Donald Trump teve nesta quarta-feira, 15, uma vitória avassaladora na Flórida e tirou o senador Marco Rubio da corrida pela candidatura do Partido Republicano à presidência dos EUA. O bilionário também ganhou em Illinois e Carolina do Norte, mas perdeu em Ohio para o governador do Estado, John Kasich. Hillary Clinton consolidou sua liderança na disputa democrata, terminando em primeiro lugar em 3 das 5 disputas de ontem.
Com a saída de Rubio, a corrida republicana ficou reduzida a três candidatos: Trump, Kasich e o senador Ted Cruz. A grande dúvida é qual dos dois últimos tem chances de se tornar a opção dos eleitores do partido que se opõe ao bilionário e apresentador de programas de reality show. Cruz tem de longe o maior número de delegados depois de Trump, mas pode ter dificuldades em Estados mais liberais em razão de seu perfil superconservador.
A vitória na Flórida deu ao bilionário todos os 99 delegados do Estado, que tem a terceira maior população dos EUA. A Flórida também é a base política dos dois candidatos que tinham a preferência do establishment do Partido Republicano: o ex-governador Jeb Bush, que abandonou a disputa no dia 20 de fevereiro, e Rubio.
A elite tradicional da legenda se opõe de maneira aberta à nomeação de Trump e ficou órfã depois da saída do senador pela Flórida da disputa. Cruz é extremamente conservador e desprezado pelo comando partidário, enquanto Kasich é visto como excessivamente liberal, quase um democrata.
Para conseguir a nomeação do Partido Republicano, Trump precisa conquistar 1.237 delegados. Se não obtiver esse número até o fim das prévias, a disputa irá para a convenção da legenda, em julho. A vitória de Kasich em Ohio reduziu as chances de o bilionário de obter o número necessário de delegados para garantir a nomeação.
A esperança do establishment republicano é a de que esse cenário abra espaço para os eleitores que se opõem a Trump se consolidarem em torno de Cruz, Kasich ou de um terceiro nome que ainda não surgiu na disputa. No entanto, esse caminho traz o risco de o bilionário abandonar o partido e lançar sua candidatura como independente.
A disputa de votos estava acirrada no Misssouri, onde Trump e Cruz disputavam a liderança. Nesse Estado, na Carolina do Norte e em Illinois, parte dos delegados é dividida de maneira proporcional e parte é alocada aos vencedores de distritos eleitorais que escolhem os representantes na Câmara dos Deputados.
Os pré-candidatos na corrida eleitoral dos EUA
Entre os democratas, Hillary consolidou sua liderança em relação ao senador Bernie Sander e está a um passo de obter a nomeação de seu partido para disputar a Casa Branca em novembro. Em discurso na Flórida, ela atacou Trump e o acusou de ter uma retórica que divide os americanos e aliena os aliados externos dos Estados Unidos. Segundo ela, uma das tarefas do próximo presidente será unir o país.
Também na Flórida, Trump repetiu seu discurso protecionista em defesa da volta de linhas de montagem transferidas por empresas americanas a outros países. “A Apple fará seus produtos aqui nos EUA”, declarou, em referência à fabricante do iPhone. “Nós não ganhamos mais. Nós voltaremos a ganhar”, afirmou.
Antes do anúncio dos resultados, o presidente Barack Obama disse que estava preocupado com “retórica vulgar e divisionista” contra mulheres e minorias nos EUA e a violência na campanha presidencial deste ano. Obama não mencionou nomes, mas sua declaração foi uma aparente condenação a Trump, que lidera as pesquisas republicanas com um discurso considerado misógino e anti-imigração.
O bilionário defende a deportação de 11 milhões de imigrantes que vivem sem documentos nos Estados Unidos, promete construir um muro na fronteira com o México e ameaça barrar a entrada de muçulmanos no país. Obama foi ovacionado ao concluir o discurso pedindo “civilidade” aos pré-candidatos à Casa Branca. “Temos ouvido uma retórica vulgar e divisionista contra as mulheres, as minorias e contra os americanos que não se parecem conosco, não rezam como nós ou não votam como nós”, declarou Obama.