Com visita inédita a Muro, Bolsonaro mira evangélicos e Netanyahu, reeleição


Presidente brasileiro torna-se primeiro líder mundial a ir com um chefe de Estado israelense ao Muro das Lamentações, local sagrado para o judaísmo e situado em território palestino ocupado

Por Cristiano Dias e Célia Froufe

JERUSALEM - O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 1º, uma visita histórica ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, em Jerusalém Oriental. Em seu segundo dia de viagem a Israel, ele se tornou o primeiro líder a conhecer o lugar acompanhado de um chefe de governo israelense, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Foi uma decisão ousada. O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Os americanos Barack Obama e Donald Trump, por exemplo, visitaram o muro de maneira privada, para evitar confusão.

Bolsonaro (E) e Netanyahu tocam o Muro das Lamentações, lugar de culto mais importante para os judeus Foto: Menahem KAHANA / POOL / AFP
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A ousadia serve tanto a Bolsonaro quanto a Netanyahu, que quiseram passar mensagens diferentes. O israelense busca votos. No domingo, ele coloca o cargo em jogo nas eleições parlamentares, até agora disputadas palmo a palmo contra o ex-comandante das Forças Armadas, o general Benny Gantz. Há dez anos no poder, ele pode se tornar o premiê a governar Israel por mais tempo. 

Envolvido em casos de suborno, fraude e corrupção, correndo o risco de ser indiciado e preso, Netanyahu precisa passar uma imagem positiva na reta final da campanha. Segundo Emmanuel Navon, cientista político da Universidade de Tel-Aviv, Bolsonaro se transformou em uma plataforma política do premiê. “Netanyahu está sabendo usar bem o presidente brasileiro”, disse Navon ao Estado.

Já Bolsonaro precisa do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Parte dela achou pouco a abertura de um escritório de negócios, sem status diplomático, em Jerusalém, e queria a transferência definitiva da embaixada de Tel-Aviv para a cidade, uma promessa de campanha do presidente. Nesta segunda, Bolsonaro indicou que ainda pretende fazer a mudança. Ele afirmou que tem tempo, pois seu mandato vai até 2022.

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Para representantes da bancada evangélica, Bolsonaro ainda vai cumprir a promessa. “É uma questão de prazo. Não tenho dúvida de que ele vai cumprir com sua palavra”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Ele acredita que o presidente tenha encontrado uma solução temporária para lidar com pressões que recebeu em relação à mudança.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que os jornais “tentam emplacar a retórica” de que o presidente não vai mudar a embaixada para Jerusalém com o objetivo de “desgastá-lo” com os cristãos. “No mundo real, o presidente afirma que vai mudar e muito antes do final de seu mandato”, escreveu o filho de Bolsonaro. 

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Apesar do desejo dos evangélicos, é notória a pressão de países árabes, que representam um dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira. Além disso, a chancelaria palestina afirmou que contactaria o enviado ao Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, por considerar uma “flagrante violação internacional” a abertura do escritório de negócios em Jerusalém (mais informações na página A10). Na visita ao Muro das Lamentações, os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. 

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Rompendo uma tradição diplomática, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Durante décadas, líderes estrangeiros se abstiveram de visitar o local ao lado de líderes de Israel.

Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas – embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie. 

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Na volta ao Hotel Rei David, Bolsonaro foi surpreendido por um grupo de católicos, que rezaram e cantaram para o presidente. Eram cerca de 30 pessoas que mudaram a rotina de um dos mais tradicionais e luxuosos hotéis de Jerusalém, entoando “Derrama senhor, derrama senhor o seu amor”. Bolsonaro chorou ao agradecer o apoio e subiu para o quarto.

Na manhã de hoje, o presidente tem um encontro com empresários brasileiros e israelenses. À tarde, visita o Museu do Holocausto e planta uma árvore no Bosque das Nações – um gesto simbólico repetido por mais de uma centena de chefes de Estado que visitam Israel. Desta vez, estará sem Netanyahu.

A visita de Bolsonaro a Israel

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Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022

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O presidente Jair Bolsonaro, em visita a Israel, anunciou, neste domingo, a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, além da assinatura de seis acordos de cooperação. O primeiro-ministro de israelense disse que espera que esse “seja o primeiro passo para a abertura de uma embaixada brasileira em Jerusalém".

No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.  / COLABOROU CAMILA TURTELLI

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JERUSALEM - O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 1º, uma visita histórica ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, em Jerusalém Oriental. Em seu segundo dia de viagem a Israel, ele se tornou o primeiro líder a conhecer o lugar acompanhado de um chefe de governo israelense, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Foi uma decisão ousada. O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Os americanos Barack Obama e Donald Trump, por exemplo, visitaram o muro de maneira privada, para evitar confusão.

Bolsonaro (E) e Netanyahu tocam o Muro das Lamentações, lugar de culto mais importante para os judeus Foto: Menahem KAHANA / POOL / AFP

A ousadia serve tanto a Bolsonaro quanto a Netanyahu, que quiseram passar mensagens diferentes. O israelense busca votos. No domingo, ele coloca o cargo em jogo nas eleições parlamentares, até agora disputadas palmo a palmo contra o ex-comandante das Forças Armadas, o general Benny Gantz. Há dez anos no poder, ele pode se tornar o premiê a governar Israel por mais tempo. 

Envolvido em casos de suborno, fraude e corrupção, correndo o risco de ser indiciado e preso, Netanyahu precisa passar uma imagem positiva na reta final da campanha. Segundo Emmanuel Navon, cientista político da Universidade de Tel-Aviv, Bolsonaro se transformou em uma plataforma política do premiê. “Netanyahu está sabendo usar bem o presidente brasileiro”, disse Navon ao Estado.

Já Bolsonaro precisa do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Parte dela achou pouco a abertura de um escritório de negócios, sem status diplomático, em Jerusalém, e queria a transferência definitiva da embaixada de Tel-Aviv para a cidade, uma promessa de campanha do presidente. Nesta segunda, Bolsonaro indicou que ainda pretende fazer a mudança. Ele afirmou que tem tempo, pois seu mandato vai até 2022.

Para representantes da bancada evangélica, Bolsonaro ainda vai cumprir a promessa. “É uma questão de prazo. Não tenho dúvida de que ele vai cumprir com sua palavra”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Ele acredita que o presidente tenha encontrado uma solução temporária para lidar com pressões que recebeu em relação à mudança.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que os jornais “tentam emplacar a retórica” de que o presidente não vai mudar a embaixada para Jerusalém com o objetivo de “desgastá-lo” com os cristãos. “No mundo real, o presidente afirma que vai mudar e muito antes do final de seu mandato”, escreveu o filho de Bolsonaro. 

Apesar do desejo dos evangélicos, é notória a pressão de países árabes, que representam um dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira. Além disso, a chancelaria palestina afirmou que contactaria o enviado ao Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, por considerar uma “flagrante violação internacional” a abertura do escritório de negócios em Jerusalém (mais informações na página A10). Na visita ao Muro das Lamentações, os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. 

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Rompendo uma tradição diplomática, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Durante décadas, líderes estrangeiros se abstiveram de visitar o local ao lado de líderes de Israel.

Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas – embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie. 

Na volta ao Hotel Rei David, Bolsonaro foi surpreendido por um grupo de católicos, que rezaram e cantaram para o presidente. Eram cerca de 30 pessoas que mudaram a rotina de um dos mais tradicionais e luxuosos hotéis de Jerusalém, entoando “Derrama senhor, derrama senhor o seu amor”. Bolsonaro chorou ao agradecer o apoio e subiu para o quarto.

Na manhã de hoje, o presidente tem um encontro com empresários brasileiros e israelenses. À tarde, visita o Museu do Holocausto e planta uma árvore no Bosque das Nações – um gesto simbólico repetido por mais de uma centena de chefes de Estado que visitam Israel. Desta vez, estará sem Netanyahu.

A visita de Bolsonaro a Israel

Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022

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O presidente Jair Bolsonaro, em visita a Israel, anunciou, neste domingo, a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, além da assinatura de seis acordos de cooperação. O primeiro-ministro de israelense disse que espera que esse “seja o primeiro passo para a abertura de uma embaixada brasileira em Jerusalém".

No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.  / COLABOROU CAMILA TURTELLI

 

JERUSALEM - O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 1º, uma visita histórica ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, em Jerusalém Oriental. Em seu segundo dia de viagem a Israel, ele se tornou o primeiro líder a conhecer o lugar acompanhado de um chefe de governo israelense, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Foi uma decisão ousada. O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Os americanos Barack Obama e Donald Trump, por exemplo, visitaram o muro de maneira privada, para evitar confusão.

Bolsonaro (E) e Netanyahu tocam o Muro das Lamentações, lugar de culto mais importante para os judeus Foto: Menahem KAHANA / POOL / AFP

A ousadia serve tanto a Bolsonaro quanto a Netanyahu, que quiseram passar mensagens diferentes. O israelense busca votos. No domingo, ele coloca o cargo em jogo nas eleições parlamentares, até agora disputadas palmo a palmo contra o ex-comandante das Forças Armadas, o general Benny Gantz. Há dez anos no poder, ele pode se tornar o premiê a governar Israel por mais tempo. 

Envolvido em casos de suborno, fraude e corrupção, correndo o risco de ser indiciado e preso, Netanyahu precisa passar uma imagem positiva na reta final da campanha. Segundo Emmanuel Navon, cientista político da Universidade de Tel-Aviv, Bolsonaro se transformou em uma plataforma política do premiê. “Netanyahu está sabendo usar bem o presidente brasileiro”, disse Navon ao Estado.

Já Bolsonaro precisa do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Parte dela achou pouco a abertura de um escritório de negócios, sem status diplomático, em Jerusalém, e queria a transferência definitiva da embaixada de Tel-Aviv para a cidade, uma promessa de campanha do presidente. Nesta segunda, Bolsonaro indicou que ainda pretende fazer a mudança. Ele afirmou que tem tempo, pois seu mandato vai até 2022.

Para representantes da bancada evangélica, Bolsonaro ainda vai cumprir a promessa. “É uma questão de prazo. Não tenho dúvida de que ele vai cumprir com sua palavra”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Ele acredita que o presidente tenha encontrado uma solução temporária para lidar com pressões que recebeu em relação à mudança.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que os jornais “tentam emplacar a retórica” de que o presidente não vai mudar a embaixada para Jerusalém com o objetivo de “desgastá-lo” com os cristãos. “No mundo real, o presidente afirma que vai mudar e muito antes do final de seu mandato”, escreveu o filho de Bolsonaro. 

Apesar do desejo dos evangélicos, é notória a pressão de países árabes, que representam um dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira. Além disso, a chancelaria palestina afirmou que contactaria o enviado ao Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, por considerar uma “flagrante violação internacional” a abertura do escritório de negócios em Jerusalém (mais informações na página A10). Na visita ao Muro das Lamentações, os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. 

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Rompendo uma tradição diplomática, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Durante décadas, líderes estrangeiros se abstiveram de visitar o local ao lado de líderes de Israel.

Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas – embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie. 

Na volta ao Hotel Rei David, Bolsonaro foi surpreendido por um grupo de católicos, que rezaram e cantaram para o presidente. Eram cerca de 30 pessoas que mudaram a rotina de um dos mais tradicionais e luxuosos hotéis de Jerusalém, entoando “Derrama senhor, derrama senhor o seu amor”. Bolsonaro chorou ao agradecer o apoio e subiu para o quarto.

Na manhã de hoje, o presidente tem um encontro com empresários brasileiros e israelenses. À tarde, visita o Museu do Holocausto e planta uma árvore no Bosque das Nações – um gesto simbólico repetido por mais de uma centena de chefes de Estado que visitam Israel. Desta vez, estará sem Netanyahu.

A visita de Bolsonaro a Israel

Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022

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No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.  / COLABOROU CAMILA TURTELLI

 

JERUSALEM - O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 1º, uma visita histórica ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, em Jerusalém Oriental. Em seu segundo dia de viagem a Israel, ele se tornou o primeiro líder a conhecer o lugar acompanhado de um chefe de governo israelense, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Foi uma decisão ousada. O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Os americanos Barack Obama e Donald Trump, por exemplo, visitaram o muro de maneira privada, para evitar confusão.

Bolsonaro (E) e Netanyahu tocam o Muro das Lamentações, lugar de culto mais importante para os judeus Foto: Menahem KAHANA / POOL / AFP

A ousadia serve tanto a Bolsonaro quanto a Netanyahu, que quiseram passar mensagens diferentes. O israelense busca votos. No domingo, ele coloca o cargo em jogo nas eleições parlamentares, até agora disputadas palmo a palmo contra o ex-comandante das Forças Armadas, o general Benny Gantz. Há dez anos no poder, ele pode se tornar o premiê a governar Israel por mais tempo. 

Envolvido em casos de suborno, fraude e corrupção, correndo o risco de ser indiciado e preso, Netanyahu precisa passar uma imagem positiva na reta final da campanha. Segundo Emmanuel Navon, cientista político da Universidade de Tel-Aviv, Bolsonaro se transformou em uma plataforma política do premiê. “Netanyahu está sabendo usar bem o presidente brasileiro”, disse Navon ao Estado.

Já Bolsonaro precisa do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Parte dela achou pouco a abertura de um escritório de negócios, sem status diplomático, em Jerusalém, e queria a transferência definitiva da embaixada de Tel-Aviv para a cidade, uma promessa de campanha do presidente. Nesta segunda, Bolsonaro indicou que ainda pretende fazer a mudança. Ele afirmou que tem tempo, pois seu mandato vai até 2022.

Para representantes da bancada evangélica, Bolsonaro ainda vai cumprir a promessa. “É uma questão de prazo. Não tenho dúvida de que ele vai cumprir com sua palavra”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Ele acredita que o presidente tenha encontrado uma solução temporária para lidar com pressões que recebeu em relação à mudança.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que os jornais “tentam emplacar a retórica” de que o presidente não vai mudar a embaixada para Jerusalém com o objetivo de “desgastá-lo” com os cristãos. “No mundo real, o presidente afirma que vai mudar e muito antes do final de seu mandato”, escreveu o filho de Bolsonaro. 

Apesar do desejo dos evangélicos, é notória a pressão de países árabes, que representam um dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira. Além disso, a chancelaria palestina afirmou que contactaria o enviado ao Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, por considerar uma “flagrante violação internacional” a abertura do escritório de negócios em Jerusalém (mais informações na página A10). Na visita ao Muro das Lamentações, os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. 

Seu navegador não suporta esse video.

Rompendo uma tradição diplomática, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Durante décadas, líderes estrangeiros se abstiveram de visitar o local ao lado de líderes de Israel.

Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas – embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie. 

Na volta ao Hotel Rei David, Bolsonaro foi surpreendido por um grupo de católicos, que rezaram e cantaram para o presidente. Eram cerca de 30 pessoas que mudaram a rotina de um dos mais tradicionais e luxuosos hotéis de Jerusalém, entoando “Derrama senhor, derrama senhor o seu amor”. Bolsonaro chorou ao agradecer o apoio e subiu para o quarto.

Na manhã de hoje, o presidente tem um encontro com empresários brasileiros e israelenses. À tarde, visita o Museu do Holocausto e planta uma árvore no Bosque das Nações – um gesto simbólico repetido por mais de uma centena de chefes de Estado que visitam Israel. Desta vez, estará sem Netanyahu.

A visita de Bolsonaro a Israel

Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022

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O presidente Jair Bolsonaro, em visita a Israel, anunciou, neste domingo, a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, além da assinatura de seis acordos de cooperação. O primeiro-ministro de israelense disse que espera que esse “seja o primeiro passo para a abertura de uma embaixada brasileira em Jerusalém".

No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.  / COLABOROU CAMILA TURTELLI

 

JERUSALEM - O presidente Jair Bolsonaro fez nesta segunda-feira, 1º, uma visita histórica ao Muro das Lamentações, um dos locais mais sagrados do judaísmo, em Jerusalém Oriental. Em seu segundo dia de viagem a Israel, ele se tornou o primeiro líder a conhecer o lugar acompanhado de um chefe de governo israelense, o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Foi uma decisão ousada. O Muro das Lamentações, localizado na parte oriental de Jerusalém, é reivindicado pelos palestinos e cercado de simbolismo. Os americanos Barack Obama e Donald Trump, por exemplo, visitaram o muro de maneira privada, para evitar confusão.

Bolsonaro (E) e Netanyahu tocam o Muro das Lamentações, lugar de culto mais importante para os judeus Foto: Menahem KAHANA / POOL / AFP

A ousadia serve tanto a Bolsonaro quanto a Netanyahu, que quiseram passar mensagens diferentes. O israelense busca votos. No domingo, ele coloca o cargo em jogo nas eleições parlamentares, até agora disputadas palmo a palmo contra o ex-comandante das Forças Armadas, o general Benny Gantz. Há dez anos no poder, ele pode se tornar o premiê a governar Israel por mais tempo. 

Envolvido em casos de suborno, fraude e corrupção, correndo o risco de ser indiciado e preso, Netanyahu precisa passar uma imagem positiva na reta final da campanha. Segundo Emmanuel Navon, cientista político da Universidade de Tel-Aviv, Bolsonaro se transformou em uma plataforma política do premiê. “Netanyahu está sabendo usar bem o presidente brasileiro”, disse Navon ao Estado.

Já Bolsonaro precisa do apoio da bancada evangélica para avançar sua agenda no Congresso. Parte dela achou pouco a abertura de um escritório de negócios, sem status diplomático, em Jerusalém, e queria a transferência definitiva da embaixada de Tel-Aviv para a cidade, uma promessa de campanha do presidente. Nesta segunda, Bolsonaro indicou que ainda pretende fazer a mudança. Ele afirmou que tem tempo, pois seu mandato vai até 2022.

Para representantes da bancada evangélica, Bolsonaro ainda vai cumprir a promessa. “É uma questão de prazo. Não tenho dúvida de que ele vai cumprir com sua palavra”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ). Ele acredita que o presidente tenha encontrado uma solução temporária para lidar com pressões que recebeu em relação à mudança.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu no Twitter que os jornais “tentam emplacar a retórica” de que o presidente não vai mudar a embaixada para Jerusalém com o objetivo de “desgastá-lo” com os cristãos. “No mundo real, o presidente afirma que vai mudar e muito antes do final de seu mandato”, escreveu o filho de Bolsonaro. 

Apesar do desejo dos evangélicos, é notória a pressão de países árabes, que representam um dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira. Além disso, a chancelaria palestina afirmou que contactaria o enviado ao Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, por considerar uma “flagrante violação internacional” a abertura do escritório de negócios em Jerusalém (mais informações na página A10). Na visita ao Muro das Lamentações, os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. 

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Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas – embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie. 

Na volta ao Hotel Rei David, Bolsonaro foi surpreendido por um grupo de católicos, que rezaram e cantaram para o presidente. Eram cerca de 30 pessoas que mudaram a rotina de um dos mais tradicionais e luxuosos hotéis de Jerusalém, entoando “Derrama senhor, derrama senhor o seu amor”. Bolsonaro chorou ao agradecer o apoio e subiu para o quarto.

Na manhã de hoje, o presidente tem um encontro com empresários brasileiros e israelenses. À tarde, visita o Museu do Holocausto e planta uma árvore no Bosque das Nações – um gesto simbólico repetido por mais de uma centena de chefes de Estado que visitam Israel. Desta vez, estará sem Netanyahu.

A visita de Bolsonaro a Israel

Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022

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No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.  / COLABOROU CAMILA TURTELLI

 

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