O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve se encontrar com o presidente da China, Xi Jinping, no sábado, 16, durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC, na sigla em inglês), em Lima, capital do Peru. O encontro deve ser o último entre Xi e Biden durante o mandato do democrata, que se encerra no dia 20 de janeiro do ano que vem.
A relação entre Pequim e o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, deve ser mais dura. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, ressaltou que Biden irá ressaltar que a estabilidade deve ser buscada por ambas as partes durante o período de transição.
“As transições são momentos em que os adversários podem ver uma possível oportunidade”, disse Sullivan. “E então parte do que o presidente Biden comunicará é que precisamos manter a estabilidade, clareza e previsibilidade por meio dessa transição entre os Estados Unidos e a China.”
Durante sua campanha contra a vice-presidente Kamala Harris, Trump prometeu aplicar tarifas gerais de 60% sobre todas as exportações chinesas para os EUA, uma medida que abalaria o relacionamento já tumultuado entre Pequim e Washington. Xi Jinping parabenizou Trump pela vitória e disse que os EUA e a China deveriam administrar as suas diferenças.
Diferenças
Washington e Pequim divergem sobre uma série de assuntos como o apoio que a China fornece à Rússia durante a guerra na Ucrânia, além de questões relacionadas a direitos humanos, tecnologia e Taiwan. Durante seu primeiro mandato, Trump buscou uma política de confronto com a China, impondo tarifas de mais de US$ 360 bilhões em produtos chineses.
Isso levou Pequim à mesa de negociação e, em 2020, os dois lados assinaram um acordo comercial no qual a China se comprometeu a melhorar os direitos de propriedade intelectual e a comprar US$ 200 bilhões extras em produtos americanos.
A Casa Branca vem trabalhando há meses para organizar uma reunião final entre Xi e Biden antes que o democrata deixe o cargo em janeiro.
Sullivan viajou para Pequim no final de agosto para se encontrar com o homólogo chines e também se reuniu com o presidente chines. Depois disso, o conselheiro de Segurança Nacional indicou que poderia haver uma reunião final entre Xi e Biden na APEC ou na cúpula do G-20, na semana que vem, que será no Rio de Janeiro.
Biden e Xi
Biden tem procurado manter um relacionamento estável com Xi, mesmo que seu governo tenha repetidamente levantado preocupações sobre as atitudes do governo de Pequim.
Autoridades de inteligência dos EUA avaliaram que a China aumentou as vendas para a Rússia de tecnologias que Moscou está usando para produzir mísseis, tanques, aeronaves e outras armas para lutar contra Kiev. No mês passado, o governo impôs sanções contra duas empresas chinesas acusadas de ajudar diretamente a Rússia a construir drones de ataque de longo alcance usados contra a Ucrânia.
As tensões aumentaram no ano passado depois que Biden ordenou o abate de um balão espião chinês que entrou no espaço aéreo americano. E o governo Biden criticou o assédio militar da China em relação ao Japão, Filipinas e Taiwan.
A reunião deve se concentrar nos esforços de Biden para conter o fluxo de produtos químicos fabricados na China usados para fazer fentanil, além de preocupações sobre o apoio indireto de Pequim a Moscou, segurança cibernética e a importância de manter as comunicações entre militares dos dois países.
Sullivan acrescentou que esperava que Biden também questionasse o presidente da China sobre uma suposta operação de hackers chineses visando celulares usados por Trump, o vice-presidente eleito JD Vance e pessoas associadas à campanha de Kamala.
Saiba mais
Outras reuniões
Sullivan também anunciou que Biden deve realizar uma reunião conjunta com o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, e o novo primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba.
Essa reunião é uma continuação da histórica cúpula de Camp David que Biden sediou em agosto de 2023 com Yoon e o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida.
Os três países querem reforçar ainda mais os laços de segurança e cooperação econômica entre si, em meio a preocupações compartilhadas sobre a Coreia do Norte e a China./AP