A tendência de reversão da chamada “Onda Rosa” nos governos da América Latina terá um novo teste no Equador, onde um presidente alinhado ao socialismo ocupa o poder há mais de uma década. Com apoio de um terço dos eleitores, Lenín Moreno lidera a disputa do primeiro turno das eleições presidenciais de amanhã.
Ele foi vice-presidente de Rafael Correa e representa uma continuação das políticas que, segundo críticos, elevaram o déficit público a níveis insustentáveis. De seus sete adversários, Guillermo Lasso e Cynthia Viteri aparecem mais bem posicionados para desbancar o partido Alianza País, de Correa.
Investidores e analistas veem nas eleições a melhor chance que o Equador tem em anos para formar um governo mais propenso a atrair investimentos estrangeiros, acompanhando as vitórias de candidatos favoráveis aos negócios, no Peru e na Argentina, e o impeachment de Dilma Rousseff, no Brasil.
O vencedor chefiará uma nação de 16 milhões de habitantes atolada na recessão, com a dívida e o desemprego em alta no momento em que os preços do petróleo, o principal produto de exportação do país, ainda não se recuperaram totalmente para os níveis dos anos de expansão das commodities.
Se Moreno, de 63 anos, não conseguir vencer, um segundo turno ofereceria uma melhor oportunidade para um concorrente da oposição, já que os eleitores poderiam se unir em torno de um candidato anti-Correa. A maioria das pesquisas coloca Lasso, de 61 anos, em segundo. Ele ingressou na carreira política depois de se tornar um multimilionário por conta própria em investimentos de risco. Ele é seguido de perto por um rival conservador, Christian Viteri, parlamentar de 51 anos do Partido Social Cristão.
Lasso prometeu manter alguns programas sociais que tornaram Correa tão popular, combater a corrupção e cortar impostos para ajudar a criar um milhão de empregos e atrair o investimento estrangeiro direto, que se tornou escasso depois das nacionalizações de alguns ativos petroleiros privados. Este seria o resultado preferido da maioria dos investidores, que garantiram um excelente desempenho para os bônus do país no mundo, no ano passado, quando cresceram as especulações de que o próximo governo poderia ser favorável aos negócios.
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O presidente do Equador, Rafael Correa, advertiu nesta quarta-feira que seu governo vai ‘reagir com maior radicalidade’ se a presidente brasileira for destituída de forma definitiva.
A economia do país encolheu 2,3% no ano passado e, segundo as previsões, deve crescer apenas 0,3% neste ano. Em 2016, o governo usou dívida para pagar um terço de seus gastos, atolado numa burocracia que emprega um em cada cinco habitantes num emprego estável. “Seja quem for o vencedor, ele estará herdando um abacaxi”, disse Paul Posner, professor de ciências políticas da Clark University, em Worcester, Massachusetts. “Não vai haver lua de mel.” / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
*SÃO JORNALISTAS