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Opinião|Venezuela, a maior de todas as fraudes eleitorais


Nicolás Maduro quebrou todos os recordes de eleições fraudulentas e inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna

Por Andrés Oppenheimer
Atualização:

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

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A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Machado.

Há várias razões para acreditar que Machado está certa.

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Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

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CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foto: Matias Delacroix/AP

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

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Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto. O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

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As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação.

Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Machado.

Há várias razões para acreditar que Machado está certa.

Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foto: Matias Delacroix/AP

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto. O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação.

Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Machado.

Há várias razões para acreditar que Machado está certa.

Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foto: Matias Delacroix/AP

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto. O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação.

Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Machado.

Há várias razões para acreditar que Machado está certa.

Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foto: Matias Delacroix/AP

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto. O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação.

Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Machado.

Há várias razões para acreditar que Machado está certa.

Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foto: Matias Delacroix/AP

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto. O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação.

Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer./TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Opinião por Andrés Oppenheimer

Andrés Oppenheimer foi considerado pela revista Foreign Policy 'um dos 50 intelectuais latino-americanos mais influentes' do mundo. É colunista do The Miami Herald, apresentador do programa 'Oppenheimer Apresenta' na CNN em Espanhol, e autor de oito best-sellers. Sua coluna 'Informe Oppenheimer' é publicada regularmente em mais de 50 jornais

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