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Opinião|A falsa neutralidade do México, Brasil e Colômbia em relação à Venezuela


Ao ignorar o boicote diplomático da maioria das democracias ocidentais e enviar representantes à posse, países deram sua bênção oficial à fraude de Maduro

Por Andrés Oppenheimer

Os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia costumam dizer que apoiam a democracia, mas a verdade é que eles deram suporte a uma ditadura ao ignorar o boicote diplomático da maioria das democracias ocidentais e enviar representantes à posse do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, para um novo mandato de seis anos.

Em outras palavras, eles deram sua bênção oficial à fraude eleitoral de Maduro, embora alguns tenham reconhecido que a eleição venezuelana de 28 de julho foi uma farsa. As atas de votação divulgadas pela oposição e certificados como autênticas por especialistas mostram que o líder opositor Edmundo González Urrutia venceu a eleição com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.

Mas o autocrata venezuelano declarou-se vencedor mesmo assim, sem nunca mostrar os registros oficiais da votação. É verdade que os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia não viajaram pessoalmente à Venezuela para a cerimônia de posse nem enviaram delegações de alto nível. No entanto, ordenaram que seus respectivos embaixadores estivessem presentes, o que equivaleu a um reconhecimento oficial da posse de Maduro. Entre os poucos chefes de Estado visitantes que compareceram à posse do líder chavista estavam os ditadores de Cuba e da Nicarágua.

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No entanto, Argentina, Chile, Peru, Paraguai, Equador, Panamá, Estados Unidos e Espanha, entre outros, condenaram a reeleição fraudulenta de Maduro e não enviaram nenhum representante ao evento. Vários deles reconheceram González Urrutia como presidente legítimo da Venezuela.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que declarou recentemente que o México “é o país mais democrático”, argumentou que decidiu enviar o embaixador mexicano porque a Constituição mexicana estabelece a não interferência nos assuntos internos de outros países. Uma desculpa patética. O artigo 89 da Constituição do México exige que o presidente siga uma política externa guiada tanto pelo princípio de “não intervenção” quanto por “respeito, proteção e promoção dos direitos humanos”.

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Ditador venezuelano Nicolás Maduro em sua posse para um terceiro mandato, no dia 10 de janeiro, após uma eleição marcada por acusações de fraude.  Foto: AP Foto/Cristian Hernández

Sheinbaum escolheu se concentrar no primeiro princípio e ignorar o segundo. Maduro não apenas roubou descaradamente a eleição, mas também lançou uma enorme onda de repressão. Nos meses seguintes à eleição de 28 de julho, as forças de segurança do regime foram responsáveis por pelo menos 25 mortes, mais de 2 mil detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que Maduro deve explicações sobre os resultados das eleições de 28 de julho. No entanto, Lula também enviou sua embaixadora em Caracas para a cerimônia de posse, argumentando que os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos. Da mesma forma, o presidente colombiano, Gustavo Petro, admitiu que as eleições venezuelanas não foram livres, mas mesmo assim enviou seu embaixador à nova posse de Maduro.

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Questionada sobre a posição de Petro, a principal líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse à NTN24 que “não é possível estar bem com Deus e com o diabo”. María Corina está certa. Reconhecer Maduro como o líder legítimo da Venezuela não é apenas um erro moral, é um grave erro estratégico do México, do Brasil e da Colômbia. Esses três países provavelmente estarão entre os mais afetados pela nova onda de migração em massa de venezuelanos que deve ocorrer agora, já que a crise econômica da Venezuela deve piorar com as novas sanções dos EUA e da União Europeia.

Em uma entrevista recente, ela me disse que, se Maduro fosse empossado para um novo mandato, “mais três, quatro, cinco, seis milhões” de venezuelanos deixariam o país. Ela pode não ter exagerado: quase 8 milhões já partiram desde que Maduro assumiu, em 2013, de acordo com dados das Nações Unidas. Para onde os venezuelanos vão fugir?

Agora que o presidente eleito Donald Trump está prometendo fechar a fronteira dos EUA, muitos irão para Colômbia, Brasil e México. Em suma, os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia acabaram de dar um tiro no próprio pé. Seus discursos pró-democracia caíram no ridículo, e seus países estarão entre os mais afetados pela transformação da Venezuela em uma narcoditadura cada vez mais repressiva, com uma população cada vez mais empobrecida./TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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Os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia costumam dizer que apoiam a democracia, mas a verdade é que eles deram suporte a uma ditadura ao ignorar o boicote diplomático da maioria das democracias ocidentais e enviar representantes à posse do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, para um novo mandato de seis anos.

Em outras palavras, eles deram sua bênção oficial à fraude eleitoral de Maduro, embora alguns tenham reconhecido que a eleição venezuelana de 28 de julho foi uma farsa. As atas de votação divulgadas pela oposição e certificados como autênticas por especialistas mostram que o líder opositor Edmundo González Urrutia venceu a eleição com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.

Mas o autocrata venezuelano declarou-se vencedor mesmo assim, sem nunca mostrar os registros oficiais da votação. É verdade que os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia não viajaram pessoalmente à Venezuela para a cerimônia de posse nem enviaram delegações de alto nível. No entanto, ordenaram que seus respectivos embaixadores estivessem presentes, o que equivaleu a um reconhecimento oficial da posse de Maduro. Entre os poucos chefes de Estado visitantes que compareceram à posse do líder chavista estavam os ditadores de Cuba e da Nicarágua.

No entanto, Argentina, Chile, Peru, Paraguai, Equador, Panamá, Estados Unidos e Espanha, entre outros, condenaram a reeleição fraudulenta de Maduro e não enviaram nenhum representante ao evento. Vários deles reconheceram González Urrutia como presidente legítimo da Venezuela.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que declarou recentemente que o México “é o país mais democrático”, argumentou que decidiu enviar o embaixador mexicano porque a Constituição mexicana estabelece a não interferência nos assuntos internos de outros países. Uma desculpa patética. O artigo 89 da Constituição do México exige que o presidente siga uma política externa guiada tanto pelo princípio de “não intervenção” quanto por “respeito, proteção e promoção dos direitos humanos”.

Ditador venezuelano Nicolás Maduro em sua posse para um terceiro mandato, no dia 10 de janeiro, após uma eleição marcada por acusações de fraude.  Foto: AP Foto/Cristian Hernández

Sheinbaum escolheu se concentrar no primeiro princípio e ignorar o segundo. Maduro não apenas roubou descaradamente a eleição, mas também lançou uma enorme onda de repressão. Nos meses seguintes à eleição de 28 de julho, as forças de segurança do regime foram responsáveis por pelo menos 25 mortes, mais de 2 mil detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que Maduro deve explicações sobre os resultados das eleições de 28 de julho. No entanto, Lula também enviou sua embaixadora em Caracas para a cerimônia de posse, argumentando que os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos. Da mesma forma, o presidente colombiano, Gustavo Petro, admitiu que as eleições venezuelanas não foram livres, mas mesmo assim enviou seu embaixador à nova posse de Maduro.

Questionada sobre a posição de Petro, a principal líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse à NTN24 que “não é possível estar bem com Deus e com o diabo”. María Corina está certa. Reconhecer Maduro como o líder legítimo da Venezuela não é apenas um erro moral, é um grave erro estratégico do México, do Brasil e da Colômbia. Esses três países provavelmente estarão entre os mais afetados pela nova onda de migração em massa de venezuelanos que deve ocorrer agora, já que a crise econômica da Venezuela deve piorar com as novas sanções dos EUA e da União Europeia.

Em uma entrevista recente, ela me disse que, se Maduro fosse empossado para um novo mandato, “mais três, quatro, cinco, seis milhões” de venezuelanos deixariam o país. Ela pode não ter exagerado: quase 8 milhões já partiram desde que Maduro assumiu, em 2013, de acordo com dados das Nações Unidas. Para onde os venezuelanos vão fugir?

Agora que o presidente eleito Donald Trump está prometendo fechar a fronteira dos EUA, muitos irão para Colômbia, Brasil e México. Em suma, os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia acabaram de dar um tiro no próprio pé. Seus discursos pró-democracia caíram no ridículo, e seus países estarão entre os mais afetados pela transformação da Venezuela em uma narcoditadura cada vez mais repressiva, com uma população cada vez mais empobrecida./TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia costumam dizer que apoiam a democracia, mas a verdade é que eles deram suporte a uma ditadura ao ignorar o boicote diplomático da maioria das democracias ocidentais e enviar representantes à posse do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, para um novo mandato de seis anos.

Em outras palavras, eles deram sua bênção oficial à fraude eleitoral de Maduro, embora alguns tenham reconhecido que a eleição venezuelana de 28 de julho foi uma farsa. As atas de votação divulgadas pela oposição e certificados como autênticas por especialistas mostram que o líder opositor Edmundo González Urrutia venceu a eleição com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.

Mas o autocrata venezuelano declarou-se vencedor mesmo assim, sem nunca mostrar os registros oficiais da votação. É verdade que os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia não viajaram pessoalmente à Venezuela para a cerimônia de posse nem enviaram delegações de alto nível. No entanto, ordenaram que seus respectivos embaixadores estivessem presentes, o que equivaleu a um reconhecimento oficial da posse de Maduro. Entre os poucos chefes de Estado visitantes que compareceram à posse do líder chavista estavam os ditadores de Cuba e da Nicarágua.

No entanto, Argentina, Chile, Peru, Paraguai, Equador, Panamá, Estados Unidos e Espanha, entre outros, condenaram a reeleição fraudulenta de Maduro e não enviaram nenhum representante ao evento. Vários deles reconheceram González Urrutia como presidente legítimo da Venezuela.

A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que declarou recentemente que o México “é o país mais democrático”, argumentou que decidiu enviar o embaixador mexicano porque a Constituição mexicana estabelece a não interferência nos assuntos internos de outros países. Uma desculpa patética. O artigo 89 da Constituição do México exige que o presidente siga uma política externa guiada tanto pelo princípio de “não intervenção” quanto por “respeito, proteção e promoção dos direitos humanos”.

Ditador venezuelano Nicolás Maduro em sua posse para um terceiro mandato, no dia 10 de janeiro, após uma eleição marcada por acusações de fraude.  Foto: AP Foto/Cristian Hernández

Sheinbaum escolheu se concentrar no primeiro princípio e ignorar o segundo. Maduro não apenas roubou descaradamente a eleição, mas também lançou uma enorme onda de repressão. Nos meses seguintes à eleição de 28 de julho, as forças de segurança do regime foram responsáveis por pelo menos 25 mortes, mais de 2 mil detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que Maduro deve explicações sobre os resultados das eleições de 28 de julho. No entanto, Lula também enviou sua embaixadora em Caracas para a cerimônia de posse, argumentando que os problemas da Venezuela devem ser resolvidos pelos venezuelanos. Da mesma forma, o presidente colombiano, Gustavo Petro, admitiu que as eleições venezuelanas não foram livres, mas mesmo assim enviou seu embaixador à nova posse de Maduro.

Questionada sobre a posição de Petro, a principal líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse à NTN24 que “não é possível estar bem com Deus e com o diabo”. María Corina está certa. Reconhecer Maduro como o líder legítimo da Venezuela não é apenas um erro moral, é um grave erro estratégico do México, do Brasil e da Colômbia. Esses três países provavelmente estarão entre os mais afetados pela nova onda de migração em massa de venezuelanos que deve ocorrer agora, já que a crise econômica da Venezuela deve piorar com as novas sanções dos EUA e da União Europeia.

Em uma entrevista recente, ela me disse que, se Maduro fosse empossado para um novo mandato, “mais três, quatro, cinco, seis milhões” de venezuelanos deixariam o país. Ela pode não ter exagerado: quase 8 milhões já partiram desde que Maduro assumiu, em 2013, de acordo com dados das Nações Unidas. Para onde os venezuelanos vão fugir?

Agora que o presidente eleito Donald Trump está prometendo fechar a fronteira dos EUA, muitos irão para Colômbia, Brasil e México. Em suma, os presidentes do México, do Brasil e da Colômbia acabaram de dar um tiro no próprio pé. Seus discursos pró-democracia caíram no ridículo, e seus países estarão entre os mais afetados pela transformação da Venezuela em uma narcoditadura cada vez mais repressiva, com uma população cada vez mais empobrecida./TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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