BUENOS AIRES – O presidente da Argentina, Javier Milei, confirmou nesta terça-feira, 15, sua participação na cúpula do G-20, em novembro, no Rio de Janeiro. A viagem acontece em meio à tensão com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, chamado de “corrupto” e “comunista” por Milei durante a campanha eleitoral argentina. Lula reagiu e não foi à posse em Buenos Aires.
Se houver uma reunião entre eles, a cúpula do Rio marcará o primeiro encontro entre Lula e Milei. Durante o G-20, o argentino também estará ao lado do líder chinês, Xi Jinping, embora não esteja prevista uma reunião entre os dois.
Em entrevista recente, Milei voltou atrás de declarações anteriores sobre não querer negociar com a China. Agora, o presidente define o país como “um sócio comercial interessante” da Argentina. “Eu me surpreendi muito agradavelmente com a China”, disse, em um programa de TV.
O presidente argentino participará do encontro do G-20 no momento em que o grupo discute as necessidades prioritárias de mitigar o impacto da mudança climática e o compromisso global de cooperar para reduzir as desigualdades.
O argentino já relativizou diversas vezes as evidências científicas a respeito das mudanças climáticas, chamando-as de “mentiras socialistas”, e se opõe radicalmente a medidas que aumentem impostos sobre grandes fortunas para financiar ações ambientais.
Em julho, o presidente argentino esteve ausente da cúpula presidencial do Mercosul, bloco que Argentina e Brasil compartilham com Uruguai, Paraguai e Bolívia. Na ocasião, ele foi representado pela chanceler, Diana Mondino. “É uma bobagem imensa o presidente de um país importante como a Argentina não participar de uma reunião com o Mercosul”, declarou Lula.
O presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, que é conservador, também criticou a decisão de Milei, que causou desconforto no bloco. “Se o Mercosul é tão importante, todos os presidentes deveriam estar aqui”, afirmou o uruguaio.
Na ocasião, enquanto o encontro acontecia em Assunção, Milei fez uma rápida visita ao Brasil, onde se encontrou em Camboriú com o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante a Conferência de Ação Política Conservadora. /AFP