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Opinião|Por que tantos latinos votaram em Donald Trump?


Parte da população latina se mostrou insatisfeita com o governo de Joe Biden e o aumento do custo de vida

Por Andrés Oppenheimer

Uma das principais razões pelas quais Donald Trump venceu a eleição de 5 de novembro é que ele recebeu o apoio de muito mais eleitores latinos do que as pesquisas previam, apesar de suas acusações de que os imigrantes estão “envenenando o sangue do nosso país”.

De acordo com as pesquisas, Trump aumentou sua participação no voto latino nacionalmente de 32% na eleição de 2020 para 45% em 2024. Assim como em outros grupos étnicos, a maior parte do aumento do voto em Trump ocorreu entre homens sem formação universitária.

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Mesmo no Estado decisivo da Pensilvânia, onde os pesquisadores previram que Trump perderia dezenas de milhares de eleitores porto-riquenhos depois que um comediante em um comício de Trump disse há uma semana que Porto Rico é uma “ilha flutuante de lixo”, Trump obteve 42% do voto latino, quase o dobro do que recebeu há quatro anos.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Por que tantos latinos votaram no candidato que insultava os imigrantes hispânicos o tempo todo? Aqui estão três motivos que podem ajudar a explicar o fato.

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Primeiro, a principal preocupação dos eleitores hispânicos foi a economia, muito mais do que a democracia, o direito ao aborto ou a política externa.

Apesar da recente recuperação da economia dos EUA, a que mais cresce entre todos os países ricos segundo o Fundo Monetário Internacional, e do baixo índice de desemprego, muitos latinos, assim como outros americanos, estão insatisfeitos com os altos preços dos alimentos e das moradias.

A inflação dos EUA caiu para 2,4% recentemente, mas a notícia chegou tarde demais para mudar a opinião dos eleitores sobre sua economia pessoal. E a candidata democrata Kamala Harris não fez o suficiente para se diferenciar do presidente Joe Biden durante sua breve campanha.

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Cerca de 85% dos eleitores latinos disseram que sua principal prioridade na eleição deste ano era a economia, seguida por assistência médica (71%) e crimes violentos (62%), de acordo com uma pesquisa pré-eleitoral do Pew Research Center.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursa após reconhecer derrota para Donald Trump, em Washington  Foto: Stephanie Scarbrough/AP

Em segundo lugar, Trump fez um trabalho muito melhor do que os democratas ao cortejar grupos hispânicos específicos, como os cubano-americanos e porto-riquenhos na Flórida.

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Kamala não dedicou muito tempo ou recursos para cortejar esses grupos, talvez porque os democratas já tivessem concluído que votariam em Trump. Mas os candidatos presidenciais democratas viram seu apoio entre os hispânicos diminuir de 67% em 2008 para 53% atualmente.

Terceiro, muitos hispânicos não reagiram negativamente aos insultos quase diários de Trump contra os imigrantes latinos, em parte porque vivem em comunidades trumpistas e querem se integrar a elas o máximo possível.

“Eles dizem a si mesmos: ‘Vou provar a vocês que sou um bom americano votando em Trump’”, disse-me Ernesto Castañeda, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University em Washington DC.

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dança após discursar em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Quanto às falsas alegações de Trump de que os imigrantes latinos são responsáveis por uma onda de crimes violentos no país, muitos eleitores latinos dizem: “Ele não está falando de mim; está falando de outros. Eu sou o imigrante bom, ele está falando dos ruins”, me disse Castañeda.

De fato, vários estudos mostraram que os imigrantes latinos cometem, em média, menos crimes violentos do que os americanos nascidos nos EUA.

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Quanto às alegações igualmente ilusórias de Trump de que os imigrantes sem documentos estão roubando empregos dos latinos, os economistas concordam haver uma enorme escassez de trabalhadores na construção civil e em vários outros setores em que os latinos tendem a trabalhar.

É claro que há outras explicações para o avanço de Trump entre os latinos. Alguns especialistas dizem que, no fundo, muitos hispânicos admiram “homens fortes”, ou autocratas.

Mas o fato concreto é: Trump ganhou muito terreno entre os eleitores latinos, que costumavam votar majoritariamente nos democratas.

As pesquisas estavam certas ao prever que Trump aumentaria sua participação no voto hispânico, e os democratas terão de pensar seriamente em como reverter essa tendência no futuro.

Uma das principais razões pelas quais Donald Trump venceu a eleição de 5 de novembro é que ele recebeu o apoio de muito mais eleitores latinos do que as pesquisas previam, apesar de suas acusações de que os imigrantes estão “envenenando o sangue do nosso país”.

De acordo com as pesquisas, Trump aumentou sua participação no voto latino nacionalmente de 32% na eleição de 2020 para 45% em 2024. Assim como em outros grupos étnicos, a maior parte do aumento do voto em Trump ocorreu entre homens sem formação universitária.

Mesmo no Estado decisivo da Pensilvânia, onde os pesquisadores previram que Trump perderia dezenas de milhares de eleitores porto-riquenhos depois que um comediante em um comício de Trump disse há uma semana que Porto Rico é uma “ilha flutuante de lixo”, Trump obteve 42% do voto latino, quase o dobro do que recebeu há quatro anos.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Por que tantos latinos votaram no candidato que insultava os imigrantes hispânicos o tempo todo? Aqui estão três motivos que podem ajudar a explicar o fato.

Primeiro, a principal preocupação dos eleitores hispânicos foi a economia, muito mais do que a democracia, o direito ao aborto ou a política externa.

Apesar da recente recuperação da economia dos EUA, a que mais cresce entre todos os países ricos segundo o Fundo Monetário Internacional, e do baixo índice de desemprego, muitos latinos, assim como outros americanos, estão insatisfeitos com os altos preços dos alimentos e das moradias.

A inflação dos EUA caiu para 2,4% recentemente, mas a notícia chegou tarde demais para mudar a opinião dos eleitores sobre sua economia pessoal. E a candidata democrata Kamala Harris não fez o suficiente para se diferenciar do presidente Joe Biden durante sua breve campanha.

Cerca de 85% dos eleitores latinos disseram que sua principal prioridade na eleição deste ano era a economia, seguida por assistência médica (71%) e crimes violentos (62%), de acordo com uma pesquisa pré-eleitoral do Pew Research Center.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursa após reconhecer derrota para Donald Trump, em Washington  Foto: Stephanie Scarbrough/AP

Em segundo lugar, Trump fez um trabalho muito melhor do que os democratas ao cortejar grupos hispânicos específicos, como os cubano-americanos e porto-riquenhos na Flórida.

Kamala não dedicou muito tempo ou recursos para cortejar esses grupos, talvez porque os democratas já tivessem concluído que votariam em Trump. Mas os candidatos presidenciais democratas viram seu apoio entre os hispânicos diminuir de 67% em 2008 para 53% atualmente.

Terceiro, muitos hispânicos não reagiram negativamente aos insultos quase diários de Trump contra os imigrantes latinos, em parte porque vivem em comunidades trumpistas e querem se integrar a elas o máximo possível.

“Eles dizem a si mesmos: ‘Vou provar a vocês que sou um bom americano votando em Trump’”, disse-me Ernesto Castañeda, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University em Washington DC.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dança após discursar em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Quanto às falsas alegações de Trump de que os imigrantes latinos são responsáveis por uma onda de crimes violentos no país, muitos eleitores latinos dizem: “Ele não está falando de mim; está falando de outros. Eu sou o imigrante bom, ele está falando dos ruins”, me disse Castañeda.

De fato, vários estudos mostraram que os imigrantes latinos cometem, em média, menos crimes violentos do que os americanos nascidos nos EUA.

Quanto às alegações igualmente ilusórias de Trump de que os imigrantes sem documentos estão roubando empregos dos latinos, os economistas concordam haver uma enorme escassez de trabalhadores na construção civil e em vários outros setores em que os latinos tendem a trabalhar.

É claro que há outras explicações para o avanço de Trump entre os latinos. Alguns especialistas dizem que, no fundo, muitos hispânicos admiram “homens fortes”, ou autocratas.

Mas o fato concreto é: Trump ganhou muito terreno entre os eleitores latinos, que costumavam votar majoritariamente nos democratas.

As pesquisas estavam certas ao prever que Trump aumentaria sua participação no voto hispânico, e os democratas terão de pensar seriamente em como reverter essa tendência no futuro.

Uma das principais razões pelas quais Donald Trump venceu a eleição de 5 de novembro é que ele recebeu o apoio de muito mais eleitores latinos do que as pesquisas previam, apesar de suas acusações de que os imigrantes estão “envenenando o sangue do nosso país”.

De acordo com as pesquisas, Trump aumentou sua participação no voto latino nacionalmente de 32% na eleição de 2020 para 45% em 2024. Assim como em outros grupos étnicos, a maior parte do aumento do voto em Trump ocorreu entre homens sem formação universitária.

Mesmo no Estado decisivo da Pensilvânia, onde os pesquisadores previram que Trump perderia dezenas de milhares de eleitores porto-riquenhos depois que um comediante em um comício de Trump disse há uma semana que Porto Rico é uma “ilha flutuante de lixo”, Trump obteve 42% do voto latino, quase o dobro do que recebeu há quatro anos.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, discursa em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Por que tantos latinos votaram no candidato que insultava os imigrantes hispânicos o tempo todo? Aqui estão três motivos que podem ajudar a explicar o fato.

Primeiro, a principal preocupação dos eleitores hispânicos foi a economia, muito mais do que a democracia, o direito ao aborto ou a política externa.

Apesar da recente recuperação da economia dos EUA, a que mais cresce entre todos os países ricos segundo o Fundo Monetário Internacional, e do baixo índice de desemprego, muitos latinos, assim como outros americanos, estão insatisfeitos com os altos preços dos alimentos e das moradias.

A inflação dos EUA caiu para 2,4% recentemente, mas a notícia chegou tarde demais para mudar a opinião dos eleitores sobre sua economia pessoal. E a candidata democrata Kamala Harris não fez o suficiente para se diferenciar do presidente Joe Biden durante sua breve campanha.

Cerca de 85% dos eleitores latinos disseram que sua principal prioridade na eleição deste ano era a economia, seguida por assistência médica (71%) e crimes violentos (62%), de acordo com uma pesquisa pré-eleitoral do Pew Research Center.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, discursa após reconhecer derrota para Donald Trump, em Washington  Foto: Stephanie Scarbrough/AP

Em segundo lugar, Trump fez um trabalho muito melhor do que os democratas ao cortejar grupos hispânicos específicos, como os cubano-americanos e porto-riquenhos na Flórida.

Kamala não dedicou muito tempo ou recursos para cortejar esses grupos, talvez porque os democratas já tivessem concluído que votariam em Trump. Mas os candidatos presidenciais democratas viram seu apoio entre os hispânicos diminuir de 67% em 2008 para 53% atualmente.

Terceiro, muitos hispânicos não reagiram negativamente aos insultos quase diários de Trump contra os imigrantes latinos, em parte porque vivem em comunidades trumpistas e querem se integrar a elas o máximo possível.

“Eles dizem a si mesmos: ‘Vou provar a vocês que sou um bom americano votando em Trump’”, disse-me Ernesto Castañeda, diretor do Centro de Estudos Latino-Americanos e Latinos da American University em Washington DC.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, dança após discursar em Palm Beach, Flórida  Foto: Alex Brandon/AP

Quanto às falsas alegações de Trump de que os imigrantes latinos são responsáveis por uma onda de crimes violentos no país, muitos eleitores latinos dizem: “Ele não está falando de mim; está falando de outros. Eu sou o imigrante bom, ele está falando dos ruins”, me disse Castañeda.

De fato, vários estudos mostraram que os imigrantes latinos cometem, em média, menos crimes violentos do que os americanos nascidos nos EUA.

Quanto às alegações igualmente ilusórias de Trump de que os imigrantes sem documentos estão roubando empregos dos latinos, os economistas concordam haver uma enorme escassez de trabalhadores na construção civil e em vários outros setores em que os latinos tendem a trabalhar.

É claro que há outras explicações para o avanço de Trump entre os latinos. Alguns especialistas dizem que, no fundo, muitos hispânicos admiram “homens fortes”, ou autocratas.

Mas o fato concreto é: Trump ganhou muito terreno entre os eleitores latinos, que costumavam votar majoritariamente nos democratas.

As pesquisas estavam certas ao prever que Trump aumentaria sua participação no voto hispânico, e os democratas terão de pensar seriamente em como reverter essa tendência no futuro.

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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