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Opinião|Por que o plano de deportações em massa de Trump não vai dar certo?


Saída de imigrantes causaria um desastre econômico e humanitário nos Estados Unidos

Por Andrés Oppenheimer
Atualização:

Uma das principais mensagens do ex-presidente Trump – se não a principal – no seu discurso de aceitação da candidatura republicana foi que, se eleito, ordenaria “a maior deportação da história” de imigrantes sem documentos. Muitos na Convenção Republicana seguravam cartazes que diziam: “DEPORTAÇÕES EM MASSA JÁ!”

O que Trump convenientemente omitiu é que a deportação de muitos dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país causaria um desastre econômico e humanitário.

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A promessa de Trump de usar a polícia, a Guarda Nacional e talvez até os militares para prender os imigrantes sem documentos não só transformaria o país em um estado policial, com potenciais detenções aleatórias de pessoas de língua espanhola e separação de pais e filhos, mas também causaria uma enorme escassez de mão-de-obra que aumentaria a inflação.

Imagem mostra muro na fronteira entre Estados Unidos e México, em dezembro de 2022. Plano de Trump para crise migratória é realizar deportação em massa Foto: Rebecca Noble/AFP

Uma nova pesquisa envolvendo quase 70 economistas realizado pelo The Wall Street Journal, que não é propriamente um jornal de esquerda, concluiu que “os economistas vêem os planos de Trump para aumentar as tarifas e reprimir a imigração ilegal como uma pressão ascendente sobre os preços”. A manchete do artigo dizia: “Economistas dizem que a inflação seria pior sob Trump do que sob Biden”.

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No seu discurso de uma hora e meia na convenção republicana, Trump começou falando em paz e amor, mas regressou imediatamente à sua habitual narrativa cheia de falsidades a respeito dos imigrantes.

“A maior invasão da história está ocorrendo aqui mesmo no nosso país”, disse Trump. A verdade é que o fluxo de migrantes aumentou em 2022 e 2023, em parte porque em 2019 e 2020, no final da presidência de Trump, a pandemia da covid fez com que muitos potenciais imigrantes permanecessem nos seus países.

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O que Trump também omitiu é que a imigração ilegal está em queda. As travessias ilegais na fronteira sul caíram 40% durante os primeiros quatro meses deste ano, de acordo com a alfândega e a patrulha de fronteiras.

Pior ainda, Trump passou grande parte do seu discurso pintando de forma enganosa os imigrantes sem documentos como criminosos. Obviamente, há imigrantes sem documentos que cometem crimes, mas Trump seleciona atos isolados cometidos por imigrantes para dar a impressão enganosa de que a maioria dos imigrantes sem documentos é de criminosos violentos.

Praticamente todos os estudos mostram que os imigrantes sem documentos cometem menos crimes violentos do que os nascidos nos Estados Unidos. Além disso, os homicídios caíram no ano passado, segundo o FBI.

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“Eles vêm das prisões. Eles vêm das cadeias. Eles vêm de instituições mentais e asilos”, disse Trump no seu discurso, como se a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos fosse de criminosos. “Coisas ruins vão acontecer.”

Imagem do dia 20 mostra apoiadores de Donald Trump e JD Vance, escolhido como vice em sua chapa, durante comício em Ohio Foto: Carlos Osorio/AP

Além disso, afirmou que países como a Venezuela estão reduzindo suas taxas de criminalidade exportando seus criminosos para os EUA. Na verdade, a grande maioria dos exilados venezuelanos são pessoas honestas, que fugiram de uma ditadura.

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No seu discurso contra os imigrantes sem documentos, Trump também afirmou falsamente que os imigrantes estão tirando empregos dos americanos, incluindo negros americanos e hispânicos.

A Câmara de Comércio dos EUA, outra fonte que não pode ser acusada de ser de esquerda, afirma que há quase 9 milhões de vagas de emprego não preenchidas no país, mas apenas 6,4 milhões de trabalhadores desempregados. Em outras palavras, são necessários mais imigrantes, e não menos.

Perto do fim do seu discurso, Trump disse que a sua plataforma de campanha promete lançar “a maior operação de deportação na história do nosso país”. Ainda maior que “a do presidente Dwight D. Eisenhower’'.

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A deportação em massa de Eisenhower em 1954, que enviou até 1,3 milhão de pessoas para o México, incluiu ataques a comunidades hispânicas nas quais muitos foram deportadas por engano, dizem os historiadores.

Em suma, o discurso incendiário de Trump contra os imigrantes sem documentos se baseia quase inteiramente em mentiras grosseiras.

Não há dúvida de que é necessário reformar o sistema de imigração e deportar os criminosos. Mas, em vez de demagogia política, os EUA precisam de imigrantes para preencher empregos vagos.

Deportar milhões de imigrantes sem documentos que fazem trabalhos que os americanos não querem fazer apenas aumentaria os preços, aumentaria a inflação e tornaria todos mais pobres. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Uma das principais mensagens do ex-presidente Trump – se não a principal – no seu discurso de aceitação da candidatura republicana foi que, se eleito, ordenaria “a maior deportação da história” de imigrantes sem documentos. Muitos na Convenção Republicana seguravam cartazes que diziam: “DEPORTAÇÕES EM MASSA JÁ!”

O que Trump convenientemente omitiu é que a deportação de muitos dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país causaria um desastre econômico e humanitário.

A promessa de Trump de usar a polícia, a Guarda Nacional e talvez até os militares para prender os imigrantes sem documentos não só transformaria o país em um estado policial, com potenciais detenções aleatórias de pessoas de língua espanhola e separação de pais e filhos, mas também causaria uma enorme escassez de mão-de-obra que aumentaria a inflação.

Imagem mostra muro na fronteira entre Estados Unidos e México, em dezembro de 2022. Plano de Trump para crise migratória é realizar deportação em massa Foto: Rebecca Noble/AFP

Uma nova pesquisa envolvendo quase 70 economistas realizado pelo The Wall Street Journal, que não é propriamente um jornal de esquerda, concluiu que “os economistas vêem os planos de Trump para aumentar as tarifas e reprimir a imigração ilegal como uma pressão ascendente sobre os preços”. A manchete do artigo dizia: “Economistas dizem que a inflação seria pior sob Trump do que sob Biden”.

No seu discurso de uma hora e meia na convenção republicana, Trump começou falando em paz e amor, mas regressou imediatamente à sua habitual narrativa cheia de falsidades a respeito dos imigrantes.

“A maior invasão da história está ocorrendo aqui mesmo no nosso país”, disse Trump. A verdade é que o fluxo de migrantes aumentou em 2022 e 2023, em parte porque em 2019 e 2020, no final da presidência de Trump, a pandemia da covid fez com que muitos potenciais imigrantes permanecessem nos seus países.

O que Trump também omitiu é que a imigração ilegal está em queda. As travessias ilegais na fronteira sul caíram 40% durante os primeiros quatro meses deste ano, de acordo com a alfândega e a patrulha de fronteiras.

Pior ainda, Trump passou grande parte do seu discurso pintando de forma enganosa os imigrantes sem documentos como criminosos. Obviamente, há imigrantes sem documentos que cometem crimes, mas Trump seleciona atos isolados cometidos por imigrantes para dar a impressão enganosa de que a maioria dos imigrantes sem documentos é de criminosos violentos.

Praticamente todos os estudos mostram que os imigrantes sem documentos cometem menos crimes violentos do que os nascidos nos Estados Unidos. Além disso, os homicídios caíram no ano passado, segundo o FBI.

“Eles vêm das prisões. Eles vêm das cadeias. Eles vêm de instituições mentais e asilos”, disse Trump no seu discurso, como se a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos fosse de criminosos. “Coisas ruins vão acontecer.”

Imagem do dia 20 mostra apoiadores de Donald Trump e JD Vance, escolhido como vice em sua chapa, durante comício em Ohio Foto: Carlos Osorio/AP

Além disso, afirmou que países como a Venezuela estão reduzindo suas taxas de criminalidade exportando seus criminosos para os EUA. Na verdade, a grande maioria dos exilados venezuelanos são pessoas honestas, que fugiram de uma ditadura.

No seu discurso contra os imigrantes sem documentos, Trump também afirmou falsamente que os imigrantes estão tirando empregos dos americanos, incluindo negros americanos e hispânicos.

A Câmara de Comércio dos EUA, outra fonte que não pode ser acusada de ser de esquerda, afirma que há quase 9 milhões de vagas de emprego não preenchidas no país, mas apenas 6,4 milhões de trabalhadores desempregados. Em outras palavras, são necessários mais imigrantes, e não menos.

Perto do fim do seu discurso, Trump disse que a sua plataforma de campanha promete lançar “a maior operação de deportação na história do nosso país”. Ainda maior que “a do presidente Dwight D. Eisenhower’'.

A deportação em massa de Eisenhower em 1954, que enviou até 1,3 milhão de pessoas para o México, incluiu ataques a comunidades hispânicas nas quais muitos foram deportadas por engano, dizem os historiadores.

Em suma, o discurso incendiário de Trump contra os imigrantes sem documentos se baseia quase inteiramente em mentiras grosseiras.

Não há dúvida de que é necessário reformar o sistema de imigração e deportar os criminosos. Mas, em vez de demagogia política, os EUA precisam de imigrantes para preencher empregos vagos.

Deportar milhões de imigrantes sem documentos que fazem trabalhos que os americanos não querem fazer apenas aumentaria os preços, aumentaria a inflação e tornaria todos mais pobres. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Uma das principais mensagens do ex-presidente Trump – se não a principal – no seu discurso de aceitação da candidatura republicana foi que, se eleito, ordenaria “a maior deportação da história” de imigrantes sem documentos. Muitos na Convenção Republicana seguravam cartazes que diziam: “DEPORTAÇÕES EM MASSA JÁ!”

O que Trump convenientemente omitiu é que a deportação de muitos dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país causaria um desastre econômico e humanitário.

A promessa de Trump de usar a polícia, a Guarda Nacional e talvez até os militares para prender os imigrantes sem documentos não só transformaria o país em um estado policial, com potenciais detenções aleatórias de pessoas de língua espanhola e separação de pais e filhos, mas também causaria uma enorme escassez de mão-de-obra que aumentaria a inflação.

Imagem mostra muro na fronteira entre Estados Unidos e México, em dezembro de 2022. Plano de Trump para crise migratória é realizar deportação em massa Foto: Rebecca Noble/AFP

Uma nova pesquisa envolvendo quase 70 economistas realizado pelo The Wall Street Journal, que não é propriamente um jornal de esquerda, concluiu que “os economistas vêem os planos de Trump para aumentar as tarifas e reprimir a imigração ilegal como uma pressão ascendente sobre os preços”. A manchete do artigo dizia: “Economistas dizem que a inflação seria pior sob Trump do que sob Biden”.

No seu discurso de uma hora e meia na convenção republicana, Trump começou falando em paz e amor, mas regressou imediatamente à sua habitual narrativa cheia de falsidades a respeito dos imigrantes.

“A maior invasão da história está ocorrendo aqui mesmo no nosso país”, disse Trump. A verdade é que o fluxo de migrantes aumentou em 2022 e 2023, em parte porque em 2019 e 2020, no final da presidência de Trump, a pandemia da covid fez com que muitos potenciais imigrantes permanecessem nos seus países.

O que Trump também omitiu é que a imigração ilegal está em queda. As travessias ilegais na fronteira sul caíram 40% durante os primeiros quatro meses deste ano, de acordo com a alfândega e a patrulha de fronteiras.

Pior ainda, Trump passou grande parte do seu discurso pintando de forma enganosa os imigrantes sem documentos como criminosos. Obviamente, há imigrantes sem documentos que cometem crimes, mas Trump seleciona atos isolados cometidos por imigrantes para dar a impressão enganosa de que a maioria dos imigrantes sem documentos é de criminosos violentos.

Praticamente todos os estudos mostram que os imigrantes sem documentos cometem menos crimes violentos do que os nascidos nos Estados Unidos. Além disso, os homicídios caíram no ano passado, segundo o FBI.

“Eles vêm das prisões. Eles vêm das cadeias. Eles vêm de instituições mentais e asilos”, disse Trump no seu discurso, como se a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos fosse de criminosos. “Coisas ruins vão acontecer.”

Imagem do dia 20 mostra apoiadores de Donald Trump e JD Vance, escolhido como vice em sua chapa, durante comício em Ohio Foto: Carlos Osorio/AP

Além disso, afirmou que países como a Venezuela estão reduzindo suas taxas de criminalidade exportando seus criminosos para os EUA. Na verdade, a grande maioria dos exilados venezuelanos são pessoas honestas, que fugiram de uma ditadura.

No seu discurso contra os imigrantes sem documentos, Trump também afirmou falsamente que os imigrantes estão tirando empregos dos americanos, incluindo negros americanos e hispânicos.

A Câmara de Comércio dos EUA, outra fonte que não pode ser acusada de ser de esquerda, afirma que há quase 9 milhões de vagas de emprego não preenchidas no país, mas apenas 6,4 milhões de trabalhadores desempregados. Em outras palavras, são necessários mais imigrantes, e não menos.

Perto do fim do seu discurso, Trump disse que a sua plataforma de campanha promete lançar “a maior operação de deportação na história do nosso país”. Ainda maior que “a do presidente Dwight D. Eisenhower’'.

A deportação em massa de Eisenhower em 1954, que enviou até 1,3 milhão de pessoas para o México, incluiu ataques a comunidades hispânicas nas quais muitos foram deportadas por engano, dizem os historiadores.

Em suma, o discurso incendiário de Trump contra os imigrantes sem documentos se baseia quase inteiramente em mentiras grosseiras.

Não há dúvida de que é necessário reformar o sistema de imigração e deportar os criminosos. Mas, em vez de demagogia política, os EUA precisam de imigrantes para preencher empregos vagos.

Deportar milhões de imigrantes sem documentos que fazem trabalhos que os americanos não querem fazer apenas aumentaria os preços, aumentaria a inflação e tornaria todos mais pobres. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Uma das principais mensagens do ex-presidente Trump – se não a principal – no seu discurso de aceitação da candidatura republicana foi que, se eleito, ordenaria “a maior deportação da história” de imigrantes sem documentos. Muitos na Convenção Republicana seguravam cartazes que diziam: “DEPORTAÇÕES EM MASSA JÁ!”

O que Trump convenientemente omitiu é que a deportação de muitos dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país causaria um desastre econômico e humanitário.

A promessa de Trump de usar a polícia, a Guarda Nacional e talvez até os militares para prender os imigrantes sem documentos não só transformaria o país em um estado policial, com potenciais detenções aleatórias de pessoas de língua espanhola e separação de pais e filhos, mas também causaria uma enorme escassez de mão-de-obra que aumentaria a inflação.

Imagem mostra muro na fronteira entre Estados Unidos e México, em dezembro de 2022. Plano de Trump para crise migratória é realizar deportação em massa Foto: Rebecca Noble/AFP

Uma nova pesquisa envolvendo quase 70 economistas realizado pelo The Wall Street Journal, que não é propriamente um jornal de esquerda, concluiu que “os economistas vêem os planos de Trump para aumentar as tarifas e reprimir a imigração ilegal como uma pressão ascendente sobre os preços”. A manchete do artigo dizia: “Economistas dizem que a inflação seria pior sob Trump do que sob Biden”.

No seu discurso de uma hora e meia na convenção republicana, Trump começou falando em paz e amor, mas regressou imediatamente à sua habitual narrativa cheia de falsidades a respeito dos imigrantes.

“A maior invasão da história está ocorrendo aqui mesmo no nosso país”, disse Trump. A verdade é que o fluxo de migrantes aumentou em 2022 e 2023, em parte porque em 2019 e 2020, no final da presidência de Trump, a pandemia da covid fez com que muitos potenciais imigrantes permanecessem nos seus países.

O que Trump também omitiu é que a imigração ilegal está em queda. As travessias ilegais na fronteira sul caíram 40% durante os primeiros quatro meses deste ano, de acordo com a alfândega e a patrulha de fronteiras.

Pior ainda, Trump passou grande parte do seu discurso pintando de forma enganosa os imigrantes sem documentos como criminosos. Obviamente, há imigrantes sem documentos que cometem crimes, mas Trump seleciona atos isolados cometidos por imigrantes para dar a impressão enganosa de que a maioria dos imigrantes sem documentos é de criminosos violentos.

Praticamente todos os estudos mostram que os imigrantes sem documentos cometem menos crimes violentos do que os nascidos nos Estados Unidos. Além disso, os homicídios caíram no ano passado, segundo o FBI.

“Eles vêm das prisões. Eles vêm das cadeias. Eles vêm de instituições mentais e asilos”, disse Trump no seu discurso, como se a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos fosse de criminosos. “Coisas ruins vão acontecer.”

Imagem do dia 20 mostra apoiadores de Donald Trump e JD Vance, escolhido como vice em sua chapa, durante comício em Ohio Foto: Carlos Osorio/AP

Além disso, afirmou que países como a Venezuela estão reduzindo suas taxas de criminalidade exportando seus criminosos para os EUA. Na verdade, a grande maioria dos exilados venezuelanos são pessoas honestas, que fugiram de uma ditadura.

No seu discurso contra os imigrantes sem documentos, Trump também afirmou falsamente que os imigrantes estão tirando empregos dos americanos, incluindo negros americanos e hispânicos.

A Câmara de Comércio dos EUA, outra fonte que não pode ser acusada de ser de esquerda, afirma que há quase 9 milhões de vagas de emprego não preenchidas no país, mas apenas 6,4 milhões de trabalhadores desempregados. Em outras palavras, são necessários mais imigrantes, e não menos.

Perto do fim do seu discurso, Trump disse que a sua plataforma de campanha promete lançar “a maior operação de deportação na história do nosso país”. Ainda maior que “a do presidente Dwight D. Eisenhower’'.

A deportação em massa de Eisenhower em 1954, que enviou até 1,3 milhão de pessoas para o México, incluiu ataques a comunidades hispânicas nas quais muitos foram deportadas por engano, dizem os historiadores.

Em suma, o discurso incendiário de Trump contra os imigrantes sem documentos se baseia quase inteiramente em mentiras grosseiras.

Não há dúvida de que é necessário reformar o sistema de imigração e deportar os criminosos. Mas, em vez de demagogia política, os EUA precisam de imigrantes para preencher empregos vagos.

Deportar milhões de imigrantes sem documentos que fazem trabalhos que os americanos não querem fazer apenas aumentaria os preços, aumentaria a inflação e tornaria todos mais pobres. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Uma das principais mensagens do ex-presidente Trump – se não a principal – no seu discurso de aceitação da candidatura republicana foi que, se eleito, ordenaria “a maior deportação da história” de imigrantes sem documentos. Muitos na Convenção Republicana seguravam cartazes que diziam: “DEPORTAÇÕES EM MASSA JÁ!”

O que Trump convenientemente omitiu é que a deportação de muitos dos 11 milhões de imigrantes sem documentos no país causaria um desastre econômico e humanitário.

A promessa de Trump de usar a polícia, a Guarda Nacional e talvez até os militares para prender os imigrantes sem documentos não só transformaria o país em um estado policial, com potenciais detenções aleatórias de pessoas de língua espanhola e separação de pais e filhos, mas também causaria uma enorme escassez de mão-de-obra que aumentaria a inflação.

Imagem mostra muro na fronteira entre Estados Unidos e México, em dezembro de 2022. Plano de Trump para crise migratória é realizar deportação em massa Foto: Rebecca Noble/AFP

Uma nova pesquisa envolvendo quase 70 economistas realizado pelo The Wall Street Journal, que não é propriamente um jornal de esquerda, concluiu que “os economistas vêem os planos de Trump para aumentar as tarifas e reprimir a imigração ilegal como uma pressão ascendente sobre os preços”. A manchete do artigo dizia: “Economistas dizem que a inflação seria pior sob Trump do que sob Biden”.

No seu discurso de uma hora e meia na convenção republicana, Trump começou falando em paz e amor, mas regressou imediatamente à sua habitual narrativa cheia de falsidades a respeito dos imigrantes.

“A maior invasão da história está ocorrendo aqui mesmo no nosso país”, disse Trump. A verdade é que o fluxo de migrantes aumentou em 2022 e 2023, em parte porque em 2019 e 2020, no final da presidência de Trump, a pandemia da covid fez com que muitos potenciais imigrantes permanecessem nos seus países.

O que Trump também omitiu é que a imigração ilegal está em queda. As travessias ilegais na fronteira sul caíram 40% durante os primeiros quatro meses deste ano, de acordo com a alfândega e a patrulha de fronteiras.

Pior ainda, Trump passou grande parte do seu discurso pintando de forma enganosa os imigrantes sem documentos como criminosos. Obviamente, há imigrantes sem documentos que cometem crimes, mas Trump seleciona atos isolados cometidos por imigrantes para dar a impressão enganosa de que a maioria dos imigrantes sem documentos é de criminosos violentos.

Praticamente todos os estudos mostram que os imigrantes sem documentos cometem menos crimes violentos do que os nascidos nos Estados Unidos. Além disso, os homicídios caíram no ano passado, segundo o FBI.

“Eles vêm das prisões. Eles vêm das cadeias. Eles vêm de instituições mentais e asilos”, disse Trump no seu discurso, como se a maioria dos 11 milhões de imigrantes sem documentos fosse de criminosos. “Coisas ruins vão acontecer.”

Imagem do dia 20 mostra apoiadores de Donald Trump e JD Vance, escolhido como vice em sua chapa, durante comício em Ohio Foto: Carlos Osorio/AP

Além disso, afirmou que países como a Venezuela estão reduzindo suas taxas de criminalidade exportando seus criminosos para os EUA. Na verdade, a grande maioria dos exilados venezuelanos são pessoas honestas, que fugiram de uma ditadura.

No seu discurso contra os imigrantes sem documentos, Trump também afirmou falsamente que os imigrantes estão tirando empregos dos americanos, incluindo negros americanos e hispânicos.

A Câmara de Comércio dos EUA, outra fonte que não pode ser acusada de ser de esquerda, afirma que há quase 9 milhões de vagas de emprego não preenchidas no país, mas apenas 6,4 milhões de trabalhadores desempregados. Em outras palavras, são necessários mais imigrantes, e não menos.

Perto do fim do seu discurso, Trump disse que a sua plataforma de campanha promete lançar “a maior operação de deportação na história do nosso país”. Ainda maior que “a do presidente Dwight D. Eisenhower’'.

A deportação em massa de Eisenhower em 1954, que enviou até 1,3 milhão de pessoas para o México, incluiu ataques a comunidades hispânicas nas quais muitos foram deportadas por engano, dizem os historiadores.

Em suma, o discurso incendiário de Trump contra os imigrantes sem documentos se baseia quase inteiramente em mentiras grosseiras.

Não há dúvida de que é necessário reformar o sistema de imigração e deportar os criminosos. Mas, em vez de demagogia política, os EUA precisam de imigrantes para preencher empregos vagos.

Deportar milhões de imigrantes sem documentos que fazem trabalhos que os americanos não querem fazer apenas aumentaria os preços, aumentaria a inflação e tornaria todos mais pobres. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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