ANÁLISE: Presidente perdeu a batalha pelo muro na fronteira


A catástrofe do muro na fronteira com o México é, em muitos aspectos, o resultado inevitável de uma campanha e uma presidência calcada na demagogia e na desonestidade

Por Jennifer Rubin e W. POST

O importante a compreender é que o presidente dos EUADonald Trumpfracassou inteira e irreversivelmente na questão que foi sua assinatura de campanha. A catástrofe do muro na fronteira com o México é, em muitos aspectos, o resultado inevitável de uma campanha e uma presidência calcada na demagogia e na desonestidade. Vejamos como chegamos até aqui.

Trump fez comício em El Paso, no Texas, em defesa da construção do muro na fronteira com o México Foto: Susan Walsh / AP

Tudo começou com um charlatão disputando a vaga de presidente valendo-se do agravo e do ressentimento branco. E a maior mentira que contou foi que o ex-presidente Barack Obama não havia nascido nos Estados Unidos e era um velho praticante do alarmismo racial ( ou seja, suas demandas pela pena de morte para os cinco do Central Park). Trump percebeu que poderia obter votos com a mesma facilidade com que conseguia embolsar as mensalidades pagas à Universidade Trump disseminando uma série de falsidades interligadas. 

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A fronteira estava fora de controle. Os imigrantes ilegais estavam entrando nos Estados Unidos, roubando os empregos e reduzindo os salários dos americanos da classe média e eram os responsáveis por uma onda de crimes em massa. Nada disto era verdade, mas tampouco era verdadeira a história de que Obama não havia nascido nos Estados Unidos. (Mais imigrantes mexicanos estão deixando os Estados Unidos do que entrando; o governo Obama adotou uma interdição geral, deportando números recorde de imigrantes; e os imigrantes não roubaram empregos, como a baixa taxa de desemprego no país atesta – e os salários caíram apenas para um pequeno número de trabalhadores sem curso médio, e a criminalidade ainda registra números baixíssimos).

A mentira seguinte, na verdade um recurso mnemônico, de acordo com um dos seus coordenadores de campanha: Trump disse às multidões em seus comícios durante a eleição de 2016 que construiria um muro para impedir a entrada dos mexicanos e que o México pagaria por ele. Algo que jamais seria economicamente viável. Tal empreitada implicaria disputas prolongadas com proprietários de terras e exigiria um exercício sem precedentes envolvendo os poderes do governo para expropriar propriedade privada. De início a ideia do muro não solucionava problemas reais, como o das pessoas com vistos de permanência vencidos e o contrabando pelos portos de entrada. Fora da estreita base de Trump, a ideia nunca foi popular.

Quando venceu inesperadamente a eleição, Trump teve de encontrar um modo de cumprir sua promessa. Durante dois anos ele nada fez. Espalhou um boato quando as eleições de meio de mandato se aproximavam e depois no contexto do financiamento do governo: caravanas de criminosos imigrantes com doenças e terroristas do Oriente Médio (!) estavam chegando maciçamente à fronteira.

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O fato de estarem a centenas de quilômetros de distância e em grande parte serem famílias fugindo da perseguição e da violência na América Central não importava para Trump. Após a derrota humilhante nas eleições de meio de mandato, a emergência falsa era uma maneira de reavivar e reforçar sua relação com sua base.

E então surgiu um problema. A mentira de Trump sobre a “emergência” na fronteira foi avidamente consumida pelas agências de notícias de direita que a usaram para alvoroçar seu público. Que acatou a mentira, ou fingiu que aceitou. Trump estava disposto a fazer um acordo para financiar o governo sem nenhum muro quando Sean Hanitty, o mestre manipulador de Trump, Laura Ingraham e Ann Coulter passaram a atacar o projeto de lei de financiamento provisório do governo, de modo que Trump fechou o governo, dando a impressão (falsa, mais uma vez) de que os democratas da Câmara se curvariam e, além do que, ninguém gosta do governo e todos os funcionários são democratas, certo?

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O presidente Donald Trump leva nesta segunda-feira sua campanha a favor do muro na fronteira com o México à cidade fronteiriça de El Paso, quatro dias antes de acabar o prazo o financiamento do orçamento nacional.

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Trump capitulou depois de 35 dias e voltou a enganar novamente a sua base. Estava “orgulhoso” de aceitar o acordo, disse ele no encontro no Rose Garden, pretextando que não havia sido vencido. Mas foi. Em vez de admitir a derrota quando os negociadores alcançaram um acordo para evitar uma outra paralisação do governo, Trump reiterou duas mentiras: o muro já estava sendo construído e ele poderia transferir os fundos necessários sem o Congresso. (Neste caso, porque a paralisação? Não pergunte!)

No final, Trump nunca conseguiu ter seu muro. E nunca o terá. Agora, os seus seguidores e apologistas devem estar perguntando: se ele mentiu a respeito disto, podemos confiar nele em outros assuntos? Eu lamento informar a eles, mas não podem. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

O importante a compreender é que o presidente dos EUADonald Trumpfracassou inteira e irreversivelmente na questão que foi sua assinatura de campanha. A catástrofe do muro na fronteira com o México é, em muitos aspectos, o resultado inevitável de uma campanha e uma presidência calcada na demagogia e na desonestidade. Vejamos como chegamos até aqui.

Trump fez comício em El Paso, no Texas, em defesa da construção do muro na fronteira com o México Foto: Susan Walsh / AP

Tudo começou com um charlatão disputando a vaga de presidente valendo-se do agravo e do ressentimento branco. E a maior mentira que contou foi que o ex-presidente Barack Obama não havia nascido nos Estados Unidos e era um velho praticante do alarmismo racial ( ou seja, suas demandas pela pena de morte para os cinco do Central Park). Trump percebeu que poderia obter votos com a mesma facilidade com que conseguia embolsar as mensalidades pagas à Universidade Trump disseminando uma série de falsidades interligadas. 

A fronteira estava fora de controle. Os imigrantes ilegais estavam entrando nos Estados Unidos, roubando os empregos e reduzindo os salários dos americanos da classe média e eram os responsáveis por uma onda de crimes em massa. Nada disto era verdade, mas tampouco era verdadeira a história de que Obama não havia nascido nos Estados Unidos. (Mais imigrantes mexicanos estão deixando os Estados Unidos do que entrando; o governo Obama adotou uma interdição geral, deportando números recorde de imigrantes; e os imigrantes não roubaram empregos, como a baixa taxa de desemprego no país atesta – e os salários caíram apenas para um pequeno número de trabalhadores sem curso médio, e a criminalidade ainda registra números baixíssimos).

A mentira seguinte, na verdade um recurso mnemônico, de acordo com um dos seus coordenadores de campanha: Trump disse às multidões em seus comícios durante a eleição de 2016 que construiria um muro para impedir a entrada dos mexicanos e que o México pagaria por ele. Algo que jamais seria economicamente viável. Tal empreitada implicaria disputas prolongadas com proprietários de terras e exigiria um exercício sem precedentes envolvendo os poderes do governo para expropriar propriedade privada. De início a ideia do muro não solucionava problemas reais, como o das pessoas com vistos de permanência vencidos e o contrabando pelos portos de entrada. Fora da estreita base de Trump, a ideia nunca foi popular.

Quando venceu inesperadamente a eleição, Trump teve de encontrar um modo de cumprir sua promessa. Durante dois anos ele nada fez. Espalhou um boato quando as eleições de meio de mandato se aproximavam e depois no contexto do financiamento do governo: caravanas de criminosos imigrantes com doenças e terroristas do Oriente Médio (!) estavam chegando maciçamente à fronteira.

O fato de estarem a centenas de quilômetros de distância e em grande parte serem famílias fugindo da perseguição e da violência na América Central não importava para Trump. Após a derrota humilhante nas eleições de meio de mandato, a emergência falsa era uma maneira de reavivar e reforçar sua relação com sua base.

E então surgiu um problema. A mentira de Trump sobre a “emergência” na fronteira foi avidamente consumida pelas agências de notícias de direita que a usaram para alvoroçar seu público. Que acatou a mentira, ou fingiu que aceitou. Trump estava disposto a fazer um acordo para financiar o governo sem nenhum muro quando Sean Hanitty, o mestre manipulador de Trump, Laura Ingraham e Ann Coulter passaram a atacar o projeto de lei de financiamento provisório do governo, de modo que Trump fechou o governo, dando a impressão (falsa, mais uma vez) de que os democratas da Câmara se curvariam e, além do que, ninguém gosta do governo e todos os funcionários são democratas, certo?

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Trump capitulou depois de 35 dias e voltou a enganar novamente a sua base. Estava “orgulhoso” de aceitar o acordo, disse ele no encontro no Rose Garden, pretextando que não havia sido vencido. Mas foi. Em vez de admitir a derrota quando os negociadores alcançaram um acordo para evitar uma outra paralisação do governo, Trump reiterou duas mentiras: o muro já estava sendo construído e ele poderia transferir os fundos necessários sem o Congresso. (Neste caso, porque a paralisação? Não pergunte!)

No final, Trump nunca conseguiu ter seu muro. E nunca o terá. Agora, os seus seguidores e apologistas devem estar perguntando: se ele mentiu a respeito disto, podemos confiar nele em outros assuntos? Eu lamento informar a eles, mas não podem. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

O importante a compreender é que o presidente dos EUADonald Trumpfracassou inteira e irreversivelmente na questão que foi sua assinatura de campanha. A catástrofe do muro na fronteira com o México é, em muitos aspectos, o resultado inevitável de uma campanha e uma presidência calcada na demagogia e na desonestidade. Vejamos como chegamos até aqui.

Trump fez comício em El Paso, no Texas, em defesa da construção do muro na fronteira com o México Foto: Susan Walsh / AP

Tudo começou com um charlatão disputando a vaga de presidente valendo-se do agravo e do ressentimento branco. E a maior mentira que contou foi que o ex-presidente Barack Obama não havia nascido nos Estados Unidos e era um velho praticante do alarmismo racial ( ou seja, suas demandas pela pena de morte para os cinco do Central Park). Trump percebeu que poderia obter votos com a mesma facilidade com que conseguia embolsar as mensalidades pagas à Universidade Trump disseminando uma série de falsidades interligadas. 

A fronteira estava fora de controle. Os imigrantes ilegais estavam entrando nos Estados Unidos, roubando os empregos e reduzindo os salários dos americanos da classe média e eram os responsáveis por uma onda de crimes em massa. Nada disto era verdade, mas tampouco era verdadeira a história de que Obama não havia nascido nos Estados Unidos. (Mais imigrantes mexicanos estão deixando os Estados Unidos do que entrando; o governo Obama adotou uma interdição geral, deportando números recorde de imigrantes; e os imigrantes não roubaram empregos, como a baixa taxa de desemprego no país atesta – e os salários caíram apenas para um pequeno número de trabalhadores sem curso médio, e a criminalidade ainda registra números baixíssimos).

A mentira seguinte, na verdade um recurso mnemônico, de acordo com um dos seus coordenadores de campanha: Trump disse às multidões em seus comícios durante a eleição de 2016 que construiria um muro para impedir a entrada dos mexicanos e que o México pagaria por ele. Algo que jamais seria economicamente viável. Tal empreitada implicaria disputas prolongadas com proprietários de terras e exigiria um exercício sem precedentes envolvendo os poderes do governo para expropriar propriedade privada. De início a ideia do muro não solucionava problemas reais, como o das pessoas com vistos de permanência vencidos e o contrabando pelos portos de entrada. Fora da estreita base de Trump, a ideia nunca foi popular.

Quando venceu inesperadamente a eleição, Trump teve de encontrar um modo de cumprir sua promessa. Durante dois anos ele nada fez. Espalhou um boato quando as eleições de meio de mandato se aproximavam e depois no contexto do financiamento do governo: caravanas de criminosos imigrantes com doenças e terroristas do Oriente Médio (!) estavam chegando maciçamente à fronteira.

O fato de estarem a centenas de quilômetros de distância e em grande parte serem famílias fugindo da perseguição e da violência na América Central não importava para Trump. Após a derrota humilhante nas eleições de meio de mandato, a emergência falsa era uma maneira de reavivar e reforçar sua relação com sua base.

E então surgiu um problema. A mentira de Trump sobre a “emergência” na fronteira foi avidamente consumida pelas agências de notícias de direita que a usaram para alvoroçar seu público. Que acatou a mentira, ou fingiu que aceitou. Trump estava disposto a fazer um acordo para financiar o governo sem nenhum muro quando Sean Hanitty, o mestre manipulador de Trump, Laura Ingraham e Ann Coulter passaram a atacar o projeto de lei de financiamento provisório do governo, de modo que Trump fechou o governo, dando a impressão (falsa, mais uma vez) de que os democratas da Câmara se curvariam e, além do que, ninguém gosta do governo e todos os funcionários são democratas, certo?

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O presidente Donald Trump leva nesta segunda-feira sua campanha a favor do muro na fronteira com o México à cidade fronteiriça de El Paso, quatro dias antes de acabar o prazo o financiamento do orçamento nacional.

Trump capitulou depois de 35 dias e voltou a enganar novamente a sua base. Estava “orgulhoso” de aceitar o acordo, disse ele no encontro no Rose Garden, pretextando que não havia sido vencido. Mas foi. Em vez de admitir a derrota quando os negociadores alcançaram um acordo para evitar uma outra paralisação do governo, Trump reiterou duas mentiras: o muro já estava sendo construído e ele poderia transferir os fundos necessários sem o Congresso. (Neste caso, porque a paralisação? Não pergunte!)

No final, Trump nunca conseguiu ter seu muro. E nunca o terá. Agora, os seus seguidores e apologistas devem estar perguntando: se ele mentiu a respeito disto, podemos confiar nele em outros assuntos? Eu lamento informar a eles, mas não podem. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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