Confrontos em fronteiras da Venezuela travam entrada de ajuda e matam três


Depois de um princípio de tumulto no qual manifestantes arremessaram pedras contra militares da Guarda Nacional Bolivariana, veículos retornaram para Pacaraima; deputada diz que ideia é entregar alimentos e remédios 'de forma pacífica'

Por Luiz Raatz e Felipe Frazão

PACARAIMA, RORAIMA -No dia em que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, prometeu concretizar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando ao país de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano. 

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

Ao menos três pessoas morreram, sendo um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, em conflitos com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países por onde a oposição tenta fazer entrar ajuda básica. Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, com ajuda retornaram para os territórios colombiano a brasileiro. 

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Em Pacaraima (Roraima), a poucos metros dentro da fronteira do país vizinho, venezuelanos radicados no Brasil queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta. A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países.  Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra.  Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a. Nesse momento, os militares se aproximaram do pequeno rochedo onde fica o monumento para devolver as pedradas dos manifestantes.

Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º BIS agiram para acalmar a situação.  Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima. Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que “não temia violência”. Após a confusão, ele apenas lamentou. “Não precisamos disso.” Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante toda a tarde. No final da tarde, após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, os caminhões voltaram para Pacaraima. Ao Estado, outro representante da oposição, Thomas Silva, disse que a orientação era esperar para evitar violência. Um representante diplomático americano lamentou à reportagem, a desorganização da operação. Na fronteira da Venezuela com a Colômbia, dois caminhões de uma caravana de quatro também precisaram retornar ao fim do dia. Dois caminhões foram incendiados ontem em uma ponte quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro caminhões e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.  Guaidó, que estava na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a venezuelana Ureña, culpou no Twitter o governo de Maduro. No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, a deputada da oposição Gaby Arellano acusou os militares de queimarem os veículos. “As pessoas estão salvando a carga do caminhão e cuidando da ajuda humanitária que (o presidente Nicolás) Maduro, o ditador, ordenou que queimassem”, disse Gaby aos repórteres. Os outros dois caminhões da caravana retornaram para Cúcuta no fim do dia.

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Colômbia recebe 61 militares desertores do chavismo Durante as tentativas da oposição venezuelana e de países da América Latina de enviar ajuda humanitária para a Venezuela ontem, 61 membros das Forças Armadas venezuelanas desertaram e cruzaram a fronteira com a Colômbia, informou a autoridade migratória colombiana, que estava acolhendo e registrando os pedidos de auxílio dos militares.  Segundo o documento, apenas na região de Norte de Santander, 53 militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), das Forças Armadas Especiais (Faes) e da Polícia Nacional deixaram de apoiar o líder chavista. Pela região de Arauca, 8 integrantes da Guarda Nacional e do Exército foram recebidos na Colômbia. O opositor autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, vem afirmando que dará anistia e não considerará “traidores da pátria” os militares que deixaram o governo Maduro. Retorno ao Brasil Yuretzi Idrogo, deputada venezuelana exilada no Brasil, afirmou à agência EFE que a decisão de levar os caminhões carregados com alimentos e remédios de volta ao território brasileiro - ambos estavam algumas dezenas de metro dentro da Venezuela - foi uma "precaução para evitar possíveis conflitos". "A ideia é que essa ajuda entre pacificamente e sem nenhuma violência."

Algumas centenas de manifestantes antichavistas se reuniram no lado brasileiro da fronteira e se mostraram dispostos a acampar na região até que o bloqueio das autoridades venezuelanas seja rompido e seja autorizada a entrada do carregamento. Um pequeno grupo, no entanto, rompeu com o clima pacífico que perdurou durante quase todo o dia e começou a lançar pedras contra os militares venezuelanos.

Diante deste panorama, os dois caminhões retrocederam, passaram novamente pelo posto brasileiro de controle de fronteira e voltaram para Pacaraima.

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Pouco depois, manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro já no território da Venezuela.

Os militares da GNB, que até então não tinham reagido às provocações, avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.

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"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo na fronteira e esperamos um solução pacífica para as questões. No entanto, tudo ocorre no lado venezuelano e não podemos fazer nada, a não ser observar e prestar apoio aos venezuelanos do lado de cá da fronteira", disse um porta-voz do Exército brasileiro ao Estado.

"No lado brasileiro, vamos apoiar os venezuelanos, mas manteremos a ordem. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública estão atentas para mantermos a situação de normalidade."

Uma fonte do Exército ouvida de forma anônima pela reportagem afirmou que a reação da GNB aos manifestantes venezuelanos surpreendeu pelo fato de os soldados terem chegado tão perto do território brasileiro.

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Os militares brasileiros criaram uma barreira atrás da fronteira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.

Entrada simbólica

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro para não permitir a passagem dos veículos com ajuda humanitária.

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A decisão, no entanto, não impediu que os dois caminhões com placas venezuelanas chegassem neste sábado até o limite fronteiriço dos dois países depois de viajarem de Boa Vista, capital de Roraima, onde o governo brasileiro em cooperação com os EUA reuniu cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios.

Os dois veículos, que só conseguiram transportar uma pequena parte dessas 200 toneladas, permanecerem por várias horas em uma zona considerada neutra e a cerca de 300 metros do posto de controle venezuelano, que ficou o dia todo sob vigilância de militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). / COM EFE

PACARAIMA, RORAIMA -No dia em que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, prometeu concretizar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando ao país de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano. 

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

Ao menos três pessoas morreram, sendo um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, em conflitos com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países por onde a oposição tenta fazer entrar ajuda básica. Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, com ajuda retornaram para os territórios colombiano a brasileiro. 

Em Pacaraima (Roraima), a poucos metros dentro da fronteira do país vizinho, venezuelanos radicados no Brasil queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta. A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países.  Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra.  Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a. Nesse momento, os militares se aproximaram do pequeno rochedo onde fica o monumento para devolver as pedradas dos manifestantes.

Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º BIS agiram para acalmar a situação.  Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima. Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que “não temia violência”. Após a confusão, ele apenas lamentou. “Não precisamos disso.” Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante toda a tarde. No final da tarde, após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, os caminhões voltaram para Pacaraima. Ao Estado, outro representante da oposição, Thomas Silva, disse que a orientação era esperar para evitar violência. Um representante diplomático americano lamentou à reportagem, a desorganização da operação. Na fronteira da Venezuela com a Colômbia, dois caminhões de uma caravana de quatro também precisaram retornar ao fim do dia. Dois caminhões foram incendiados ontem em uma ponte quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro caminhões e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.  Guaidó, que estava na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a venezuelana Ureña, culpou no Twitter o governo de Maduro. No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, a deputada da oposição Gaby Arellano acusou os militares de queimarem os veículos. “As pessoas estão salvando a carga do caminhão e cuidando da ajuda humanitária que (o presidente Nicolás) Maduro, o ditador, ordenou que queimassem”, disse Gaby aos repórteres. Os outros dois caminhões da caravana retornaram para Cúcuta no fim do dia.

Colômbia recebe 61 militares desertores do chavismo Durante as tentativas da oposição venezuelana e de países da América Latina de enviar ajuda humanitária para a Venezuela ontem, 61 membros das Forças Armadas venezuelanas desertaram e cruzaram a fronteira com a Colômbia, informou a autoridade migratória colombiana, que estava acolhendo e registrando os pedidos de auxílio dos militares.  Segundo o documento, apenas na região de Norte de Santander, 53 militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), das Forças Armadas Especiais (Faes) e da Polícia Nacional deixaram de apoiar o líder chavista. Pela região de Arauca, 8 integrantes da Guarda Nacional e do Exército foram recebidos na Colômbia. O opositor autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, vem afirmando que dará anistia e não considerará “traidores da pátria” os militares que deixaram o governo Maduro. Retorno ao Brasil Yuretzi Idrogo, deputada venezuelana exilada no Brasil, afirmou à agência EFE que a decisão de levar os caminhões carregados com alimentos e remédios de volta ao território brasileiro - ambos estavam algumas dezenas de metro dentro da Venezuela - foi uma "precaução para evitar possíveis conflitos". "A ideia é que essa ajuda entre pacificamente e sem nenhuma violência."

Algumas centenas de manifestantes antichavistas se reuniram no lado brasileiro da fronteira e se mostraram dispostos a acampar na região até que o bloqueio das autoridades venezuelanas seja rompido e seja autorizada a entrada do carregamento. Um pequeno grupo, no entanto, rompeu com o clima pacífico que perdurou durante quase todo o dia e começou a lançar pedras contra os militares venezuelanos.

Diante deste panorama, os dois caminhões retrocederam, passaram novamente pelo posto brasileiro de controle de fronteira e voltaram para Pacaraima.

Pouco depois, manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro já no território da Venezuela.

Os militares da GNB, que até então não tinham reagido às provocações, avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.

"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo na fronteira e esperamos um solução pacífica para as questões. No entanto, tudo ocorre no lado venezuelano e não podemos fazer nada, a não ser observar e prestar apoio aos venezuelanos do lado de cá da fronteira", disse um porta-voz do Exército brasileiro ao Estado.

"No lado brasileiro, vamos apoiar os venezuelanos, mas manteremos a ordem. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública estão atentas para mantermos a situação de normalidade."

Uma fonte do Exército ouvida de forma anônima pela reportagem afirmou que a reação da GNB aos manifestantes venezuelanos surpreendeu pelo fato de os soldados terem chegado tão perto do território brasileiro.

Os militares brasileiros criaram uma barreira atrás da fronteira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.

Entrada simbólica

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro para não permitir a passagem dos veículos com ajuda humanitária.

A decisão, no entanto, não impediu que os dois caminhões com placas venezuelanas chegassem neste sábado até o limite fronteiriço dos dois países depois de viajarem de Boa Vista, capital de Roraima, onde o governo brasileiro em cooperação com os EUA reuniu cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios.

Os dois veículos, que só conseguiram transportar uma pequena parte dessas 200 toneladas, permanecerem por várias horas em uma zona considerada neutra e a cerca de 300 metros do posto de controle venezuelano, que ficou o dia todo sob vigilância de militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). / COM EFE

PACARAIMA, RORAIMA -No dia em que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, prometeu concretizar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando ao país de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano. 

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

Ao menos três pessoas morreram, sendo um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, em conflitos com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países por onde a oposição tenta fazer entrar ajuda básica. Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, com ajuda retornaram para os territórios colombiano a brasileiro. 

Em Pacaraima (Roraima), a poucos metros dentro da fronteira do país vizinho, venezuelanos radicados no Brasil queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta. A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países.  Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra.  Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a. Nesse momento, os militares se aproximaram do pequeno rochedo onde fica o monumento para devolver as pedradas dos manifestantes.

Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º BIS agiram para acalmar a situação.  Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima. Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que “não temia violência”. Após a confusão, ele apenas lamentou. “Não precisamos disso.” Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante toda a tarde. No final da tarde, após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, os caminhões voltaram para Pacaraima. Ao Estado, outro representante da oposição, Thomas Silva, disse que a orientação era esperar para evitar violência. Um representante diplomático americano lamentou à reportagem, a desorganização da operação. Na fronteira da Venezuela com a Colômbia, dois caminhões de uma caravana de quatro também precisaram retornar ao fim do dia. Dois caminhões foram incendiados ontem em uma ponte quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro caminhões e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.  Guaidó, que estava na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a venezuelana Ureña, culpou no Twitter o governo de Maduro. No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, a deputada da oposição Gaby Arellano acusou os militares de queimarem os veículos. “As pessoas estão salvando a carga do caminhão e cuidando da ajuda humanitária que (o presidente Nicolás) Maduro, o ditador, ordenou que queimassem”, disse Gaby aos repórteres. Os outros dois caminhões da caravana retornaram para Cúcuta no fim do dia.

Colômbia recebe 61 militares desertores do chavismo Durante as tentativas da oposição venezuelana e de países da América Latina de enviar ajuda humanitária para a Venezuela ontem, 61 membros das Forças Armadas venezuelanas desertaram e cruzaram a fronteira com a Colômbia, informou a autoridade migratória colombiana, que estava acolhendo e registrando os pedidos de auxílio dos militares.  Segundo o documento, apenas na região de Norte de Santander, 53 militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), das Forças Armadas Especiais (Faes) e da Polícia Nacional deixaram de apoiar o líder chavista. Pela região de Arauca, 8 integrantes da Guarda Nacional e do Exército foram recebidos na Colômbia. O opositor autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, vem afirmando que dará anistia e não considerará “traidores da pátria” os militares que deixaram o governo Maduro. Retorno ao Brasil Yuretzi Idrogo, deputada venezuelana exilada no Brasil, afirmou à agência EFE que a decisão de levar os caminhões carregados com alimentos e remédios de volta ao território brasileiro - ambos estavam algumas dezenas de metro dentro da Venezuela - foi uma "precaução para evitar possíveis conflitos". "A ideia é que essa ajuda entre pacificamente e sem nenhuma violência."

Algumas centenas de manifestantes antichavistas se reuniram no lado brasileiro da fronteira e se mostraram dispostos a acampar na região até que o bloqueio das autoridades venezuelanas seja rompido e seja autorizada a entrada do carregamento. Um pequeno grupo, no entanto, rompeu com o clima pacífico que perdurou durante quase todo o dia e começou a lançar pedras contra os militares venezuelanos.

Diante deste panorama, os dois caminhões retrocederam, passaram novamente pelo posto brasileiro de controle de fronteira e voltaram para Pacaraima.

Pouco depois, manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro já no território da Venezuela.

Os militares da GNB, que até então não tinham reagido às provocações, avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.

"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo na fronteira e esperamos um solução pacífica para as questões. No entanto, tudo ocorre no lado venezuelano e não podemos fazer nada, a não ser observar e prestar apoio aos venezuelanos do lado de cá da fronteira", disse um porta-voz do Exército brasileiro ao Estado.

"No lado brasileiro, vamos apoiar os venezuelanos, mas manteremos a ordem. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública estão atentas para mantermos a situação de normalidade."

Uma fonte do Exército ouvida de forma anônima pela reportagem afirmou que a reação da GNB aos manifestantes venezuelanos surpreendeu pelo fato de os soldados terem chegado tão perto do território brasileiro.

Os militares brasileiros criaram uma barreira atrás da fronteira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.

Entrada simbólica

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro para não permitir a passagem dos veículos com ajuda humanitária.

A decisão, no entanto, não impediu que os dois caminhões com placas venezuelanas chegassem neste sábado até o limite fronteiriço dos dois países depois de viajarem de Boa Vista, capital de Roraima, onde o governo brasileiro em cooperação com os EUA reuniu cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios.

Os dois veículos, que só conseguiram transportar uma pequena parte dessas 200 toneladas, permanecerem por várias horas em uma zona considerada neutra e a cerca de 300 metros do posto de controle venezuelano, que ficou o dia todo sob vigilância de militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). / COM EFE

PACARAIMA, RORAIMA -No dia em que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, prometeu concretizar a entrada de ajuda humanitária na Venezuela, as cenas vistas foram de confrontos nas regiões de fronteira com o Brasil e a Colômbia e caminhões retornando ao país de saída sem conseguir entregar as toneladas de alimento e remédios ao povo venezuelano. 

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro. Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

Ao menos três pessoas morreram, sendo um adolescente de 14 anos, e 31 ficaram feridas em Santa Elena do Uairén, cidade venezuelana na fronteira com o Brasil, em conflitos com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB). Na divisa com a Colômbia, dois caminhões que transportavam ajuda foram incendiados por partidários do presidente Nicolás Maduro na ponte Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela) e 42 pessoas ficaram feridas em confrontos com militares na ponte Simón Bolívar, principal passagem entre os dois países por onde a oposição tenta fazer entrar ajuda básica. Com os confrontos, os caminhões, que haviam adentrado poucos metros na Venezuela, com ajuda retornaram para os territórios colombiano a brasileiro. 

Em Pacaraima (Roraima), a poucos metros dentro da fronteira do país vizinho, venezuelanos radicados no Brasil queimaram carros e lançaram pedras em militares da GNB, que reagiram devolvendo pedradas, tiros de borracha e gás de pimenta. A situação ficou mais tensa conforme venezuelanos e militares chavistas se aproximaram do marco fronteiriço que divide os dois países.  Pedradas de lado a lado ficaram mais frequentes. Dois carros, entre eles o da reportagem do Estado, ficaram isolados entre os dois lados do confronto e chegaram a ser alvejados por pedras. Um fotógrafo da agência Efe foi atingido por uma pedra.  Após quebrar paralelepípedos em pedaços menores para arremessar contra os guardas, os manifestantes subiram no marco fronteiriço e tentaram hastear a bandeira venezuelana, a meio mastro desde que a divisa foi fechada na quinta-feira. Sem conseguir, acabaram roubando-a. Nesse momento, os militares se aproximaram do pequeno rochedo onde fica o monumento para devolver as pedradas dos manifestantes.

Quando às pedras se somaram tiros e bombas de gás, houve correria e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o 7.º BIS agiram para acalmar a situação.  Dois caminhões venezuelanos, dirigidos por voluntários que vivem do lado brasileiro da fronteira, fizeram o transporte da ajuda humanitária de Boa Vista até Pacaraima. Um dos motoristas, Leister Sánchez, afirmou horas antes do confronto que “não temia violência”. Após a confusão, ele apenas lamentou. “Não precisamos disso.” Os caminhões, que cruzaram apenas 3 metros adentro a fronteira venezuelana, sem chegar ao posto de aduana, ficaram estacionados durante toda a tarde. No final da tarde, após o começo da confusão com a GNB e manifestantes denunciando um suposto infiltrado do chavismo, os caminhões voltaram para Pacaraima. Ao Estado, outro representante da oposição, Thomas Silva, disse que a orientação era esperar para evitar violência. Um representante diplomático americano lamentou à reportagem, a desorganização da operação. Na fronteira da Venezuela com a Colômbia, dois caminhões de uma caravana de quatro também precisaram retornar ao fim do dia. Dois caminhões foram incendiados ontem em uma ponte quando os militares venezuelanos bloquearam a passagem de uma caravana de quatro caminhões e jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes.  Guaidó, que estava na cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a venezuelana Ureña, culpou no Twitter o governo de Maduro. No meio dos distúrbios na ponte de Santander, em Ureña, a deputada da oposição Gaby Arellano acusou os militares de queimarem os veículos. “As pessoas estão salvando a carga do caminhão e cuidando da ajuda humanitária que (o presidente Nicolás) Maduro, o ditador, ordenou que queimassem”, disse Gaby aos repórteres. Os outros dois caminhões da caravana retornaram para Cúcuta no fim do dia.

Colômbia recebe 61 militares desertores do chavismo Durante as tentativas da oposição venezuelana e de países da América Latina de enviar ajuda humanitária para a Venezuela ontem, 61 membros das Forças Armadas venezuelanas desertaram e cruzaram a fronteira com a Colômbia, informou a autoridade migratória colombiana, que estava acolhendo e registrando os pedidos de auxílio dos militares.  Segundo o documento, apenas na região de Norte de Santander, 53 militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), das Forças Armadas Especiais (Faes) e da Polícia Nacional deixaram de apoiar o líder chavista. Pela região de Arauca, 8 integrantes da Guarda Nacional e do Exército foram recebidos na Colômbia. O opositor autodeclarado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, vem afirmando que dará anistia e não considerará “traidores da pátria” os militares que deixaram o governo Maduro. Retorno ao Brasil Yuretzi Idrogo, deputada venezuelana exilada no Brasil, afirmou à agência EFE que a decisão de levar os caminhões carregados com alimentos e remédios de volta ao território brasileiro - ambos estavam algumas dezenas de metro dentro da Venezuela - foi uma "precaução para evitar possíveis conflitos". "A ideia é que essa ajuda entre pacificamente e sem nenhuma violência."

Algumas centenas de manifestantes antichavistas se reuniram no lado brasileiro da fronteira e se mostraram dispostos a acampar na região até que o bloqueio das autoridades venezuelanas seja rompido e seja autorizada a entrada do carregamento. Um pequeno grupo, no entanto, rompeu com o clima pacífico que perdurou durante quase todo o dia e começou a lançar pedras contra os militares venezuelanos.

Diante deste panorama, os dois caminhões retrocederam, passaram novamente pelo posto brasileiro de controle de fronteira e voltaram para Pacaraima.

Pouco depois, manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro já no território da Venezuela.

Os militares da GNB, que até então não tinham reagido às provocações, avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.

"Lamentamos profundamente tudo o que está ocorrendo na fronteira e esperamos um solução pacífica para as questões. No entanto, tudo ocorre no lado venezuelano e não podemos fazer nada, a não ser observar e prestar apoio aos venezuelanos do lado de cá da fronteira", disse um porta-voz do Exército brasileiro ao Estado.

"No lado brasileiro, vamos apoiar os venezuelanos, mas manteremos a ordem. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Força Nacional de Segurança Pública estão atentas para mantermos a situação de normalidade."

Uma fonte do Exército ouvida de forma anônima pela reportagem afirmou que a reação da GNB aos manifestantes venezuelanos surpreendeu pelo fato de os soldados terem chegado tão perto do território brasileiro.

Os militares brasileiros criaram uma barreira atrás da fronteira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.

Entrada simbólica

A fronteira do Brasil com a Venezuela, entre Pacaraima e Santa Elena de Uairén, permanece fechada desde sexta-feira por ordens do presidente Nicolás Maduro para não permitir a passagem dos veículos com ajuda humanitária.

A decisão, no entanto, não impediu que os dois caminhões com placas venezuelanas chegassem neste sábado até o limite fronteiriço dos dois países depois de viajarem de Boa Vista, capital de Roraima, onde o governo brasileiro em cooperação com os EUA reuniu cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios.

Os dois veículos, que só conseguiram transportar uma pequena parte dessas 200 toneladas, permanecerem por várias horas em uma zona considerada neutra e a cerca de 300 metros do posto de controle venezuelano, que ficou o dia todo sob vigilância de militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB). / COM EFE

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