...

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“Em vez disso, incentivam seus candidatos e parlamentares já eleitos a cobrar o prosseguimento das investigações em andamento no Departamento de Justiça sobre Trump e seus aliados, emitindo um claro sinal de que confiam em que o sentimento nacional contra o presidente vá se manifestar nas urnas sem necessidade de levar aos comícios cobranças que possam dividir o eleitorado.”

Em certos círculos democratas, o conselho será entendido como indício de covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam já haver motivos mais que suficientes para o impedimento de Trump. De fato, não dá para se ignorar uma frustração de décadas do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republicanos com a mesma agressividade destes. Nos últimos dias, muita gente à esquerda qualificou de “admirável, mas ingênua” a afirmação de Michelle Obama de que “quando eles baixam o nível, nós subimos”.

Acreditar que Trump mereça impeachment não significa, substantiva ou politicamente, que isso vá levar os democratas à Casa Branca.

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Primeiro, é preciso se considerar uma realidade: são necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, e nada deve fazer com que 15 ou 20 senadores republicanos (dependendo de quantos republicanos haverá no Senado no próximo ano) votem pela remoção do presidente do cargo. Assim, apoiar o impeachment na verdade significa barrar Trump na Câmara para em seguida vê-lo absolvido pelo Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar-se em conta que a chance de que isso venha a ocorrer é muito pequena.

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP
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Por que deveriam os democratas ponderar cuidadosamente sobre a questão? Não bastaria que seguissem em frente com o que acreditam, e pronto? Não é o que os eleitores esperam de quem disputa uma eleição? Sem dúvida. Mas um candidato pode manifestar seus sentimentos e, ao mesmo tempo, ser realista. Assim, poderia argumentar: “Se eu acho que Trump deve deixar o poder, com base naquilo que já sabemos? Sim. Mas isso não acontecerá até que alguma coisa nova mude radicalmente o interior do Partido Republicano. Portanto, tentar removê-lo agora não levará a nada”.

Não apenas isso. É quase certeza que, quando o procurador especial Robert Muller conlcuir sua investigação, mais será revelado sobre o que Trump e seu entorno fizeram antes, durante e depois da campanha de 2016. Talvez o que venhamos então a saber torne o impeachment mais plausível. Por enquanto, porém, não dá para se prever nada.

Enquanto isso, é mais importante que os democratas discutam o que é possível cobrar do presiden te e de seu governo sem usar o impeachment. E muito pode ser feito nesse sentido se os democratas controlarem apenas uma das duas Casas do Congresso. Eis alguns pontos pelos os quais eles podem confrontar o governo, e Trump pessoalmente, se conquistarem a Câmara dos Deputados:

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- Usar o controle da Comissão de Modos e Meios para ter acesso à devolução de impostos de Trump, para finalmente sabermos o que ele está escondendo.

- Promover audiências para discutir se Trump está lucrando pessoalmente com a presidência, com o envolvimento de seus próprios negócios em transações com governos estrangeiros.

- Investigar, séria e abrangentemente, o ataque cibernético russo na eleição de 2016 e a possível cooperação da campanha de Trump com esse ataque.

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- Investigar acusações de irregularidades levantadas contra funcionários do gabinete presidencial como Wilbur Ross e Ryan Zinke.

- Cobrar explicações do governo sobre políticas administrativas controversas, como adicionar uma pergunta sobre cidadania ao recenceamento, afrouxar as regras para emissão de poluentes, facilitar a escolas privadas fraudar estudantes e separar crianças dos pais na fronteira.

Nada disso tem sido feito, uma vez que os republicanos se recusam a exercer um mínimo de fiscalização sobre o governo. Se e quando os democratas conseguirem assumir esses encargos, estarão cumprindo uma importante função pública – e, sim, colhendo ao mesmo tempo benefícios políticos.

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A verdade é que, embora adoremos debater impeachment em Washington, não há muitos candidatos levantando seriamente essa bandeira. Eles estão mais concentrados em temas como saúde, salários e corrupção do que num eventual e dramático julgamento do presidente. Se forem coagidos a declarar sua posição sobre impeachment, a maioria vai se sair com uma resposta do tipo “vamos ver, mas no momento oportuno. Há coisas mais importantes para se pensar agora”.

O que pode ser mesmo a melhor resposta.

Cada vez mais preocupados com as perdas que possam sofrer em novembro, muitos republicanos estão levantando o espectro do impeachment para motivar as bases partidárias a comparecer em massa às urnas. Entretanto, com o advogado pessoal do presidente dizendo em juízo que cometeu crimes por ordens pessoais do presidente dos EUA, Donald Trump (outros malfeitos virão à tona, suspeito eu), tornou-se difícil evitar o assunto. Mas, como informa o repórter do Post Michel Scherer, líderes democratas no Congresso estão aconselhando os candidatos do partido a tratar cuidadosamente o tema.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

“Um dia após o ex-advogado de Trump implicá-lo em ordenar um crime, líderes democratas aumentaram os ataques eleitorais contra o Partido Republicano, ligando-o à corrupção. Mas, num esforço para manter o foco eleitoral mais em problemas do dia a dia, eles vêm evitando discutir impeachment...

“Em vez disso, incentivam seus candidatos e parlamentares já eleitos a cobrar o prosseguimento das investigações em andamento no Departamento de Justiça sobre Trump e seus aliados, emitindo um claro sinal de que confiam em que o sentimento nacional contra o presidente vá se manifestar nas urnas sem necessidade de levar aos comícios cobranças que possam dividir o eleitorado.”

Em certos círculos democratas, o conselho será entendido como indício de covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam já haver motivos mais que suficientes para o impedimento de Trump. De fato, não dá para se ignorar uma frustração de décadas do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republicanos com a mesma agressividade destes. Nos últimos dias, muita gente à esquerda qualificou de “admirável, mas ingênua” a afirmação de Michelle Obama de que “quando eles baixam o nível, nós subimos”.

Acreditar que Trump mereça impeachment não significa, substantiva ou politicamente, que isso vá levar os democratas à Casa Branca.

Primeiro, é preciso se considerar uma realidade: são necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, e nada deve fazer com que 15 ou 20 senadores republicanos (dependendo de quantos republicanos haverá no Senado no próximo ano) votem pela remoção do presidente do cargo. Assim, apoiar o impeachment na verdade significa barrar Trump na Câmara para em seguida vê-lo absolvido pelo Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar-se em conta que a chance de que isso venha a ocorrer é muito pequena.

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP

Por que deveriam os democratas ponderar cuidadosamente sobre a questão? Não bastaria que seguissem em frente com o que acreditam, e pronto? Não é o que os eleitores esperam de quem disputa uma eleição? Sem dúvida. Mas um candidato pode manifestar seus sentimentos e, ao mesmo tempo, ser realista. Assim, poderia argumentar: “Se eu acho que Trump deve deixar o poder, com base naquilo que já sabemos? Sim. Mas isso não acontecerá até que alguma coisa nova mude radicalmente o interior do Partido Republicano. Portanto, tentar removê-lo agora não levará a nada”.

Não apenas isso. É quase certeza que, quando o procurador especial Robert Muller conlcuir sua investigação, mais será revelado sobre o que Trump e seu entorno fizeram antes, durante e depois da campanha de 2016. Talvez o que venhamos então a saber torne o impeachment mais plausível. Por enquanto, porém, não dá para se prever nada.

Enquanto isso, é mais importante que os democratas discutam o que é possível cobrar do presiden te e de seu governo sem usar o impeachment. E muito pode ser feito nesse sentido se os democratas controlarem apenas uma das duas Casas do Congresso. Eis alguns pontos pelos os quais eles podem confrontar o governo, e Trump pessoalmente, se conquistarem a Câmara dos Deputados:

- Usar o controle da Comissão de Modos e Meios para ter acesso à devolução de impostos de Trump, para finalmente sabermos o que ele está escondendo.

- Promover audiências para discutir se Trump está lucrando pessoalmente com a presidência, com o envolvimento de seus próprios negócios em transações com governos estrangeiros.

- Investigar, séria e abrangentemente, o ataque cibernético russo na eleição de 2016 e a possível cooperação da campanha de Trump com esse ataque.

- Investigar acusações de irregularidades levantadas contra funcionários do gabinete presidencial como Wilbur Ross e Ryan Zinke.

- Cobrar explicações do governo sobre políticas administrativas controversas, como adicionar uma pergunta sobre cidadania ao recenceamento, afrouxar as regras para emissão de poluentes, facilitar a escolas privadas fraudar estudantes e separar crianças dos pais na fronteira.

Nada disso tem sido feito, uma vez que os republicanos se recusam a exercer um mínimo de fiscalização sobre o governo. Se e quando os democratas conseguirem assumir esses encargos, estarão cumprindo uma importante função pública – e, sim, colhendo ao mesmo tempo benefícios políticos.

A verdade é que, embora adoremos debater impeachment em Washington, não há muitos candidatos levantando seriamente essa bandeira. Eles estão mais concentrados em temas como saúde, salários e corrupção do que num eventual e dramático julgamento do presidente. Se forem coagidos a declarar sua posição sobre impeachment, a maioria vai se sair com uma resposta do tipo “vamos ver, mas no momento oportuno. Há coisas mais importantes para se pensar agora”.

O que pode ser mesmo a melhor resposta.

Cada vez mais preocupados com as perdas que possam sofrer em novembro, muitos republicanos estão levantando o espectro do impeachment para motivar as bases partidárias a comparecer em massa às urnas. Entretanto, com o advogado pessoal do presidente dizendo em juízo que cometeu crimes por ordens pessoais do presidente dos EUA, Donald Trump (outros malfeitos virão à tona, suspeito eu), tornou-se difícil evitar o assunto. Mas, como informa o repórter do Post Michel Scherer, líderes democratas no Congresso estão aconselhando os candidatos do partido a tratar cuidadosamente o tema.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

“Um dia após o ex-advogado de Trump implicá-lo em ordenar um crime, líderes democratas aumentaram os ataques eleitorais contra o Partido Republicano, ligando-o à corrupção. Mas, num esforço para manter o foco eleitoral mais em problemas do dia a dia, eles vêm evitando discutir impeachment...

“Em vez disso, incentivam seus candidatos e parlamentares já eleitos a cobrar o prosseguimento das investigações em andamento no Departamento de Justiça sobre Trump e seus aliados, emitindo um claro sinal de que confiam em que o sentimento nacional contra o presidente vá se manifestar nas urnas sem necessidade de levar aos comícios cobranças que possam dividir o eleitorado.”

Em certos círculos democratas, o conselho será entendido como indício de covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam já haver motivos mais que suficientes para o impedimento de Trump. De fato, não dá para se ignorar uma frustração de décadas do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republicanos com a mesma agressividade destes. Nos últimos dias, muita gente à esquerda qualificou de “admirável, mas ingênua” a afirmação de Michelle Obama de que “quando eles baixam o nível, nós subimos”.

Acreditar que Trump mereça impeachment não significa, substantiva ou politicamente, que isso vá levar os democratas à Casa Branca.

Primeiro, é preciso se considerar uma realidade: são necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, e nada deve fazer com que 15 ou 20 senadores republicanos (dependendo de quantos republicanos haverá no Senado no próximo ano) votem pela remoção do presidente do cargo. Assim, apoiar o impeachment na verdade significa barrar Trump na Câmara para em seguida vê-lo absolvido pelo Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar-se em conta que a chance de que isso venha a ocorrer é muito pequena.

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP

Por que deveriam os democratas ponderar cuidadosamente sobre a questão? Não bastaria que seguissem em frente com o que acreditam, e pronto? Não é o que os eleitores esperam de quem disputa uma eleição? Sem dúvida. Mas um candidato pode manifestar seus sentimentos e, ao mesmo tempo, ser realista. Assim, poderia argumentar: “Se eu acho que Trump deve deixar o poder, com base naquilo que já sabemos? Sim. Mas isso não acontecerá até que alguma coisa nova mude radicalmente o interior do Partido Republicano. Portanto, tentar removê-lo agora não levará a nada”.

Não apenas isso. É quase certeza que, quando o procurador especial Robert Muller conlcuir sua investigação, mais será revelado sobre o que Trump e seu entorno fizeram antes, durante e depois da campanha de 2016. Talvez o que venhamos então a saber torne o impeachment mais plausível. Por enquanto, porém, não dá para se prever nada.

Enquanto isso, é mais importante que os democratas discutam o que é possível cobrar do presiden te e de seu governo sem usar o impeachment. E muito pode ser feito nesse sentido se os democratas controlarem apenas uma das duas Casas do Congresso. Eis alguns pontos pelos os quais eles podem confrontar o governo, e Trump pessoalmente, se conquistarem a Câmara dos Deputados:

- Usar o controle da Comissão de Modos e Meios para ter acesso à devolução de impostos de Trump, para finalmente sabermos o que ele está escondendo.

- Promover audiências para discutir se Trump está lucrando pessoalmente com a presidência, com o envolvimento de seus próprios negócios em transações com governos estrangeiros.

- Investigar, séria e abrangentemente, o ataque cibernético russo na eleição de 2016 e a possível cooperação da campanha de Trump com esse ataque.

- Investigar acusações de irregularidades levantadas contra funcionários do gabinete presidencial como Wilbur Ross e Ryan Zinke.

- Cobrar explicações do governo sobre políticas administrativas controversas, como adicionar uma pergunta sobre cidadania ao recenceamento, afrouxar as regras para emissão de poluentes, facilitar a escolas privadas fraudar estudantes e separar crianças dos pais na fronteira.

Nada disso tem sido feito, uma vez que os republicanos se recusam a exercer um mínimo de fiscalização sobre o governo. Se e quando os democratas conseguirem assumir esses encargos, estarão cumprindo uma importante função pública – e, sim, colhendo ao mesmo tempo benefícios políticos.

A verdade é que, embora adoremos debater impeachment em Washington, não há muitos candidatos levantando seriamente essa bandeira. Eles estão mais concentrados em temas como saúde, salários e corrupção do que num eventual e dramático julgamento do presidente. Se forem coagidos a declarar sua posição sobre impeachment, a maioria vai se sair com uma resposta do tipo “vamos ver, mas no momento oportuno. Há coisas mais importantes para se pensar agora”.

O que pode ser mesmo a melhor resposta.

Cada vez mais preocupados com as perdas que possam sofrer em novembro, muitos republicanos estão levantando o espectro do impeachment para motivar as bases partidárias a comparecer em massa às urnas. Entretanto, com o advogado pessoal do presidente dizendo em juízo que cometeu crimes por ordens pessoais do presidente dos EUA, Donald Trump (outros malfeitos virão à tona, suspeito eu), tornou-se difícil evitar o assunto. Mas, como informa o repórter do Post Michel Scherer, líderes democratas no Congresso estão aconselhando os candidatos do partido a tratar cuidadosamente o tema.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

“Um dia após o ex-advogado de Trump implicá-lo em ordenar um crime, líderes democratas aumentaram os ataques eleitorais contra o Partido Republicano, ligando-o à corrupção. Mas, num esforço para manter o foco eleitoral mais em problemas do dia a dia, eles vêm evitando discutir impeachment...

“Em vez disso, incentivam seus candidatos e parlamentares já eleitos a cobrar o prosseguimento das investigações em andamento no Departamento de Justiça sobre Trump e seus aliados, emitindo um claro sinal de que confiam em que o sentimento nacional contra o presidente vá se manifestar nas urnas sem necessidade de levar aos comícios cobranças que possam dividir o eleitorado.”

Em certos círculos democratas, o conselho será entendido como indício de covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam já haver motivos mais que suficientes para o impedimento de Trump. De fato, não dá para se ignorar uma frustração de décadas do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republicanos com a mesma agressividade destes. Nos últimos dias, muita gente à esquerda qualificou de “admirável, mas ingênua” a afirmação de Michelle Obama de que “quando eles baixam o nível, nós subimos”.

Acreditar que Trump mereça impeachment não significa, substantiva ou politicamente, que isso vá levar os democratas à Casa Branca.

Primeiro, é preciso se considerar uma realidade: são necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, e nada deve fazer com que 15 ou 20 senadores republicanos (dependendo de quantos republicanos haverá no Senado no próximo ano) votem pela remoção do presidente do cargo. Assim, apoiar o impeachment na verdade significa barrar Trump na Câmara para em seguida vê-lo absolvido pelo Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar-se em conta que a chance de que isso venha a ocorrer é muito pequena.

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP

Por que deveriam os democratas ponderar cuidadosamente sobre a questão? Não bastaria que seguissem em frente com o que acreditam, e pronto? Não é o que os eleitores esperam de quem disputa uma eleição? Sem dúvida. Mas um candidato pode manifestar seus sentimentos e, ao mesmo tempo, ser realista. Assim, poderia argumentar: “Se eu acho que Trump deve deixar o poder, com base naquilo que já sabemos? Sim. Mas isso não acontecerá até que alguma coisa nova mude radicalmente o interior do Partido Republicano. Portanto, tentar removê-lo agora não levará a nada”.

Não apenas isso. É quase certeza que, quando o procurador especial Robert Muller conlcuir sua investigação, mais será revelado sobre o que Trump e seu entorno fizeram antes, durante e depois da campanha de 2016. Talvez o que venhamos então a saber torne o impeachment mais plausível. Por enquanto, porém, não dá para se prever nada.

Enquanto isso, é mais importante que os democratas discutam o que é possível cobrar do presiden te e de seu governo sem usar o impeachment. E muito pode ser feito nesse sentido se os democratas controlarem apenas uma das duas Casas do Congresso. Eis alguns pontos pelos os quais eles podem confrontar o governo, e Trump pessoalmente, se conquistarem a Câmara dos Deputados:

- Usar o controle da Comissão de Modos e Meios para ter acesso à devolução de impostos de Trump, para finalmente sabermos o que ele está escondendo.

- Promover audiências para discutir se Trump está lucrando pessoalmente com a presidência, com o envolvimento de seus próprios negócios em transações com governos estrangeiros.

- Investigar, séria e abrangentemente, o ataque cibernético russo na eleição de 2016 e a possível cooperação da campanha de Trump com esse ataque.

- Investigar acusações de irregularidades levantadas contra funcionários do gabinete presidencial como Wilbur Ross e Ryan Zinke.

- Cobrar explicações do governo sobre políticas administrativas controversas, como adicionar uma pergunta sobre cidadania ao recenceamento, afrouxar as regras para emissão de poluentes, facilitar a escolas privadas fraudar estudantes e separar crianças dos pais na fronteira.

Nada disso tem sido feito, uma vez que os republicanos se recusam a exercer um mínimo de fiscalização sobre o governo. Se e quando os democratas conseguirem assumir esses encargos, estarão cumprindo uma importante função pública – e, sim, colhendo ao mesmo tempo benefícios políticos.

A verdade é que, embora adoremos debater impeachment em Washington, não há muitos candidatos levantando seriamente essa bandeira. Eles estão mais concentrados em temas como saúde, salários e corrupção do que num eventual e dramático julgamento do presidente. Se forem coagidos a declarar sua posição sobre impeachment, a maioria vai se sair com uma resposta do tipo “vamos ver, mas no momento oportuno. Há coisas mais importantes para se pensar agora”.

O que pode ser mesmo a melhor resposta.

Cada vez mais preocupados com as perdas que possam sofrer em novembro, muitos republicanos estão levantando o espectro do impeachment para motivar as bases partidárias a comparecer em massa às urnas. Entretanto, com o advogado pessoal do presidente dizendo em juízo que cometeu crimes por ordens pessoais do presidente dos EUA, Donald Trump (outros malfeitos virão à tona, suspeito eu), tornou-se difícil evitar o assunto. Mas, como informa o repórter do Post Michel Scherer, líderes democratas no Congresso estão aconselhando os candidatos do partido a tratar cuidadosamente o tema.

"Não sei como você pode submeter a um impeachment alguém que tem feito um grande trabalho", disse Trump durante entrevista Foto: Leah Millis / Reuters

“Um dia após o ex-advogado de Trump implicá-lo em ordenar um crime, líderes democratas aumentaram os ataques eleitorais contra o Partido Republicano, ligando-o à corrupção. Mas, num esforço para manter o foco eleitoral mais em problemas do dia a dia, eles vêm evitando discutir impeachment...

“Em vez disso, incentivam seus candidatos e parlamentares já eleitos a cobrar o prosseguimento das investigações em andamento no Departamento de Justiça sobre Trump e seus aliados, emitindo um claro sinal de que confiam em que o sentimento nacional contra o presidente vá se manifestar nas urnas sem necessidade de levar aos comícios cobranças que possam dividir o eleitorado.”

Em certos círculos democratas, o conselho será entendido como indício de covardia, pois não há dúvida de que muitos eleitores democratas acreditam já haver motivos mais que suficientes para o impedimento de Trump. De fato, não dá para se ignorar uma frustração de décadas do eleitorado democrata com políticos que evitam confrontar os republicanos com a mesma agressividade destes. Nos últimos dias, muita gente à esquerda qualificou de “admirável, mas ingênua” a afirmação de Michelle Obama de que “quando eles baixam o nível, nós subimos”.

Acreditar que Trump mereça impeachment não significa, substantiva ou politicamente, que isso vá levar os democratas à Casa Branca.

Primeiro, é preciso se considerar uma realidade: são necessários 67 votos para condenar Trump no Senado, e nada deve fazer com que 15 ou 20 senadores republicanos (dependendo de quantos republicanos haverá no Senado no próximo ano) votem pela remoção do presidente do cargo. Assim, apoiar o impeachment na verdade significa barrar Trump na Câmara para em seguida vê-lo absolvido pelo Senado.

Pode-se argumentar que, mesmo assim vale a pena tentar. Mas, se a intenção for realmente tirar Trump do poder, é preciso levar-se em conta que a chance de que isso venha a ocorrer é muito pequena.

Michael Cohen ePaul Manafort são as principais ameaças a Donald Trump Foto: Andres Kudacki / The New York Times; Shawn Thew / EFE; Mandel Ngan / AFP

Por que deveriam os democratas ponderar cuidadosamente sobre a questão? Não bastaria que seguissem em frente com o que acreditam, e pronto? Não é o que os eleitores esperam de quem disputa uma eleição? Sem dúvida. Mas um candidato pode manifestar seus sentimentos e, ao mesmo tempo, ser realista. Assim, poderia argumentar: “Se eu acho que Trump deve deixar o poder, com base naquilo que já sabemos? Sim. Mas isso não acontecerá até que alguma coisa nova mude radicalmente o interior do Partido Republicano. Portanto, tentar removê-lo agora não levará a nada”.

Não apenas isso. É quase certeza que, quando o procurador especial Robert Muller conlcuir sua investigação, mais será revelado sobre o que Trump e seu entorno fizeram antes, durante e depois da campanha de 2016. Talvez o que venhamos então a saber torne o impeachment mais plausível. Por enquanto, porém, não dá para se prever nada.

Enquanto isso, é mais importante que os democratas discutam o que é possível cobrar do presiden te e de seu governo sem usar o impeachment. E muito pode ser feito nesse sentido se os democratas controlarem apenas uma das duas Casas do Congresso. Eis alguns pontos pelos os quais eles podem confrontar o governo, e Trump pessoalmente, se conquistarem a Câmara dos Deputados:

- Usar o controle da Comissão de Modos e Meios para ter acesso à devolução de impostos de Trump, para finalmente sabermos o que ele está escondendo.

- Promover audiências para discutir se Trump está lucrando pessoalmente com a presidência, com o envolvimento de seus próprios negócios em transações com governos estrangeiros.

- Investigar, séria e abrangentemente, o ataque cibernético russo na eleição de 2016 e a possível cooperação da campanha de Trump com esse ataque.

- Investigar acusações de irregularidades levantadas contra funcionários do gabinete presidencial como Wilbur Ross e Ryan Zinke.

- Cobrar explicações do governo sobre políticas administrativas controversas, como adicionar uma pergunta sobre cidadania ao recenceamento, afrouxar as regras para emissão de poluentes, facilitar a escolas privadas fraudar estudantes e separar crianças dos pais na fronteira.

Nada disso tem sido feito, uma vez que os republicanos se recusam a exercer um mínimo de fiscalização sobre o governo. Se e quando os democratas conseguirem assumir esses encargos, estarão cumprindo uma importante função pública – e, sim, colhendo ao mesmo tempo benefícios políticos.

A verdade é que, embora adoremos debater impeachment em Washington, não há muitos candidatos levantando seriamente essa bandeira. Eles estão mais concentrados em temas como saúde, salários e corrupção do que num eventual e dramático julgamento do presidente. Se forem coagidos a declarar sua posição sobre impeachment, a maioria vai se sair com uma resposta do tipo “vamos ver, mas no momento oportuno. Há coisas mais importantes para se pensar agora”.

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