Análise: Mudança de regime na Venezuela é discutida abertamente


A noção de usar a força para derrubar Nicolás Maduro ganha adeptos, embora continue minoritária

Quando Donald Trump disse há um ano que os EUA avaliavam uma “opção militar” na Venezuela, quase ninguém achou que era uma boa ideia. Hoje, enquanto o país entra em colapso, o apoio a essa medida é abertamente discutido. A noção de usar a força para derrubar Nicolás Maduro ganha adeptos, embora continue minoritária. Marco Rubio, senador republicano da Flórida, disse que há anos procura uma solução pacífica para a Venezuela, mas agora existe um “argumento muito forte” de que o país é uma ameaça à segurança dos EUA que pede a participação dos militares americanos.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, segura cópia da Constituição venezuelana durante coletiva de imprensa em Caracas. Foto: Bloomberg/Carlos Becerra

Na Colômbia, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que a intervenção militar não deve ser descartada, embora mais tarde ele tenha sugerido ter sido mal interpretado. Na terça-feira, Trump voltou ao assunto. “É um regime que deveria ser derrubado rapidamente, se os militares quiserem.” 

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Esta semana, Fernando Cutz, ex-consultor do Conselho de Segurança Nacional, disse que uma intervenção militar multilateral poderia ser a melhor solução para a Venezuela. Parte do que está mudando é a percepção de que o Exército venezuelano, há muito tempo visto como espinha dorsal do governo, mostra fissuras cada vez maiores.

No ano passado, houve várias pequenas tentativas militares de derrubar Maduro, incluindo o uso de um drone em uma parada militar. Alguns exilados venezuelanos também apoiam a ideia. O líder da oposição, Antonio Ledezma, pediu uma “intervenção humanitária”, enquanto o professor Ricardo Hausmann, economista de Harvard, diz que a solução passa “pela mudança de regime”.

De sua parte, o governo intensificou a repressão, usando as tentativas de golpe e percebendo a ameaça de um ataque como pretexto para prender opositores. Somando-se isso à sensação de que Washington possa estar se aquecendo para a intervenção, os falcões da área de segurança estão assumindo posições no governo. 

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Historicamente, as intervenções americanas tiveram resultados fracos. Séculos de ações criaram hostilidade na América Latina e qualquer movimento para derrubar Maduro enfrentará a oposição dos vizinhos da Venezuela, que temem um banho de sangue. Hausmann, no entanto, rejeita o argumento. “As Forças Armadas da Venezuela estão entrando em colapso”, disse. “Os militares não têm capacitação operacional e não são uma ameaça militar a ninguém.”

David Smilde, especialista da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, é contra a intervenção, mas diz que Trump pode fazer exatamente isso se achar que precisa de uma vitória em política externa com a reeleição se aproximando. “Em razão da falta de alternativas democráticas e da crise migratória, não é surpresa que essa conversa de intervenção esteja se disseminando. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Quando Donald Trump disse há um ano que os EUA avaliavam uma “opção militar” na Venezuela, quase ninguém achou que era uma boa ideia. Hoje, enquanto o país entra em colapso, o apoio a essa medida é abertamente discutido. A noção de usar a força para derrubar Nicolás Maduro ganha adeptos, embora continue minoritária. Marco Rubio, senador republicano da Flórida, disse que há anos procura uma solução pacífica para a Venezuela, mas agora existe um “argumento muito forte” de que o país é uma ameaça à segurança dos EUA que pede a participação dos militares americanos.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, segura cópia da Constituição venezuelana durante coletiva de imprensa em Caracas. Foto: Bloomberg/Carlos Becerra

Na Colômbia, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que a intervenção militar não deve ser descartada, embora mais tarde ele tenha sugerido ter sido mal interpretado. Na terça-feira, Trump voltou ao assunto. “É um regime que deveria ser derrubado rapidamente, se os militares quiserem.” 

Esta semana, Fernando Cutz, ex-consultor do Conselho de Segurança Nacional, disse que uma intervenção militar multilateral poderia ser a melhor solução para a Venezuela. Parte do que está mudando é a percepção de que o Exército venezuelano, há muito tempo visto como espinha dorsal do governo, mostra fissuras cada vez maiores.

No ano passado, houve várias pequenas tentativas militares de derrubar Maduro, incluindo o uso de um drone em uma parada militar. Alguns exilados venezuelanos também apoiam a ideia. O líder da oposição, Antonio Ledezma, pediu uma “intervenção humanitária”, enquanto o professor Ricardo Hausmann, economista de Harvard, diz que a solução passa “pela mudança de regime”.

De sua parte, o governo intensificou a repressão, usando as tentativas de golpe e percebendo a ameaça de um ataque como pretexto para prender opositores. Somando-se isso à sensação de que Washington possa estar se aquecendo para a intervenção, os falcões da área de segurança estão assumindo posições no governo. 

Historicamente, as intervenções americanas tiveram resultados fracos. Séculos de ações criaram hostilidade na América Latina e qualquer movimento para derrubar Maduro enfrentará a oposição dos vizinhos da Venezuela, que temem um banho de sangue. Hausmann, no entanto, rejeita o argumento. “As Forças Armadas da Venezuela estão entrando em colapso”, disse. “Os militares não têm capacitação operacional e não são uma ameaça militar a ninguém.”

David Smilde, especialista da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, é contra a intervenção, mas diz que Trump pode fazer exatamente isso se achar que precisa de uma vitória em política externa com a reeleição se aproximando. “Em razão da falta de alternativas democráticas e da crise migratória, não é surpresa que essa conversa de intervenção esteja se disseminando. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

Quando Donald Trump disse há um ano que os EUA avaliavam uma “opção militar” na Venezuela, quase ninguém achou que era uma boa ideia. Hoje, enquanto o país entra em colapso, o apoio a essa medida é abertamente discutido. A noção de usar a força para derrubar Nicolás Maduro ganha adeptos, embora continue minoritária. Marco Rubio, senador republicano da Flórida, disse que há anos procura uma solução pacífica para a Venezuela, mas agora existe um “argumento muito forte” de que o país é uma ameaça à segurança dos EUA que pede a participação dos militares americanos.

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, segura cópia da Constituição venezuelana durante coletiva de imprensa em Caracas. Foto: Bloomberg/Carlos Becerra

Na Colômbia, o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que a intervenção militar não deve ser descartada, embora mais tarde ele tenha sugerido ter sido mal interpretado. Na terça-feira, Trump voltou ao assunto. “É um regime que deveria ser derrubado rapidamente, se os militares quiserem.” 

Esta semana, Fernando Cutz, ex-consultor do Conselho de Segurança Nacional, disse que uma intervenção militar multilateral poderia ser a melhor solução para a Venezuela. Parte do que está mudando é a percepção de que o Exército venezuelano, há muito tempo visto como espinha dorsal do governo, mostra fissuras cada vez maiores.

No ano passado, houve várias pequenas tentativas militares de derrubar Maduro, incluindo o uso de um drone em uma parada militar. Alguns exilados venezuelanos também apoiam a ideia. O líder da oposição, Antonio Ledezma, pediu uma “intervenção humanitária”, enquanto o professor Ricardo Hausmann, economista de Harvard, diz que a solução passa “pela mudança de regime”.

De sua parte, o governo intensificou a repressão, usando as tentativas de golpe e percebendo a ameaça de um ataque como pretexto para prender opositores. Somando-se isso à sensação de que Washington possa estar se aquecendo para a intervenção, os falcões da área de segurança estão assumindo posições no governo. 

Historicamente, as intervenções americanas tiveram resultados fracos. Séculos de ações criaram hostilidade na América Latina e qualquer movimento para derrubar Maduro enfrentará a oposição dos vizinhos da Venezuela, que temem um banho de sangue. Hausmann, no entanto, rejeita o argumento. “As Forças Armadas da Venezuela estão entrando em colapso”, disse. “Os militares não têm capacitação operacional e não são uma ameaça militar a ninguém.”

David Smilde, especialista da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, é contra a intervenção, mas diz que Trump pode fazer exatamente isso se achar que precisa de uma vitória em política externa com a reeleição se aproximando. “Em razão da falta de alternativas democráticas e da crise migratória, não é surpresa que essa conversa de intervenção esteja se disseminando. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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