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Opinião|Na Venezuela, a oposição ao ditador Nicolás Maduro vê uma esperança no fim do túnel


A líder opositora María Corina Machado parece convencida que a oposição pode ganhar na Venezuela, contrariando todos os prognósticos

Por Andrés Oppenheimer
Atualização:

Ainda que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tenha instalado todo tipo de trava à oposição para vencer nas eleições de 28 de julho, não me recordo de ter já ter visto a líder opositora María Corina Machado tão otimista como quando a entrevistei poucos dias atrás. E que conste: eu já a entrevistei muitas vezes nas últimas duas décadas.

A princípio, pensei que Machado simulava o otimismo, porque não há dúvida de que a oposição venezuelana luta com as mãos atadas. Maduro já a desqualificou, assim como a outros importantes líderes opositores, para apresentar sua postulação e está tomando medidas drásticas para evitar que milhões de potenciais eleitores de oposição possam registrar-se para votar.

Não obstante, a julgar por algumas coisas que Machado me relatou, como sua postura contra uma possível decisão de Maduro de suspender as eleições caso perceba que vai perder, ela me pareceu convencida de que a oposição pode ganhar, contrariando todos os prognósticos.

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A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, conversa com o candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia, em um evento de campanha em Caracas, Venezuela  Foto: Ariana Cubillos/AP

“Estamos vendo um processo inédito”, disse-me Machado, por Zoom, de Caracas. “As pessoas estão reagindo com uma força que nunca tínhamos visto. É incrível.”

Na semana passada, em uma visita ao Estado andino de Trujillo, segundo maior bastião do chavismo na Venezuela, Machado tardou cinco horas para percorrer um trajeto de carro cobrindo uma distância que normalmente levaria duas horas, “porque por todo o caminho tinha gente nos acompanhando em motos, em caminhões, a cavalo e a pé… foi uma loucura”, acrescentou.

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Machado admitiu para mim que a oposição enfrenta uma dura batalha para ganhar as eleições.

O regime de Maduro não apenas proibiu Machado de se candidatar depois de vencer uma eleição primária da oposição com 92% dos votos, em outubro, mas também impediu o registro da candidatura de Corina Yoris, que Machado tinha designado como sua substituta. Agora, Machado e a coalizão opositora que ela lidera apoiam um novo candidato substituto, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos.

Além disso, o regime de Maduro está impedindo que 4,5 milhões de venezuelanos no exterior com idade para votar se registrem para participar do processo eleitoral, assim como outras 5 milhões de pessoas dentro da Venezuela que mudaram de endereço ou chegaram à idade de votar. Cerca de 10 milhões de venezuelanos, em um país de 28 milhões de habitantes, não poderão votar, disse-me Machado.

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A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, cumprimenta apoiadores em um comício de campanha em La Victoria, Venezuela  Foto: Juan Barreto/AFP

Mas mesmo reconhecendo que “estas eleições não serão livres nem justas”, Machado me disse que não quer que Maduro suspenda o processo. Vários líderes da oposição disseram temer que, diante da possibilidade de perder, Maduro use um pretexto como o conflito fronteiriço com a vizinha Guiana para cancelar as eleições.

“Cada dia que passa é mais custoso para o regime bloquear este processo, porque ele adquiriu uma força que tem contagiado toda a sociedade”, assinalou-me. “Já temos 80% dos votos, ou mais.”

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Machado me disse que “é muito importante” que “haja a presença de missões de observação eleitoral competentes, como a da União Europeia, o painel de especialistas das Nações Unidas e inclusive o Centro Carter” na Venezuela para as eleições.

O Centro Carter, a União Europeia e as Nações Unidas estão avaliando se participarão. O regime de Maduro não convidou a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Quando sugeri a Machado que é possível que Maduro não abandone o poder a não ser que os membros de seu alto-escalão tenham garantias de não ir presos, Machado me disse: “Temos sido muito claros sobre esse processo ser de reencontro, onde não haverá vinganças nem vendetas”.

Minha impressão depois da entrevista é que, se Machado pensava anteriormente que Maduro poderia se sair bem roubando as eleições com suas travas à oposição, o lógico seria que ela convocasse um boicote eleitoral e desejasse que o processo fosse suspenso.

Mas ela está fazendo exatamente o contrário — e passa a impressão de estar aguardando ansiosamente as eleições de 28 de julho. Não sei se ela exagera quando afirma que a oposição tem 80% dos votos, mas seu otimismo sugere que pode haver um raio de esperança para a Venezuela. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Ainda que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tenha instalado todo tipo de trava à oposição para vencer nas eleições de 28 de julho, não me recordo de ter já ter visto a líder opositora María Corina Machado tão otimista como quando a entrevistei poucos dias atrás. E que conste: eu já a entrevistei muitas vezes nas últimas duas décadas.

A princípio, pensei que Machado simulava o otimismo, porque não há dúvida de que a oposição venezuelana luta com as mãos atadas. Maduro já a desqualificou, assim como a outros importantes líderes opositores, para apresentar sua postulação e está tomando medidas drásticas para evitar que milhões de potenciais eleitores de oposição possam registrar-se para votar.

Não obstante, a julgar por algumas coisas que Machado me relatou, como sua postura contra uma possível decisão de Maduro de suspender as eleições caso perceba que vai perder, ela me pareceu convencida de que a oposição pode ganhar, contrariando todos os prognósticos.

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, conversa com o candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia, em um evento de campanha em Caracas, Venezuela  Foto: Ariana Cubillos/AP

“Estamos vendo um processo inédito”, disse-me Machado, por Zoom, de Caracas. “As pessoas estão reagindo com uma força que nunca tínhamos visto. É incrível.”

Na semana passada, em uma visita ao Estado andino de Trujillo, segundo maior bastião do chavismo na Venezuela, Machado tardou cinco horas para percorrer um trajeto de carro cobrindo uma distância que normalmente levaria duas horas, “porque por todo o caminho tinha gente nos acompanhando em motos, em caminhões, a cavalo e a pé… foi uma loucura”, acrescentou.

Machado admitiu para mim que a oposição enfrenta uma dura batalha para ganhar as eleições.

O regime de Maduro não apenas proibiu Machado de se candidatar depois de vencer uma eleição primária da oposição com 92% dos votos, em outubro, mas também impediu o registro da candidatura de Corina Yoris, que Machado tinha designado como sua substituta. Agora, Machado e a coalizão opositora que ela lidera apoiam um novo candidato substituto, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos.

Além disso, o regime de Maduro está impedindo que 4,5 milhões de venezuelanos no exterior com idade para votar se registrem para participar do processo eleitoral, assim como outras 5 milhões de pessoas dentro da Venezuela que mudaram de endereço ou chegaram à idade de votar. Cerca de 10 milhões de venezuelanos, em um país de 28 milhões de habitantes, não poderão votar, disse-me Machado.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, cumprimenta apoiadores em um comício de campanha em La Victoria, Venezuela  Foto: Juan Barreto/AFP

Mas mesmo reconhecendo que “estas eleições não serão livres nem justas”, Machado me disse que não quer que Maduro suspenda o processo. Vários líderes da oposição disseram temer que, diante da possibilidade de perder, Maduro use um pretexto como o conflito fronteiriço com a vizinha Guiana para cancelar as eleições.

“Cada dia que passa é mais custoso para o regime bloquear este processo, porque ele adquiriu uma força que tem contagiado toda a sociedade”, assinalou-me. “Já temos 80% dos votos, ou mais.”

Machado me disse que “é muito importante” que “haja a presença de missões de observação eleitoral competentes, como a da União Europeia, o painel de especialistas das Nações Unidas e inclusive o Centro Carter” na Venezuela para as eleições.

O Centro Carter, a União Europeia e as Nações Unidas estão avaliando se participarão. O regime de Maduro não convidou a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Quando sugeri a Machado que é possível que Maduro não abandone o poder a não ser que os membros de seu alto-escalão tenham garantias de não ir presos, Machado me disse: “Temos sido muito claros sobre esse processo ser de reencontro, onde não haverá vinganças nem vendetas”.

Minha impressão depois da entrevista é que, se Machado pensava anteriormente que Maduro poderia se sair bem roubando as eleições com suas travas à oposição, o lógico seria que ela convocasse um boicote eleitoral e desejasse que o processo fosse suspenso.

Mas ela está fazendo exatamente o contrário — e passa a impressão de estar aguardando ansiosamente as eleições de 28 de julho. Não sei se ela exagera quando afirma que a oposição tem 80% dos votos, mas seu otimismo sugere que pode haver um raio de esperança para a Venezuela. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Ainda que o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tenha instalado todo tipo de trava à oposição para vencer nas eleições de 28 de julho, não me recordo de ter já ter visto a líder opositora María Corina Machado tão otimista como quando a entrevistei poucos dias atrás. E que conste: eu já a entrevistei muitas vezes nas últimas duas décadas.

A princípio, pensei que Machado simulava o otimismo, porque não há dúvida de que a oposição venezuelana luta com as mãos atadas. Maduro já a desqualificou, assim como a outros importantes líderes opositores, para apresentar sua postulação e está tomando medidas drásticas para evitar que milhões de potenciais eleitores de oposição possam registrar-se para votar.

Não obstante, a julgar por algumas coisas que Machado me relatou, como sua postura contra uma possível decisão de Maduro de suspender as eleições caso perceba que vai perder, ela me pareceu convencida de que a oposição pode ganhar, contrariando todos os prognósticos.

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, conversa com o candidato presidencial Edmundo Gonzalez Urrutia, em um evento de campanha em Caracas, Venezuela  Foto: Ariana Cubillos/AP

“Estamos vendo um processo inédito”, disse-me Machado, por Zoom, de Caracas. “As pessoas estão reagindo com uma força que nunca tínhamos visto. É incrível.”

Na semana passada, em uma visita ao Estado andino de Trujillo, segundo maior bastião do chavismo na Venezuela, Machado tardou cinco horas para percorrer um trajeto de carro cobrindo uma distância que normalmente levaria duas horas, “porque por todo o caminho tinha gente nos acompanhando em motos, em caminhões, a cavalo e a pé… foi uma loucura”, acrescentou.

Machado admitiu para mim que a oposição enfrenta uma dura batalha para ganhar as eleições.

O regime de Maduro não apenas proibiu Machado de se candidatar depois de vencer uma eleição primária da oposição com 92% dos votos, em outubro, mas também impediu o registro da candidatura de Corina Yoris, que Machado tinha designado como sua substituta. Agora, Machado e a coalizão opositora que ela lidera apoiam um novo candidato substituto, o ex-diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos.

Além disso, o regime de Maduro está impedindo que 4,5 milhões de venezuelanos no exterior com idade para votar se registrem para participar do processo eleitoral, assim como outras 5 milhões de pessoas dentro da Venezuela que mudaram de endereço ou chegaram à idade de votar. Cerca de 10 milhões de venezuelanos, em um país de 28 milhões de habitantes, não poderão votar, disse-me Machado.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, cumprimenta apoiadores em um comício de campanha em La Victoria, Venezuela  Foto: Juan Barreto/AFP

Mas mesmo reconhecendo que “estas eleições não serão livres nem justas”, Machado me disse que não quer que Maduro suspenda o processo. Vários líderes da oposição disseram temer que, diante da possibilidade de perder, Maduro use um pretexto como o conflito fronteiriço com a vizinha Guiana para cancelar as eleições.

“Cada dia que passa é mais custoso para o regime bloquear este processo, porque ele adquiriu uma força que tem contagiado toda a sociedade”, assinalou-me. “Já temos 80% dos votos, ou mais.”

Machado me disse que “é muito importante” que “haja a presença de missões de observação eleitoral competentes, como a da União Europeia, o painel de especialistas das Nações Unidas e inclusive o Centro Carter” na Venezuela para as eleições.

O Centro Carter, a União Europeia e as Nações Unidas estão avaliando se participarão. O regime de Maduro não convidou a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Quando sugeri a Machado que é possível que Maduro não abandone o poder a não ser que os membros de seu alto-escalão tenham garantias de não ir presos, Machado me disse: “Temos sido muito claros sobre esse processo ser de reencontro, onde não haverá vinganças nem vendetas”.

Minha impressão depois da entrevista é que, se Machado pensava anteriormente que Maduro poderia se sair bem roubando as eleições com suas travas à oposição, o lógico seria que ela convocasse um boicote eleitoral e desejasse que o processo fosse suspenso.

Mas ela está fazendo exatamente o contrário — e passa a impressão de estar aguardando ansiosamente as eleições de 28 de julho. Não sei se ela exagera quando afirma que a oposição tem 80% dos votos, mas seu otimismo sugere que pode haver um raio de esperança para a Venezuela. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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