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Opinião|O que Kamala Harris fará na América Latina caso vença a eleição americana?


Ela provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden; quando senadora, foi contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá

Por Andrés Oppenheimer

À medida que nos aproximamos das eleições de novembro nos Estados Unidos chega a hora de perguntar quais seriam as políticas da candidata democrata, Kamala Harris, em relação à América Latina caso ela chegue à presidência. Ela falou muito pouco sobre a região, mas já há alguns indícios a respeito de suas posições sobre questões fundamentais.

Em primeiro lugar, Harris provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden foi durante os seus primeiros três anos na presidência, entre outras razões porque a opinião pública americana se deslocou muito para a direita neste tema.

Candidata democrata teve relativamente pouco contato com a América Latina, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica Foto: Jacquelyn Martin/AP
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Embora o fluxo de imigrantes indocumentados tenha diminuído este ano, 55% dos americanos — o índice mais elevado desde 2001 — querem que os níveis de imigração baixem, de acordo com uma pesquisa Gallup recente.

Numa entrevista à CNN, Harris não buscou desmentir exageros e mentiras de Donald Trump sobre imigrantes indocumentados, mas acusou seu rival de ter pedido aos senadores republicanos que votassem contra um projeto de lei bipartidário que teria aumentado os controles nas fronteiras. Harris disse que Trump matou o projeto de lei porque queria manter viva sua narrativa de uma “crise” imigratória antes da eleição.

Em vários outros temas Harris também se moveu para o centro – ou quer que o mundo acredite que o fez – desde que se tornou vice-presidente, em 2021.

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Ricardo Zúñiga, ex-enviado especial de Biden aos países do Triângulo Norte da América Central, que trabalhou em estreita colaboração com Harris em 2021 e 2022, disse-me que ela é muito mais pragmática e menos ideológica do que muitos pensam.

“Conheço a reputação dela quando estava no Senado, mas esse não é o melhor parâmetro para saber como ela vê as coisas”, disse-me Zúñiga. “Quando trabalhei com ela, suas perguntas sempre foram sobre maneiras de solucionar problemas.”

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Harris foi um dos poucos membros do Senado que votaram em 2020 contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá, que foi rebatizado como Acordo EUA-México-Canadá (T-MEC), principalmente em razão de objeções sobre questões ambientais e de direitos trabalhistas.

Em relação a Cuba, a campanha de Harris em 2020 disse, em resposta a um questionamento do Tampa Bay Times, que ela era a favor do fim do embargo dos EUA à ilha. Mas como vice-presidente Harris não ficou conhecida por pressionar pelo relaxamento das sanções americanas contra Cuba.

Sobre a Venezuela, Harris enviou uma carta aos líderes da oposição Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, em 16 de agosto, na qual afirmou que a comunidade internacional deve condenar os abusos de Nicolás Maduro.

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Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México e ex-coordenadora de fronteiras do governo Biden, disse à revista Americas Quarterly que “seria um erro julgá-la (Harris) apenas por seu histórico no Senado. Considero que, nos quatro anos como vice-presidente, ela aprendeu muito. Ela conversou com cerca de 150 líderes mundiais e visitou 21 países”.

Vários ex-funcionários do governo americano disseram-me que a experiência de Harris como vice-presidente ajudando a formar uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia após a invasão russa provavelmente moldará a sua política externa se ela vencer a disputa presidencial.

“Ela está verdadeiramente comprometida com a ideia de que os EUA não podem agir unilateralmente e precisam de alianças com outros países”, disse-me Rebecca Bill Chavez, ex-conselheira de Harris para o Hemisfério Ocidental, nas primárias democratas de 2020.

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Diferentemente de Biden, que viajou 16 vezes para a América Latina durante os seus oito anos como vice-presidente, Harris teve relativamente pouco contato com a região, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica. Ela fez visitas oficiais de um dia à Guatemala e ao México em 2021, viajou para Honduras em 2022 e para as Bahamas em 2023.

Tudo indica que, se Harris vencer, a América Latina não figurará entre suas prioridades. Seu maior trunfo para a América Latina seria o fato de ela não ser Trump: Harris não demonizaria os imigrantes latino-americanos, nem prometeria a maior deportação em massa da história dos EUA, nem imporia tarifas que prejudicariam os produtores latino-americanos. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

À medida que nos aproximamos das eleições de novembro nos Estados Unidos chega a hora de perguntar quais seriam as políticas da candidata democrata, Kamala Harris, em relação à América Latina caso ela chegue à presidência. Ela falou muito pouco sobre a região, mas já há alguns indícios a respeito de suas posições sobre questões fundamentais.

Em primeiro lugar, Harris provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden foi durante os seus primeiros três anos na presidência, entre outras razões porque a opinião pública americana se deslocou muito para a direita neste tema.

Candidata democrata teve relativamente pouco contato com a América Latina, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica Foto: Jacquelyn Martin/AP

Embora o fluxo de imigrantes indocumentados tenha diminuído este ano, 55% dos americanos — o índice mais elevado desde 2001 — querem que os níveis de imigração baixem, de acordo com uma pesquisa Gallup recente.

Numa entrevista à CNN, Harris não buscou desmentir exageros e mentiras de Donald Trump sobre imigrantes indocumentados, mas acusou seu rival de ter pedido aos senadores republicanos que votassem contra um projeto de lei bipartidário que teria aumentado os controles nas fronteiras. Harris disse que Trump matou o projeto de lei porque queria manter viva sua narrativa de uma “crise” imigratória antes da eleição.

Em vários outros temas Harris também se moveu para o centro – ou quer que o mundo acredite que o fez – desde que se tornou vice-presidente, em 2021.

Ricardo Zúñiga, ex-enviado especial de Biden aos países do Triângulo Norte da América Central, que trabalhou em estreita colaboração com Harris em 2021 e 2022, disse-me que ela é muito mais pragmática e menos ideológica do que muitos pensam.

“Conheço a reputação dela quando estava no Senado, mas esse não é o melhor parâmetro para saber como ela vê as coisas”, disse-me Zúñiga. “Quando trabalhei com ela, suas perguntas sempre foram sobre maneiras de solucionar problemas.”

Harris foi um dos poucos membros do Senado que votaram em 2020 contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá, que foi rebatizado como Acordo EUA-México-Canadá (T-MEC), principalmente em razão de objeções sobre questões ambientais e de direitos trabalhistas.

Em relação a Cuba, a campanha de Harris em 2020 disse, em resposta a um questionamento do Tampa Bay Times, que ela era a favor do fim do embargo dos EUA à ilha. Mas como vice-presidente Harris não ficou conhecida por pressionar pelo relaxamento das sanções americanas contra Cuba.

Sobre a Venezuela, Harris enviou uma carta aos líderes da oposição Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, em 16 de agosto, na qual afirmou que a comunidade internacional deve condenar os abusos de Nicolás Maduro.

Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México e ex-coordenadora de fronteiras do governo Biden, disse à revista Americas Quarterly que “seria um erro julgá-la (Harris) apenas por seu histórico no Senado. Considero que, nos quatro anos como vice-presidente, ela aprendeu muito. Ela conversou com cerca de 150 líderes mundiais e visitou 21 países”.

Vários ex-funcionários do governo americano disseram-me que a experiência de Harris como vice-presidente ajudando a formar uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia após a invasão russa provavelmente moldará a sua política externa se ela vencer a disputa presidencial.

“Ela está verdadeiramente comprometida com a ideia de que os EUA não podem agir unilateralmente e precisam de alianças com outros países”, disse-me Rebecca Bill Chavez, ex-conselheira de Harris para o Hemisfério Ocidental, nas primárias democratas de 2020.

Diferentemente de Biden, que viajou 16 vezes para a América Latina durante os seus oito anos como vice-presidente, Harris teve relativamente pouco contato com a região, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica. Ela fez visitas oficiais de um dia à Guatemala e ao México em 2021, viajou para Honduras em 2022 e para as Bahamas em 2023.

Tudo indica que, se Harris vencer, a América Latina não figurará entre suas prioridades. Seu maior trunfo para a América Latina seria o fato de ela não ser Trump: Harris não demonizaria os imigrantes latino-americanos, nem prometeria a maior deportação em massa da história dos EUA, nem imporia tarifas que prejudicariam os produtores latino-americanos. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

À medida que nos aproximamos das eleições de novembro nos Estados Unidos chega a hora de perguntar quais seriam as políticas da candidata democrata, Kamala Harris, em relação à América Latina caso ela chegue à presidência. Ela falou muito pouco sobre a região, mas já há alguns indícios a respeito de suas posições sobre questões fundamentais.

Em primeiro lugar, Harris provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden foi durante os seus primeiros três anos na presidência, entre outras razões porque a opinião pública americana se deslocou muito para a direita neste tema.

Candidata democrata teve relativamente pouco contato com a América Latina, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica Foto: Jacquelyn Martin/AP

Embora o fluxo de imigrantes indocumentados tenha diminuído este ano, 55% dos americanos — o índice mais elevado desde 2001 — querem que os níveis de imigração baixem, de acordo com uma pesquisa Gallup recente.

Numa entrevista à CNN, Harris não buscou desmentir exageros e mentiras de Donald Trump sobre imigrantes indocumentados, mas acusou seu rival de ter pedido aos senadores republicanos que votassem contra um projeto de lei bipartidário que teria aumentado os controles nas fronteiras. Harris disse que Trump matou o projeto de lei porque queria manter viva sua narrativa de uma “crise” imigratória antes da eleição.

Em vários outros temas Harris também se moveu para o centro – ou quer que o mundo acredite que o fez – desde que se tornou vice-presidente, em 2021.

Ricardo Zúñiga, ex-enviado especial de Biden aos países do Triângulo Norte da América Central, que trabalhou em estreita colaboração com Harris em 2021 e 2022, disse-me que ela é muito mais pragmática e menos ideológica do que muitos pensam.

“Conheço a reputação dela quando estava no Senado, mas esse não é o melhor parâmetro para saber como ela vê as coisas”, disse-me Zúñiga. “Quando trabalhei com ela, suas perguntas sempre foram sobre maneiras de solucionar problemas.”

Harris foi um dos poucos membros do Senado que votaram em 2020 contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá, que foi rebatizado como Acordo EUA-México-Canadá (T-MEC), principalmente em razão de objeções sobre questões ambientais e de direitos trabalhistas.

Em relação a Cuba, a campanha de Harris em 2020 disse, em resposta a um questionamento do Tampa Bay Times, que ela era a favor do fim do embargo dos EUA à ilha. Mas como vice-presidente Harris não ficou conhecida por pressionar pelo relaxamento das sanções americanas contra Cuba.

Sobre a Venezuela, Harris enviou uma carta aos líderes da oposição Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, em 16 de agosto, na qual afirmou que a comunidade internacional deve condenar os abusos de Nicolás Maduro.

Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México e ex-coordenadora de fronteiras do governo Biden, disse à revista Americas Quarterly que “seria um erro julgá-la (Harris) apenas por seu histórico no Senado. Considero que, nos quatro anos como vice-presidente, ela aprendeu muito. Ela conversou com cerca de 150 líderes mundiais e visitou 21 países”.

Vários ex-funcionários do governo americano disseram-me que a experiência de Harris como vice-presidente ajudando a formar uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia após a invasão russa provavelmente moldará a sua política externa se ela vencer a disputa presidencial.

“Ela está verdadeiramente comprometida com a ideia de que os EUA não podem agir unilateralmente e precisam de alianças com outros países”, disse-me Rebecca Bill Chavez, ex-conselheira de Harris para o Hemisfério Ocidental, nas primárias democratas de 2020.

Diferentemente de Biden, que viajou 16 vezes para a América Latina durante os seus oito anos como vice-presidente, Harris teve relativamente pouco contato com a região, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica. Ela fez visitas oficiais de um dia à Guatemala e ao México em 2021, viajou para Honduras em 2022 e para as Bahamas em 2023.

Tudo indica que, se Harris vencer, a América Latina não figurará entre suas prioridades. Seu maior trunfo para a América Latina seria o fato de ela não ser Trump: Harris não demonizaria os imigrantes latino-americanos, nem prometeria a maior deportação em massa da história dos EUA, nem imporia tarifas que prejudicariam os produtores latino-americanos. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

À medida que nos aproximamos das eleições de novembro nos Estados Unidos chega a hora de perguntar quais seriam as políticas da candidata democrata, Kamala Harris, em relação à América Latina caso ela chegue à presidência. Ela falou muito pouco sobre a região, mas já há alguns indícios a respeito de suas posições sobre questões fundamentais.

Em primeiro lugar, Harris provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden foi durante os seus primeiros três anos na presidência, entre outras razões porque a opinião pública americana se deslocou muito para a direita neste tema.

Candidata democrata teve relativamente pouco contato com a América Latina, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica Foto: Jacquelyn Martin/AP

Embora o fluxo de imigrantes indocumentados tenha diminuído este ano, 55% dos americanos — o índice mais elevado desde 2001 — querem que os níveis de imigração baixem, de acordo com uma pesquisa Gallup recente.

Numa entrevista à CNN, Harris não buscou desmentir exageros e mentiras de Donald Trump sobre imigrantes indocumentados, mas acusou seu rival de ter pedido aos senadores republicanos que votassem contra um projeto de lei bipartidário que teria aumentado os controles nas fronteiras. Harris disse que Trump matou o projeto de lei porque queria manter viva sua narrativa de uma “crise” imigratória antes da eleição.

Em vários outros temas Harris também se moveu para o centro – ou quer que o mundo acredite que o fez – desde que se tornou vice-presidente, em 2021.

Ricardo Zúñiga, ex-enviado especial de Biden aos países do Triângulo Norte da América Central, que trabalhou em estreita colaboração com Harris em 2021 e 2022, disse-me que ela é muito mais pragmática e menos ideológica do que muitos pensam.

“Conheço a reputação dela quando estava no Senado, mas esse não é o melhor parâmetro para saber como ela vê as coisas”, disse-me Zúñiga. “Quando trabalhei com ela, suas perguntas sempre foram sobre maneiras de solucionar problemas.”

Harris foi um dos poucos membros do Senado que votaram em 2020 contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá, que foi rebatizado como Acordo EUA-México-Canadá (T-MEC), principalmente em razão de objeções sobre questões ambientais e de direitos trabalhistas.

Em relação a Cuba, a campanha de Harris em 2020 disse, em resposta a um questionamento do Tampa Bay Times, que ela era a favor do fim do embargo dos EUA à ilha. Mas como vice-presidente Harris não ficou conhecida por pressionar pelo relaxamento das sanções americanas contra Cuba.

Sobre a Venezuela, Harris enviou uma carta aos líderes da oposição Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, em 16 de agosto, na qual afirmou que a comunidade internacional deve condenar os abusos de Nicolás Maduro.

Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México e ex-coordenadora de fronteiras do governo Biden, disse à revista Americas Quarterly que “seria um erro julgá-la (Harris) apenas por seu histórico no Senado. Considero que, nos quatro anos como vice-presidente, ela aprendeu muito. Ela conversou com cerca de 150 líderes mundiais e visitou 21 países”.

Vários ex-funcionários do governo americano disseram-me que a experiência de Harris como vice-presidente ajudando a formar uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia após a invasão russa provavelmente moldará a sua política externa se ela vencer a disputa presidencial.

“Ela está verdadeiramente comprometida com a ideia de que os EUA não podem agir unilateralmente e precisam de alianças com outros países”, disse-me Rebecca Bill Chavez, ex-conselheira de Harris para o Hemisfério Ocidental, nas primárias democratas de 2020.

Diferentemente de Biden, que viajou 16 vezes para a América Latina durante os seus oito anos como vice-presidente, Harris teve relativamente pouco contato com a região, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica. Ela fez visitas oficiais de um dia à Guatemala e ao México em 2021, viajou para Honduras em 2022 e para as Bahamas em 2023.

Tudo indica que, se Harris vencer, a América Latina não figurará entre suas prioridades. Seu maior trunfo para a América Latina seria o fato de ela não ser Trump: Harris não demonizaria os imigrantes latino-americanos, nem prometeria a maior deportação em massa da história dos EUA, nem imporia tarifas que prejudicariam os produtores latino-americanos. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

À medida que nos aproximamos das eleições de novembro nos Estados Unidos chega a hora de perguntar quais seriam as políticas da candidata democrata, Kamala Harris, em relação à América Latina caso ela chegue à presidência. Ela falou muito pouco sobre a região, mas já há alguns indícios a respeito de suas posições sobre questões fundamentais.

Em primeiro lugar, Harris provavelmente seria mais dura em relação à imigração do que o presidente Joe Biden foi durante os seus primeiros três anos na presidência, entre outras razões porque a opinião pública americana se deslocou muito para a direita neste tema.

Candidata democrata teve relativamente pouco contato com a América Latina, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica Foto: Jacquelyn Martin/AP

Embora o fluxo de imigrantes indocumentados tenha diminuído este ano, 55% dos americanos — o índice mais elevado desde 2001 — querem que os níveis de imigração baixem, de acordo com uma pesquisa Gallup recente.

Numa entrevista à CNN, Harris não buscou desmentir exageros e mentiras de Donald Trump sobre imigrantes indocumentados, mas acusou seu rival de ter pedido aos senadores republicanos que votassem contra um projeto de lei bipartidário que teria aumentado os controles nas fronteiras. Harris disse que Trump matou o projeto de lei porque queria manter viva sua narrativa de uma “crise” imigratória antes da eleição.

Em vários outros temas Harris também se moveu para o centro – ou quer que o mundo acredite que o fez – desde que se tornou vice-presidente, em 2021.

Ricardo Zúñiga, ex-enviado especial de Biden aos países do Triângulo Norte da América Central, que trabalhou em estreita colaboração com Harris em 2021 e 2022, disse-me que ela é muito mais pragmática e menos ideológica do que muitos pensam.

“Conheço a reputação dela quando estava no Senado, mas esse não é o melhor parâmetro para saber como ela vê as coisas”, disse-me Zúñiga. “Quando trabalhei com ela, suas perguntas sempre foram sobre maneiras de solucionar problemas.”

Harris foi um dos poucos membros do Senado que votaram em 2020 contra o acordo renegociado do NAFTA com o México e o Canadá, que foi rebatizado como Acordo EUA-México-Canadá (T-MEC), principalmente em razão de objeções sobre questões ambientais e de direitos trabalhistas.

Em relação a Cuba, a campanha de Harris em 2020 disse, em resposta a um questionamento do Tampa Bay Times, que ela era a favor do fim do embargo dos EUA à ilha. Mas como vice-presidente Harris não ficou conhecida por pressionar pelo relaxamento das sanções americanas contra Cuba.

Sobre a Venezuela, Harris enviou uma carta aos líderes da oposição Edmundo González Urrutia e María Corina Machado, em 16 de agosto, na qual afirmou que a comunidade internacional deve condenar os abusos de Nicolás Maduro.

Roberta Jacobson, ex-embaixadora dos EUA no México e ex-coordenadora de fronteiras do governo Biden, disse à revista Americas Quarterly que “seria um erro julgá-la (Harris) apenas por seu histórico no Senado. Considero que, nos quatro anos como vice-presidente, ela aprendeu muito. Ela conversou com cerca de 150 líderes mundiais e visitou 21 países”.

Vários ex-funcionários do governo americano disseram-me que a experiência de Harris como vice-presidente ajudando a formar uma coalizão internacional para apoiar a Ucrânia após a invasão russa provavelmente moldará a sua política externa se ela vencer a disputa presidencial.

“Ela está verdadeiramente comprometida com a ideia de que os EUA não podem agir unilateralmente e precisam de alianças com outros países”, disse-me Rebecca Bill Chavez, ex-conselheira de Harris para o Hemisfério Ocidental, nas primárias democratas de 2020.

Diferentemente de Biden, que viajou 16 vezes para a América Latina durante os seus oito anos como vice-presidente, Harris teve relativamente pouco contato com a região, apesar de seu pai ter nascido na Jamaica. Ela fez visitas oficiais de um dia à Guatemala e ao México em 2021, viajou para Honduras em 2022 e para as Bahamas em 2023.

Tudo indica que, se Harris vencer, a América Latina não figurará entre suas prioridades. Seu maior trunfo para a América Latina seria o fato de ela não ser Trump: Harris não demonizaria os imigrantes latino-americanos, nem prometeria a maior deportação em massa da história dos EUA, nem imporia tarifas que prejudicariam os produtores latino-americanos. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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